quinta-feira, 31 de maio de 2012

Cinema e Música - Alliance Francaise

Quarta-feira, 6 de Junho de 2012




A Alliance francaise de Luanda, numa parceira com o CEFOJOR, apresenta o terceiro ciclo de cinema " Cinema e Musica" no ambito da Festa da musica celebrada anualmente na Franca e no mundo no dia 21 de Junho. Para a abertura deste ciclo sera projectado o documentario "CANTA ANGOLA" de Ariel de Bigault, apresentado pelo musicologo Jomo Fortunato.


Guião e Realização : Ariel de Bigault com Carlitos Vieira Dias, Lourdes Van Dunem, Moisés e José Kafala, Paulo Flores, Carlos Burity, Banda Maravilha, Simmons Massini, Novatos da Ilha e Ndengues do Kota Duro. Film documentário. 59 min. 2000.

As gravações das músicas e das imagens do filme CANTA ANGOLA realizaram-se em Luanda em Janeiro 2000, em condições difíceis. Nesta terra devastada, a criatividade afirma a resistência ao desespero. Os artistas reflectem nas suas músicas os sentimentos e as aspirações populares. As letras dizem os sofrimentos. O compasso marcado suporta a esperança. Os ritmos, dolentes ou rápidos, levam à alegria da dança. Os músicos expressam a energia de viver para além da sobrevivência.

A capital congrega um terço da população de Angola, incluindo centenas de milhares de refugiados. Cada um parte diariamente em busca da sobrevivência. Dos bares finos do centro da cidade até aos bairros populares da periferia, ouvem-se músicas de todos os cantos do país. Inspirando-se nas tradições regionais, cada artista recria, com a sua personalidade e talento, uma faceta da pluralidade angolana.

Vindos do passado colonial, do tráfico negreiro e da escravidão, os cantos em tons menores vibram pelo imenso sofrimento de hoje. Urdidas pelas violas, apoiadas pelas percussões, as melodias resoam entre África e Américas. Nas músicas de Angola, encontram-se as chaves de um som atlântico que já percorreu o mundo. Herdeiros desta história, os músicos são artesões de acordos, harmonias, emoções. As baladas, os lamentos e as danças de Canta Angola parecem-nos familiares.



Quarta 6 de Junho, as 19h, no CEFOJOR.
Legendas em portugues, entrada livre



Pensar e Falar Angola

SUPER

Casimiro Pedro, Jornal de Angola Pensar e Falar Angola

VIAS DE LUANDA



Pensar e Falar Angola

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Notícias no Google sobre Angola



Inflação em Angola continua em queda

Jornal Floripa
A economia angolana deve crescer 8, 2 por cento este ano, ajudada pela retomada das operações petrolíferas, de acordo com o relatório “Perspectivas Económicas em África 2012”, que igualmente projecta uma queda da inflação de 13,5 por cento para dez por ...
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Angola empata com Macedónia em Portugal
Sol
Apenas foi nesse período que o jovem 'keeper' angolano Neblú se revelou, com intervenções que o potenciam 'candidato natural' à baliza angolana. Na segunda parte, quando se esperava que a toada de jogo da primeira parte se repetisse, a Macedónia tomou ...
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Delegação angolana já em Milão para o VII encontro internacional ...
AngolaPress
Milão(Do enviado especial) – Cento e cinquenta fiéis católicos de várias dioceses de Angola estão já na cidade de Milão (Itália) onde deverão participar, em representação do país, de 29 Maio a 3 de Junho do ano em curso, no VII encontro internacional ...
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Angola entrou mal na segunda parte - diz Romeu Filemon
AngolaPress
Lisboa (do correspondente) - O treinador da selecção angolana de futebol, Romeu Filemon, admitiu que por aquilo que fez na primeira parte, a sua equipa poderia vencer o jogo disputado, terça-feira, diante da Macedónia, que se saldou num empate a zero ...
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Jornal de Angola já chega às comunas da Ganda
AngolaPress
Ganda - As quatro comunas do município da Ganda, 201 quilómetros a Sudeste da cidade de Benguela, recebem desde segunda-feira última exemplares do Jornal de Angola, facto que deixa satisfeita a população local. A distribuição, que está a cargo das ...
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BES-Angola: contas de Álvaro Sobrinho descongeladas
TVI24
O Tribunal da Relação de Lisboa mandou descongelar esta terça-feira quatro contas do presidente do BES-Angola, Álvaro Sobrinho. Os juízes consideram que não há no processo indícios suficientes da origem criminosa de quase seis milhões de euros ...
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Pronostican elevado crescimento em economia de Angola
Prensa Latina
Assinalaram também que os novos projetos nesse ramo começam a produzir, difundiu o diário Salário de Angola. Em 2011 ao forte crescimento do setor não petrolífero se contrapôs um descenso nos rendimentos petroleiros, como conseqüência de baixas ...
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"Angola 35 graus" homenageia personalidades que se destacaram em 2011
AngolaPress
Luanda - As personalidades que mais se destacaram nas mais diversas áreas do saber, em 2011, no país, foram distinguidas terça-feira, em Luanda, com o prémio “Angola 35 Graus”, promovido pela Semba Comunicações. O certame, realizado no Cine Tropical, ...
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AngolaPress



