segunda-feira, 30 de junho de 2008
Ecos da Firmeza
Há um mês estava num almoço de um camba que fazia mais um cacimbo.
Daqueles almoços que viram jantar à boa maneira angolana, cheio de gente e espalhados por muitas mesas. Foi nas instalações do Sporting de Luanda, ali no Bº dos Coqueiros.
Come-se muito, xupa-se melhor e acima de tudo fala-se bué. As conversas versam sobre tudo, do futebol às políticas.
A meio da tarde, sentei-me numa mesa onde uns jovens falavam entusiasmados pelo facto de Obama ter ganho a corrida à Sra. Clinton.
Fiquei calado a escutar as teorias que eles desenvolviam sobre o tema. Era evidente que o entusiasmo deles se devia ao facto de ele ser afro-americano. E não pelo conhecimento das ideias do senador Obama, nem pelo facto de ser candidato pelos democratas, pois se fosse pelos republicanos acho que para eles seria igual.
Nesse grupo o mais velho era eu, e o único branco. Depois de encher o copo com mais uma dose da melhor bebida do mundo, aproveitando até o gelo que ainda restava nele, meti-me na conversa da juventude.
E como a idade ainda vai sendo um posto por aqui, todos escutaram o que eu disse.
Então vamos ter um presidente negro nos states, perguntei. Eles disseram logo que sim, não tinham dúvidas.
Voltei à carga, e perguntei se achavam que a sociedade americana estava pronta para aceitar um presidente vindo de um minoria étnica, pois os afro-americanos é isso que são nos states. A resposta foi a mesma, o Obama já ganhou sim, porque a sociedade americana estava pronta para esse facto.
Muito bem jovens, disse eu. E resolvi abanar-lhes a cabeça. Se os americanos estão prontos para aceitar que um representante da minoria negra pode ser presidente dos states, quando estaremos nós em Angola preparados para um branco ser presidente de Angola?
Ficaram a olhar para mim, e vi que ficaram surpreendidos com a pergunta. Houve um que começou a gaguejar.
Bem, ó kota...quer dizer, não sei, mas pode ser. Eu apenas fiquei calado a olhar para eles, como que a dar-lhes tempo para me responderem.
Levantei-me e disse não há maka juventude. Um dia vocês respondem-me. E fui cirandar para outras mesas e para outras conversas.
A mim pessoalmente tanto me dá que o próximo presidente dos EUA seja mulato ou azulado.
Dali não costuma sair nada de bom para o resto do mundo.
Mas o facto de haver a possibilidade de Obama vir a ser o próximo presidente dos States, está a provocar um entusiasmo que é evidente em toda a África.
Terá a mesma correspondência na Europa se um branco um dia tiver nessa situação num país africano?
Não sei bem. Mas acho que sim.
O que só provará que o mundo ainda é muito a preto e branco, e que as questões raciais ainda são barreiras mentais muito longe de serem ultrapassadas.
Por vezes penso que os mestiços Tigger Woods e o miúdo Hamilton da Formula 1, as manas negras Venus e Serena no Ténis, o esguio cestinha Michael Jordan e outros afros ajudam a que se desmistifique o que alguns boçais racistas tentam passar sobre as capacidades reais dos não brancos.
Mas também tenho que reconhecer que este jovem Obama vai ser mesmo mais uma pedrada (pedregulho) no charco, se de facto chegar à Casa Branca.
E vai ser uma "facada" para os boçais racistas...de todas as cores. Pois se ele pode ser presidente nos states, nas restantes sociedades multirraciais também representantes das minorias lá podem chegar.
Ainda me lembro do livro que li ainda garoto em que um negro chega a presidente interino dos Estados Unidos, penso que do Irving Wallace se a memória não me atraiçoa, e agora passados quase 40 anos a ficção do escritor parece que vai virar realidade. A nação mais poderosa do planeta ser governado por um mestiço, ou negro, ou afro-americano ou lá o que chamam ao Obama.
Kandandus
Jotta
Luanda-Angola
Republicação de texto autorizado pelo autor.
Publicado originalmente em Sanzalangola (Fórum Pago) .
Pensar e Falar Angola
Doenças tropicais IV
Trópicos ainda são vistos como ameaça aos países desenvolvidos
Se na época da expansão colonial as doenças tropicais eram sinônimo de “doenças de negros e índios”, hoje são sinônimo de “doenças de pobre”. A maioria das doenças tropicais se concentra nas regiões mais pobres do mundo que, ironicamente, estão nos trópicos. Pesquisadores alertam para os riscos de se passar de um determinismo climático e racial que marcou a origem da expressão doenças tropicais para um determinismo socioeconômico.
