quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Nova Constituição - Angola acaba com eleições presidenciais



O parlamento angolano aprova esta quinta-feira a nova Constituição que põe fim às eleições presidenciais directas no país, passando o presidente a ser eleito pelo partido que detém a maioria no parlamento.
O maior partido da oposição, 16 deputados, a UNITA, boicotou a votação, acusando o governo de um atentado à democracia em Angola.
O novo documento abre caminho à permanência no poder, por tempo ainda indeterminado, do Presidente José Eduardo dos Santos, no cargo à 30 anos.
A nova Constituição foi aprovada com 186 votos a favor na Assembleia Nacional de 220 lugares.
Na quarta-feira, os deputados do maior partido da oposição em Angola, a UNITA abandonaram a Assembleia Nacional onde decorria a discussão e votação na especialidade do projecto da nova Constituição por discordarem do projecto Presidencialista-Parlamentar.
O partido - que tem apenas 16 deputados no parlamento contra os 191 do partido no poder, o MPLA - insurgiu-se contra o método de eleição presidencial, o direito à terra e os símbolos nacionais.
A UNITA acusou o governo de fraude e manipulação política.
Para aquele partido da oposição, o MPLA ignorou por completo as propostas da oposição e abusou da sua maioria parlamentar para "subverter a democracia"
Há mais de um ano que o parlamento angolano discute este projecto, tendo reunido propostas dos cinco partidos da oposição e da sociedade civil.
Mas a Comissão que elaborou o documento final é composto maioritariamente por elementos do partido no poder, que puderam assim fazer vingar as suas propostas.
Uma das principais queixas da UNITA prende-se com a questão da eleição presidencial indirecta, que acusa o MPLA de introduzir no documento após o expirar do prazo final para a sua elaboração.
A oposição queixa-se igualmente da consulta pública que acusa de ter sido uma farsa.
Depois da UNITA ter abandonato a Assembleia e de um curto intervalo, a votação foi contudo reatada e todos os pontos avançados pelo MPLA aprovados.
Mas o deputado do MPLA João de Melo disse à BBC que ao retirar-se do parlamento, a UNITA tinha provado que não subscrevia os princípios democráticos.
João de Melo é deputado do MPLA e autor dos editoriais do Jornal de Angola, o diário controlado pelo estado.




Pensar e Falar Angola

3 comentários:

Carlos Afonso disse...

Eu pensava que um blog que se apelida de "Pensar e Falar..." pensasse e falasse Angola. Embora por vezes não comentar mas reproduzir seja factualmente pensar, gostaria de ver reproduzida uma opinião fundamentada sobre o assunto. Gostaria que fossem contraditados ou confirmados os factos apresentados (ex.: introduzido após discussão pública) com recurso a fontes (indicação de datas dos factos ocorridos ou uma linha do tempo serviriam para ilustrar a questão). Gostaria ainda de ver a opinião do autor da entrada sobre a afirmação do sr. deputado quanto à falta de democraticidade ou não do maior partido da oposição.

Parece que Angola está naquele estádio em que o partido no poder e os seus representantes se tomam como donos da verdade, ou que Angola estará à procura de uma caminho alternativo à democracia de inspiração europeia. Seja qual for o caso gostaria de ver textos em blog fossem mais pensamento e menos mera reprodução de dados, mais informativos portanto.

João Carlos Carranca disse...

Sr. Carlos Sanches
Como sabe. esteve em discussão pública a lei Constitucional de Angola, tendo sido apresentadas, que eu saiba, três ideias do MPLA, da Unita e da FNLA. Foi discutida no parlamento e hoje aprovada na generalidade. Como também sabe, o partido MPLA tem a maioria absoluta e fez aprovar o seu documento. Até aqui penso que é legítimo. Deontológicamente pode ser discutivel...
Como não sou politólogo, nem comentarista, nem aprendiz de jornalista, penso que Falar da Constituição faz parte deste blog. Quanto à discussão neste blog, está em aberto. Poderá iniciar...
A minha opinião sobre as palavras do Sr. Deputado João Meli é importante? Pois estou de acordo com ele, 85 % dos eleitores angolanos mandataram o MPLA... os 16 deputados poderiam ter votado contra em vez de se abster ausentando-se do parlamento. Há que trabalhar muito mais...

Carlos Afonso disse...

Eu pensava que um blog cujo moto fosse «falar de Angola sem dogma» tivesse algumas dúvidas mais.

Quanto à substância.

Também não sou politólogo, se acho que a política deva ser deixada a profissionais quer de ciência política, quer a políticos, não acho.

Votações absolutamente esmagadora que só me faz lembrar votações de países com opiniões públicas abúlicas ou fortemente condicionadas género Egipto legislativas 2005 onde o caminho quanto à eleição presidencial foi a inversa.

A dúvida com que fiquei é de se o MPLA quando apresentou a sua proposta de alteração da Constituição se apresentou a proposta de eleição presidencial indirecta. A sua resposta não me elucidou.

Quanto à ausência de deputados numa votação apresenta semelhanças ao que sucede quando se é contra mas tal é difícil de mostrar devido ao contexto em que se está, sucedia em Portugal com a ala liberal no tempo do marcelismo. Há mais do que uma maneira de se mostrar oposição a uma lei (não estou a dizer que concordo com a posição dos deputados da Unita).

Os 85% de votantes no MPLA passaram um cheque em branco? A proposta de passagem a votação indirecta nas eleições presidenciais fez parte do programa eleitoral do MPLA? Quando se é o mais forte (e concedo que com 2/3 de um parlamento normalmente pode-se fazer o que entender) pode-se aprovar tudo o que nos vier à cabeça?

Tenho que admitir que para mim o problema não está normalmente num parlamento hegemonicamente marcado, mas sim numa sociedade civil sem expressão.

Os Bantu na visão de Mafrano

Read on blog  or  Reader AUTORES.club Grande encontro no Luena Editorial PC-E 25 de Abril de 22 de Abril de 2024 —  Alunos do  Seminário Mai...