Pensar e Falar Angola

Entrevista a Fernando Tavares Pimenta


18 DE MAIO DE 2012





Fernando Tavares Pimenta é doutorado em História e Civilização pelo Instituto Universitário Europeu de Florença e investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, da Universidade de Coimbra, onde frequenta uma bolsa de pós-doutoramento financiada pela FCT. È simultaneamente colaborador do Instituto de História Contemporânea de Ferrara e da Universidade de Bolonha.
Acedeu a ser entrevistado pelo Novo Jornal, na qualidade de investigador da história de Angola no século XX.
NJ- Nascido depois do 25 de Abril de 1974 (1980), em Soure, num concelho rural do distrito de Coimbra, com nenhumas afinidades familiares a Angola, o que o levou há já uns anos a interessar-se por um tema que aparentemente tem muitas “estórias” mas pouca história?
FP – O meu interesse por Angola foi sempre de carácter historiográfico, nomeadamente pelas suas estreitas ligações a Portugal. Interessei-me pela história dos brancos angolanos, em especial pela identidades e comportamentos políticos dessa minoria, por ser um assunto que considero fulcral para um correcto entendimento da historia quer do colonialismo português, quer do nacionalismo angolano. Contudo, antes da publicação dos meus estudos, essa temática era praticamente ignorada pela historiografia. Havia uma lacuna de conhecimento, que contrastava com a relativa abundância de estudos para outros países africanos, por exemplo a África do Sul, o Quénia ou o Zimbabwe. No fundo, foi isso o que levou a interessar-me pelo tema.
NJ- Surpreende-me, e admito com satisfação, ver um tão grande número de jovens investigadores portugueses, com nenhuma ligação familiar, económica ou afectiva a Angola, desenvolver trabalhos que dão hoje contributos indispensáveis a uma História de Angola que se pretende despartidarizada e despida de preconceitos. Provavelmente admite que já começa a ser citado com alguma insistência por angolanos em trabalhos científicos, artigos de opinião ou tertúlias em Angola? Isso deixa-o confortado?
FP – Fico satisfeito pelo meu trabalho servir para uma clarificação da Historia de Angola. Mas o mais importante é ter a consciencia de ter realizado um trabalho sério e rigoroso e que contribui de algum modo para a construçao de um conhecimento mais estruturado do passado angolano.
NJ- Fernando Tavares Pimenta, Claudia Castelo, Nuno Moreira de Sá, Margarida Calafate Ribeiro e alguns outros investigadores tem acabado por trazer para a história recente de Angola contribuições que, quer se queira ou não, acabam por fazer cair alguns dogmas, que se transformaram em quase palavras de ordem para a independência e vida colectiva de Angola enquanto País independente. Naturalmente que gostava de ter a sua opinião de investigador de uma ciência com método e objectivo próprio sobre isto.
FP – A historiografia é uma ciencia social com métodos especificos e que se fundamenta na leitura de fontes documentais. Por isso, a historiografia nao pode ser conivente com a existencia de dogmas – muito menos de dogmas do foro politico. Dogmas e mitos nao podem – ou pelo menos nao devem – interferir na pesquisa historica, que deve ser efectuada com isenção e rigor científico. Isto aplica-se à história de Angola e de todos os paises. Na minha investigaçao procuro sempre manter essa isenção – é essa a minha formação, e julgo que muitos outros historiadores se pautam pelo rigor nas suas pesquisas.
NJ – Há relativamente pouco tempo, em conversa com o nosso comum amigo, Fernando Catroga, insigne catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, homem de grandes cumplicidades políticas e ideológicas com muito angolano, estudantes em Coimbra nos anos 60, e que depois abraçaram a causa independentista, dizia-me algo consternado, que não havia mais jovens historiadores angolanos a trabalhar em áreas que ainda hoje permanecem “nebulosas” na história de Angola. Tem sido procurado por colegas seus de Angola para alguma partilha de conhecimentos?
FP – Tenho poucas relaçoes com a historiografia angolana. Alias, nunca fui “procurado” – em termos cientificos – por nenhuma instituiçao angolana. Contudo, mantenho alguns contactos informais com alguns historiadores angolanos, nomeadamente com Maria da Conceiçao Neto, cujo trabalho aprecio. Certamente, seria positivo haver maiores contactos entre as historiografias portuguesa e angolana.
NJ- Citando Catroga:” Historia e memórias partilham uma mesma feição de ser: são ambas narrativas, formas de dizer o mundo, de olhar o real. São discursos, pois. Falas que discorrem, descrevem, explicam, interpretam, atribuem significados à realidade.”, e lembrando que tem morrido recentemente angolanos protagonistas de lutas de libertação e cabouqueiros de Angola enquanto País, o mais recente Paulo Jorge, não acha que se devia apelar à memória dos que ainda são vivos para legar vivencias para memória futura?