Na medida em que tropical é sinônimo de pobre existe uma possibilidade perversa de que o rótulo tropical seja um caminho na direção do negligenciado e que se estigmatize uma população inteira: o problema agora é de quem mora nos trópicos”, diz Francisco I. Pinkusfeld M. Bastos, que pesquisa aids na Fiocruz. Bastos lembra que houve uma tentativa de transformar toda a população do Haiti em categoria de risco no início da epidemia de aids, junto com os homossexuais, os heroinômanos e hemofílicos (os assim denominados "4H"). “Embora todas as categorias fossem preconceituosas, chama a atenção o fato de definirem toda a população de um país como 'sob risco', quando, na verdade, a aids entrou no Haiti via o turismo sexual norte-americano”, diz.
Marli Navarro, destaca a emergência dos temores sanitários que despertam hoje a figura do imigrante. “Alguns documentos oficiais expressam uma total equivalência entre o termo doenças exóticas e aquilo que entendemos como doenças emergentes, reemergentes e negligenciadas. Confirmando a antiga visão que traduz que os malefícios que ameaçam a ordem dos países desenvolvidos residem na invasão estrangeira dos países pobres”. Como aparece no documento referente aos programas dos EUA para as cidades sustentáveis da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), em que o termo “doenças exóticas” refere-se as doenças dos países sub-desenvolvidos que representariam uma ameaça para o povo dos EUA. “Preocupações humanitárias e a necessidade de proteger os cidadãos dos EUA motivam o alto interesse deste país em ajudar outras nações a aprimorar a administração do seu crescimento urbano e de suas condições ambientais”, diz um trecho do documento.
Sandra Caponi estudando os experimentos com humanos feitos na Índia entre 1894 e 1899 por Ronald Ross - prêmio Nobel de Medicina em 1902 - para determinar o papel do Anopheles na transmissão da malária, aponta que a desigualdade social foi um dos principais fatores que justificou a transformação de vidas humanas em corpos sem direito, que podiam ser submetidos a experimentos e aniquilados em nome do bem comum da humanidade. . (leia sobre o assunto no artigo “A Biopolítica da população e a experimentação com seres humanos” e na notícia Desigualdade social justificou experimentos antiéticos com humanos ). As denúncias vieram à tona com a publicação do livro The best in the mosquito: the correspondence of Ronald Ross and Patrick Manson, e escandalizaram o mundo acadêmico. Entre os recursos usados por Ross para convencer a população a participar da pesquisa estava a promessa de que picada do mosquito salvaria suas vidas.
Caponi explica que o relativismo ético (ou duplo standard) tem sido usado como argumento por pesquisadores que crêem não ser possível aceitar as normas éticas para experimentos com humanos quando se tratam de comunidades pobres, sem condições de ministrar assistência à população, cujos governos se manifestam favoráveis à realização das experiências. Nessa modalidade de poder, ressalta a pesquisadora, os cientistas colocam as vidas das populações pobres fora da jurisdição humana, onde o corpo deixa de ser alguém para ser transformado em um elemento que pode contribuir para o conhecimento dos fenômenos populacionais e conter o avanço das doenças que ameaçam o desenvolvimento sustentável das nações civilizadas.
Leia mais:Contas de vidro, enfeites de branco e "potes de malária"Dominique Buchillet. Trópicos, micróbios y vectoresNaturalistas y microbiologos en la emergencia de la medicina tropicalCoordenadas epistemológicas de la medicina tropicalSandra Caponi, publicado na revista Ciência & Saúde ColetivaCólera e medicina ambiental no manuscrito 'Cholera-morbus' (1832), de Antonio Correa de Lacerda (1777-1852) Nelson Sanjad, publicado na revista História, Ciências, Saúde-ManguinhosA Escola Tropicalista Baiana: um mito de origem da medicina tropical no BrasilFlavio Coelho Edler, na revista História, Ciências, Saúde-Manguinhos Escola tropicalista baianaTropical disorders and the forging of a brazilian medical identityJulyan Peard. In: Hispanic American Historical Review, vol. 77, no. 1 (fev 1197) 1-44.
A Biblioteca Virtual de Tropicologia disponibiliza outros artigos interessantes:Trópico e desenvolvimento
Se na época da expansão colonial as doenças tropicais eram sinônimo de “doenças de negros e índios”, hoje são sinônimo de “doenças de pobre”. A maioria das doenças tropicais se concentra nas regiões mais pobres do mundo que, ironicamente, estão nos trópicos. Pesquisadores alertam para os riscos de se passar de um determinismo climático e racial que marcou a origem da expressão doenças tropicais para um determinismo socioeconômico.
