terça-feira, 30 de setembro de 2008

Escritores Angolanos - Ernesto Lara Filho

Tenho trinta e sete anos
Já conheci a prisão
o exílio e o hospital...
Como atraso de vida
não está mal, nada mal.
Ernesto Pires Barreto de Lara Filho, simplesmente Ernesto Lara Filho, nasceu em Benguela em 1932 e faleceu no Huambo em 1977 num trágico acidente automóvel.

Tirou o curso de regente agrícola na Escola Nacional de Agricultura de Coimbra.

Andou pela Europa, viveu em tempo em Moçambique, regressando para Angola fixou-se em Luanda, onde exerceu várias profissões como a de jornalista. Foi locutor na Rádio Brazaville, operário especializado de 1ª classe nos Serviços de Agricultura e Florestas de Angola, foi preso por motivos políticos, pela polícia política portuguesa.
Ernesto Lara Filho foi jornalista, poeta e cronista, tendo contribuído com produções suas para vários jornais e revistas.

Foi co-fundador, em 1975, da União dos Escritores Angolanos, em Luanda.


Obra:

Picada do Marimbondo, 1961

O Canto do Martrindinde, 1963

Seripipi na Gaiola, 1970
Crónicas da Roda Gigante, 1990


Comecei a pintar. Isso torna-se agora uma obsessão para mim. Gastei para cima de 400$00 na Lello em tintas, papéis e pincéis. Comecei pelo carvão e tenho aqui duas coisas que não me envergonham... Depois te mostrarei. Acho que estou a pique de encontrar o «meu meio de expressão». Só agora verifico, tão tarde! que não será a escrever que me tornarei alguma coisa. O que tenho a realizar. acho que é na pintura que o devo procurar. Extracto de uma carta a Rebelo de Andrade, Lépi, 22 de Setembro de 1961.



Picada de marimbondo



(Para o Pila – companheiro de infância)
Junto da mandioqueira
perto do muro de adobe
vi surgir um marimbondo
Vinha zunindo
cazuza!
Vinha zunindo
cazuza!
Era uma tarde em Janeiro
tinha flores nas acácias
tinha abelhas nos jardins
e vento nas casuarinas,
quando vi o marimbondo
vinha voando e zunindo
vinha zunindo e voando!
Cazuza!
Marimbondo
mordeu tua filha no olho!
Cazuza!
Marimbondo
foi branco que inventou...
(Antologia de poesia da Casa dos
Estudantes do Império - Angola e
S. Tomé e Príncipe)












VISÕES
para Alda Lara



Há uma acácia rubra plantada no centro do cemitério



do Dondo



lá, onde morreste e foste sepultada.



Depois disso



nunca mais o leão da anhara que trago dentro de mim



rugiu.




Um arbusto cresceu no meio do capim



e o elefante passou



e não comeu as suas folhas.




As cubatas de Kalupere estão cobertas de colmo



N'Dola de pescoço ornado com um colar de missangas,



pequenas missangas que brilham,



sorri para mim



e eu, não a vejo.
A hiena espreita os restos do leão



o lobo corre atrás dos cabritos de Chipinde



mas o leão da anhara que trago dentro de mim



já não assusta ninguém



nunca mais rugiu nas noites escuras sem luar,



é o cordeirinho balindo na nossa infância perdida.




Os velhos dizem que os bois têm medo



de atravessar o rio, por causa dos jacarés.




Passam mulatas



homens listrados como zebram



são meus irmãos.




As cubatas de Kalupere estão cobertas de colmo



a serpente é o símbolo da fertilidade



o leão nunca mais rugirá.




O abutre virá amanhã comer as galinhas de N'Dondo



a galinha nunca voara como o abutre



Kalupere sorri sempre que passa no entroncamento



dos caminhos.



Sabe-se lá por que é que ele sorri?




Rocadas, Maio de 1967











Pensar e Falar Angola

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ngoi Salucombo, colaborador deste Pensar e Falar Angola

mandou um e-mail que dizia assim:

olá amigos/amigas,
e eu que tanto detesto os email´s colectivos(!), estou aqui a tentar escrever-vos um para vos contar que estou surpreendido com o meu primeiro pequeno livro de contos ou e-book, como se diz na nova linguagem virtual. já foi lançado e não custa nada, basta um click em http://www.letrario.pt/1_pt/900/90021.htm , procurar por Ngoi Salucombo e outro click em Personagens dos Meus Dias para fazer o download.aproveitem o site, porque há lá mais contos com sabores interessantes.


http://www.letrario.pt/1_pt/900/obras/personagens_dos_meus_dias.pdf

Parabens amigo. Um grande abraço de

Pensar e Falar Angola

A ordem matemática da perfeição

Investigação geométrica sobre fotografia de Nelson Andrade Silvestre.
Catedral de Benguela.



Pensar e Falar Angola

RESPONDENDO À QUESTÃO " FOME , CORRUPÇÃO , POBREZA"

RESPONDENDO À QUESTÃO " FOME , POBREZA , CORRUPÇÃO"

Nesta fogueira agradável angolana , nossa em cada dia novo a construir , decidi apear-me deste meu cavalo à brida e tertuliar de forma sucinta mas considerando a relatividade das ideias .

Não gosto muito de masturbações teóricas mentais sobre a vida dos outros , pois prefiro reflectir sobre a vida real em mim e sobre os meus actos , e isso já me dá muito trabalho , muito mesmo , mas também tenho mais gozo e satisfação comigo mesmo e cumpro a vida em mim .

Um voyeur é aquela pessoa que em vez de gozar , ser feliz , ter alegria , criar , etc. com sua própria vida prefere sentir algum pequeno prazer com a vida dos outros espreitando-os através de um monóculo de maneira a não ser visto ou seja é uma pessoa que foge da vida escondendo-se nas moitas .

As organizações humanas , desde os primórdios , geralmente gostam de levantar a bandeiras dos pobres ou dos ricos , mas sempre as bandeiras dos outros , dizendo-se os defensores ou os preocupados com as realidades do mundo .

Os chamados Mestres ou gurus ou chamados especialistas sabem sempre muito da vida dos outros mas de sua própria vida muitas vezes pouco sabem e quem sabe faz em si .

Já vi , neste meu caminhar que já vai longo pela vida , muitos pratos encherem-se com as misérias ou dízimos dos chamados pobres .

Por isso prefiro sempre construir em mim e desse modo crescerá nos outros ao meu redor , se quiserem ... senão ... cada um sabe de si , cada um tem a liberdade de escolher o melhor para si e nossos filhos e netos também têem de escolher o que é melhor para eles , isso é uma obrigação .

Nesta vida há os que de mão estendida fingem estar sempre à espera de um lugar no céu da terra ou no céu do céu pois assim não precisam de fazer muito esforço visto que pensar ou construir em si exige esforço .

Aprecio os que experimentam , mesmo que muitas vezes as experiência não dêem certo mas o simples facto de experimentar já é dar certo pois aprende-se muito com os erros ou desacertos .

E o que é certo ou errado para uns pode não ser para outros pois a vida é muito relativa .

Quem não experimenta não erra mas também não acerta , e é essa a máxima do chamado “Velho do Restelo” .


Nós aqui em Angola não somos uma sociedade ocidental mas sim uma sociedade africana ocidentalizada e quem não compreender isso “dará sempre com os burros na água” , como diz o ditado .

Nós aqui em Angola temos uma maior consciência e muita informação sobre o que se está a passar no mundo globalizado de hoje .

Mas nós aqui , quando atingimos mais de cinquenta anos de idade não estamos à espera das esmolas das reformas que algum governo nos irá oferecer para paramos de ser produtivos e esperar a hora .... do fim .

Nós aqui , nesta sociedade africana ocidentalizada , construímos sempre muitos sonhos de projectos para viver e essa é a nossa maior vitória

Nós aqui sabemos que a vida sem sonhos é uma “ quase morte” como diz o poeta Fernando Pessoa .

A pessoa negativa transforma todas as oportunidades em dificuldades e a pessoa positiva transforma todas as dificuldades em oportunidades e esta é a filosofia dos guerreiros .

