Angola, um país de contrastes
Por Carlos Ferreirinha*
Ritmo acelerado. Poeira. Gruas. Crescimento vigoroso. Frustrações. Custo de vida muito alto. Curiosidade. Carros. Filas em postos de gasolina. Sim, muitas filas. Inacreditáveis filas. Gasolina barata? Não. Volume de carros. Angola. Nem mesmo completou sete anos desde o fim da Guerra e Luanda já surpreende. Como é possível manter um sorriso nos rostos diante de tantos obstáculos e tanto que precisa ser desenvolvido? Não há duvida alguma que a explicação para isso é que além da esperança, existe uma tensão de curiosidade. Já dizia o Sr. Walt Disney na teoria dos 4 C´s: sejamos curiosos!
A alegria nos serviços e a cordialidade do atendimento suplantam e muito as limitações técnicas que demandam evidentemente treinamento e capacitação. São novos passos que precisam ser dados nesta direção. O conceito “comprometimento profissional” na prestação de serviços ainda está em sua fase inicial e básica. Estes obstáculos perdem a importância e relevância diante do sorriso que encanta e emociona. Em todos os lugares que se olha, tem movimento acelerado de mudança e transformação.
A teoria de Maslow ensina que o consumo acontece somente em quatro níveis de necessidades: segurança, fisiológica, indulgência e status. Angola passa pelos quatro simultaneamente. E não há nada de errado nisso. Tudo que o mundo de alguma forma tem percebido sobre o homem que assume cada vez mais um novo papel no contexto do consumo, é devidamente percebido em Angola.
O homem angolano tem estilo, elegância e é vaidoso; carrega referências mundiais mantendo um estilo muito próprio e entende de marcas de prestígio sejam elas francesas, italianas ou brasileiras. Qual o próximo passo? Garanto: Spas, resorts, hotéis, cafeterias, modelos privates dos Bancos, clínicas nas mais diversas áreas, principalmente as estéticas, moda, decoração de interiores.
A explosão de serviços especiais virá antes do varejo de luxo. Será difícil e lento o processo de ruas e centros de comércio para abrigarem as principais marcas de Luxo do mundo, mas não impossível. Apenas o tempo será outro. Mas os Angolanos não deixarão de comprar ou acessar produtos e serviços de Luxo ou Premium seja localmente ou internacionalmente.
A era da “premiumzação” também já chegou a Angola e lentamente entrará no cotidiano das diversas camadas sociais. O termo Luxo já vem sendo inclusive utilizado principalmente pelas construtoras na apresentação dos surpreendentes condomínios residenciais. Em um País onde praticamente tudo é importado, a tarefa da diferenciação não é tão simples; afinal não basta ser importado – em Angola, isso é comum.
No negócio do Luxo é fundamental que no consumo o desejo prevaleça em relação à razão. O filósofo francês Bertrand Russel afirmava que “toda atividade humana nasce do desejo”. Os Angolanos desejam e isto fará com que os hábitos de consumo sejam alterados. E junte a isso o fato de serem alegres, simpáticos, amigos, de terem o conceito família, a crença de que o amanhã será melhor do que hoje e definitivamente de ontem.
O grande desafio de Países como o Brasil e a Angola, é receber a modernidade de braços abertos sem esquecer as tradições, as origens, o passado que formou o presente e que criou lastros para o futuro. Luanda, sinceramente, OBRIGADO pelo seu carinho! Angolanos tenham a persistência de seguirem em frente, não desviem. Volto de Angola me sentindo mais brasileiro, mas, me sentindo também um pouco angolano.
* Carlos Ferreirinha é Presidente da MCF Consultoria & Conhecimento, especializada nas ferramentas de gestão e inovação do Luxo e Premium – www.mcfconsultoria.com.br, com atuação no Brasil e América Latina.
Pensar e Falar Angola
terça-feira, 21 de julho de 2009
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