quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Morreu Anália de Victória Pereira, a Mamã Coragem dos angolanos

Morreu em Lisboa Anália de Victória Pereira, a Mamã Coragem dos angolanos
- 7-Jan-2009 - 12:10


Morreu a líder do PLD, uma mulher de postura e sem medo. A amiga das mulheres angolanas mais desfavorecidas já não faz parte do mundos vivos. Desapareceu a única mulher que na década de 90 liderou um partido político (o PLD) em África e, nas eleições de Setembro de 1992, ousou enfrentar o MPLA, partido no poder em Angola, e o seu candidato, José Eduardo dos Santos. Anália de Victória Pereira partiu, mas deixa-nos gradas memórias enquanto mulher na política angolana.


Por Jorge Eurico

A presidente do Partido Liberal Democrático (PLD), Anália de Victória Pereira, morreu hoje, quarta-feira, 7, em Lisboa, capital portuguesa, vítima de doença prolongada. Anália de Victória Pereira foi a única candidata às eleições presidenciais de 1992. Fundadora e presidente do PLD, Anália de Victória Pereira foi deputada na Assembleia Nacional durante 16 anos.

A vida política de Anália de Victória Pereira remonta ao ano de 1975, ano em que saiu do País numa clara "demonstração de descontentamento" com o rumo que Angola levava no período da independência.

Anália de Victória Pereira, ainda hoje, conhecida por muitos angolanos apenas por "Mamã Coragem", apelido que obteve por ser, nos anos 90, a única mulher de África líder de um partido político e por concorrer às eleições legislativas e presidenciais de Angola.

Em Setembro de 1975, dois meses antes da independência de Angola, Anália de Victória Pereira partiu para Lisboa e levou a sua família porque não pensava em regressar tão cedo.

Já em Portugal, ajudou a criar a "Liga de Apoio aos Refugiados Angolanos (LARA)", cuja actividade influenciou a criação do estatuto de refugiados políticos, aprovado em Portugal em 1980 e que até hoje beneficia vários angolanos residentes em Portugal.

Em 1983, a política angolana fundou, em Lisboa, o PLD, com seu falecido marido, Carlos Simeão, também político e primeiro líder da força política. A sua morte nunca foi esclarecida até hoje.

Depois de 16 anos no exílio, Anália de Victória Pereira regressou a Angola em 1991, legalizando o PLD e concorrendo nas primeiras eleições pós-independência, em Setembro de 1992.

O partido conseguiu três assentos parlamentares e a pasta de vice-ministro da Educação para o Ensino Especial, cargo ocupado pela única filha da candidata, Alexandra Simeão.

Com família oriunda do Sul do País, a presidente do PLD "acidentalmente" natural de Luanda e tinha mais de 60 anos. Tem três netos e um "filho de criação", que também é filiado no partido e candidato a deputado.

Anália de Victória Pereira sempre disse, em vida, que a política era a sua vida e nela pretendia continuar "até quando puder".

Justificando o apelido de "Mamã Coragem", Anália Pereira sobressai pelas suas intervenções críticas no Parlamento e garante que vai "manter a postura de mulher atenta e sem medo".



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