A vida sem sonhos é o mesmo que desperdiçar a oportunidade de estar vivo , é um jogar no lixo a vida numa esquina qualquer , de um parque qualquer , como uma beata num canto qualquer ou na boca , jogando conversa fora como passatempo e distraindo-se da mediocridade da vida num carteado ou pôker qualquer sem sentido .

Ainda bem que neste nosso futuro , nesta nossa sociedade africana ocidentalizada de hoje , muitos de nós precisamos de trabalhar sempre pois não temos essa alternativa aparentemente atractiva de esperar uma reforma/esmola qualquer , dada por um governo qualquer sem dignidade pois qual a dignidade de uma reforma de 500 , 1000 ou até 2.000 euros após tantos anos a trabalhar ? ... a produzir ... a criar (?) ... ? .

O que adianta uma reforma/deixar de produzir/criar para logo em seguida a pessoa se embrulhar num lençol sem sonhos nem sentido , numa vida que ainda tinha muito para dar e construir ?

É com o exemplo de nosso trabalho , dia a dia , que esperamos resolver os nossos ainda muitos problemas e é com educação que esperamos que Angola se resolva .

Temos a certeza disso e muita energia para levantar esta bandeira à volta desta nossa fogueira .

É importante que todos estejamos bem vivos quando o outro lado da vida aparecer diante de nosso olhar mas que seja benvinda quando vier e com um sorriso positivo abraçaremos essa outra vida , conscientes de que fizemos o nosso melhor e a nossa parte e os outros que façam a deles .


Muitas pessoas da civilização ocidental analisam a sociedade africana segundo os padrões ocidentais e isso tem sido um grave erro desde o século XIV e parece que continua a ser , o que é mais grave ainda neste século XXI , Era da informação .

É importante aqui deixar claro que o ambiente natural do planeta está a ser destruído e o responsável maior é a civilização ocidental , na grande maioria das pessoas , pois não querem perder seus privilégios demonstrando assim uma completa falta de sensibilidade e inteligência universal .

Podemos afirmar que aqueles que destrõem seu próprio habitat são inteligentes ?

No mínimo são ignorantes .

Que fique claro também que em 2008 o mundo atravessa uma gravíssima crise financeira cujo epicentro está nos Estados Unidos da América e também na Europa .

Ou seja , os donos do capital e do chamado mundo democrático desfilam pelo planeta como senhores absolutos dele achando-se os génios da economia mundial mas afinal os “reis” do mundo andam vilipendeando as economias das sociedades não ocidentais e da sua própria e dizendo-se “mestres” .

Afinal aonde está a verdadeira corrupção , fome e pobreza de espirito ?

Vakêto ou vaketu .







Texto e Imagens de leitor - LOBITO


Prezado Editor do Blog

Primeiramente, gostaríamos de dizer que adoramos o vosso blog! É excepcional! Muito inteligente mesmo! Nós aqui do Brasil, especificamente da cidade de São João da Barra, ao norte do Estado do Rio de Janeiro, gostaríamos de saber mais sobre os esporões de Lobito.

A nossa cidade, na localidade de Atafona que é uma praia que vive do tuismo, sofre processo de erosão costeira por mais de 50 anos e tivemos 14 ruas e 400 casas devoradas pelo mar, dentre as quais um posto de gasolina, uma coooperativa de pesca, frigoríficos de pescado etc. Não foi feito nada ainda para a contenção das ondas neste local.

Como vi na internet o caso dos esporões de Lobito, fiquei curioso em ter mais notícias. Gostaríamos que vocês, pela competência já demonstrada em suas edições, publicassem no blog se o problema de Lobito foi resolvido com as construções dos esporões, pois nos seria de grande valia ter esta informação e trocarmos idéias atrávés de nossos blogs. Eu tenho um blog ambiental (veja endereço abaixo), onde poderemos fazer uma espécie de correspondência (Angola-Brasil). Eu tenho um irmão angolano chamado José Carlos Coutinho Domingos, proveniente de Luanda, de Sambi Zanga, e ele viu o blog de vocês e se encantou junatmente comigo. Ele está aqui há 18 anos e depois da paz em Angola ainda não voltou para ver os seus familiares.Eu sou funcionário da Prefeitura de São joão da Barra na área ambiental e estamos preocupados com a erosão ,pois teremos um Porto chamado "Porto do Açu" em São João da Barra para transportar minério de ferro e a construção de seu pier poderá afetar ainda mais o processo erosivo por nós vivenciado.Gostaríamos, então, de manter contato com vocês, pode ser?Grande abraço,Parabéns pelo Blog.AtenciosamenteAndré Luiz Rodrigues PintoMembro da Comissão de Acompanhamento e Avaliação de Projetos Especiais para o Porto do Açu - CAAPES
-- VISITE O MEU BLOG VERDE
http://www.andreambiental.blogspot.com/

Pensar e Falar Angola

domingo, 28 de setembro de 2008

BIBLIOFILMES 2008

BIBLIOFILMES 2008
Vídeo a concurso de Luanda










Pensar e Falar Angola

(33) - Ágora - Vírgula (,)


Hoje vou falar a vocês sobre um assunto que tem preocupado alguns comentadores da imprensa escrita na capital de Angola porque a bem dizer só mesmo em Luanda é que há jornais e toda a gente do País reclama porque só se discute questões da imprensa e outra na cidade de Luanda onde levam a sério algumas coisas relacionadas com questões onde o papel entre o continuo e o continuado voltou outra vez à ordem do dia provavelmente por alguém bem mais ligado á noite que ao dia pois não foi o nosso continuo quiçá talvez o continuado que andou nos copos com o Joãozinho das garotas ali para os lados em que a ilha ainda não tinha a Kinanga num sítio desprofusamente iluminado onde um amigo meu dizia que havia um buraco num balcão de um bar tantas foram as noites em anos a fio que ele lá ia nos tempos do antanho enquanto o pobre do contínuo se esforçava por ir aprendendo a talvez um dia poder ser alguém mas que em circunstancia alguma pudesse ser como o continuado que depois da independência continuou mesmo a desancar em contínuos apesar de colocar primeiras páginas em livros e jornais que o fazem longe do Mukandano do China que foi republico no Kimbo dos Sobas e também longe do Kapitupitu dum tempo de outros azedumes mas que eram respeitadores pelos contínuos e que eram motivo de orgulho de todos que chegassem a directores de alguma coisa por mérito e que depois irritassem o desbocado continuado que decidiu atirar farpas para todo o lado evitando lembrar-se que muita gente cresceu com o continuo e que ele habituou a respeitar e a ser respeitado todos os que com ele colaboraram ali naquele lugar em frente à Biker onde em tempos se garfavam uns bifes entre garrafas longe dos engarrafamentos ideológicos dos que desceram da montanha 30 anos depois para descobrirem os contínuos que é quase o mesminho que muitos vieram na paz a buscar as coisas que a guerra por direito deu a alguns outros que não podem ver usurpados os seus direitos como as casinhas que ficaram fechadinhas com quase nada lá dentro e que eram saudades no Rossio e pelos vistos nalguma casa com nome de proboscídeo branquelas ali para os lados dum dos Condes da capital do Império o Redondo onde também andava o continuado a esconjurar os contínuos que na Luanda andavam numa azáfama na busca da virgula entre o predicado e o adjectivo para além de advérbios de maus modos porque a vida lhes tinha sido madrasta e toda a vida tinha de ser exactamente assim porque os iluminados queriam que assim fosse nem que se tivessem que revelar tardiamente a descoberto num jornal em que o continuo foi galgando os degraus até chegar a director geral por ter ido aprender coisas que o continuado teve de mão a beijar ou beijada nos tempos do antes de Novembro da independência quando o nosso continuado insultava muito boa gente onde também cabia alguma má que nestas coisas leva pela medida grossa e quando não gosta faz exactamente o mesmo trinta anos depois ao continuo que é director deste jornal depois de muitos anos a aguentar um jornal para hoje o continuado ir lá afiar setas contra todos num linguajar típico de locais pouco asseados de educação falada e até mesmo revelador de alguma arteriosclerose a merecer alguma consulta no centro de saúde de qualquer Boavista de qualquer cidade onde o continuado comece a ser recolhido para saber que o tempo e os espaços para a maledicência podem mesmo ficar-se pelos tempos do Ary Lopes e Glória Norton que era uma moça de carnes descaídas que dava shows ali num local onde a ilha acabava num paredão e num coqueiro no outra ponta da outra pontaria da ilha de Luanda
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Aqui estão as vírgulas pelo que as ponham onde melhor vos aprouver!
Desculpem hoje não ter usado a vírgula, mas precisava de enviar um bom abraço de solidariedade ao Vítor Silva, pessoa que estimo e que sempre me convidou para participar nos projectos que liderava, sem me pedir nada em troca, já há quase trinta anos, e não merecia estes dislates, lastimavelmente publicados num jornal onde foi praticamente tudo que podia ser. Já agora, informo que não voltarei ao tema!


