A sala do Cine Teatro Nacional acolhe hoje, a partir das 22h00, um espectáculo intimista do músico e compositor Paulo Flores, num casamento entre violões e percussão, integrado no projecto que visa preparar o caminho para o nascimento de “Raiz da Alma”, a próxima obra deste cultor do Semba.
No espectáculo desta noite, enquadrado numa série de actuações programadas para os meses de Junho e Julho, em vários espaços das cidades de Luanda e Benguela, com o propósito de recriar, através do Semba, a época dos quintais do Bairro Operário ou Marçal, marcada pela matriz intervencionista da música do N’gola Ritmos, Paulo Flores vai ter o suporte de quatro violões executados por Tony Sá, Pirica Duia, Boto Trindade, Tedy Nsingui e Mias Galheta, bem como de uma percussão composta por instrumentos tradicionais, casos do hungo, puita, congas e dikanza.
O grupo Nguame Maka vai suportar o coral, emprestando à noite uma tonalidade bem angolana, num projecto que tem como meta procurar “parceiros nesta luta que retomamos hoje, pelos conteúdos que constroem novas afinidades entre os angolanos”, sublinha o músico e compositor na nota de divulgação.
Além de recuperar momentos marcantes do percurso que conduziu o país à Independência, Paulo Flores mostra a nova Angola, nação à procura de ser mais competitiva, apetecível e credível “aos olhos da comunidade internacional, dos media e dos cidadãos que compõem essas sociedades”.
Ousado nas suas abordagens, por considerar a música um mundo sem fronteiras, o compositor encontra no “Raiz do Semba”, designação genérica deste projecto, na verdade uma alusão à sua alma musical, que serve de mote para o próximo disco.
“Impele-nos estar mais preparados, nas formas, nos conteúdos e nas abordagens que pretendemos que sejam feitas, para que de facto se possa aliciar as outras culturas a virem ao nosso encontro”, lê-se na nota.
Apostado em combater estigmas, Paulo Flores remata: “Sem se deixar espaço ou tempo para uma compreensão verdadeira e interessada, que nos permita usar a nossa criatividade e a nossa essência, para irmos ao encontro do mundo novo de oportunidades, também para nós, enquanto angolanos e africanos, artistas e pensadores.
E foi por esse motivo que comecei a delinear esta estratégia, que procura, com o Semba, as palavras, as melodias, o pensamento, as novas estéticas e os conteúdos de uma memória recente literária, visual e auditiva, que nos permita reconstruir afinidades alicerçadas nessa memória que vai sendo definitivamente apagada da sociedade moderna”.
Os bilhetes para aceder ao espectáculo estão à venda no Cine Nacional, ao preço de 2 mil kwanzas. A série de actuações encerra, temporariamente, domingo, no Elinga Teatro. Paulo Flores actua dia 4 de Julho, em Lisboa, no Festival Delta Tejo.
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