Na medida em que tropical é sinônimo de pobre existe uma possibilidade perversa de que o rótulo tropical seja um caminho na direção do negligenciado e que se estigmatize uma população inteira: o problema agora é de quem mora nos trópicos”, diz Francisco I. Pinkusfeld M. Bastos, que pesquisa aids na Fiocruz. Bastos lembra que houve uma tentativa de transformar toda a população do Haiti em categoria de risco no início da epidemia de aids, junto com os homossexuais, os heroinômanos e hemofílicos (os assim denominados "4H"). “Embora todas as categorias fossem preconceituosas, chama a atenção o fato de definirem toda a população de um país como 'sob risco', quando, na verdade, a aids entrou no Haiti via o turismo sexual norte-americano”, diz.
Marli Navarro, destaca a emergência dos temores sanitários que despertam hoje a figura do imigrante. “Alguns documentos oficiais expressam uma total equivalência entre o termo doenças exóticas e aquilo que entendemos como doenças emergentes, reemergentes e negligenciadas. Confirmando a antiga visão que traduz que os malefícios que ameaçam a ordem dos países desenvolvidos residem na invasão estrangeira dos países pobres”. Como aparece no documento referente aos programas dos EUA para as cidades sustentáveis da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), em que o termo “doenças exóticas” refere-se as doenças dos países sub-desenvolvidos que representariam uma ameaça para o povo dos EUA. “Preocupações humanitárias e a necessidade de proteger os cidadãos dos EUA motivam o alto interesse deste país em ajudar outras nações a aprimorar a administração do seu crescimento urbano e de suas condições ambientais”, diz um trecho do documento.
Sandra Caponi estudando os experimentos com humanos feitos na Índia entre 1894 e 1899 por Ronald Ross - prêmio Nobel de Medicina em 1902 - para determinar o papel do Anopheles na transmissão da malária, aponta que a desigualdade social foi um dos principais fatores que justificou a transformação de vidas humanas em corpos sem direito, que podiam ser submetidos a experimentos e aniquilados em nome do bem comum da humanidade. . (leia sobre o assunto no artigo “A Biopolítica da população e a experimentação com seres humanos” e na notícia Desigualdade social justificou experimentos antiéticos com humanos ). As denúncias vieram à tona com a publicação do livro The best in the mosquito: the correspondence of Ronald Ross and Patrick Manson, e escandalizaram o mundo acadêmico. Entre os recursos usados por Ross para convencer a população a participar da pesquisa estava a promessa de que picada do mosquito salvaria suas vidas.
Caponi explica que o relativismo ético (ou duplo standard) tem sido usado como argumento por pesquisadores que crêem não ser possível aceitar as normas éticas para experimentos com humanos quando se tratam de comunidades pobres, sem condições de ministrar assistência à população, cujos governos se manifestam favoráveis à realização das experiências. Nessa modalidade de poder, ressalta a pesquisadora, os cientistas colocam as vidas das populações pobres fora da jurisdição humana, onde o corpo deixa de ser alguém para ser transformado em um elemento que pode contribuir para o conhecimento dos fenômenos populacionais e conter o avanço das doenças que ameaçam o desenvolvimento sustentável das nações civilizadas.
Leia mais:Contas de vidro, enfeites de branco e "potes de malária"Dominique Buchillet. Trópicos, micróbios y vectoresNaturalistas y microbiologos en la emergencia de la medicina tropicalCoordenadas epistemológicas de la medicina tropicalSandra Caponi, publicado na revista Ciência & Saúde ColetivaCólera e medicina ambiental no manuscrito 'Cholera-morbus' (1832), de Antonio Correa de Lacerda (1777-1852) Nelson Sanjad, publicado na revista História, Ciências, Saúde-ManguinhosA Escola Tropicalista Baiana: um mito de origem da medicina tropical no BrasilFlavio Coelho Edler, na revista História, Ciências, Saúde-Manguinhos Escola tropicalista baianaTropical disorders and the forging of a brazilian medical identityJulyan Peard. In: Hispanic American Historical Review, vol. 77, no. 1 (fev 1197) 1-44.