Pensar e Falar Angola

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mercado Municipal do Kuito



· Um Mercado Municipal de Kuito/ Bié totalmente reabilitado e equipado com ATM específico, em funcionamento desde o dia 08 de Março de 2008;

· Um Mercado de grande dimensão em construção de raiz, com cerca de 30.000 metros quadrados de área, 672 bancas de mercado, 15 pequenos estabelecimentos comerciais a retalho, 5 armazéns, 2 fabricas de gelo, câmaras de conservação e congelação, edifício de administração, postos de socorro e segurança, jango e parque infantil.


in palestra de Gomes Cardoso - 27 de Junho 2008


Pensar e Falar Angola

Inocência Mata apresentou colectânea de ensaios

Yara Simão, Jornal de Angola
A professora Inocência Marta apresentou ontem, no anfiteatro da Universidade Católica de Angola (UCAN), os resultados de investigação da sua tese de doutoramento, num livro intitulado “A Literatura Africana e a Crítica Pós-colocial – reconversões”, sob a chancela da Editorial Nzila. O livro que faz parte da Colecção Ensaio, Nº- 40 da Editorial Nzila, comporta 178 páginas e tem uma tiragem de dois mil exemplares. O mesmo foi comercializado no valor de dois mil kwanzas.
No livro são encontrados subtítulos como: “Disposições críticas da contemporaneidade pós-colonial”, “O crítico como escritor: limites e beligerâncias”, “Even Crusoe needs a friday: o universal e o local nas literaturas africanas: uma dicotomia sem suporte”, “A literatura, universo da reinvenção da diferença” e “A invenção do espaço lusófono: a lógica da razão africana” entre outros.
Inocência Mata explicou que a colectânea de ensaios é o resultado de um processo de pesquisas sobre questões de ordem teórica e metodológica no estudo da literatura africana, na qual pretende discutir algumas questões levantadas na sua actividade docente e crítica. A professora diz que o livro a seu ver é mais didáctico. “Pretendo percorrer alguns lugares científicos e erigi-los a temas de minhas reflexões sobre a razão cultural das teorias e conceptualizações adoptadas no estudo das literaturas africanas, intentando a revisitação de algumas disposições conceituais. A reformulação de alguns conceitos por via da análise crítica do discurso e a reposição de algumas problemáticas no estudo das literaturas dos países emergentes – na senda, aliás, do que vem a acontecer também na área das teorias pós-coloniais, desde há alguns anos”.
Luís Kandjimbo, ao prefaciar o livro, afirma que “ao constatar que a dependência das literaturas dos países africanos continua perante as instâncias de legitimação europeia, Inocência Mata pretende chamar a atenção do leitor para as insidiosas leituras que nos são propostas por estratégias hermenêuticas e critérios de apreciação hegemónicos, veiculados através do feitichismo sedutor do livro e da cultura ocidental em geral”.
De salientar que durante a cerimónia, o responsável da Editorial Nzila, apelou aos docentes a publicarem também os as suas pesquisas originais. “As portas da Nzila estão abertas para os docentes desta Universidade que quiserem publicar as suas pesquisas originais. A fila é grande, há que haver paciência, mas é possível realizarmos isto”.
Por dentro da autora
Doutora em Letras pela Universidade de Lisboa, Inocência Mata, é professora na área de Literaturas Pós-coloniais, Multiculturalismo e Dinâmicas Interculturais e Multilinguismo e Políticas Linguísticas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A sua actual pesquisa em Literaturas Africanas, sua área primordial, centra-se na questão do pós-colonialismo e nos processos de encontro cultural em contextos multiculturais. Professora convidada por muitas universidades estrangeiras, tem dezenas de ensaios publicados em revistas de especialidade nacionais e estrangeiras. É autora de vários livros, entre os quais Emergência e Existência de uma Literatura: o Caso Santomense (Lisboa: 1993), Diálogo com as Ilhas: sobre Cultura e Literatura de São Tomé e Príncipe (Lisboa: 1998), entre outros.
É colaboradora da Biblos – Enciclopédia das Literaturas de Língua Portuguesa (Editorial Verbo) e do Dicionário Temático da Lusofonia (ACLUS – Associação de Cultura Lusófona). É também membro do Conselho Editorial e Consultivo de revistas de especialidade nacionais e estrangeiras.

Pensar e Falar Angola

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Pesca da Tuqueia

Pesca da Tuqueia - Anharas Inundadas pelo Zambeze (Moxico)
Pintura de Neves e Sousa


Pensar e Falar Angola

Modernizaçã do Bairro Operário arranca em 2009


No Bairro Operário (BO) nasceram e viveram ilustres homens da música. Este Bairro está ligado à história dos Ngola Ritmo, o Henda Ya Xala, os Águias Reais e os Negoleiros do Ritmo. Lugar de onde as velhas kitandeiras saiam para o Chamavo, para o mercado de S. Paulo e para o Kinaxixi. As velhas que tinham grande espírito empreendedor construíram as suas casas e durante décadas lutaram contras as entidades coloniais para comprarem os terrenos.


O Bairro Operário dos melhores Carnavais de Luanda.


O Bairro Operário, situado mais a sul do município, será, a partir do próximo ano, requalificado. As antigas casas serão substituídas por edifícios congregados em diferentes condomínios.
Toda a extensão do bairro, num perímetro inferior à comuna do Bairro Operário, será requalificada, de acordo com as orientações do Governo que tem um plano executivo para todos os bairros de Luanda.

Apesar de ser um facto, a requalificação do bairro Operário aguarda ainda por uma análise e aprovação do Conselho de Ministros. Seguindo as mesmas funcionalidades do projecto de requalificação do musseque Sambizanga, o bairro terá casas sociais médias e de alta renda.

Tudo será feito de acordo com o master plano que será elaborado pelos promotores do projecto e pelos outros elementos intervenientes no processo de reabilitação. No que toca à inquietação dos moradores quando à sua permanência no bairro, o administrador do Sambizanga, desdramatiza os receios, assegurando que serão transferidos de umas casas para outras.

A mudança será feita “in situ”, ou seja no local. Serão inicialmente casas económicas para os moradores exactamente no interior do bairro. A requalificação não inclui somente os edifícios novos. Os antigos serão alvo de obras de manutenção para estarem à altura do nível estrutural dos novos edifícios.

Primeiro construir para alojar e depois edificar, de acordo com a natureza do Masterplan” Escolas, hospitais, espaços verdes e de lazer para prática desportiva fazem parte do projecto e não vão, de modo algum, alterar o padrão que aquele bairro apresenta desde a sua existência, havendo somente a necessidade do prolongamento de algumas vias que foram obstruídas por algumas construções, garantem os promotores.

Para alguns dos mais antigos moradores, esta boa nova não traz muitas alegrias já que queriam ver o bairro como sempre foi. Diante de uma situação destas, o administrador municipal do Sambizanga apontou a sensibilização junto dos munícipes como fundamental para se evitarem reacções pouco saudáveis. Neste momento, as vias do bairro estão a beneficiar de obras de terraplanagem e melhoramento das linhas técnicas por forma a ter um saneamento.