FP – Os testemunhos e os depoimentos dos agentes historicos sao sempre importantes para a conservaçao da memoria e para a investigaçao historica, na medida em que sao fontes que os historiadores nao devem ignorar no seu trabalho de pesquisa. Em termos historiograficos, cada testemunho é uma fonte, cuja valencia cientifica deve ser apurada através de uma analise criteriosa e critica. Neste sentido, seria salutar que esses agentes historicos escrevessem as suas memorias ou transmitissem doutra forma os respectivos testemunhos para que nao se perca uma parte significativa da memoria do passado.
NJ- Tem acompanhado o trabalho de alguns centros de investigação e documentação em Angola, a título de exemplo a Associação Tchiweka?
FP – Acompanho os progressos da historiografia angolana, que julgo serem significativos, bem como os esforços desenvolvidos por algumas instituiçoes e pessoas no sentido da preservaçao da memoria historica. Mas, tal como jà referi, nao tenho qualquer ligaçao a nenhuma instituiçao angolana.
NJ- O seu livro, editado pela Minerva de Coimbra “Brancos de Angola – Autonomismo e Nacionalismo”, acabou por motivá-lo para um trabalho mais detalhado na obra editada pela Afrontamento (2008), os “Brancos e a Independência”. Há na esteira destes dois trabalhos mais alguma obra em preparação sobre o tema?
FP – Continuo a trabalhar sobre a realidade colonial angolana em termos de artigos, capitulos de livros, conferencias ou mesmo aulas, mas para jà nao tenho nenhum outro livro em preparaçao sobre Angola. Neste momento estou mais interessado em Moçambique, cuja realidade colonial tenho estudado nos ultimos tempos. Embora diferente da angolana, a historia moçambicana também é muito interessante.
NJ- Sei que um académico não gosta de se ver envolvido em questões de vulgar discussão política, mas tem que admitir que a sua obra “Angola no percurso de um nacionalista. Conversas com Adolfo Maria” terá sido a sua obra mais lida, comentada e controvertida no seio da sociedade política angolana! Só procurou história nessa entusiasmante conversa?
FP – O meu interesse por Angola é puramente cientifico. Esse livro tem um intuito historiografico e de conservaçao da memoria de um agente da historia angolana, neste caso o senhor Adolfo Maria. Nao tenho interesse na discussao politica angolana. É algo que nao me diz respeito. Julgo, porém, que esse livro deu um contributo importante para uma clarificaçao da historia recente de Angola, sobretudo para o periodo da guerra de independencia.
NJ- A título de informação tenho que lhe dizer que é uma obra muito procurada, e a realidade é que a paupérrima distribuição faz com que não se encontre esse livro no circuito convencional em Portugal ou Angola. Não está a pensar reeditar o livro, com novas conversas com Adolfo Maria, que talvez por causa dessa obra começou a ser olhado duma forma mais respeitada num País que muitas vezes convive mal com a sua própria memória?
FP – Esse livro é fruto de um trabalho concluido em 2006. Nao faz parte da minha agenda efectuar “novas conversas” ou entrevistas com o senhor Adolfo Maria. Contudo, o livro acaba de ser reeditado – no formato original – pela Afrontamento. Espero que seja feita uma boa distribuiçao da obra.
NJ- No fim desta nossa pequena entrevista posso perguntar-lhe com que olhos vêem uma Angola que apenas conhece no mapa, pois não teve a dolorosa experiencia de seus pais de terem que saber que a serra maior de Angola era Tala Mungongo, que o caminho de ferro de Luanda tinha o ramal do Dondo e que o rio Cunene limitava Angola no sul, entre outras aparentes estultices. Os angolanos eram obrigados a estudar o goiveiro em ciências naturais, a linha do Douro, estações e apeadeiros, o monte Ramelau em Timor e outras bizarrices do tipo, que faziam de Portugal uma imitação serôdia da Inglaterra, num conceito de uma “Nação onde o sol nunca se punha”.
FP – Angola é um grande pais, com muito potencial humano, para além de economico. A sua historia ainda està em larga medida por investigar, mas a historiografia està a fazer passos importantes no sentido de produzir um conhecimento mais aprofundado sobre o passado angolano. O futuro depende sobretudo do trabalho dos proprios angolanos, que tem a oportunidade de construir um pais melhor para si e para os seus filhos e netos. Embora nao tenha ligaçoes pessoais a Angola, desejo paz e prosperidade a todo o Povo Angolano.
NJ- Muito obrigado por esta entrevista e a convicção que Angola vai aproveitar o seu contributo quando se fizer a “história de Angola”.

