quarta-feira, 30 de abril de 2008

Título de exploração mineira


Titulo de Exploração
Um título de exploracão mineira dá o direito exclusivo de extrair minerais e deve ser obtido antes do início da operação mineira (excepto para materiais de construcção) e não implica a posse da terra pelo seu proprietário.


Devem calcular-se as reservas mineiras e elaborarem-se estudos de viabilidade, incluindo planos de mineração, que deverão ser aprovados antes do início da exploração. Os requerentes devem ser companhias ou sociedades devidamente constituidas, que:
Tenham uma licença de prospecção para a área em causa;
*Estejam associadas ao detentor de uma licença de prospecção; ou
*Seja o vencedor num concurso para um depósito previamente avaliado e esenvolvido pelo Governo.
*Os título de exploração mineira são garantidos para áreas necessárias, estritamente definidas, para a mineração, processamento e outras instalações industriais e acessórias.


O acesso terra e água não coberto pelo título é assegurado, sendo este garantido por um período ligeiramente inferior ao necessário para a exaustão das reservas, prevendo-se prorrogações.

Devem ser efectuados estudos de reconversão de tarrenos, no caso de grandes projectos.

A comercialização dos minerais é prerrogativa do possuidor do título, bem como são da sua responsabilidade quaisquer danos causados pela mineração e operações afins, o que deve ser considerado ao avaliar-se a viabilidade do projecto.

Da licença constam os direitos e os deveres.

Durante o processo de obtenção do título, pode negociar-se um pacote com base no regime fiscal. Existem modelos disponíveis de contratos de prospecção e exploração.

De momento, não existem disposições especiais para pequenas minas, ou qualquer diferenciação baseada em tamanho.
Norma de Requerimento para pedido de titulo de exploração pdf


Pensar e Falar Angola

terça-feira, 29 de abril de 2008

LEGISLAÇÃO MINEIRA


PRINCIPAL LEGISLAÇÃO MINEIRA


LEI N.1/92 DE 17/01/1992 – LEI DE MINAS;Ver PDF


LEI N.16/94 DE 7/10/1994 – LEI DE DIAMANTES;


LEI N.17/94 DE 7/10/ 1994 – ZONAS DE RESERVA DIAMANTÍFERAS;


LEI N.4-B/96 DE 31/05/96 – REGIME FISCAL PARA O SECTOR MINEIRO;


LEI N.8 – A/96 DE 24/05/96 – REGIME ADUANEIRO DO SECTOR MINERO


DECRETO N. 39/99 DE 3/12/99 – CRIAÇÃO DA SODIAM;


DECRETOS N. 7-A/00 E N. 7-B/00 DE 24/02/00 – CANAL ÚNICO;


DECRETO 36/03 SOBRE A APROVAÇÃO DA LEI MINEIRA (CONTRATOS DE ALUVIONARES E KIMBERLITOS );


LEI 11/03 DE 13 MAIO 2003 – LEI DE BASE SOBRE INVESTIMENTO PRIVADO;


LEI 17/03 DE 25 JULHO 2003 – LEI SOBRE INCENTIVOS PARA O INVESTIMENTO PRIVAD O




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A BANDA

Recordando de memória um texto que faz tempo me chegou às mãos e se perdeu neste vasto império anárquico que é disco duro do meu PC.

A Banda!
Mas onde fica a Banda? Conheço gente que esteve em Angola, calcorreou as 18 províncias, mas voltou decepcionada porque não chegou a conhecer a tão falada “Banda”.

"Vocês falam tanto da Banda. Lá na Banda... mas em que parte de Angola fica ela então?" Interroga-se um deles.
Talvez, nem nós, saibamos explicar a definição ou localização da banda, porque, para nós a banda não se define nem se vê, ela sente-se quando o Boing 747 da Taag abre a sua porta e entra aquela quentura empoeirada que nos toca a pele.