A Biblioteca Virtual de Tropicologia disponibiliza outros artigos interessantes:Trópico e desenvolvimento
Garrido Torres
Paulo de Tarso Alvim
domingo, 29 de junho de 2008
(20) - Ágora - “SEJAMOS REALISTAS; EXIJAMOS O IMPOSSÍVEL”PARIS,MAIO 1968 (III)
De Gaulle era o presidente da França em Maio de 1968, e foi o principal visado pelos milhares de pessoas que se movimentavam em Nanterre (subúrbio de Paris, onde foi o “berço” da rebelião, mais propriamente na sua recém inaugurada universidade), na Sorbonne, no Quartier Latin, nas Tullerias ou nas fábricas da Renault, ou da Citroen, ou nos plenários nos Correios ou mesmo nas centrais de produção de electricidade. O proeminente nariz do presidente francês, as pichagens nas paredes, as lojas fechadas, as barricadas com carros, as correrias constantes de polícias e manifestantes, a incessante actividade cultural que se desenrolava na rua, a incredulidade do cidadão parisiense e o fingir que nada se passa pelos milhares de imigrantes que viviam em Paris, “pintaram” um quadro algo absurdo. A sociedade luta entre o desmoronar e a reerguer-se num quadro de novos valores, novas opções sociais e uma maior contestação ao status quo prevalecente O acesso aos bens de consumo, à educação e à cultura tinha sido democratizado. Os anos 60 foram os anos curiosos, contestatários e burguesesO Maio de 1968 foi um movimento colectivo de contestação sistemática a tudo, como é revelador neste diálogo que vem nos “les tubes de Mai 68”, na faixa do disco “Sous les Pavés…la Plage”(Sob a calçada a praia), edição de L’ Observateur: “Contestez! Il faut toujours contester tout”, bradava alguém no pátio da Sorbonne. A este brado, um francês perguntou:”Mas não há nada que vocês não contestem?” “Há”, respondeu alguém:”O direito que todo o homem tem a viver dignamente”. Numa Paris em ebulição naquela Primavera de 68, viam-se bandeiras no Théatre de France, vermelha e negra, que diziam:” A libertação total do homem está para além da libertação económica, está na sua afirmação plena na vida”. Nos jornais de parede os títulos eram invariavelmente do tipo “Não é homem, mas sim o mundo que se tornou anormal”. Nos cartazes lia-se:”Eu participo, tu participas, ele participa, nós participamos, vós participais, eles lucram”. Os graffitis que enchiam as paredes da cidade clamavam por: “Enragez-vous” (Enfureçam-se).Daniel Cohn-Bendit, aparece como uma das “figuras”, o que não deixa de ser paradoxal num movimento com as características colectivas do Maio de 1968, mas muito do seu protagonismo é-lhe conferido, pela obstinada perseguição xenófoba e racista, que as autoridades francesas lhe fizeram, apodando-o como “Judeu-alemão”, acompanhado pela posição do PCF, que o chamava de “anarquista alemão”.Todos somos hoje herdeiros daqueles dias do viver colectivo de uma utopia, onde a contestação, a arte, a cultura, a musica, as relações humanas, as relações sociais, o enquadramento económico dos cidadãos, foi tudo motivo de contestação e de discussão.Na Angola colonial, nada transpirava, e a guerra ia continuando e nada se ia alterando de significativo, apesar da cadeira de lona ter acabado com a vida política de António Salazar também nesse ano de 1968. A Universidade em Angola dava ainda os primeiros passos, e apesar de já haver um cine-clube com propostas interessantes ao nível da divulgação de determinado tipo de filmes, um Orfeon ainda embrionário, pouco mais havia ao nível do associativismo, e a bem dizer nada era contestado. Umas calças à boca de sino, uns cabelos compridos, umas cores garridas nas camisas, umas saias à Twiggy , e era o que mais se aproximava do movimento hippye, o sucedâneo americano do movimento parisiense de 1968. Em poucos grupos começou-se a ouvir Regianni, Brell, Brassens, Ferrat, Leo Férre, e tantos outros que marcaram com letras e musicas o nosso imaginário de um 1968 que fisicamente não vivemos.Em Paris, a causa da liberdade dos povos das colónias sob dominação portuguesa foi motivo de discussão, nomeadamente entre os exilados portugueses, os cidadãos africanos e ainda bolseiros portugueses que ocuparam a Casa Gulbenkien, local onde alguns bolseiros da fundação viviam na capital francesa.No quadragésimo aniversário da maior movimentação de utopia, gostávamos de poder dizer que estávamos à beira de outra do tipo, mas parece que o futuro próximo não nos vai fazer a vontade.Resta-nos revisitar o passado!
sábado, 28 de junho de 2008
Doenças tropicais III
Pobreza passa a caracterizar doenças tropicais
Houve, e ainda há, no meio científico, um esforço concentrado em mostrar o quanto o termo“doenças tropicais” estava equivocado e o quanto expressava o preconceito europeu em relação aos povos que viviam nos trópicos. O médico sanitarista Frederico Simões Barbosa, da Universidade Federal de Pernambuco, no artigo “Saúde e trópico” defende a impossibilidade de se definir uma moléstia como tropical
Houve, e ainda há, no meio científico, um esforço concentrado em mostrar o quanto o termo“doenças tropicais” estava equivocado e o quanto expressava o preconceito europeu em relação aos povos que viviam nos trópicos. O médico sanitarista Frederico Simões Barbosa, da Universidade Federal de Pernambuco, no artigo “Saúde e trópico” defende a impossibilidade de se definir uma moléstia como tropical
Segundo ele, a definição não resiste a três argumentos: as doenças tropicais não são as mesmas nas diferentes regiões tropicais do mundo; nenhum fator, dos muitos fatores que causam as doenças, pode ser determinante exclusivo dessas doenças; e raras são as doenças que se limitam às regiões tropicais. O próprio Carlos Chagas, em uma aula inaugural na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1926, já afirmava que eram “muito poucas, em verdade, e conta-se por algumas unidades, as doenças exclusivas de países tropicais, e também raríssimas aquelas circunscritas aos países frios e temperados”.