Fernando Pereira
20/11/2011



Pensar e Falar Angola

POLÍTICOS COM AZIA

Casimiro Pedro, Jornal de Angola Pensar e Falar Angola

Uma achega para a História - Rui Ramos e a origem do «nitismo»


NITISMO: AS ORIGENS
Quase nunca se fala da origem do nitismo, ele aparece como que caido do céu, não se percebe, o que pensava Nito Alves em 1974? Em 1975? O MPLA bloqueou-o? Ele foi reprimido?
Na 1ª Região Político Militar do MPLA, Nito Alves falou para mim em Dezembro 1974.
E o que me disse Nito Alves?
(CITAÇÃO)«O papel da 1ª Região nunca foi interpretado, nunca foi compreendido por muitos camaradas e não se sabe bem porquê. Nãos e sabe porquê porque se todos os militantes do Movimento tivessem a ideia fundamental, a ideia precisa da importância, da dimensão estratégica da 1ª Região, pois bem, as estruturas hoje até seriam outras porque, como dissemos, esta Região, do ponto de vista político, do ponto de vista militar, tem raízes bem vincadas, tem uma posição bastante relevante a desempenhar em todo o processo».
(CITAÇÃO) «As massas da 1ª Região estão ansiosas em verem as coisas mudarem, estão determinadas a intervirem em todo o processo, por forma a obrigar que os dirigentes do Movimento tenham realmente de se conformar coma s leis históricas de todo este processo revolucionário».