Mais: a Banda sente-se ali naquele tapete rolante do Aeroporto 4 de Fevereiro, quando vamos pegar as malas e encontramos a mistura de passageiros e bagagens entre Lisboa/Luanda e Kinshasa/Luanda, quase sempre coincidentes; sente-se naquela comprida avenida que sai do aeroporto ate ao Largo da Maianga, onde nos cruzamos com um Hiace azul e branco e um Hammer H2 amarelo ao mesmo tempo; sente-se nos vendedores informais que te batem no vidro com a dica “cota temos todas as novidades, é só escolher” ou “tio olha o cheirinho pro boter, esse é mesmo do puro”, engarrafado no saco de plástico aquecido no escaldante sol; no engarrafamento provocado pela nova onda da construção das pontes ou túneis, como alguns dizem.
Quando chegamos em casa sentimos a Banda assim que ligamos a TV e nos deparamos com a emissão da Globo, dos vinte canais despostivos, dos tantos outros ao invés da TPA que estávamos a espera; daquele cheiro do bagre fumado ou do funge quentinho que vem la da cozinha da casa ao lado; do som que vem da rádio do vizinho com as novidades musicais que estão a bater em determinada altura nalguma parte do globo; da 1ª conversa com os cambas em que nos contam as novidades tintim por tintim num repetir que não se passou nada; os novos calões que estão a bater, a nova forma de dançar kuduro ou tarraxinha, a praia e disco que tão na moda e muitas outras dicas, insignificantes para alguns mas importantes para todos nós que queremos ver ou nos sentirmos na Banda.
Muitos, podem entender Banda como uma dica que os angolanos inventaram para dizerem que foram ou vão para Angola, mas se assim pensam é porque não apanharam a dica. Pra Angola, qualquer madiê pode bazar, um tuga, brazuca, santolas ou chinoca que agora vão pra lá aos montes; mas pra Banda, hum hum, só mesmo nós sabemos o caminho para aquele “paraíso” empoeirado.
Por vezes, penso que sou “bandense”, porque angolanos de BI. e passaporte, existem muitos, basta querer sê-lo e já esta; agora bandense, não é para quem quer nem para quem pode, é só para quem é.

Ali, onde se sente a dificuldade em que alguns vivem, mas que todos se riem independentemente do nível de vida que têm.
Ali sim está a Banda!









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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Visitando Blogs (10)

