domingo, 4 de julho de 2010

Musongué da Tradição













O programa Musongué da Tradição, edição do mês de Julho, junta hoje, no palco do Kilamba, em Luanda, Elias Dya Kimuezo, Mamukueno, Lulas da Paixão e Zé do Pau, com o suporte instrumental da Banda Chamavo.
A informação foi avançada quarta-feira à Angop pelo responsável do espaço, Estêvão Costa, que adiantou tratar-se de um programa de promoção de “velhas” glórias do semba, onde cada um dos convidados terá a responsabilidade de fazer o público lembrar-se de alguns dos melhores temas da música nacional.
“São três nomes de referência no mercado musical angolano, optamos por convidá-los para o programa do mês de Julho por serem algumas das melhores vozes do semba. Nesta edição decidimos juntar apenas kotas nesta empreitada”, disse Estêvão Costa.
De acordo com o responsável do Kilamba, a política da casa é promover e ajudar a preservar a música angolana, razão pela qual tem procurado apostar na promoção de artistas defensores e precursores das tradições, sem deixar de garantir espaço para a nova geração, que muito tem feito, igualmente, em prol da cultura nacional.
“O nosso propósito é oferecer o melhor e, nesta conformidade, tendo em conta a linha seguida nos programas já realizados, temos a obrigação e o dever de garantir que o público saia do Kilamba satisfeito com a programação preparada”, reforçou.

Historial dos convidados

Elias José Francisco, ou simplesmente Elias Dya Kimwezo, nasceu a 2 de Janeiro de 1936, numa pequena casa junto ao mercado do Xamavo, hoje bairro Marçal, em Luanda. Começou a sua carreira artística em 1950, no grupo “Ginásio”, como compositor.
Em 1956 apareceu como intérprete e tocador de bate-bate, integrado no conjunto Kizomba, radicado no município do Sambizanga. Nesta mesma época funda o agrupamento Dikundus, constituído por operários fabris, destacando-se como vocalista principal. No início de carreira, Dya Kimwezo alcança um grande êxito por usar a língua kimbundu como forma de expressão dos seus sentimentos, algo de inédito e que jamais outro artista ousara.
Fruto da sua irreverência musical, passou ainda pelos grupos Makezu, Dikinos e Dimbangola. Em 1969 foi a Portugal com o grupo Rebita, onde participou num concurso em Santarém, no qual Angola obteve o 2º lugar. Em 1972, em compensação, pelo trabalho em prol da música, foi distinguido com uma estatueta referente aos “11 mais da cidade de Luanda”, que premiava as 11 figuras mais destacadas nas diversas áreas profissionais e sociais na capital. Desde meados da década de 60 que Elias Dia Kimuezu, pela qualidade do trabalho, foi considerado como “O Rei da Música Angolana”.
José Matias “Mamukueno” nasceu no dia 5 de Outubro de 1946, em Luanda, onde iniciou a sua carreira musical. Tem no mercado os discos “Tambuleno” e “Eza Kungiambela”, com destaque para os temas “Ngadelele”, “Makongo”, “Ndalatando”, “Peixeira”, “Ngongo”, “Bela Bela”,“Eza Kungiambela”.
Compositor e artista, Lulas da Paixão, nome artístico de Sebastião Paulo, nasceu a 11 de Novembro de 1946, em Luanda, na Ilha do Cabo. Começou a carreira, em 1957, como vocalista do grupo “Caravana”. A grande projecção deu-se em 1968, quando actuou, com o extinto grupo Musangola, no projecto cultural Kutonoka.
Do seu repertório constam, entre outras, as músicas “Kamaca”, “Menina Wemita”, “Madia”, “Nguami Maka” e “Ixi ya Muangana”.
Zé do Pau começou a sua carreira, em 1970, como guitarra solo do conjunto “Os Corvos”, do qual foi um dos fundadores, com Gildo Costa (vocalista principal e compositor), Zeca Pilhas Secas (viola baixo e ritmo), José dos Santos (vocal), Didino (tambores) e Novato (vocal e dikanza). Depois de um longo período de silêncio, consequência do encerramento das principais gravadoras, “Zé do Pau” reapareceu a cantar, em 1981, no programa “Bom Fim-de-Semana”, da então Secretaria de Estado da Cultura, e só chega a gravar, 18 anos depois, ou seja, em 1999, o seu primeiro CD, “Renascer”, um álbum com oito faixas musicais.
Em “Renascer”, Zé do Pau experimenta, na condição de editor e produtor, um estilo musical mais dançante, nos temas “Mabaia” e “Amor do Pobre”, e regrava a canção “Página rasgada do livro da minha vida”.
Zé do Pau foi o vencedor da 9ª edição do Festival de Música Popular Angolana, Variante 2001, e fez um dueto, num momento particularmente interessante da sua carreira, com o cantor e compositor brasileiro Altemar Dutra, em Fevereiro do mesmo ano, interpretando o tema “Senhora”, no palco da Casa 70.
O Muzongué da Tradição é um programa que se realiza no primeiro domingo de cada mês sob responsabilidade do Kilamba.


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