No último fim-de-semana, reuniram-se na Malveira, perto de Lisboa, cerca de oitocentas pessoas para o almoço anual promovido pela Associação dos Antigos Alunos do Liceu Salvador Correia em Portugal.
Foi a grande festa anual, em que se encontraram diversas gerações, e onde durante umas horas, se misturaram sentimentos díspares, num contexto que não é fácil explicar.
Todos os anos, de há sete a esta parte, “ei-los que chegam velhos e novos, de outras paragens, de outras aragens”, para o maior encontro da diáspora angolana, e no fim fica em todos, o desejo que o ano voe, para que o próximo Maio venha e nos leve à festa.
Continua a ser um enigma esta mobilização, pois reunir trinta e alguns anos depois, oito centenas de pessoas, normalmente com uma percentagem significativa de presenças neófitas em cada ano que passa, é algo incomum em eventos do género.
No ano em que se comemora o nonagésimo aniversário do Liceu, o primeiro de Angola, é gratificante ver-se o entusiasmo desta gente em trabalhar em eventos, em fazer sair um livro e a propor iniciativas diversas, que mobilizam as pessoas para as envolver num espírito positivamente corporativista, mas de grande generosidade.
Este fim de semana, coincidiu com a apresentação do novo livro do Fernando Teixeira (Baião),” Kimalanga”, numa Casa de Angola em Lisboa, espaço demasiado exíguo para a presença de tantos amigos, que não quiseram deixar de lhe tributar o merecido carinho pelo seu trabalho em criar personagens, que complementem na escrita a sua forma peculiar de contar histórias.
Foi também para mim uma boa surpresa, o livro que adquiri do Pedro Benga Lima “Foguetão”, “ Percursos Espinhosos”, editado pelo INALD, um repositório de memórias de uma vida vivida e lutada, e que não deve ser ignorada.
Este trabalho, longe de grande verve, é uma descrição séria do que foram tempos difíceis, numa sociedade colonial segregacionista, e de uma guerrilha em que tudo era incerto e difícil, em prol de uma sociedade que emergiu diferente.
Foi com gente desta que se fez a Angola mais difícil, e por isso em futuras Ágoras irei tentar fazer um levantamento, ainda que sumário, de muitos depoimentos de pessoas que lutaram, participaram e que fizeram a história menos conhecida do País.
Ignorar esses depoimentos, é caucionar um reescrever torto a história de Angola.
Fernando Pereira26/5/09
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