O bairro Operário é limitado a norte pela rua Garcia Neto por uma entrada que parte da rua Ndunduma até à avenida Cónego Manuel das Neves, descendo até ao final da escola Anangola, passando pelos acessos a sul do bairro do Cruzeiro, ao longo da rua de Massangano, arredores do largo Deolinda Rodrigues, na rua Dom João II, circulando, chega-se novamente a uma extensão da rua Ndunduma.

Todo este perímetro está integrado no projecto de requalificação. Só a comuna do bairro Operário tem uma população estimada em 200 mil habitantes. O menor número está representado no bairro que atende pelo mesmo nome.


Pensar e Falar Angola

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Tukeia, o Peixe Voador

Crónicas do Kandimba - Por Sebastião Coelho

CRÓNICA VIII - Tukeia, o Peixe Voador


Até onde sei, a lenda dos peixes voadores que vestem de prata as anharas do Moxico, foi criada por D. António d’Almeida, o governador-poeta e descobridor de um vasto campo com milhões e milhões de peixinhos empoleirados nas árvores. Na verdade, as árvores não eram árvores, senão arbustos ou, por outro dizer, bissapas comuns e capim alto, a normal vegetação das chanas do Leste de Angola. Isso sim, o governador não encontrou maneira de explicar nem a sua misteriosa origem, nem o porquê daquele lugar de reunião e de tão insólito e fabuloso amontoamento.Se não existe o termo, invento agora mesmo: legendificação.

A legendificação da «tukeya» deve-se, talvez, a que sòmente dois homens da caravana do governador conheciam e podiam comentar acerca do mar, do seu aspecto e imensidão, da quantidade de peixe que havia nessas águas profundas, tão salgadas que não se podiam beber. O mar era, para eles, um rio infinito e assustador, cheio de peixes enormes, enfeitiçados, porque nunca tinham sede, jamais bebiam água doce. Tinham visto tudo isso com os próprios olhos mas, estavam convencidos de que o feitiço daquele mato era mais poderoso, porque criava peixes nas bissapas e peixes que tão pouco bebiam água.

Para facilitar a legendificação do assunto, outros integrantes da caravana manifestaram conhecer a «tukeya», mas registavam a sua existência apenas ao nivel de estranha comida dos povos da chana. Contavam-se pelos dedos os que já haviam provado o manjar. Coincidiam em que, apesar do seu cheiro nauseabundo e penetrante, oferecia um prato muito saboroso. Àparte isto e como ninguém tinha pescado, apanhado, ou visto pescar a «tukeya», não havia testemunhas, quem soubesse alguma coisa àcerca da origem dos peixes do areal. Nestas circunstancias, é fácil imaginar a conversa que se estabeleceu entre Don António e os acompanhantes e estes entre si, na sua língua de origem, que traduzo, para facilitar a vida aos leitores. A cena e o diálogo que se seguem são imaginários e não foram relatados pelo governador.

Don António mandou dois escravos que fossem buscar algumas daquelas coisas prateadas que se viam à distância. Entretanto, abandonou a tipóia onde se fazia transportar, estirou as pernas, ergueu o comprido pescoço sobre a vegetação. Quando, por fim, pôde tomar nas mãos os peixinhos que lhe alcançavam, viu que estavam secos, mumificados pelo sol. Procurou entender o fenómeno e interpretar o confuso palavreado dos vassalos. Tarefa impossível mas que, mesmo assim, empreendeu.
DON ANTÓNIO – Isto é quê ?
VOZES – «Tukeia». Responderam-lhe.
D.A. – E «tukeia» é quê ?
CARREGADOR – «Tukeia», não vês, é mesmo os peixe !
D.A. – Peixe como ? Os peixes ficam em cima das árvores como passarinhos?
UMA VOZ – (Dirigindo-se aos demais) – Oh pá... Esse gajo tá falar à tôa. Ele atão está só maluco dos cabeça dele, pôssa, pah ! É peixe.
CARREGADOR – Não siô ! Eu não. Si siô. É mesmo os peixe. Não vês, atão ? São mesmo os peixe de comer.
VOZES – Eh, eh, eh... Os peixe sai atão em cima dos pau ? Oh! Você viu? «Ombise, o kanjila ko? Aieku, ué!» Os peixe não é os passalinho, não ).
Todos opinavam mas ninguém explicava a razão pela qual havia peixinhos pousados nas folhas e a discussão não terminava. A caravana aproximou-se da misteriosa esteira prateada que o sol retocava de reflexos azuis.

-«O aroma é pestilento. Só pode andar-se por aqui com o nariz tapado» - anotou D. António no canhenho de viagem. Rodeado de peixinhos e opiniões por todo o lado, queria entender o inintendivel e o diálogo generalizado não lhe entregava informação compreensivel ou válida. O exame mais atento dos peixinhos tão pouco.

«Que são peixes, são. Está fora de dúvida. Os mais compridos têm entre uma e duas polegadas, são barrigudos, prateados, de olhos minusculos e barbatanas talvez mais largas e compridas do que o normal para peixes das suas dimensões. Parecem asas».Desta anotação à teoria dos peixes voadores foi um passo. Para melhor conclusão faltava, apenas, encontrar o rio ou lago de onde partiam os cardumes...

– «...Cardumes ou enxames ?», interrogava-se o governador.

«Nadam ou voam? Que distância ? A que altura? Porque razão aterram ou caem todos juntos? Acidente ou suicidio colectivo?

Sobre os arbustos vêm-se nuvens de peixinhos prateados, ressequidos, tão extremadamente delgados que, em vida, são tão leves que podem deslocar-se pela planície, voando como enxames de gafanhotos, até cairem exaustos sobre as plantas»

.Antes de continuar viagem, D. António investigou um pouco mais na região, mas sem descobrir nas proximidades e nem sequer longe dali, nenhum rio, lago ou qualquer lençol de água à vista, nem quem lhe explicasse o fenómeno.

Nunca regressou ao lugar e morreu anos mais tarde sem desvendar o mistério ou os feitiços da «tukeia».

Contudo a sua fantasia não andava longe da verdade. A «tukeia» brota do chão como as nuvens de gafanhotos.

Este peixe minúsculo nasce na anhara, nos lagos de curta vida que a água das chuvas forma, todos os anos. Nas gretas de lama seca, no fundo, ficaram depositados os ovos que produzem miríades de peixinhos de crescimento alucinantemente rápido. Em dois meses cumpre-se o ciclo vital e começa a desova. A forte evaporação devida à secura do clima e o baixo nivel das águas obrigam à concentração dos cardumes, facilitando a tarefa da recolha.

As mulheres da região chegam em grupos, empunhando cestos com aspecto de raquetas enormes.

Entram na água juntas, formando parede e avançam umas ao lado das outras, repetindo canções e técnicas seculares. Agitam os cestos com movimentos de baixo para cima e atiram os peixes ao ar, para que caiam sobre as plantas.

Dias mais tarde, voltam à anhara, desta vez com kindas e juntam a «tukeya», como quem colhe frutos do alto das bissapas.O cheiro fétido deve-se ao processo de semi-putrefacção que ocorre durante a secagem, mas os guizados de «tukeia» são famosos entre ganguelas e kiokos e são realmente saborosos. E sem cheiro.

Custou-me a provar, por preconceito, depois aficionei-me e confirmo que são uma delicia. E sem cheiro.

A «tukeia» exporta-se em pequenas malas de mateba, de rede apertada à dimensão do conteúdo e a sua presença nos transportes ou comércios rurais é denunciada à distância pelo cheiro. Cheiro a quê?

– «A peixe voador, Alteza, a «tukeia», Senhor Don António. A «tukeia»!


AUXILIAR DE LEITURA
Anhara – Savana
Bissapa – ou Vissapa – Qualquer arbusto silvestre.
Chana – O m.q. anhara. Savana. Lezíria.
Kanjila – Forma negativa de onjila, que significa pássaro, passarinho. Portanto, aquilo que não é pássaro.
Kinda – Cesto cónico que as mulheres transportam à cabeça.
Luxazes – ou Luchazes – Nome pelo qual se conhecia uma vasta região do Leste de Angola.
Mato – Bosque. Floresta. Região do interior do país. Lugar afastado.
Ombise – Peixe.
Tipóia – Maca. Liteira em que as pessoas importantes ou poderosas viajavam pelo sertão, ao ombro de escravos.
Tukeya – tukeia ou tuqueia – Peixe lacustre das anharas do leste da Angola.