É interessante pensar em como só conseguimos compreender certas coisas através do posicionamento espacial e emocional que tivermos num determinado momento das nossas vida em relação às mesmas.É interessante pensar que, só apenas quando se derem relevantes transformações em nós, temporais ou outras, estaremos então preparados para penetrar mundos de complexa organização e expressividade.
É ainda interessante sentir em como por que qualquer razão desconhecida se despoleta em nós uma repentina disposição para nos conectarmos, como que num êxtase, a universos distantes e partilhamos os seus códigos através de uma deliciosa simbiose espiritual.Vi Um Eléctrico Chamado Desejo aos 17 anos, não gostei, voltei a vê-lo aos 26 e adorei. Li Madame Bovary aos 16, não percebi, voltei a lê-lo aos 25 e passei a considerar um dos maiores marcos da história da literatura. Adorei Ravell aos 18 anos, desprezo-o aos 28. Adoro Orson Welles, detesto Cecil B. DeMille, aos 20 anos era o contrário. Li Se Numa Noite de Verão Um Viajante… e adorei, quem sabe daqui há uns anos (o que acho difícil de acontecer) passe a detestar? Ninguém sabe. Isso vai depender: depender do meu posicionamento emocional e da disposição espiritual para a obra no momento; vai depender essencialmente do que eu me vier, entretanto, a transformar; vai depender, portanto, da alquimia transfigurativa que o tempo processar em mim.
Falo em alquimia porque, às vezes, para que se abram os portais da compreensão, é necessário combinar elementos de variada natureza substancial. Ainda que a ordem seja aleatória e a natureza da substância diversa. Pode até nem se tratar de substância natural mas sim de inatural substância, como a música, por exemplo. O importante, no fundo, é que se saiba combinar. Mas há ainda um aspecto essencial: esse processo de combinação não deve descurar o elemento tempo. Somos substâncias a mercê do tempo. Ele nos transfigura incessantemente, a todo o momento somos dilatados e contraídos pelo tempo. É assim que o tempo nos pode transpor para uma dimensão do existir aonde nos podemos achar em melhor disposição espiritual para conectarmos universos complexos.
Conheci Viteix aos 17 anos por via de Henrique Abranches, na altura achei bonito mas não o compreendi. Aos 25 voltei a encontrar Viteix mas reconheço que não estava preocupado com a fruição desinteressada da sua obra e isso toldou-me a compreensão. Três anos depois, em vias de me separar da casa, recolhendo papéis e documentos antigos, dei novamente com o arquivo de Viteix. É constituído por fotografia, cópias de artigos de jornais e impressões scanneadas de quadros e esboços. Espalho tudo pelo chão como peças de puzzle e deixo-o ai, como que amadurecendo, fermentando, germinando uma lógica esforçada.
É madrugada, as insónias voltaram, sinal da mais recente crise de ansiedade. Levanto-me e passeio pela casa, percorro os ruídos infra-sons dos bichos que nela habitam. Sirvo um whisky, ligo o computador e ponho música. A perdição do momento. O bib-hop de Duke Ellington preenche o ambiente. Outro gole. Ponho o computador de lado e fico de frente, com o copo à mão, para as imagens de Viteix.
E então tudo se dá: o que parecia ser a simples figura de um bailarino reproduz-me em três, mas já não são bailarinos e sim apenas duas mulheres e um homem, em êxtase, num bacanal sexual. Mas dançam, dançam ao ritmo de uma música que não encontra equivalência no fundo cinzento cru da madrugada. A eles juntam-se outras figuras de outros quadros. Vão se juntando em frenesim corporal despindo-se dos disfarces de arte Tchokwe. As alusões sexuais ganham substância e o ritmo tropical já é audível. Partem mergulhados em êxtase num cortejo de prazer. Afunilam-se no ritmo, incorporam-se, fundem-se, descobrem-se nos outros e liquefazem-se. Mas o ritmo permanece, aspira ser uma constante… ups! O Whisky acabou. Acho que consegui partilhar o universo de Viteix. Descodificá-lo, será? A composição dos três elementos é essencial: Whisky, jazz e madrugada. Parte do processo de criação de Viteix era resultado da junção destas componentes. Fico ainda ali um pouco, olhando para aquelas figuras que entretanto voltaram ao que eram antes de tudo, inertes, surdas e inócuas nos seus disfarces.“Viteix é um lúdico lúbrico!”, penso para comigo e não me contenho a rir “…uhmmm! Como será bom morrer amando Viteix!”



Cláudio Tomás
Luanda, Angola, Lisboa, Portugal
Sociólogo







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ANGOLA, em cor feminina



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domingo, 27 de abril de 2008

(11) Ágora - Anos Inquietos

ANOS INQUIETOS “Salazar tem um cancro, coitado do cancro” ou “Cancro, cumpre a tua função” eram das frases que iam correndo nas latadas da Coimbra de 1969.


Sei que alguns que vão ler este artigo, participaram de forma empenhada no movimento de contestação que irrompeu no ano de 1969, um pouco como reflexo do movimento estudantil de Maio de 1968 em Paris.


Para escrever sobre esses tempos e fundamentalmente falar de angolanos em actividades nas crises académicas de 62 e 69 em Portugal, tive de reunir um conjunto de livros, com documentos e depoimentos, que me permitissem aqui escrever qualquer coisinha.


Sem querer ser muito exaustivo a justificar a bibliografia consultada, começo pelo livro “Anos Inquietos” de Manuela Cruzeiro e Rui Bebiano;”Anos Decisivos” do malogrado César Oliveira;”Grandes Planos” de Gabriela Lourenço, Jorge Costa e Paulo Pena;”Maio de 1968, trinta anos depois” de Maria Cândida Proença e Celso Cruzeiro em “Coimbra 1969”.


Porque foi o mais próximo, o já distante 17 de Abril de 1969, foi a ultima grande iniciativa estudantil de vulto contra o estado colonial-fascista.


Não vou falar das muitas razões dos movimentos estudantis, mas importa referir que serviram para solidificar grandes cumplicidades, e acima de tudo criar um forte sentimento de vontade de mudar o status quo prevalecente, que no caso dos angolanos engajados, era a luta pela emancipação e independência da sua terra.


