segunda-feira, 31 de março de 2008

(IV) HUAMBO - OCUPAÇÃO CIVIL

O texto que se segue foI extraído do Boletim Cultural do Huambo nº 15, de Setembro de 1962



Com o progressivo descobrimento da costa africana, os portugueses iam-se fixando no litoral, fundando povoações e contactando com os naturais, que desde a primeira hora procuraram trazer ao convívio da civilização e ao seio da Igreja Católica. Nem sempre, contudo, esses pacíficos intentos foram compreendidos, ou aplicados, e dai a série longa de lutas atrás referidas. Mas também é verdade que o espirito aventureiro da nossa gente levou muitos a embrenharem-se pelo sertão, estabelecendo-se um pouco por toda a parte e assim concorrendo para a melhoria de relações entre africanos e europeus. No tocante ao Distrito do Huambo, é incontestável que os primeiros contactos foram estabelecidos através do Bailundo, parecendo certo que com estas terras comerciou o capitão -general D. Manuel Pereira Forjaz, em 1610, seguido pouco depois pelos funantes de Benguela e Catumbela, aqueles por intermédio de Caconda. Em 1770 ou 71, o governador Sousa Coutinho fundou a povoação de Nova Golegã, onde se instalou um juiz-regente, representante do Governo junto do soba. Parece ter sido José Francisco da Cunha o primeiro a desempenhar estas funções, outros se lhe seguindo, com frequentes intervalos, até que, em 1885, Silva Porto, nomeado capitão-mor do Bié e Bailundo, estabelece definitivamente a autoridade civil naquelas paragens, com carácter de permanência. Três anos depois, é substituido por Teixeira da Silva, que vai residir para Belmonte, fixando-se mais tarde no Catape, a partir de 1891, quando se dá o desmembramento da capitania. Em 16 de Julho de 1902 é criado o concelho do Bailundo, com os postos militares do Balombo, Huambo, Luimbale, Galanga, Cassongue, Sambo e Bimbe, em 1911 transformados em postos de policia civil. Em 1904, é nomeada a primeira comissão municipal.



* Em 1769, o mesmo governador Sousa Coutinho fundou no Quipeio a povoação de Paço de Sousa. Nada se sabe quanto à sua existência, que deve ter sido efémera. É de crer que o primeiro regente da província do Huambo tenha sido João dos Santos Moura, em actividade nos fins do século XVIII e principios do XIX. Em meados deste, deixou de existir autoridade civil nesta região, o que permitiu o regresso à desordem e anarquia. Após a campanha de 1902, foi instalado na Quissala um posto militar, sob a jurisdição do Bailundo. Elevado a comando em 1909, foi em 1911 transformado em concelho. Neste mesmo ano foi também estabelecida a primeira comissão municipal. Do concelho do Huambo se desmembraram sucessivamente os da Caala (primeiro, Lépi), em 1922; o da Bela Vista, em 1957; e o da Vila Nova, em 1960. Em 1934, surgiu o Distrito, integrado na provincia de Benguela, da qual se desintegrou em 1954.



* Foi ainda Sousa Coutinho o fundador da povoação de Linhares, no Galangue, em 1769, ignorando-se a identidade do primeiro regente, cuja jurisdição se estendia ao Sambo.



Em 1806, Francisco Lucas da Fonseca passou a intitular-se juiz-regente da província do Galangue e Sambos, neste último sobado tendo sua residência e ali exercendo sua autoridade até 1821. A partir desta data, deixou o Governo de ter representante qualificado nesta região. Em 1902, foi criado o posto militar do Sambo, mais tarde transformado em civil, e hoje pertencente ao concelho da Vila Nova.







http://www.aaenlh.pt/index.htm


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