Direitos autorais de Sebastião Coelho ©, jornalista angolano


Pensar e Falar Angola

Mosca Tsé-Tsé/Tripanossomíase

Capturadas milhares de moscas tsé-tsé
O Instituto de Combate e Controlo das Tripanossomíases (ICCT) no Zaire capturou, através de 386 armadilhas, em Agosto último, na comuna do Luvo, 16 mil e 821 moscas tsé-tsé (vector da doença de sono).

A informação foi prestada, em Mbanza Congo, pelo chefe de Departamento do ICCT, Francisco Mayala, quando fazia o balanço da campanha de prospecção activa contra a doença do sono realizada em Agosto deste ano, nos municípios de Mbanza Congo e Nzeto.


Durante a campanha, em que estiveram envolvidos 20 técnicos de saúde, foram notificados seis novos casos da doença do sono, das 11 mil e 678 pessoas que haviam sido prospectadas nessas circunscrições da província do Zaire.


Estes doentes, acrescentou, beneficiam de assistência médica e medicamentosa nos centros de tratamento e diagnóstico da doença do sono instalados nas sedes municipais de Mbanza Congo e Nzeto, respectivamente.


Francisco Mayala sublinhou que, apesar de existir ainda focos da doença do sono em algumas localidades da região, o índice de prevalência desta enfermidade, a nível da província, tende a diminuir consideravelmente.





Doença do sono ou tripanossomíase africana





Para a maioria dos ocidentais, a doença do sono é uma enfermidade obscura e "exótica" que causa sonolência.


Na verdade os sintomas são muito mais severos. Os primeiros sintomas da doença são febre, dor de cabeça e dor nas articulações. Neste estágio, o tratamento é relativamente fácil, mas o diagnóstico é difícil. Mais tarde, quando o parasita invade o cérebro, o estado mental do paciente é alterado: ele desenvolve distúrbios do sono - daí o nome da doença - além de dor intensa, confusão mental e convulsões. Nesta fase, a doença caracteriza-se por sintomas neurológicos que, sem tratamento, resultam em debilitação física, sonolência, coma e morte. Infelizmente, é somente neste estágio que a maior parte dos pacientes infectados procura tratamento. Mas como a doença afeta somente áreas isoladas do centro e do sul da África - onde turistas raramente se aventuram - ela permanece amplamente incompreendida.

Tratamento

A doença do sono é difícil de ser tratada. O isotionato de pentamidina, a suramina, o melarsoprol e a eflornitina estão registrados para o tratamento da doença, mas estes medicamentos são escassos, tóxicos, e enfrentam resistência do parasita.

Prevenção

A doença do sono também pode ser prevenida através de um controle eficaz da mosca tsé-tsé. A fêmea desta mosca produz apenas cerca de 10 larvas durante o seu curto período de vida. Portanto, em teoria, prevenir a disseminação da doença do sono através do controle de moscas tsé-tsé deveria ser uma alternativa eficaz. Os métodos tradicionais incluem a eliminação de arbustos para destruir o habitat da tsé-tsé, e a pulverização com inseticida pelo ar ou sobre o solo. Métodos menos prejudiciais ao meio-ambiente incluem o uso de armadilhas com as chamadas iscas vivas, onde o inseticida é colocado sobre animais domésticos e depois ingerido pela tsé-tsé. A escolha do método de controle depende muito da espécie da mosca tsé-tsé bem como do compromisso e financiamento do governo e/ou da comunidade afetada.

Em 1999, 45 mil casos da doença foram reportados para a Organização Mundial de Saúde (OMS) nestas áreas de África, mas na realidade calcula-se que entre 300 mil e 500 mil pessoas tenham sido de facto infectadas.



Pensar e Falar Angola

terça-feira, 23 de setembro de 2008

SUBSISTÊNCIA

Angola For my Family and my Friends






HÁBITOS, USOS E COSTUMES DAS POPULAÇÕES


Zona NorteBengo, Cabinda, K.Norte, Luanda, Malange, Uige e Zaire
Domínio Alimentar: Fuba de bombó, peixe seco e fresco, batata doce e rena, carne fresca e seca, feijão e frutas locais.

Utilização de Trajos: Panos, quimones, lenços de cabeça, roupa usada, calçado de couro e lona, cintas (ponda) e acessórios diversos.

Produção Agro-Pecuária: Café, mandioca, milho, hortícolas, farinha torrada, óleo de palma, frutícolas e algodão.


Zona LesteL. Norte, L.Sul, Moxico
Domínio Alimentar: Fuba de bombó, cereais, peixe seco e fresco (congelado e de agua doce) e hortícolas.

Utilização de Trajos: Moda Africana, panos, quimones, lenços de cabeça, roupa usada, calçado diverso e fatos Europeus.

Produção Agro-Pecuária: Mandioca, ginguba, milho, batata doce , arroz e hortícolas.


Zona CentroBenguela, Bie, Huambo e K.Sul
Domínio Alimentar: Fuba de milho, batata doce e rena, peixe seco e fresco, feijão, hortícolas e frutas diversas.

Utilização de Trajos: Roupa usada, panos, quimones, lenços de cabeça e chapéus.

Produção Agro-Pecuária: Café, cereais, hortícolas e frutícolas.


Zona SulHuila, Kunene, K.Kubango e Namibe
Domínio Alimentar: Farinha de massango, milho e massambala, arroz, feijão, carne fresca, peixe seco e fresco e hortícolas.

Utilização de Trajos: Panos samacaca, sarja kwanhama, fantasia cardada e riscado forte, lenços e acessórios diversos de cobre.

Produção Agro-Pecuária: Cultivo de massango, massambala, milho, ginguba, feijão frade, batata doce e rena, hortícolas e gergelim.


Fonte: SECRETARIADO EXECUTIVO DO CODEX ANGOLA, EM LUANDA AOS 27 DE AGOSTO 2007

(valor nuticional?????)





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Escritores Angolanos - JOSÉ LUÍS MENDONÇA

José Luís Mendonça nasceu a 24 de Novembro de 1955, no Golungo Alto, província do Kwanza Norte.
Jornalista e poeta, é funcionário do UNICEF Angola, onde exerce actualmente as funções de assistente de informação.
Podendo ser considerado o mais vigoroso produtor de rupturas no plano formal naquilo que é a novíssima poesia angolana, preenche igualmente os requisitos para ser um dos mais inovadores poetas da Geração de 80, a chamada Geração das Incertezas.
Inscreve-se numa das quatro tendências em que podemos analisar a poética dessa geração, caracterizando-se particularmente pelo rigor e intencionalidade na construção de metáforas e pela associação de sentidos, quando é confrontado com a necessidade de propor uma verdadeira linguagem poética.
Escreve para diversos órgãos de imprensa angolanos e tem participado em vários festivais internacionais de poesia.
Figura em antologias de poesia angolana publicadas no Brasil e Portugal. É membro da União dos Escritores, desde de 1984.
Publicou seis livros de poesia:· Chuva Novembrina (1981, Prémio de poesia Sagrada Esperança, INALD,1981);· Gíria de Cacimbo ( Prémio Sonangol de Literatura, União dos Escritores Angolanos, 1986); · Respirar as Mãos na Pedra ( Prémio Sonangol de Literatura, União dos Escritores Angolanos,1986);· Quero Acordar a Alva (Prémio de Poesia Sagrada Esperança,ex-aequo, INALD,1996);· Logaríntimos da Alma- Poemas de Amar, (União dos Escritores Angolanos,1998);· Ngoma do Negro Metal (Edições Chá de Caxinde, 2000)