Não vou recuar aos anos de 1962 onde os angolanos José Bernardino. João Nobre, Humberto Traça e Rui Pereira, entre outros, foram presos pela PIDE e seviciados, tendo como única acusação a “participação em associações de terroristas”, quando de facto foram detidos pelo simples crime de “delito de consciência”.


Sobre Coimbra/1969, apoio-me em depoimentos de pessoas conhecidas e também num livro recente de Teresa Carreiro: “Viver numa Republica de Estudantes em Coimbra 1960-70”, que de certa forma dá uma imagem do que foram esses “Anos inquietos”.


Entre vários nomes, que vamos aqui e ali encontrando em referencias múltiplas, com participação contextualizada no combate pela democraticidade do ensino, pelo fim da guerra colonial e consequente independência das colónias, encontramos nomes que hoje são pessoas do nosso quotidiano, outros que fazem parte da nossa memória, porque fisicamente já desapareceram, e outros que optaram por outras paragens, o que não quer dizer que tivessem optado por outras “aragens”.


Nesses anos Roberto Leal Ramos Monteiro (Ngongo), Saraiva de Carvalho (Tetembwa), Luis Filipe Pizarro (Nene), Orlando Rodrigues, To-Ze Miranda, Garcia Neto, Fernando Sabrosa, Fernando Martinho, Décio de Sousa, Carlos Batista, Luis Colaço, Gil Ferreira, Helder Neto, Eurico Gonçalves, Balonas, Manuel Rui Monteiro e tantos outros, foram determinantes num movimento que gerou sinergias importantes para um auspicioso futuro, que se revelou ao fim de pouco mais de um lustro.


Gostava de poder falar do “Kimbo dos Sobas”, dos “Mil-e-onários” e dos “Solares” que angolanos fundaram e onde viveram em Coimbra, com histórias que não devem ficar no cantamento de uns poucos para encantamento de uns quantos mais.


Há tempos que foram memória e tem de ser contados pelas pessoas que as viveram, enquanto a outra memória não desaparece.PS: O meu texto, neste numero, seria sobre o livro de Cláudia Castelo, “Passagem para África”, um excelente livro diga-se de passagem. Acontece que tive o prazer de ler o comentário do António Melo, na magnífica “África 21” de Fevereiro, e só fiz o mais fácil, mas também o mais coerente: Assinei por baixo e naturalmente recomendo o comentário, e obviamente o livro.








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Carta Geológica e Carta de Recursos Minerais

CARTA GEOLÓGICA


CARTA DE RECURSOS MINERAIS
Clique sobre as imagens para ampliar


Àreas Pesquisadas e Resultados Disponíveis
Províncias de metais ferrosos de Kassinga (Sul de Angola) potenciais reservas de depósitos de ferro.
Grupo de depósitos de taconite (Norte de Angola) entre a barragem de Kapanda e o Soyo; depósitos razoáveis de Manganês
Província Metalogénica do Alto Zambeze ligada ao copper-belt da Zâmbia.
Planície costeira do cretácio onde em Cachoeiras se descobriram depósitos de cobre estratificados.
Carbonatitos (grupo das Fluorites, apatites, nóbio e tântalo)
Área NE de Angola com depósitos potenciais de fosfatos
Província polimetálica, contendo depósitos de cobre, chumbo, zinco e cobalto.
Fonte: AngolaMine



