sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

ENSAIO SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA INTERNACIONAL E CPLP

ENSAIO SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA INTERNACIONAL E CPLP



FRONTEIRAS PERDIDAS

(texto abreviado de José Eduardo Agualusa)


”””Nos últimos meses, primeiro no Brasil e depois em Portugal, o Acordo Ortográfico regressou às páginas dos jornais. Entre promessas de que agora sim, e depois recuos, mais promessas e novos recuos, ninguém consegue compreender ao certo em que pé está o processo e se de facto/fato o referido acordo realmente acordou, e está prestes a ser aplicado, ou se, pelo contrário, dorme ainda o sono das grandes indecisões políticas.

Quanto a mim, confesso o cansaço. No que diz respeito a Portugal e ao Brasil creio que já tudo foi dito. Compreendo, e subscrevo, os argumentos de quem se posiciona a favor, e algumas das objecções de quem se vem manifestando contra. Falta, talvez, olhar o projecto numa perspectiva africana. África tem sido referência apenas enquanto entidade passiva, com alguns analistas portugueses a argumentarem que o Acordo Ortográfico irá prejudicar Portugal ao facilitar a entrada das editoras brasileiras em Angola e Moçambique... Os países africanos de língua portuguesa não produzem livros. Necessitam desesperadamente de livros, mas não os produzem...


Um dos objectivos declarados do presente acordo é o de simplificar a ortografia, de forma a facilitar a aprendizagem do português escrito. Podia-se ter ido mais longe, evidentemente...

Portugal e o Brasil não podem ser vistos como países concorrentes, inimigos, batendo-se em África por um pedaço de mandioca. Trata-se de uma visão mesquinha, comercialeira, de quem na realidade não ama nem Portugal, nem o Brasil, nem África, e sequer a língua portuguesa.

Portugal, o Brasil, Angola, Timor-Leste, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e a Guiné-Bissau são companheiros, em parte igual, nessa aventura extraordinária que é a construção da Língua Portuguesa.......

Uma mão lava a outra. As duas lavam o rosto.””” ************************************************ clique em ler mais ****


É importante aqui deixar bem claro que o autor deste Ensaio não é um especialista linguístico mas sim um pensador com preocupações sociais e que procura utilizar-se da sua língua materna denominada Língua Portuguesa inserida numa realidade internacional, para construir dedutivamente pensamentos e transmiti-los oralmente ou através da escrita de maneira objectiva, clara, lógica e estética.

Não sendo o autor um especialista em matéria linguística isso não justifica uma não participação no enriquecimento desta discussão bem pelo contrário, nem tão pouco suas reflexões ou a de qualquer outra pessoa, seja quem for, pode ser desvalorizada nesta tertúlia sobre a Língua Portuguesa .

O autor construíu a sua personalidade psíquica basicamente em três países, Portugal, Angola e Brasil mas observando sempre e atentamente outras sociedades humanas não lusófonas e nestas três Nações procurou sempre compreender e respeitar todos os valores culturais, aqueles que considera menos bons e os que considera melhores, e dedutivamente construíu e continua a construir sua personalidade, não uma personalidade estática mas em permanente aprendizado ou evolução .

As pessoas que constrõem suas personalidades em mais de um país podem enriquecer muito sua própria cultura pois têm a sorte de contactar com outros valores culturais diferenciados .

A Língua Portuguesa original semeada no meio cultural de outros povos enriqueceu muito e assumiu características novas próprias de cada país e bem diferenciadas das originais e hoje em dia é um instrumento linguístico suficientemente rico e capaz para através dele se exprimir profundamente as questões do mundo humano ou outras, as questões mais universais e as da Comunidade Lusófona .

Neste novo século, é necessário compreender que existe uma “Língua Portuguesa Internacional” que pode transformar-se numa Língua mais simples, não simplista, mais lógica, mais musical e mais fácil de ser aprendida de maneira a ser um instrumento tecnológico fundamental no desenvolvimento e união dos povos da CPLP .

