A exposição "O Rosto da Paisagem – Uma estrada, dois olhares", composta por 40 fotografias do português Jordi Burch, e com textos do escritor angolano Ondjaki, foi inaugurada segunda-feira, no Centro Cultural Português - Instituto Camões, em Luanda, pelo Presidente Cavaco Silva.
A mostra leva ao público uma viagem de sete noites e um dia às províncias do Bengo, Kwanza-Sul, Huíla, Huambo, Namibe, e Benguela, em busca de materiais visuais, humanos e de escrita.
As fotografias estão expostas em quadros, e os poemas estão à volta das imagens. Os poemas "O bramido quieto de qualquer homem", "O céu adormeceu e era domingo", e "É a palavra sossego", estão escritos nas paredes da sala de exposições do Instituto Camões.
O escritor Ondjaki referiu em declarações ao Jornal de Angola que maior parte das fotos resulta do contacto com as pessoas que a apareceram ao longo dos percursos. Os textos surgem para permitir às pessoas viajarem na companhia das fotos.
Ondjaki disse que a exposição exalta a amizade entre Angola e Portugal, mas sobretudo entre artistas de dois países. O escritor comentou que "o resultado foi muito interessante".
O ficcionista e poeta Ondjaki afirmou que a interacção e o diálogo entre duas artes diferentes é um possível caminho para criar e fortalecer as relações de amizade entre duas nações.
"Este é um exemplo de diálogo que existe entre países de língua portuguesa. Penso que é possível reforçar as nossas relações com projectos que envolvam outros países. Porque não Cabo Verde, Brasil, Timor, Moçambique? Acho que é o princípio de muito mais ligações artísticas entre diferentes culturas, e países", explicou. O fotógrafo português Jordi Burch considerou o trabalho positivo, porque lhe permitiu conhecer uma parte da cultura angolana, e conhecer lugares incríveis.
Jordi Burch disse que teve contacto directo com pessoas muito humildes e enalteceu os costumes das pessoas que habitam as províncias por onde passaram. "Fiquei impressionado com a calma, a energia e a hospitalidade das pessoas. Têm um comportamento muito tradicional e fora do comum", disse.
"Conheci paisagens maravilhosas, próprias para os artistas inventarem. O sul de Angola é fantástico", rematou Jordi Burch.
O fotógrafo anunciou que está a estudar a possibilidade de fazer outros trabalhos com mais artistas angolanos, e pretende conhecer as províncias do Norte de Angola.
As viagens foram realizadas em 2009, e impressão das fotos foi executada em Portugal. A mostra fica patente até o dia 17 de Agosto.
Durante as sete noites e um dia de viagem pelas províncias do Kwanza-Sul, Huíla, Huambo, Namibe, e Benguela, o fotógrafo Jordi Burch, e o escritor Ondjaki tiveram alguns imprevistos.
Ondjaki revelou que a dupla viajou sem prazo e que andou sem era nem beira, a fotografar e a escrever. "Percorremos mais de 2.500 quilómetros a pé e de carro".
Ficcionista e poeta, Ondjaki é doutorado em Estudos Africanos pela Universidade de Nápoles. É membro da União dos Escritores Angolanos. Tem livros traduzidos para o francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio e sueco. Recebeu uma menção honrosa do Prémio António Jacinto, em 2000, e venceu o prémio literário Sagrada Esperança, em 2004.
Em Portugal obteve o Grande Prémio APE, com o livro "Contos" e recebeu, em 2008, na Etiópia, o prémio "Grinzane for Africa - Young Writer".
Jordi Burch é formado em Fotografia e História de Arte na ARCO. Tem trabalhos em publicações internacionais como National Geographic, Courier International, Playboy Russa e Folha de São Paulo.
Desde 2007, faz parte do colectivo Kamera-photo. A partir de 2008 tem-se dedicado a projectos de autor, como as exposições "Estamos Juntos!", em 2007, "Amor Cachorro", em 2008, "Hasta la Victoria Hernesto", em 2008, "Amor Cachorro", 2009, "Angola Mood", em 2009.
1 comentário:
vou-te roubar a nota Jotacê!
Abraço!
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