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sábado, 26 de abril de 2008

Geologia regional

A geologia de Angola pode ser subdividida em cinco unidades regionais, cada uma das quais possuindo uma combinação diferente de jazidas minerais.
Rochas Sedimentares de cobertura deidade Quartenária a Terciária compreendendo areias, arenitos quartzito, burgaus e argila estendem-se para cima de metade do território, incluindo toda a parte leste de Angola.
Sedimentos marinhos pleistocénicos a cretácicos jazem numa série de bacias costeiras na margem ocidental de Angola.
Sedimentos Mesozóicos a Paleozóicosequivalentes ao super grupo Karoo ocorrem principalmente no Graben Cassange, uma depressão de trend geográfico centro-norte a noroeste. Ocorrem numerosos corpos sub-vulcânicos a vulcânicos, incluindo Kimberlitos e carbonatitos ao longo de um lineamento principal de direcção trend sudoeste a nordeste atravessando Angola, bem como basaltos, doleritos, sienitos, traquitos e fonolitos.
Cinturões do Proterozóico superior(de Idade Panafricana) ocorrem ao longo do escudo Precâmbrico, sendo os mais importantes o Congo Ocidental, Damara e Maiombe-Macongo. Eles são caracterizados pela ocorrência de mineralizações de metais básicos e uma variedade de minerais industriais.
Rochas proterozóicas a Arqueanas formam os escudos Angolano, Maiornbe, Cassa i e Bangweulo e o horst do Kwanza. Formacões granitíco-gneissicas, meta­volcano-sedimentar e meta-sedimentar, (cinturões verdes) estão presentes no Centro-sul de Angola (Cassinga e Menongue). O complexo básico (ultrábasico) do Cunene ocupa 20.000 Km2 da parte sudoeste do escudo Angolano.

Fonte: AngolaMine


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Sábado Musical



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sexta-feira, 25 de abril de 2008

DIA MUNDIAL DO COMBATE CONTRA A MALÁRIA


A vice-ministra da Saúde para área hospitalar, Evelize Fresta, visita a cidade do Luena, província do Moxico, para presidir ao acto central nacional alusivo ao Dia da Africa e Mundial de Combate à Malária, que hoje se assinala.

A governante viaja na companhia de alguns embaixadores creditados em Angola, altos funcionários das agências das Nações Unidas, músicos e outras individualidades convidadas.

No Luena, para além de presidir o acto das celebrações de 25 de Abril, Evelize Fresta vai inaugurar uma Feira de Produtos e Medicamentos de Combate à Malária, bem como lançará a campanha de pulverização automóvel intra-domiciliar na povoação de Sacassange (14 quilómetros a sul do Luena).

O coordenador nacional adjunto do Programa de Controlo da Malária, Nilton Saraiva, disse quinta-feira última que cerca de dois milhões de casos clínicos, com 10 a 15 mil óbitos por ano, são registados em Angola.

O responsável apontou que, apesar do país ser endémico, nos dois últimos anos a cifra diminui para cinco mil óbitos anuais.

Apontou que a diminuição significativa de casos de malária é fruto do reforço no diagnóstico e manejo dos assintomáticos, aumento da cobertura com mosquiteiros impregnados e a pulverização intra e extra domiciliar.

O aumento da educação, informação e comunicação das medidas de prevenção da doença e a introdução do novo fármaco combinado com base a CORTEM e CO – ARTESIANE são outras razões do êxito no combate à doença


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Expo Colecção Ensa-Arte 2008

A Expo Colecção Ensa-Arte 2008, uma realização da seguradora angolana Ensa, nas disciplinas de pintura e escultura, a ter lugar no Salão de Exposições do Museu Nacional de História Natural, em Luanda, tem o seu início marcado para hoje, 25.

De acordo com uma nota de imprensa daquela instituição, o evento, que servirá para homenagear o falecido artista plástico angolano Viteix, exibirá obras de 16 autores, entre eles, Álvaro Macieira, António Olé, Hildebrando Melo, Jorge Gumbe, Luandino de Carvalho, Massongui Afonso e Francisco Van-Dúnem “Van”. A actividade, que se realiza até ao dia 10 de Maio, enquadra-se nas comemorações do 30º aniversário da seguradora nacional e reúne um conjunto de obras de arte contemporânea e moderna do seu acervo. O objectivo do evento é promover e divulgar a colecção de obras de arte da Ensa, que é constituída por 113 peças de pintura e escultura. Esta colecção começou a ser reunida em 1991, por altura da primeira edição do Prémio Ensa-Arte, integrado na estratégia global da empresa cujos objectivos e critérios orientados mostram duas abordagens complementares. O Prémio Ensa-Arte, que comporta duas categorias intituladas "Grande Prémio" e "Prémio Juventude", é destinado aos artistas plásticos angolanos residentes ou não no país e os estrangeiros residentes, que fazem obras de pintura e escultura.