Chuva novembrina
Chuva-chuva doce chuva
entra no meu coração
doce chuva solitária.
Contigo eu remanso a noite
desce a noite e desces tu
doce chuva mãos de mulher
afagando o bolor do sofrimento.
- Vem doce teta de chuva.
(Chuva novembrina)
_"_
Também tu, mulher...
Também tu, mulher, és uma riqueza
para a minha alma amargurada.
Dás-me saúde e alegria, vontade de viver
coisas tão simples e boas como a verdade.
Demais só de pensar-te o meu olhar se ilumina
e todo o meu corpo se eletriza
com o calor subindo do meu sexo.
Assim te procuro atento na selvagem cidade
viajante errante nos caminhos da vida
como busco o pão, a casa e a flor.
(Chuva novembrina)
_"_
Subpoesia
Subsaarianos somos
sujeitos subentendidos
subespécies do submundo
subalimentados somos
surtos de subepidemias
sumariamente submortos
do subdólar somos
subdesenvolvidos assuntos
de um sul subserviente
(Chuva novembrina)

de: http://www.nexus.ao/kandjimbo/jose_luis_mendonca.htm

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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sobre o reino de Ginga - ensaio III


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Lucira muda de fisionomia

Actualmente, a população da comuna da Lucira ronda os 10 mil habitantes, metade dos quais chegou para trabalhar na indústria pesqueira. A fisionomia da região alterou-se, com este aumento populacional. Como acentuou o administrador comunal, David Frederico Clemente, toda esta gente é bem tratada, no quadro dos programas de investimentos públicos e de aumento da oferta e melhoria dos serviços sociais básicos às populações. As melhorias substanciais, em todos os domínios, nestes seis anos de paz, são enumeradas em toda a parte. Ao nível da saúde, temos postos médicos, um centro de saúde; idem ao nível da educação. E assim por diante: comunicações, serviços, energia e água, saneamento básico, chegando-se à conclusão final: Lucira está a crescer.
O problema habitacional para os quadros é outro dos progressos que nos aponta o administrador da Lucira: aqui, fruto da boa governação do Executivo da província, a localidade tem conhecido melhorias substanciais no domínio dos investimentos públicos e mais realizações estão em curso para a acomodação dos quadros fixados no interior da província. De resto, isso mesmo pode aperceber-se das palavras do governador da Huíla, Ramos da Cruz, por sinal filho do Namibe, que muito recentemente lá esteve em visita privada. O soba Frederico Futinha também manifestou-se exultante com os progressos que se registam na sua área de jurisdição. Ele sublinhou que muita coisa mudou, sobretudo nos domínios da saúde, educação e habitação. Assegurou que os quadros, sobretudo professores e enfermeiros, já não se podem queixar da falta de condições de acomodação para o bom desempenho da sua actividade, “porque têm residências próprias”.


Na região existem muitas obras já construídas e inauguradas recentemente. No novo mercado municipal, o movimento dos vendedores que têm aí as suas bancas não pára, apesar de faltarem fregueses. Além disso, o porto pesqueiro da Lucira está a fornecer pescado para o mercado de todo o país. O funcionamento das lanchonetes, restaurantes e lojas também não pára. Assim se constrói o progresso nestas paragens à entrada de Benguela.


Lucira é uma das regiões mais ricas em pescado e marisco da costa angolana, depois do Tômbwa e Baía dos Tigres.


O governo pretende dar seguimento a um projecto de transformação deste “monstro adormecido” para a necessidade que se impõe dele funcionar em pleno para bem da região, e não só. Boavida Neto, chefe do Executivo do Namibe, disse à imprensa, na Lucira, aquilo que o Governo central, através do Ministério das Pescas, já tem traçado como políticas para os próximos tempos, ao nível do sector. Foi-nos comunicado, verbalmente, que estas políticas estão contidas no programa de governação para os próximos quatro anos, nomeadamente o desenvolvimento da produção com base no princípio da gestão racional dos recursos pesqueiros, dentro dos limites de sustentabilidade biológica, bem como continuar o fomento e apoio ao desenvolvimento da pesca artesanal, marítima e continental e o desenvolvimento turístico da região.

