Angola vai acolher pela primeira vez a Taça Africana das Nações de futebol (CAN) e apostou forte em infra-estruturas, tentando a inédita conquista do troféu, mas o treinador português Manuel José é o primeiro refrear o entusiasmo de 15 milhões de habitantes.
"A pressão é grande porque todos os angolanos querem a vitória. O nosso objectivo é a qualificação para os quartos-de-final. Todos querem ganhar o torneio e, quando a federação angolana me contratou, a ideia era erguer o troféu, mas não podemos elevar tanto a fasquia, temos de ir passo a passo", afirmou o técnico, tetracampeão africano com o clube egípcio Al-Ahly.
As autoridades locais não olharam a despesas para construir quatro novos recintos (333,5 M€). Luanda, Benguela, Lubango e Cabinda, respectivamente com os novos estádios nacionais 11 de Novembro (50 000 lugares), Ombaka (35 000), Tundavala (20 000) e Chiazi (20 000), vão receber as maiores estrelas africanas do "desporto-rei", entre domingo e 31 de Janeiro, representando outras 15 nações.
Semanas após receber pela primeira vez a reunião anual da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Angola volta ser o centro das atenções do Mundo, dando uso aos cerca de 30 hotéis recém-construídos, ao remodelado Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, em Luanda (103,3 M€), e à nova estrutura aeroportuária da Mukanka, província de Huíla (100M€).
Habituados a um crescimento económico anual recente de dois dígitos, os dirigentes angolanos pretendem transmitir uma imagem de credibilidade, afastando os "fantasmas" da guerra civil (1975-2002), com um evento de grande visibilidade e cujo anfitrião conquistou em 11 das 26 anteriores edições.
As "Palancas Negras", que se estrearam em Mundiais no Alemanha2006 e cujo melhor resultado na CAN é a presença nos "quartos" do Gana2008, ficaram-se pela fase de grupos do África do Sul1996, do Burkina-Faso1998 e do Egipto2006, e vão defrontar Mali, Malawi e Argélia no Grupo A do Angola2010.
As "Águias" do Mali contam nas suas fileiras com o avançado do FC Sevilha Kanouté, os médios Mahamadou Diarra (Real Madrid), Seydou Keita (FC Barcelona) e Sissoko (Juventus), entre outros, mas nas anteriores cinco presenças só alcançaram o estatuto de vice-campeão(Camarões1972).
"Evitámos as equipas grandes na fase de grupos, mas a Argélia é muito forte. Qualificou-se para o Mundial (África do Sul2010) e não deve ser subestimada. Com a minha experiência no Al-Ahly, conheço bem o futebol norte-africano. Aproveitam muito bem os erros dos adversários e fiquei contente por não os defrontar no jogo inaugural", comentou Manuel José.
As "Águias de Cartago" vão estar pela terceira vez num Mundial em Junho próximo, mas falharam as duas últimas CAN, prova que venceram em casa em 1990, num total de 13 presenças.
A selecção angolana, que já não conta com os retirados Akwá, Ricardo e Figueiredo ou o lesionado André Makanga, tem nos avançados Flávio (Al-Shabab, Arábia Saudita) e Manucho (Valladolid, Espanha) as suas grandes esperanças.
Gilberto (Al-Ahly, Egipto) é a figura central do meio-campo, sem esquecer os "portugueses" Carlos (Rio Ave), Stélvio (Sporting de Braga), Djalma (Marítimo) e o emblemático Mantorras (Benfica).
"A preparação foi prejudicada pela pausa no campeonato doméstico, em Outubro. Só os jogadores que evoluem na Europa mantiveram o ritmo. Temos de nos concentrar no ataque e melhorar a nossa capacidade concretizadora", disse Manuel José, já depois dos decepcionantes últimos jogos de preparação, respectivamente uma derrota frente à Estónia (0-1) e um empate diante da Gâmbia (1-1).
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