Se se lerem bem estas declarações, vislumbra-se uma crítica velada á Direcção do MPLA, já em Dezembro de 1974.
Recorde-se que as ligações da 1ª Região ao Comité Director durante a luta de libertação eram difíceis, como também as nossas de Luanda para o Comité Director, que nunca nos abandonou!
Nós tínhamos de recorrer a Hospedeiras da TAP para levar cartas-mensagens para o Comité Director, tal era o bloqueio que o colonialismo nos fazia.
Nito Alves Subiu ao poder na 1ª Região em 1968 depois de eliminar o camarada Comandante Casimiro (Miro).
Foi a altura em que o MPLA enviou o Esquadrão Kami comandado por INGO, para contactar e reforçar a 1ª Região.
Já antes, o MPLA tinha enviado, em 1966, o Esquadrão Cienfuegos comandado por MONSTRO IMORTAL para reforçar a Região.
Isto apesar dos ataques terríveis do exército colonial e da FNLA que estava apostada em aniquilar o MPLA, com a aliança do Congo-Kinshasa.
Faço um parêntesis: incrível, a FNLA no norte queria destruir o MPLA; no sul a UNITA queria destruir o MPLA.
Como é que o MPLA conseguiu sobreviver e vencer?
Então em 1967 começa a grande ofensiva do exército colonial á 1ª Região.
E a partir de 1968 a região conhece graves problemas.
É Nito Alves quem diz:
(CITAÇÃO)«Por volta de 1969 nós estávamos com 1 arma para cada 60 guerrilheiros, 20 munições para cada 30 armas, e a população é obrigada a fazer economia recolectora, semelhante aos homens que nos precederam na História».
(citação)«A partir de 1968 nós perdemos o controlo e então as populações passaram a cobrir-se de peles de animais e cascas de árvore, o que era conhecido pelo nome de NDUBA».
(CITAÇÃO) «Dois anos depois, dos cerca de 4.500 guerrilheiros e 200 armas distribuídas, passamos a ter só 200 guerrilheiros, os outros desertaram para o exército colonial e foram treinados para os Flechas que atacaram violentamente a Região».
Então, em apenas 2 anos, a 1ª Região, comandada por Nito, entra em colapso e à beira do 25 de Abril estava na iminência de se render ao exército português.
Apesar das dificuldades extremas do MPLA (fustigado no norte e no leste de Angola pela FNA/UNITA e pelo exército colonial e também pelos Katangueses de Tchombé), o Movimento tentou ajudar a 1ª Região, mas Nito não entendeu assim, fez birra e as declarações críticas que incluo em cima mostram já o seu descontentamento latente, mas ele ainda apoiava Agostinho Neto, não tinha outro caminho, ou apoiava Neto ou apoiava Chipenda ou Gentil Viana.
Em 1975 Nito Alves vai para Luanda, instala-se com uma vida urbana.
Agostinho Neto é avisado muito cedo de que Nito Alves pretende formar outro partido, fazer uma cisão no MPLA.
Isto foi comunicado a Agostinho Neto em Janeiro de 1975.
Mas Agostinho Neto reconhecia alguma capacidade retórica a Nito Alves e este tinha-o apoiado em Lusaka e tinha soldados no Bairro Operário a enfrentar a FNLA.
E as críticas algumas veladas de Nito para com dirigentes do MPLA foram subalternizadas por Agostinho Neto em nome da unidade do MPLA, pois os inimigos já eram muitos, até Daniel Chipenda se instalara em Luanda com armas para combater o MPLA.
Então Agostinho Neto puxou por Nito Alves, em meados de 1975 Nito é promovido a altos cargos no MPLA e começa a dominar tudo.
Juca Valentim seu apoiante, era o inspector do MPLA, visitava todos os departamentos para fiscalizar, quando ele aparecia no DIP eu dizia-lhe: «bem-vindo inspector!» E ele sorria sardonicamente.
E andei com Bernardo Lopes Teixeira (Nado) controlando todas as delegações do MPLA nos bairros, Nado era nitista já em 74-75, Nito queria ter o controlo de todas as delegações.
Portanto, Nito Alves nunca poderia justificar a sua rebelião por bloqueios ou repressões, não, ao contrário, quem reprimiu foi ele, a partir de Julho de 1975, eu próprio fui atingido, Nito mandou proibir que eu entrasse nas instalações da Comissão Popular de Bairro que eu ajudara a criar.
Na Cimeira de Nakuru, Nito Alves e José Vandunem à noite reuniam separadamente nos seus quartos, queixavam-se de que não queriam aturar os velhos do MPLA (Lara, Iko, Lopo, entre outros).
Mas Agostinho Neto continua a confiar em Nito Alves, não quer acreditar que dali virá um golpe.
Nas reuniões em que participei no Futungo, Nito Alves estava sempre ao lado de Neto e era eloquente, Neto falava calmamente, Nito falava espumando…
Nito espalhou todos os seus apoiantes em todas as estruturas do MPLA, expulsando outros militantes, não sei se Filomeno Vieira Lopes chegou a ser expulso do DOM, mas penso que sim.
E o plano passava por controlar as Comissões de Bairro de Luanda, onde ele tinha apoiantes. Eu fui expulso do Órgão Coordenador.
E Nito Alves controlava parte da DISA, a DISA OPERACIONAL.
Agostinho Neto foi de novo informado, mas Nito Alves já tinha muita força, infiltrara tudo…
Agostinho Neto tentou tudo, tudo para fazer unidade com Nito Alves, Nito Alves moveu-se à vontade, apoiou-se em Neto para melhor se movimentar nas estruturas civis e militares.
Nito criou um «MPLA 2» a partir do segundo semestre de 1975.
E cerca de uma semana antes do 27 de Maio, encontrando-me com o meu amigo Licas, perto do Baleizão, ele disse-me, eufórico: «Rui Ramos, prepara-te… vais ver o que vai acontecer daqui a uma semana…»
E aconteceu…
Agostinho Neto sentiu-se traído duplamente traído, porque estava a receber um golpe de um dirigente que ele tinha apoiado e tinha ajudado a guindar-se aos mais altos escalões do MPLA.



