segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Almofariz e pilão



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O mais típico, que julgo ser comum a toda a África equatorial, é o enorme almofariz de madeira, com o respectivo pilão. Tiveram já oportunidade de o observar em fotografias que vos mandei.
O almofariz é construído a partir de uma secção de um tronco de árvore, com uns cinquenta centímetros ou mais de altura, pacientemente trabalhado pelo homem, até obter a forma tradicional de uma grande taça de madeira, no fundo da qual a mandioca é transformada num pó fino, com o qual se fazem as fubadas.
A mandioca é previamente seca em plataformas de madeira, com cerca de um metro de altura, colocadas na orla da sanzala e nunca dentro desta. O forte odor, que se liberta durante a secagem desta tuberculada planta, obriga a que a secagem se faça na periferia da povoação. É este odor fortíssimo que nos permite, quando andamos no meio da selva, detectar a grande distância a existência das sanzalas, desde que tenhamos, como é evidente, o vento a soprar na direcção certa.
Além dos enormes almofarizes e pilões para a fuba, há objectos idênticos em tamanho reduzido, destinados a moer a ginguba e o gindungo. Cada almofariz para o seu fim, para que os produtos obtidos não fiquem alterados no paladar! É moendo a ginguba num almofariz mais pequeno de madeira que se obtém o óleo de amendoim utilizado na culinária local. Para o gindungo, que nos permite dar aquele toque de picante apaladado aos nossos petiscos de carne assada, que ninguém ousa recusar, utiliza-se um almofariz ainda mais pequeno, também com o pilão de madeira à escala do recipiente de moagem ou trituração. (...)

Fonte: www.prof2000.pt/.../CARTAM26/pg000006.htm

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