Enquanto me vagabundo nessa praia que tem areia cola nos pés, arranha os dedos, coisa de gente sem nada para fazer, me lembrei que era diz da mãe. Me lembrei porque ouvi uma senhora gritar no filho 'me deixa hoje em paz que é o dia da Mãe'.
Não, não comprei nada para o dia Mãe. O mesmo fiz no dia do Pai. Não é esquecimento, é mesmo só porque eu ofereço de memória. Não é justo comprar para ambos e ficar eu com as prendas. Mas essa parte eu sei não vos é importante. Mesmo vivos sabiam eu esquecia e dava só um alô no telemóvel e para ti, meu pai, nem me lembro mais como é que era, pois não tinha idade e nem sei se Bell já tinha inventado.
Mas deixemos as coisas menos importantes e passemos ao que importa. Lhes ofereço de memória, gargalhadas de recordações, olhares cúmplices trocados noutros tempos, recordações de abraços apertados com carinho.
Já sei que vão dizer-me que eu contínuo igual até nos pormenores. É verdade! Até nos momentos mais negros da vida eu vos gargalho com vontade, que até me lembro de tu dizeres, mãe, 'tu e o teu pai nunca sei quando estão a brincar ou não'.
Mas afinal de contas eu estou só aqui para agradecer vocês dois um dia se terem encontrado num acaso duma rua do Namibe e criado esta obra de arte abstracta, de trem sido meus grandes amigos e quando eu consigo qualquer coisa de bem feito é logo em vocês que eu penso. Isto é só um aparte!
Pensar e Falar Angola
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