O Bureau Político do MPLA manifestou-se hoje, domingo, consternado pela morte do Secretário para as Relações Internacionais deste partido, o nacionalista Paulo Teixeira Jorge, ocorrida sábado por doença.
Uma nota de imprensa a que a Angop teve acesso, em Luanda, indica que Paulo Jorge "fazia parte do restrito grupo de patriotas que de forma organizada se batiam por uma Angola liberta e pela dignidade do povo angolano".
O nacionalista Paulo Jorge, refere o documento, "é detentor de uma trajectória política irrepreensível e invejável na luta pela liberdade e pela democracia em Angola e no Mundo".
Destacou-se como simpatizante, militante e dirigente do MPLA, sobretudo na luta de libertação, quer como representante do partido no Egipto, Congo Brazzaville e na Argélia, bem como Responsável do Departamento de Informação e Propaganda, na Frente Leste.
Na sua longa caminhada, assinala-se também, de modo marcante, o mandato que a Direcção do MPLA lhe conferiu para integrar a delegação do partido para as negociações com a potência colonial, que culminaram com os acordos de Alvor, em Janeiro de 1975.
Com a proclamação da independência nacional, a 11 de Novembro de 1975, Paulo Jorge desempenhou as funções de Secretário do Presidente da República para as Relações Exteriores, assumindo ainda o cargo de ministro das Relações Exteriores, período durante o qual se podem destacar as suas qualidades como diplomata, humanista e defensor de causas justas.
O Bureau Político regista, sobretudo, o papel de Paulo Jorge na luta pela independência da Namíbia, a admissão da República Sahraui Democrática como membro da OUA e a diplomacia de atenuação dos efeitos da Guerra Fria.
No plano interno, destaque para os cargos e funções executivas partidárias e governamentais que desempenhou nas províncias do Kwanza Norte e Benguela, e
ainda na Assembleia do Povo, de que foi primeiro-secretário.
Na diplomacia partidária, lê-se no documento, assinala-se o papel de Paulo Jorge na luta que culminou com a admissão do MPLA na Internacional Socialista, assumindo hoje o Partido uma das suas vice-presidências.
Os cumprimentos de condolências à família realizam-se segunda-feira, dia 28, das 17 as 21 horas, na Assembleia Nacional, sala 3.
Casado e pai de dois filhos, Paulo Teixeira Jorge nasceu na província de Benguela, em 1929, e frequentou os estudos primário e liceal em Benguela e Luanda, respectivamente.
Em 1956, ingressou na Universidade, tendo frequentado o 1º ano de Geofísica e, posteriormente, por opcção, o curso de engenharia química.
No mesmo ano, ingressou no MPLA devido a acção mobilizadora de Arménio Ferreira e começou a participar nas actividades clandestinas e anti-fascistas, tendo sido preso por duas vezes por poucos dias, pela PIDE-DGS, em 1961 e em 1962.
De 1963 até 1965 trabalhou como operário em Paris (França), para assegurar a sua subsistência e desenvolveu, em paralelo, actividades a si encarregadas pela Direcção do MPLA.
Ainda em 1965, foi representante do MPLA no Egipto e, em 1967, representante desta mesma organização partidária na Argélia.
Em 1969 foi transferido para a 2ª região político militar, onde, posteriormente, é nomeado Representante do MPLA no Congo.
Em 1971, na Frente leste, foi nomeado Director do Departamento de Informação do MPLA, e em 1974 foi indicado para conduzir as conversações sobre a independência de Angola, com as autoridades portuguesas.
Em 1976, foi nomeado secretário da Presidência para às Relações Exteriores. No mesmo ano, foi nomeado ministro das Relações Exteriores da República Popular de Angola.
Em 1977, foi eleito membro do Comité Central do MPLA-PT, e em 1980, eleito deputado da Assembleia Popular Provincial do Bié e deputado da Assembleia do Povo.
Em 1978 foi nomeado secretário do Comité Central para a Cooperação, e de 1993 a 1994 exerceu o cargo de governador da província de Benguela.
Em 1995 foi nomeado secretário do MPLA para as Relações Exteriores, cargo exercido até à sua morte.
Já foi galardoado com as medalhas de Guerrilheiro do MPLA e da Luta Clandestina e com altas condecorações dos Governos das Repúblicas Popular e Democrática da Coreia, Federal do Brasil e de Cuba, entre outros países.
1 comentário:
Foi com um grande sentimento de pesar que tive conhecimento da morte do meu querido amigo e camarada de luta Paulo Jorge.
Meu amigo de infância, a última vez que estive com ele, há relativamente pouco tempo, em Benguela, nada fazia prever que o seu fim estava para tão próximo.
Dele, fica-me a recordação dum combativo membro do MPLA, amigo do seu amigo, leal, sempre bem disposto e sempre pronto a dar a mão a quem o procurava.
Um angolano que tinha principalmente um grande espírito benguelense e que a todos nós deixa saudade.
Um até sempre ao nosso Paulo Jorge.
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