Ainda hoje o termo é controverso e diferentes critérios são utilizados para definir as doenças tropicais. O clima, a distribuição geográfica ou a ecologia dos parasitas e vetores, ainda são critérios relevantes, mas aparecem associados à categoria de mais força na atualidade: a pobreza. Dentro desta hipótese, são associadas aos trópicos as doenças decorrentes de falta de saneamento básico, tais como, amebíase, helmintíases, protozooses intestinais, cólera. Além das relacionadas à precariedade das habitações e condições de vida, como tripanossomíase, toxoplasmose, hanseníase, tuberculose, peste, leptospirose e, mais recentemente, a aids, cuja origem foi atribuída ao continente intertropical florestal africano.
"A maior parte dessas doenças não está associada exclusivamente às qualidades dos meios climáticos tropicais, apenas grassando nos países tropicais devido às condições de subdesenvolvimento. Este é o caso da tuberculose, da aids, das infecções intestinais e da desnutrição infantil, dentre outras", ressalta Ferreira. Muitos pesquisadores têm sugerido a adoção de termos como doenças negligenciadas, emergentes e reemergentes, ao invés de tropicais, devido a essa nova caracterização dessas doenças.
A associação entre condições socioeconômicas e doenças tropicais não é nova. Os médicos europeus que formaram a Escola Tropicalista Baiana, antes do estabelecimento de uma medicina imperial no Brasil, já questionavam o determinismo climático e racial e atribuíam a proliferação das doenças às más condições em que viviam negros e índios nas colônias. Suas hipóteses, porém, perderam força no decorrer da história e, nas últimas décadas do século XIX, emergiu uma ciência construída pelas nações coloniais, marcada pelo pessimismo climático e por determinismos raciais, que orientou os rumos posteriores da pesquisa brasileira.
Ainda hoje o termo é controverso e diferentes critérios são utilizados para definir as doenças tropicais. O clima, a distribuição geográfica ou a ecologia dos parasitas e vetores, ainda são critérios relevantes, mas aparecem associados à categoria de mais força na atualidade: a pobreza. Dentro desta hipótese, são associadas aos trópicos as doenças decorrentes de falta de saneamento básico, tais como, amebíase, helmintíases, protozooses intestinais, cólera. Além das relacionadas à precariedade das habitações e condições de vida, como tripanossomíase, toxoplasmose, hanseníase, tuberculose, peste, leptospirose e, mais recentemente, a aids, cuja origem foi atribuída ao continente intertropical florestal africano.
"A maior parte dessas doenças não está associada exclusivamente às qualidades dos meios climáticos tropicais, apenas grassando nos países tropicais devido às condições de subdesenvolvimento. Este é o caso da tuberculose, da aids, das infecções intestinais e da desnutrição infantil, dentre outras", ressalta Ferreira. Muitos pesquisadores têm sugerido a adoção de termos como doenças negligenciadas, emergentes e reemergentes, ao invés de tropicais, devido a essa nova caracterização dessas doenças.
A associação entre condições socioeconômicas e doenças tropicais não é nova. Os médicos europeus que formaram a Escola Tropicalista Baiana, antes do estabelecimento de uma medicina imperial no Brasil, já questionavam o determinismo climático e racial e atribuíam a proliferação das doenças às más condições em que viviam negros e índios nas colônias. Suas hipóteses, porém, perderam força no decorrer da história e, nas últimas décadas do século XIX, emergiu uma ciência construída pelas nações coloniais, marcada pelo pessimismo climático e por determinismos raciais, que orientou os rumos posteriores da pesquisa brasileira.
(CONTINUA)
sexta-feira, 27 de junho de 2008
A CRIANÇA AFRICANA , em nós ...
Pensar e Falar Angola
A propósito das belas fotos das nossas crianças , da CRIANÇA Africana que em nós vive , quero aqui oferecer em sopa de letras algumas das esculturas vivas em nós , realidades que nos envolvem no dia a dia profundo ...
A CRIANÇA AFRICANA
Na imensidão do só no horizonte
Descalço na terra a vida é bela
Bate à porta e entra na rua
Menino que joga com bola de pano
Goleiro pra cá goleiro pra lá
Metade de uns metade de outros
Juiz não mas Pelé e Schillaci há
Bola voando à baliza chutada
Grito de gol : pelééé ... Marcou !!!
Volta ao centro o astro contente .