Pensar e Falar Angola

Cavaqueira no Poste, Grupo Lareira, Moçambique

Representação de
“Cavaqueira no Poste”
de Sérgio Mabombo
(Grupo Lareira / Moçambique) 
Sonhadores! Os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e as reformas das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Nesta peça encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.  
A crise financeira no mundo é consequência da idolatria do dinheiro e do poder, manifestada numa cadeia de corrupção de funcionários ávidos de ter mais, e que, pura e simplesmente, não cumpriram sua função a cabalidade.
Calvino (cego) e Tendeu (de braços amputados) são dois mendigos, que têm como sua casa um poste e vivem naquele local com a esperança de que um dia volte para ali, o milionário Drumond Galaska, o qual dizem ter lhes prometido tirar da pobreza. Enquanto esperam o Drumond Galaska levam a “Cavaqueira do Poste” cujo tema é a grande questão: a crise financeira mundial é causada pela miséria e a má distribuição dos recursos? Ou então, será o facto de nascermos maningues enquanto não temos nem sequer migalhas para o estômago?  

Esta crise poderia ser vista como oportunidade, mas, aí está a questão: conseguimos ver? parece que somos todos cegos, mudos e surdos. Cegos - porque não queremos ver. Mudos - porque não podemos falar. Surdos - ainda que haja alguém que grite, não se ouve. Na verdade, a cavaqueira de Tendeu e Calvino mostra que somos demasiado cegos para ver os factos, sem braços para fazer algo e, pior ainda: com poucos miolos para endireitar o desfasamento entre os pobres (ociosos) e os ricos (gulosos).