Pensar e Falar Angola

domingo, 21 de setembro de 2008

AS CIVILIZAÇÕES E DEMOCRACIAS OCIDENTAL E AFRICANA

UMA VISÃO DAS CIVILIZAÇÕES E DEMOCRACIAS OCIDENTAL E AFRICANA .
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Muitas vezes , uma grande parte das populações da civilização ocidental define as realidades sociais das outras civilizações mundiais segundo perspectivas ou lógicas ocidentais , esquecendo os ensinamentos profundos de um dos pensadores maiores chamado Einstein que ensinou que se deve observar as realidades do mundo físico e psíquico considerando a amplitude de suas relatividades .
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Os conceitos de bom ou mau , de feio ou bonito , de certo ou errado , de feliz ou infeliz , e todos os outros conceitos de opostos inerentes ao pensamento humano devem sempre ser considerados segundo uma perspectiva relativa pois estes conceitos são simplesmente visões parciais , teóricas , de infinitas realidades.
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Quer isto dizer que todos os conceitos são relativos pois são apenas pequenas partes de um conjunto universal de realidades e nenhum conceito pode ser considerado como algo independente , pronto , acabado , separado ou isolado do conjunto .
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Esclarecido isto como principio de uma lógica de visão profunda universal e como base fundamental de uma análise o mais correcta possível , pode-se então tentar entender a civilização ocidental , seus desequilíbrios e erros ao penetrar e agir sem pedir licença em outras civilizações e querendo impor os seus conceitos de certo ou errado , bom ou mau , bonito ou feio segundo seus interesses ou segundo sua lógica ocidental , esquecendo o principio fundamental descoberto pelo cientista Einstein segundo o qual a vida inteligente só pode funcionar se for considerada a lei da relatividade universal na análise dos factos .
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Podemos exemplificar os comportamentos desequilibrados das sociedades ocidentais , quando ao abrir caminhos novos por mares nunca dantes navegados e ao encontrar outras civilizações com costumes muito diferenciados dos seus , imediatamente definiu e conceituou esses costumes como bárbaros ou inferiores só porque eram diferentes dos seus ou porque não lhes agradou ou ficaram envergonhados dentro de suas mentes supostamente rebuscadas e de farpas aguçadas e valores induzidos no chicote imposto pela força do magote .
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Só porque os povos da África Austral viviam nus pois tinham um clima excelente , isso foi considerado um modo de vida inferior pelos ocidentais quando na verdade era exactamente o oposto , estes povos africanos por terem um clima excelente e uma alimentação rica e abundante tinham corpos saudáveis e boa aparência contrariamente aos povos ocidentais que cobriam exageradamente seus corpos e não eram energizados pelo sol pois o clima aonde viviam era frio e desagradável .
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A civilização ocidental considera-se a si própria , muitas vezes, como sociedade humana superior sem ter em conta a relatividade das realidades do mundo .
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O que é certo ou errado para uns pode não ser para os outros , depende muito de todo um conjunto de realidades envolventes e a sociedade ocidental age muitas vezes como uma sociedade não sapiente .
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A civilização ocidental não demonstra sabedoria quando não respeita os valores sociais das outras civilizações e tão pouco respeita seus próprios valores quando não considera como fundamental uma realidade ecológica mais equilibrada nos seus espaços e no dos outros pois tudo o que ela destrói ao seu redor afecta os outros em geral .
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Quando a sociedade ocidental considerou o modus vivendi espiritual e psíquico das outras sociedades como inferior ao seu , gerou-se daí uma série de procedimentos que quebraram a evolução equilibrada destas sociedades e da própria civilização ocidental pois em vez de enriquecer culturalmente caminhou ao contrário, empobrecendo e desequilibrando as culturas ao redor .
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Hoje em dia , devido a uma maior informação on-line , é possível saber e comparar as diferentes civilizações humanas e não se pode afirmar que a civilização ocidental seja a mais evoluída no geral ou seja mais evoluída do que as sociedades tribais ainda naturais , tais como as tribos do Amazonas ou as tribos africanas ainda originais .
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Se considerarmos os conceitos sobre equilíbrio ecológico e espiritual , feliz ou infeliz , harmonia ou desarmonia , e outros , certamente a sociedade ocidental , numa grande parte de sua população , está em patamares inferiores relativamente às sociedades tribais naturais .
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Portanto , é necessário considerar as relatividades de todas as situações e os aspectos próprios de cada uma das civilizações humanas para que haja uma visão não redutora , uma visão mais realista e ampla , e desse modo possa haver um maior respeito entre as diferentes civilizações e sua evolução .
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Falando-se agora e aqui de DEMOCRACIA , muitos dos cidadãos que constituem a civilização ocidental ainda não percepcionam claramente os diferentes conceitos sobre democracia e suas relatividades .
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O conceito de democracia , na civilização ocidental , também é utilizado para servir interesses de lógicas pessoais , interesses de lógica não universal e muitas vezes tenta-se exportar para outras civilizações esses conceitos à ocidental .
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O conceito de democracia é muito relativo e sua prática também e veja-se como exemplo a nação Dinamarquesa e a nação Portuguesa :
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- Na Dinamarca há uma união bem identificada e perfeitamente clarificada entre os seus cidadãos que se reflecte na maneira como se organizam e funcionam política e administrativamente no sentido de um bem comum nacional e respeito pela individualidade de cada cidadão inserido democraticamente num todo social ..
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- Em Portugal esta união é menos clara e não se reflecte tão profundamente na sua organização política e administrativa e em objectivos comuns .
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É possível constatar isso nas embaixadas destas duas nações : enquanto o cidadão dinamarquês comum ao utilizar os serviços de suas embaixadas é tratado como um cidadão com plenos direitos e com grande respeito , já nas embaixadas portuguesas os cidadãos comuns , que não pertencem ao Governo , são tratados de uma forma por vezes vulgar e nem sempre se sentem cidadãos de plenos direitos e plenamente respeitados .
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Esta comparação reflecte claramente as diferenças de atitudes democráticas nas organizações governamentais , dentro das diferentes sociedades da civilização ocidental .Se for analisada as diferenças democráticas entre os países mais desenvolvidos e menos desenvolvidos dentro das sociedades ocidentais , constata-se que os conceitos de democracia , por vezes , são até contraditórios , tanto é assim que , muitas vezes , as leis dentro destes países são elaboradas de maneira conceitualmente opostas .
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Uma das grandes dificuldades dentro da Europa para se construir uma Constituição Europeia comum , é exactamente a maneira como as leis devem ser elaboradas e interpretadas pois os países mais desenvolvidos afirmam que não há necessidade de se elaborarem certas leis pois são redundantes ou desnecessárias e até contraditórias com a verdadeira democracia , enquanto em outros países há visões contrárias .
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Na civilização ocidental , até sistemas políticos aparentemente semelhantes funcionam de maneiras bem diferentes pois as visões e interpretações das mesmas realidades são muito diferentes .
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Os conceitos de democracia são diferentes em cada uma das sociedades humanas e o que é bom para uma pode não ser o melhor para a outra .
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Falando da civilização africana , é importante perceber como se regem as leis sociais autóctones desde os tempos mais antigos .
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Não se pode esquecer que os humanos têm uma ascendência comum denominada " Australopithecus " , ser humano originário da África Austral , e as civilizações humanas desenvolveram-se a partir daí . conforme reza e comprova a ciência moderna .
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É importante notar que as ascendências e descendências sanguíneas têm uma preponderância considerável nas sociedades africanas , ainda hoje , mesmo diante da globalização actual .
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As sociedades africanas felizmente também se regem pela figura do " MAIS VELHO " , aquela pessoa mais velha que geralmente é o mais sapiente , que se torna o conselheiro devido à sua experiência empírica da vida .
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O respeito pela figura do " mais velho " desapareceu muito em muitos países da civilização ocidental pois nestas sociedades de hoje o que mais importa é o domínio e manejo da informação e os " mais velhos " tornaram-se , muitas vezes , menos informados devido a não dominarem a tecnologia da informação actual e por isso facilmente , sem pesos de consciência , são jogados em asilos ou lares para idosos isolando-os para não incomodarem e porque já pouca falta fazem .
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A figura de respeito pelo "mais velho " desapareceu muito da civilização ocidental de um modo geral e os padrões éticos também mudaram .
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Na África Austral , que é a África da qual podemos falar pois aqui labutamos diariamente , os "mais velhos " normalmente têm uma atitude perante a vida mais calma , mais abrangente , mais cautelosa e por isso geralmente exercem funções de responsabilidade e respeitabilidade .É assim nas sociedades tribais ainda naturais e é assim nas sociedades africanas naturais , em geral , e ainda é assim em parte nesta nossa sociedade africana ocidentalizada .
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É importante considerar isso e muitas das pessoas da civilização ocidental esquecem deste importante pormenor ao contactar com a civilização africana ou ao se pronunciarem sobre ela .
Cita-se aqui o exemplo de uma senhora , psicóloga , que veio participar de uma formação de gestores de pequenas e médias empresas em Angola em 1990 .
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Esta senhora , de média idade , vinha pela primeira vez a um país africano , no caso Angola .
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Poucos dias após iniciar o curso de formação de gestores , esta psicóloga na sua aula dissertava sobre a sociedade africana em geral e a angolana em especial de uma maneira tão imperativa e dona de conceitos sobre a vida que parecia que ela vivia em Angola há muitos tempo e conhecia a sociedade angolana e africana na sua profundidade .
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É claro que os alunos desta senhora , a maior parte deles responsáveis de empresas públicas , ao observarem os modos como esta psicóloga dissertava , perceberam nela uma inexperiência e falta de sabedoria .
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Muitas pessoas da sociedade ocidental acham que dominam e sabem quais os melhores caminhos para a sociedade africana em especial , demonstrando nisso falta de sabedoria e desde o século XIV tem ocorrido muito este tipo de atitude desequilibrada ou seja , falta de respeito pelos valores sociais das outras civilizações .
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Muitas das pessoas da sociedade ocidental , sentados nas suas varandas mentais e achando que abarcam o mundo dali e sabem os melhores caminhos da humanidade , insistem em querer determinar o caminhar das outras civilizações .
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É o caso , por exemplo , das eleições de Angola no mês de Setembro de 2008 e que foi o mote para este ensaio .
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Algumas pessoas e grupos fazem críticas acirradas ao processo eleitoral em Angola e a maior parte desses críticas vêm de pessoas que vivem em suas varandas mentais sentados nos quintais da civilização ocidental .
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Resta saber se estes quintais são mais ou menos desenvolvidos e quais as razões para que alguns grupos ocidentais continuem desejando que o caminhar angolano não se faça por caminhos de paz e de reconciliação nacional e desejam uma confrontação acirrada entre os diferentes grupos achando que isso é democracia .
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Pode ser e pode não ser .
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Antigamente a confrontação de ideias podia gerar uma atitude violenta mas hoje em dia isso é mais difícil mas , em muitos países ocidentais , dentro e fora da Europa , a confrontação de ideias continua a gerar confrontação violenta e até armada .
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O povo angolano , após tantos anos de sofrimento e guerra , sabe disso muito bem pois sofreu na carne directamente e particularmente em 1992 e por isso prefere uma via democrática alternativa aonde a confrontação de ideias não leve à confrontação armada .
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Esta atitude não é entendida por muitos , na sociedade ocidental , e por isso continuam a jogar farpas no povo angolano e seus dirigentes em geral .É preciso mais sapiência e cautela para evitar tanto marulhar .
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O povo português , em geral , é pacífico e quer evoluir mas a democracia a que se assiste em Portugal certamente não é dos piores exemplos mas também não é dos melhores pois é uma democracia insípida , sem estética , apática , pessimista , negativista , pouco empreendedora e com pouca sabedoria .
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Qualquer pessoa pode observar e constatar esta democracia portuguesa sem sabor a maresia se acompanhar diariamente a informação actual on-line .
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Em Angola , encontram-se muitas pessoas vindas de Portugal em busca de novas oportunidades de vida e alguns até dizem , enfaticamente , que quando vêm a Angola e depois voltam a Portugal sentem-se energizados pois encontraram muita gente com espirito positivo e empreendedor , querendo progredir mesmo diante das muitas dificuldades naturais num país que iniciou a paz à pouco mais de 6 anos , em 2002 .
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Não se pode esquecer que em Angola a maioria do povo foi às urnas voluntariamente e de forma espontânea , com consciência , querendo construir uma via melhor , e isso diz certamente muito para os que sabem ler nas entrelinhas das sociedades .
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Será que o povo angolano , de norte a sul , de leste a oeste , de todas as cores e ideias , que na sua maioria viveu as feridas e o sofrimento de uma guerra difícil , muitas vezes imposta do exterior e segundo lógicas pessoais , após tantos anos de fadiga e sofrimento não quis transmitir uma mensagem ao mundo à cerca do que realmente queria após as eleições de 2008 em Angola ?
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Será que o povo angolano , após as experiências sofridas a partir de 1992 , não tem percepção do que poderia suceder se não votasse de uma maneira massiva numa determinada organização partidária confiável ?
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A maioria dos cidadãos ao votar massivamente numa determinada organização partidária confiável e na figura do " mais velho " , não estava assim a evitar possíveis conflitos armados que não desejava mais ?
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A sua sabedoria de vida não lhe indicou que este era o melhor caminho ?
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.Não será esta a mensagem dos cidadãos angolanos aos decidirem escolher como símbolo da
Nação a figura do " mais velho " , o actual Presidente da República , aquele que sabe aconselhar , sabe orientar , sabe ser um estadista , que representa a figura dos mais sapientes e que pode ser uma das pessoas mais equilibradas para dirigir a Nação neste momento crucial rumo ao desenvolvimento sustentado e ao fim do sofrimento ?
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Por quê pessoas da civilização ocidental que pouco entendem da civilização africana e sequer vivem em África querem impor métodos ocidentais da chamada democracia quando eles mesmo não entendem nem praticam da forma mais sapiente ?
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É preciso respeitar mais e deixar que a sociedade africana , que hoje também é uma sociedade mais madura e cosmopolita , vá escolhendo e definindo seus caminhos , não caminhos impostos do exterior mas construídos por si pois os caminhos se constrõem fazendo e não existem caminhos prontos ou milagrosos .
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Não se pode esquecer , sem complexos de superioridade ou inferioridade , as realidades desequilibradas que a sociedade ocidental impôs aos africanos desde o século XIV e a falta de respeito que esta sociedade ocidental teve ao não pedir licença para entrar em território africano de praias , florestas e ninfas , universos felizes .
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É preciso não esquecer que as tribos da África Austral viviam em territórios fartos de alimento e clima extremamente bondoso , como até hoje , e estes povos são pacíficos mas guerreiros e foi nesta região que nasceram os primeiros humanos Australophitecus que colonizaram o planeta e deram origem às restantes civilizações humanas .
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E esta Nação Angolana , nesta África Austral , tem consciência mais profunda da sua realidade actual e tem uma visão ampla e relativa das outras civilizações pois todos , hoje em dia , têm acesso a uma informação on-line mais democrática .
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Existem grandes desastres ambientais em muitas regiões do planeta gerados por uma desequilibrada civilização ocidental mas , felizmente , esta região da África Austral ainda não foi muito atingida por esses desastres e continua a ser abençoada .
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Espera-se que a civilização ocidental seja mais cautelosa neste século XXI ao ser convidada a entrar nesta actual casa angolana , mais madura , forte e sapiente .
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Valdemar F. Ribeiro
Século XXI - Angola