O computador é definido como um instrumento moderno fundamental e poderoso no desenvolvimento humano neste século XXI pois permite um aprendizado mais amplo entre as sociedades humanas e quanto mais lógico, prático e fácil for este instrumento na sua utilização mais eficiente e eficaz se torna, permitindo que um número cada vez maior de pessoas utilizem-se dele para se desenvolverem mental e fisicamente.

As Línguas são o principal instrumento de desenvolvimento da inteligência humana e de outros seres e como ferramentas que são devem transformar-se no melhor instrumento tecnológico capaz de ajudar no desenvolvimento duma inteligência mais apurada.

A Língua, quanto mais simples, clara, objectiva e rica mais eficiente e eficaz se torna pois permite uma comunicação mais correcta, rápida e directa entre as pessoas dos diferentes meios culturais regionais, nacionais e internacionais.

O autor procura escrever seus textos respeitando as regras e características linguísticas de cada país evitando impor aos seus leitores uma mistura anárquica de regras linguísticas após muitos anos de contacto e aprendizado com as diferentes culturas lusófonas, pois isso complicaria ainda mais as já, por si, complicadas regras linguísticas da Língua Portuguesa.

Havendo um acordo ortográfico único construído por todos os países interessados certamente isso iria acelerar o desenvolvimento dos mesmos e da Comunidade Lusófona.

A linguagem fonética própria de cada grupo não perde suas características regionais e nacionais felizmente, sendo a diversidade da Língua Portuguesa muito enriquecedora em todos os aspectos e mais ainda na estética sonora que muito ajuda na valorização e globalização desta Língua tornando-a mais musical e agradável ao ser escutada.

A influência africana na Língua Portuguesa do Brasil permitiu que ela se transformasse numa das Línguas mais cantadas e divulgadas no planeta.

Sabemos que todas as línguas faladas e escritas e suas culturas enriqueceram muito devido às influências de línguas e culturas de outros povos e as línguas europeias têm características acentuadamente latinas, gregas, germânicas e, hoje em dia, têm também influências africanas, asiáticas e outras .

A língua ortuguesa, além das raízes gregas, latinas, germânicas, hoje tem influências espanholas , francesas, inglesas e outras .

A língua portuguesa após o inicio da Era dos Descobrimentos influenciou diversas línguas africanas e asiáticas e também adquiriu influências asiáticas e africanas ou seja ajudou a enriquecer e foi enriquecida e definiu-se com uma das línguas mais faladas no planeta Terra graças aos povos lusófonos.

Quando alguém transmite pensamentos ou ideias e outras pessoas escutam ou lêem e deduzem esses pensamentos interiorizando-os , o transmissor do pensamento não pode dizer-se dono exclusivo daqueles pensamentos pois eles passam a pertencer também aos outros em função do “ penso e posso pensar ” que a natureza sábia permitiu aos seres através de um cérebro genial .

O som , a luz , o ar , a água , a terra , a lógica universal da vida , etc. , existem anteriormente aos humanos ou qualquer outro ser vivo e cada ser humano apenas é um simples instrumento transmissor dos sons , das ideias ou das lógicas da vida .

À medida em que os seres humanos se tornam mais intuitivos , mais sensíveis , mais apurados , vão captando e vibrando as lógicas universais da vida tal como se fossem uma antena de alta capacidade e sensibilidade e através das linguagens podem transmitir ou retransmitir essas lógicas .

Quantas vezes os seres humanos mais sensíveis , na sua realidade do dia a dia , em qualquer lugar , de repente , sem nenhum esforço físico ou mental , captam ideias , pensamentos , lógicas muito necessárias para se entender a vida e no desenvolvimento das sociedades humanas e outras .

Muitos chamam a isso inspiração , dom ou intuição , etc. .

Só após a natureza ter criado um cérebro genial nos humanos foi possível utilizarem-se os sons , implícitos na vida , de uma maneira lógica e construir linguagens de comunicação que permitiram a capacidade de desenvolvimento de uma inteligência mais lógica , mais apurada .