O maior efeito da crise mundial está focalizado na perda de emprego, mas nós nunca tivemos realmente emprego. Numa economia como a nossa, existem bancos a mais, que não têm como visão desenvolver o País, mas sim, a continuada exportação de dividendos produzidos por branqueamento de capitais, resultando daí uma completa abstenção de reacção ao problema específico por parte do Estado.

“De facto, amigos! Percebam a miséria como consequência do crescimento da população acima dos recursos de subsistência. Deste modo a população só cresce porque há tusas desnecessárias, inconscientes. Consequência: vivemos como cães famintos, nojentos, odiosos, residentes nos postes, pedintes, improdutivos, fugitivos de manicómios, atrapalhadores de Cimeiras Estaduais. Por isso dizem estão arranjar uma forma de nos desaparecer de vez.” (Elliot Alex)


FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Encenação: Elliot Alex
Elenco: Sérgio Mabombo e Diaz Santana
Luz, Som e Cenografia: Nelson Mondlane

Vídeo e Imagem: Nelson Mondlane

Foto e Designer gráfico: Elliot Alex


O AUTOR

SÉRGIO MABOMBO. Ingressa no teatro em 1997, no Grupo Teatral Mutxeko, sob direcção de Mateus Tembe. Participa e é vencedor em festivais da Casa da Cultura do Alto Maé em 1998, com as peças O Pão que o Fiscal Trincou e O silêncio dos Espíritos. Participou em inúmeras oficinas internacionais de teatro.

Em 2001 entra na Companhia de Teatral Mugachi, com a qual participa em 2004 no Festival Internacional de Expressão Ibérica (Fitei) – Portugal, com a peça A varanda do Frangipani. Faz Terra Sonâmbula e Último voo do Flamingo, obras de Mia Couto, adaptadas e encenadas por Elliot Alex.

Escreveu e encenou Maputsolimpo em 2007 e Mentes e Sonhos em 2008. A Cavaqueira do Poste é o seu terceiro texto de teatro, interpretando o personagem Calvino. Em 2009 escreve o monólogo As Bolas, obra exibida no Brasil no festival Esse monte de mulher palhaça.

Na arena cinematográfica gravou em 2009 o filme Flores Silvestres, do realizador espanhol Mikel Ardanaz. Actualmente faz Stand Up comedy no projecto Improriso iniciado há dois anos em Maputo.

O ENCENADOR

ELLIOT ALEX, encenador e actor de teatro. Natural da Província de Tete e residente em Maputo há 25 anos. Trabalhou como professor na Universidade Eduardo Mondlane em 2008-2009, onde leccionou a cadeira de Representação (Interpretação). Estudou Direito na mesma Universidade e é jurista e advogado estagiário.

Ingressa no teatro em 1989, como fundador do Grupo de Teatro M´béu, no Teatro Avenida em Maputo, onde participou em quase todas as produções da companhia.

Em 1998 é convidado a integrar o Mutumbela Gogo, ainda no Teatro Avenida. Neste grupo integra o elenco de peças como Irmãos de Sangue, O Silêncio, Wagner e Os Bandoleiros de Schiller.
Em 2005 passa a ser actor freelancer, tendo sido convidado para participar
num projecto denominado Galagalazul. Entra em duas produções: Dois Perdidos Numa Noite Suja e Na Solidão dos Campos de Algodão. 
Em 2004  dá os primeiros passos como encenador e dirige e adapta para  teatro A Varanda do Franjipani, Terra Sonâmbula (2005-2006) e O Último Voo do Flamingo (2007), do moçambicano Mia Couto.
Em 2003 é convidado para protagonista do filme Pregos na Cabeça, realizado por Sol de Carvalho. Depois deste filme participou em muitos outros como O Último Voo do Flamingo, adaptado e realizado pelo moçambicano João Ribeiro. Nos últimos anos tem sido um dos actores mais solicitados do cinema moçambicano, trabalhando com diversos cineastas nacionais e internacionais.