Sorriso de menino , diz o caminho
Mostra a estrada da rua perdida
Diz o destino da Eva no tempo
Aponta teu dedo ao sol , que diz ?
Seja eu de si pequeno
Imagem de um sol maior
Na rua de ti mostrada !
E os tambores da noite ecoam
Nas vozes do vento a vibrar
Dizendo de ti menino do mundo
Dizendo no olhar o que lhe vai
Na alma de seu calmo ardor
Nos espaços dos tempos
De seu sofrer sem pão e "Con/dor"
Dizei montes o que vedes do céu
Da flor criança em jardim de jasmins
Falai ser alado que voas alto
Da imensidão do só nas alturas
Falai criança , o que dizes ?
"As pernas grandes dos homens
Gostam de assustar meninos
Fazem guerras e não se olham
E não sabem escutar o vento
Nos castelos areados à beira-mar
Só quero brincar na terra
De deuses adultos crescidos
Com alma no sorriso do olhar
Só quero rosas , espinhos para quê ?
Só quero a paz dos humanos brincar " .
Sei criança o que dizes ?
===================
OLHAR DE MENINO CONTENTE
Menino lindo de olhos grandes
Na fome de teu corpo pequeno
Vestido de lama e nariz escorrendo
Das lágrimas que sempre choras
Sozinho em grupos nas estradas
Do tempo ao sol de onde moras ..
Quando passo à tua porta
E te vejo e tu me olhas
Grande e diferente passando
E me pedes com gestos e brilhos
No rosto de teu espelho
Um pedaço de carinho de pão ..
Vivo tua alma menina em mim
Nesse mar em que clamas
Aconchego-te ao colo e mergulho
Nas águas quentes do Atlântico imenso ..
Visto teu corpo de linho
Sirvo mel e leite em tigela
E te deito em meu leito
Amanhã quando acordares
Ao som do cantar das aves
Estarei solícito a teu lado
Acariciando-te com meu olhar ..
Vais depois brincar as nascentes
Em barquinhos de casca de árvores
E querer segurar os peixes a fugirem
Irás correndo atrás do gado
Assustando-os com teu grito manso
E colher as flores do campo ..
Juntos depois tiramos o leite
Da vaca no curral atrás da casa
E quando pronto a pão quente
Sentados à fogueira da cozinha
Saciamo-nos da fome e sede ...
Seguindo vou contigo
Levo-te em minha mente
E quando eu renascer (*)
Levarei comigo criança
A lembrança de teu amor
O brilho de teu olhar
O riso de tuas lágrimas
O afago de teus dedos
O gato de teu brincar
O mar de teu mergulhar
O rio de teu nadar
A alvura de tua alma ...
Leva-me contigo também .
(*) morrer , transformar
===================
BRILHOS INOCENTES
Importa o choro da criança triste
Ou o riso da alegria contente ?
Qual o humano que não quer
Um pedaço de carinho do céu
A ilusão de uma fatia de sorriso ?
Á porta da minha rua
Inconsciente da chuva
Quando bates as palmas
Dou-te um sorriso de mim
Na rua da minha porta
Sacia alegre do mundo
Um pão de trigo dourado
Leva conchas em tua mão
Brinca na areia da praia
Ao sol da tarde iluminada
E quando fores leva de mim
Os momentos em que sorriste
Os risos que alegraram castelos
Montando cavalos de vento
De rédeas na tua inocência .
======================
ROSA NEGRA DE ESPINHOS
Noite de frio e chuva na cidade
O céu de estrelas vazio e escuro
Felino feria gente de pouca idade
Rosa negra com espinhos
Duas crianças caminham
Em rua suja e molhada
Inseguros passos vagueiam
Corpos pequenos e magros
Vestindo fardos esburacados
Meninos de olhos tristes
À porta dos bares param
Corpos fincados em riste
Buscam ...... Em seu olhar
Lamentos não escutados
Em cauteloso andar
Sem rumo e sem tino
Seguindo seu caminho
Sem vinténs e sem destino
À porta de uma pensão
Param e vão procurar
Pedaços de cartão
Amaciando a soleira
E adormecem .
O povo nos bares
Afoga a verdade .
==============
( Valdemar Ribeiro)
A propósito das belas fotos das nossas crianças , da CRIANÇA Africana que em nós vive , quero aqui oferecer em sopa de letras algumas das esculturas vivas em nós , realidades que nos envolvem no dia a dia profundo ...
A CRIANÇA AFRICANA
Na imensidão do só no horizonte
Descalço na terra a vida é bela
Bate à porta e entra na rua
Menino que joga com bola de pano
Goleiro pra cá goleiro pra lá
Metade de uns metade de outros
Juiz não mas Pelé e Schillaci há
Bola voando à baliza chutada
Grito de gol : pelééé ... Marcou !!!