As Linguagens são simples e ao mesmo tempo complexos instrumentos de transmissão de ideias , nada mais do que isso e a partir do momento em que qualquer pessoa passa a dominar esse instrumento linguístico , falando ou escrevendo , certamente essa Língua pertence àquele que a domina deixando assim de ser exclusiva .

Cada Nação pode afirmar que é dono da Língua através da qual se comunica entre seus cidadãos .

Cada Povo pode alterar ou não radicalmente sua Língua criando novas regras mesmo que estas sejam contrárias às regras iniciais ou diferentes das regras de outros países .

Cada Nação pode , se a maioria de seus cidadãos quiser , mudar sua Língua nacional mesmo sabendo que isso implicaria numa série de profundas e radicais mudanças culturais .

Se um Nação quiser pode fazer isso mas não o fará certamente sabendo que a maioria de seu povo já adoptou aquela Língua como sua .

Os países dos PALOP não escolheram a Língua Portuguesa pois esta foi-lhes imposta de cima para baixo e o mesmo aconteceu com a Língua Inglesa e Francesa e outras Línguas em outros países .

Os povos da CPLP passaram a ter um domínio muito acentuado sobre a Língua Portuguesa e adaptaram-na às suas realidades culturais e hoje em dia a Língua de origem portuguesa transformou-se numa Língua Internacional com características exclusivas a cada povo .

A partir disso nasceu um movimento real e bem visível aonde os povos que adoptaram a Língua portuguesa transformaram-na profundamente e hoje influenciam de diversas maneiras a Língua original .

Gerou-se assim o embrião da união lusófona chamada de Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ( CPLP) .

Se esta união de povos tivesse sido construída até ao ano de 1940 , que era o “momentum“ certo capaz de alterar inclusivé a ordem social e política mundial , possivelmente a CPLP seria hoje uma realidade mais profunda e respeitada a nível planetário .

Como isso não aconteceu até 1940 desperdiçando-se o “momentum“ , gerou-se desnecessariamente uma série de dificuldades às Nações Lusófonas .

Isto porém não deve impedir de se continuar a construir esta Comunidade Lusófona pois este caminho da união cultural entre os povos da CPLP é certamente uma excelente opção , paralelamente a outras uniões regionais ou internacionais , para se ultrapassarem uma série de barreiras muito difíceis neste caminhar humano planetário , neste século XXI , Era das grandes crises humanas e ecológicas planetárias.

Os maiores pensadores lusófonos consideram as dificuldades como alavancas para a construção de uma maior consciência sobre a lusofonia e razão para uma maior união entre estes povos de mesma índole , como são os lusófonos .

É importante que todos os países lusófonos transformem rapidamente este instrumento linguístico que é a Língua Portuguesa Internacional num instrumento mais moderno e capaz de responder com eficiência e eficácia às solicitações específicas de cada povo e assim seja possível avançar-se num maior desenvolvimento socio-cultural , económico e ecológico .

O ideal é que os humanos utilizassem um só instrumento linguístico planetário que lhes permitisse uma maior união entre os povos da Terra mas já que assim não é , é preciso aprender as línguas de outros povos para haver uma maior comunicação e desenvolvimento .

A existência de um instrumento linguístico planetário não invalida a existência de outros instrumentos linguísticos regionais ou nacionais que naturalmente podem e devem ser preservados .

A Língua Inglesa está a tornar-se no instrumento linguístico mais comum a todos os humanos devido à facilidade gramatical e sonoridade e isto parece ser o caminho inevitável mas um bom caminho .

A Língua Inglesa utiliza-se também de algumas complexidades para construir suas palavras e sonoridades e certamente estas complexidades dificultam aqueles que querem aprender a falar e escrever correctamente visto que é necessário uma memorização maior não muito lógica , por vezes , e um tempo maior para esse aprendizado , nem sempre disponível ou possível .

Pensar e Falar Angola

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