Vendedora




Há fotografias bonitas, esta é uma delas. Uma vendedora do Mussulo com o seu stock à cabeça.

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(32) Ágora - Ensaboadela



Dessei porque razão o faço, mas hoje estou com um irreprimível desejo de passar uma esponja por muita coisa, porque a não o fazer corria o risco do “sapateiro ir além da chinela”.
Quando falo em esponja, sugeriu-se-me a ideia de falar do sabonete “Lifebuoy” , essa verdadeira instituição que a Lever lançou no mercado no dealbar do século XX, e que se assumiu como um dos símbolos perenes de uma globalização, que sobrevive com sucesso nos dias de hoje.
Foi o primeiro a definir-se contra qualquer tipo de CC, como se pode ver em inúmeros anúncios nas décadas de trinta e quarenta, do tempo em que quando alguém falava do Kinaxixe, era da sua lagoa e da sua enorme Mafumbeira, a título de exemplo. Convenhamos que CC nada tinha a ver com aquilo que vamos conhecendo com os inerentes contornos político-partidários, mas no caso do Lifebuoy era apenas o apelo ao fim do CC, que é nem mais nem menos que o “cheiro a corpo”.
No seu primeiro anúncio radiofónico, tinha uns verso cantado em brasileiro que dizia isto:
Quando chega o verão/ e aperta o calor, / transpira-se tanto/ que é mesmo um horror/Para então se manter/ o asseio corporal, / é preciso se usar/ um sabonete o asseio corporal, e batatal./ É mesmo o tal, não tem rival/ é um herói:/ Lifebuoy, Lifebuoy!”.
Isto é coisa aí para os anos 30, nos tempos áureos da rádio.
Bem, o Lifebuoy marcou todas as gerações do século XX, e de facto no nosso País tem sido perpetuado ao longo de mutações económicas, políticas e sociais bem diferenciadas, apesar de circunstancialmente os protagonistas serem os mesmos, até mesmo na diversidade total, mas jamais na adversidade.
Como estamos a falar de sabonetes e correlativos, e de um especificamente cor de laranja, o que lhe dava algumas características muito peculiares de não-alinhamento a determinadas cores de modas, prefiro mesmo continuar a enaltecer as características do anti-CC Lifebuoy. Este ousado sabonete que foi por mim usado no corpo e que em determinados momentos usei em tudo, desde roupa a louça ou chão, emergiu como um factor de enorme unidade, pois este sabão cor de laranja, de odor intensíssimo e inigualável, comprava-se em qualquer parte do mundo, pois a Lever não brincava em serviço e expandiu-o por todos os cantos e por alguns menores encantos.
Hoje em Angola, os indianos, não sei se já com tiques de cidadãos de potencia emergente, no quadro do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), decidiram vendê-lo também de azul e branco, o que de certa forma retira alguma “legitimidade” ao Lifebuoy, mas são os ditames do mercado a exigir novas dinâmicas, como agora é frequente dizer-se, mesmo que muitos nem nunca tenham ouvido falar em Keynes, Adam Smith e talvez em Marx (Deste alguns devem ter ouvido falar, ou a bem dizer falaram em tempos idos demais dele!!!)
Voltado ao sabonete, que passa a vida a saltar-nos da mão enquanto molhado, pelo que é conveniente ter alguns cuidados supletivos, posso afiançar que este Lifebuoy, para além do facto incomodativo de fazer arder nos olhos, é um excelente anti-séptico, e de excelente qualidade para limpar o corpo de transpiração e odores.
Talvez não seja o odor da moda, mas convenhamos que a sua embalagem exterior vai-se mantendo mais ou menos igual desde os tempos em que apareceu, em que logo foi um sucesso comercial.
Desculpem-me, eu hoje ter-vos dado esta ensaboadela, mas sinceramente preferi mesmo falar disto, pois acho que de quando em vez, temos mesmo que colocar algo, para que o resultado de passar a esponja sobre determinados conceitos de desenvolvimento tenha um resultado mais eficiente, nem que seja em benefício próprio.


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Afrikya - Encruzilhadas de um continente - Emissão de 21 de Setembro


Estão de volta à Internet as actualizações para o Afrikya, programa de rádio virado para África e emitido todos os domingos de manhã, com Maria Luísa e António dos Santos, entre as 09:00 e as 10:00 horas de Angola em FM pela LAC (Luanda Antena Comercial) nos 95.5 para todo o perímetro provincial de Luanda, e, diz-se... brevemente em corrente de áudio da Internet em directo e, também, em "podcast" (arquivo em mp3)...

Visite o site aqui e escute o áudio da emissão deste domingo, 21 de Setembro, quando a LAC prepara o seu XIº Festival da Canção de Luanda para quinta-feira, 25 de Setembro, tendo como tema central a figura musical da voz do canto de Angola livre, o cantor Rui Mingas.










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