Volta ao centro o astro contente .
Sorriso de menino , diz o caminho
Mostra a estrada da rua perdida
Diz o destino da Eva no tempo
Aponta teu dedo ao sol , que diz ?
Seja eu de si pequeno
Imagem de um sol maior
Na rua de ti mostrada !
E os tambores da noite ecoam
Nas vozes do vento a vibrar
Dizendo de ti menino do mundo
Dizendo no olhar o que lhe vai
Na alma de seu calmo ardor
Nos espaços dos tempos
De seu sofrer sem pão e "Con/dor"
Dizei montes o que vedes do céu
Da flor criança em jardim de jasmins
Falai ser alado que voas alto
Da imensidão do só nas alturas
Falai criança , o que dizes ?
"As pernas grandes dos homens
Gostam de assustar meninos
Fazem guerras e não se olham
E não sabem escutar o vento
Nos castelos areados à beira-mar
Só quero brincar na terra
De deuses adultos crescidos
Com alma no sorriso do olhar
Só quero rosas , espinhos para quê ?
Só quero a paz dos humanos brincar " .
Sei criança o que dizes ?
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OLHAR DE MENINO CONTENTE
Menino lindo de olhos grandes
Na fome de teu corpo pequeno
Vestido de lama e nariz escorrendo
Das lágrimas que sempre choras
Sozinho em grupos nas estradas
Do tempo ao sol de onde moras ..
Quando passo à tua porta
E te vejo e tu me olhas
Grande e diferente passando
E me pedes com gestos e brilhos
No rosto de teu espelho
Um pedaço de carinho de pão ..
Vivo tua alma menina em mim
Nesse mar em que clamas
Aconchego-te ao colo e mergulho
Nas águas quentes do Atlântico imenso ..
Visto teu corpo de linho
Sirvo mel e leite em tigela
E te deito em meu leito
Amanhã quando acordares
Ao som do cantar das aves
Estarei solícito a teu lado
Acariciando-te com meu olhar ..
Vais depois brincar as nascentes
Em barquinhos de casca de árvores
E querer segurar os peixes a fugirem
Irás correndo atrás do gado
Assustando-os com teu grito manso
E colher as flores do campo ..
Juntos depois tiramos o leite
Da vaca no curral atrás da casa
E quando pronto a pão quente
Sentados à fogueira da cozinha
Saciamo-nos da fome e sede ...
Seguindo vou contigo
Levo-te em minha mente
E quando eu renascer (*)
Levarei comigo criança
A lembrança de teu amor
O brilho de teu olhar
O riso de tuas lágrimas
O afago de teus dedos
O gato de teu brincar
O mar de teu mergulhar
O rio de teu nadar
A alvura de tua alma ...
Leva-me contigo também .
(*) morrer , transformar
===================
BRILHOS INOCENTES
Importa o choro da criança triste
Ou o riso da alegria contente ?
Qual o humano que não quer
Um pedaço de carinho do céu
A ilusão de uma fatia de sorriso ?
Á porta da minha rua
Inconsciente da chuva
Quando bates as palmas
Dou-te um sorriso de mim
Na rua da minha porta
Sacia alegre do mundo
Um pão de trigo dourado
Leva conchas em tua mão
Brinca na areia da praia
Ao sol da tarde iluminada
E quando fores leva de mim
Os momentos em que sorriste
Os risos que alegraram castelos
Montando cavalos de vento
De rédeas na tua inocência .
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ROSA NEGRA DE ESPINHOS
Noite de frio e chuva na cidade
O céu de estrelas vazio e escuro
Felino feria gente de pouca idade
Rosa negra com espinhos
Duas crianças caminham
Em rua suja e molhada
Inseguros passos vagueiam
Corpos pequenos e magros
Vestindo fardos esburacados
Meninos de olhos tristes
À porta dos bares param
Corpos fincados em riste
Buscam ...... Em seu olhar
Lamentos não escutados
Em cauteloso andar
Sem rumo e sem tino
Seguindo seu caminho
Sem vinténs e sem destino
À porta de uma pensão
Param e vão procurar
Pedaços de cartão
Amaciando a soleira
E adormecem .
O povo nos bares
Afoga a verdade .
==============
( Valdemar Ribeiro)
O combustível, a desenvoltura e o "homo-angolanus"
-em algo de pitoresco, e muito de alto risco, no entanto denota um espírito de desenvoltura presente e constante no "homo-angolanus".
Temperado a ferro e fogo por dificuldades que duraram três décadas o "homo-angolanus" está mais que preparado para as "agruras" deste tempo de paz.
Aqui, transporte de combustível em Benguela.
Pensar e Falar Angola
Temperado a ferro e fogo por dificuldades que duraram três décadas o "homo-angolanus" está mais que preparado para as "agruras" deste tempo de paz.