Pensar e Falar Angola

terça-feira, 29 de maio de 2012

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O governador da província do Bengo, João Miranda, afirmou ontem em Madrid que a conquista da paz em Angola foi um processo demorado e que poucos acreditavam ser resolvido de forma satisfatória. O antigo ministro das Relações Exteriores de Angola fez ...
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Angola joga hoje no Estoril
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Um embate em que os angolanos aguardam ansiosos pela postura dos atletas. Depois da vitória sobre a Académica de Coimbra, da Liga Zon Sagres de Portugal, na sexta-feira no estádio da cidade de Coimbra, o grupo promete hoje uma exibição idêntica contra ...
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Pensar e Falar Angola

ANGOLA ESTÁ A DAR À LUZ

Casimiro Pedro, Jornal de Angola Pensar e Falar Angola

FITA MÉTRICA

Luis Afonso, A Bola Angola Pensar e Falar Angola

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Notícias no Google sobre Angola


Mortalidade materna em Angola reduzida a 450 por cada 100 mil ...
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Angola: Aumento de investimentos para o desenvolvimento
Prensa Latina
28 de mayo de 2012, 09:30Luanda (Prensa Latina) Diversos países, incluídos países do Sul como a Argentina eo Brasil, estão fortalecendo suas relações com Angola, Estado que depois de uma longa guerra (1975-2002) precisa de fortes investimentos para seu ...
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PIB em Angola pode crescer 8,2% e inflação baixar para 10% em 2012
RTP
O PIB de Angola pode crescer 8,2 por cento, empurrado pelo retorno das operações petrolíferas, segundo o relatório Perspetivas Económicas em África 2012, que projeta uma queda da inflação de 13,5 para 10 por cento. O relatório, produzido em conjunto ...
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Selecionador de Angola assume interesse em Kadu
A Bola
Aliás, nos festejos dos dragões do título de campeão de Portugal viu-se a bandeira deAngola nas mãos do jovem e isso não passou despercebido a Romeu Filemon, selecionador de Angola. «Gostei de ver a preocupação de Vítor Pereira, treinador do FC Porto, ...
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A Bola
Angola e Zâmbia acertam parcerias
Jornal de Angola
Um grupo de empresários zambianos encontra-se desde sábado em Luanda para uma exibição de produtos industriais e agrícolas no mercado angolano. Filiados à Agência de Desenvolvimento da Zâmbia (ZDA), estes homens de negócios pretendem investir e ...
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Músicos angolanos aguardados em França
O País - o Jornal da Nova Angola
Durante os próximos dias vários músicos angolanos são aguardados em França onde irão actuar em cidades francesas, ora para apresentação dos seus novos trabalhos discográficos, ora para a participação em vários festivais de Verão.
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O País - o Jornal da Nova Angola
Gala Angola 35 Graus acontece nesta terça-feira no Cine Tropical
AngolaPress
Luanda - A gala de entrega dos prémios Angola 35 Graus acontece nesta terça-feira, no Cine Tropical, em Luanda, numa promoção da Semba Comunicações, destinado a homenagear jovens que se destacaram em 2011. Em nota de imprensa enviada hoje à Angop, ...
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Ambientalista apela à protecção do manatim, símbolo de Angola na ...
AngolaPress
Yeosu (Dos enviados especiais) - O ambientalista João Seródio defendeu, neste domingo, a preservação e protecção do manatim (conhecido também por peixe boi ou peixe mulher) que, a par do projecto Angola LNG, constituem a bandeira de Angola na Exposição ...
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Criada Federação Angolana de Desporto Motorizado
AngolaPress
Benguela - Desde domingo que Frederico Cardoso se tornou no primeiro presidente da FederaçãoAngolana de Desportos Motorizados, ao ser eleito em Benguela com 16 votos. Tem como secretário-geral Jorge Andrade e vice-presidentes Ramiro Barreiro, ...
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