sábado, 30 de janeiro de 2010

Quase no fim do CAN

Argélia e Nigéria, no Estádio Nacional de Ombaka, jogam hoje para a disputa da vaga que dá acesso ao lugar mais baixo do pódio e à respectiva medalha de terceiro classificado. É certo que é um prémio simbólico, mas que não deixa de ser uma recompensa ao esforço desprendido ao longo da exigente competição futebolística, por sinal a de maior prestígio no continente Africano.
É o cair do pano para as duas formações, que, num espaço de aproximadamente três semanas, mostraram ao mundo o quanto sabem da arte de bem jogar. Com trajectórias quase semelhantes, em termos de desempenho na fase de grupos; os dois tiveram desaires no jogo inaugural, mas paulatinamente fizeram o seu jogo, de seguida apresentaram um ascendente de forma. Passaram para os quartos-de-final, com o sofrimento de consegui-lo após os noventa minutos regulamentares (prolongamento para os argelinos e o mesmo, acrescido por marcação de grandes penalidades para a Nigéria).
As duas formações já jogaram no nacional de Ombaka. A Nigéria fê-lo primeiro, por força do emparceiramento no Grupo C, ao passo que a Argélia jogou as meias-finais contra o Egipto. Portanto, conhecem o relvado, as medidas do campo, o calor do público e o clima, o que a priori afasta quaisquer favoritismos.
Esta não será a primeira vez que “Raposas do deserto” e “Super Águias” decidem quem tem de ficar com um troféu. Num dos confrontos mais badalados, a Nigéria, ao tempo treinada pelo saudoso Otto Glória, superou a Argélia por copiosos três a zero, em Lagos, na final do CAN de 1980. O revés aconteceu dez anos após, em Argel, quando os rapazes de Abdelhamid Kermali levaram de vencida o adversário, a Nigéria, por uma bola sem resposta, no derradeiro encontro, da mesma competição, em 1990.
Confrontos para o terceiro lugar fogem um pouco das emoções e afinco de um clássico, mas é o futebol e os combinados enfrentam-se para tirar partido, mais a mais porque têm pouco a perder. Vão mostrar que não estão na final da prova por simples atropelo e que têm quilate aproximado a quem vai fazê-lo, isto será um chamariz importante para que os amantes das modalidades se desloquem em massa ao Ombaka.
Outro interesse que norteia o encontro é a presença, pela primeira vez, de dois mundialistas num mesmo palco de jogos em Benguela. Argélia e Nigéria conseguiram o passe para estar na África do Sul. Um espaço reservado a poucos, sintomático, onde só quem sabe jogar bem, pode fazê-lo.
A Argélia está amputada de três peças importantes (Halliche, Belhadj e Chaouchi) expulsos do jogo anterior, o que a fragiliza em muito. Se a isto aliarmos lesões (um mal sempre presente nas equipas), os prognósticos ditam que jogará diminuta.
Entretanto, Rabah Saadane faz contas e vai refazer-se de erros, para chamar a si a medalha de bronze. O conjunto mostra voluntariedade, tem bom porte físico para o corpo a corpo, com alguma inclinação para o jogo de ataque.
Do lado oposto, as “ Super águias” não perderam por mil contra o Ghana, mas sim por um golo decisivo, que ditou de imediato o seu afastamento da final. Mais aguerridas, esperam debicar o seu pedaço no majestoso Ombaka.
O conjunto agora movimenta-se à farta, empurra os adversários para o seu meio terreno, com as corridas de Odemwingie, Obasi e Martins. Os três vão à luta contra as defesas e têm a cara sempre virada para a baliza adversária.
Levar um troféu para casa vai ser um dos objectivos que os fará correr. O jogo ofensivo terá que estar em linha de conta, sem descurar o sector mais recuado, que se perde na hora de aflição. Os jogos anteriores mostraram que um melhor apuro em terras benguelenses pode trazer glórias.
E o pano vai caindo sobre o CAN...


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