Aqui, transporte de combustível em Benguela.
Pensar e Falar Angola
quinta-feira, 26 de junho de 2008
11 compromissos para a criança
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Sebastião Salgado
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Seminário de “Capacitação dos Directores Provinciais para operacionalização dos 11 Compromissos para a Criança” , a ter lugar nos dias 24, 25 e 26 de Junho, nas instalações do INAP (Instituto Nacional da Administração Pública), a partir das 8:30 min.
O acto de abertura está marcado para o dia 24, terça-feira, às 8:30 minutos e será presidido pelo Ministro da Reenserção Social e Presidente do CNAC, João Baptista Kussumua.
Fonte: UNICEF Angola
Seminário de “Capacitação dos Directores Provinciais para operacionalização dos 11 Compromissos para a Criança” , a ter lugar nos dias 24, 25 e 26 de Junho, nas instalações do INAP (Instituto Nacional da Administração Pública), a partir das 8:30 min.
O acto de abertura está marcado para o dia 24, terça-feira, às 8:30 minutos e será presidido pelo Ministro da Reenserção Social e Presidente do CNAC, João Baptista Kussumua.
Fonte: UNICEF Angola
Foto reportagem dum Leitor deste Blog
As fotos deste meio de transporte foram tiradas em Bocoio, a caminho do Huambo, são totalmente feitas em madeira, incluindo as rodas, e que transportam tudo, desde chapas de zinco a pessoas!! Algumas até são 4X4.
A escola não tem nada além do que se vê: pedras a servir de cadeira e as carteira são os joelhos. Estão matriculados nesta aldeia 4100 alunos, as aulas começam ás 7,30 e terminam ás 18, 30. Esta escola fica no Libangue perto de Chiconba/Caconda.
Adivinharam onde esta foto foi tirada?
Pensar e Falar Angola
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Melhoria das estradas = aumento da sinistralidade
A notória recuperação da rede rodoviária angolana
permite uma maior mobilidade aos automobilistas angolanos. Com estradas que nada ficam a dever a estradas congéneres em qualquer parte do mundo, a tentação do excesso de velocidade leva a consequências desastrosas. Está a aumentar o índice de sinistralidade rodoviária nas estradas angolanas...
Pensar e Falar Angola
permite uma maior mobilidade aos automobilistas angolanos. Com estradas que nada ficam a dever a estradas congéneres em qualquer parte do mundo, a tentação do excesso de velocidade leva a consequências desastrosas. Está a aumentar o índice de sinistralidade rodoviária nas estradas angolanas...
Pensar e Falar Angola
A FLIP, ONDJAKI E EU
Transcrito directamente do blog Loucuras De Lady Lita de 9 de Junho
“escrevo porque tenho estórias para contar.”
“escrevo porque tenho estórias para contar.”
Ondjaki
Em 2006, na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), o escritor angolano Ondjaki esteve presente, infelizmente eu não estava lá.
Eu nem conhecia o trabalho de Ondjaki, mas fiquei conhecendo através das entrevistas que ele concedeu para várias emissoras de tv.
Eu acompanhei os acontecimentos da FLIP via Internet.
Um certo dia, eu estava assistindo tv, então mudando de canal acabei por botar no canal Futura que eu gosto muito! Tinha uma repórter entrevistando um escritor, então fiquei prestando atenção e gostei muito dessa entrevista, era o Ondjaki, falando de uma maneira tão solta, firme, mas com muita suavidade sobre vários assuntos.
A partir desse dia eu comecei a procurar material sobre ele, li várias entrevistas em vários blogs. Então, me despertou algo...lembrei da minha infância e dos meus amigos angolanos de quando eu morava no interior de São Paulo, pois aquele tempo foi um tempo único e fora do normal. Eu amava aquelas pessoas, pois elas eram muito alegres...era só alegria.
Mas, Ondjaki é assim: faz a gente voltar lá na infância.
Lendo os livros, as poesias, vendo seu trabalho no cinema; foi me despertando muito interesse por tudo o que ele faz.
Graças a ele comecei a procurar blogs angolanos. Passei por alguns blogs interessantes como: A Minha Sanzala do JotaCê Carranca e o Attelier dos Mangueirinhas do Ngoi Salucombo Jr., de quem me tornei amiga, e assim trocamos muitas informações sobre Brasil e Angola. Preciso dizer que, antes de chegar nesses dois blogs, passei pelo blog Floresta do Sul do António Manuel Venda, e foi através do blog dele que cheguei aos outros.Estou relatando tudo isso, porque para mim, foi muito importante esse acontecimento. É como uma viagem boa e agradável; e isso, porque eu estou sendo breve, porque se eu fosse contar tudo; daria um livro.
http://floresta-do-sul.blogspot.com/2007/04/entrevista-ondjaki.html
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