O 1º prémio em pintura e escultura para o Grande Prémio está avaliado em 15 mil dólares e 7 mil e 500 dólares para o segundo, sendo igualmente atribuído um prémio especial para uma das províncias, também nas duas disciplinas em referência, estimado em 250 dólares norte-americanos. Os vencedores em pintura e escultura do Prémio Juventude recebem o valor de 5000 dólares, cada.




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o direito à autodeterminação




Foi definido em 1973 pela Assembleia Geral das Nações Unidas o estatuto jurídico dos combatentes que lutam contra regimes coloniais e racistas com o objectivo de exercerem o seu direito à autodeterminação. Foram acor-
dados os seguintes princípios:
<As tentativas destinadas a reprimir os combates contra regimes coloniais e racistas são incompatíveis com a Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Declaração sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais, bem como os Princípios de Direito Internacional relativos às Relações Amigáveis e Cooperação entre os Estados. Estas tentativas constituem uma ameaça à paz e segurança. Os combatentes capturados devem beneficiar do estatuto de prisioneiro de guerra em conformidade com a terceira Convenção de Genebra.
A utilização de mercenários contra os movimentos de libertação nacional constitui um acto criminoso.
A violação do estatuto legal dos combatentes acarreta a responsabilidade plena dos autores desses actos em conformidade com as regras do direto internacional.>>




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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Ensino Superior

Ensino superior oferece 33 mil vagas
As instituições de ensino superior existentes no país ofereceram este ano académico 33 mil novas vagas, informou ontem, em Luanda, o secretário de Estado para o Ensino Superior, Adão Nascimento.

Em entrevista à Radio Nacional de Angola, o secretário de Estado afirmou que este número mostra, por si só, o crescimento do ensino superior no país.

De acordo com Adão Nascimento, a Secretaria de Estado para o Ensino Superior (SEES) submeterá brevemente à apreciação e eventual aprovação pelo Conselho de Ministros do pacote legislativo que vai dar um novo impulso à reforma do ensino superior.

Com a aprovação dos diplomas, aquele organismo pretende continuar a implementar a reforma, cujo termo se prevê para 2012, ou seja, criar condições para realizar o plasmado nas linhas mestras para a melhoria da gestão deste sistema, bem como o plano de execução.

Adão do Nascimento esclareceu que com as novas normas reguladoras, a SEES quer clarificar os princípios que orientam o funcionamento do sector, entre os quais o papel reitor do Estado, a liberdade académica, autonomia institucional, equilíbrio da rede de instituições, bem como a garantia da qualidade do ensino e serviços.

“Depois teremos outras disposições que vão permitir clarificar a tipologia das instituições de ensino que pretendemos ter, nomeadamente escolas superiores e institutos superiores técnicos ou politécnicos, academias e universidades”, frisou.

Para a fonte, esta distinção visa impulsionar a iniciativa privada a atender as necessidades de fomento do ensino politécnico e estancar a banalização do conceito de universidade.

Assim sendo, a criação de universidades e academias vai ficar sob tutela do Governo que, em alguns casos, pode delegar essa função a entidades idóneas.

As medidas entrarão já em vigor, mas será dado um período de dois anos para a adaptação das instituições à nova realidade. As universidades existentes são mantidas ou podem transformar-se em escolas ou institutos superiores politécnicos.

De acordo com o secretário de Estado, o processo de mudança vai ser acompanhado de estímulos, como o estabelecimento de parcerias público-privadas, havendo participação do Estado nos gastos com o corpo docente e desenvolvimento de projectos.

A reforma prevê igualmente a institucionalização do registo do docente na SEES que vai comprovar o seu perfil para a docência, bem como o estabelecimento de um vínculo laboral com uma unidade de ensino e uma colaboração, mediante acordo entre as instituições.

O responsável apelou aos docentes a prestarem maior atenção ao acompanhamento dos estudantes de modo a limar as suas principais debilidades, reduzir o elevado índice de reprovações e transformá-los em quadros competentes.

Brevemente a instituição vai remeter ao Ministério das Finanças o documento sobre a regulamentação das cobranças. O secretário de Estado para o Ensino Superior anunciou para dentro de um mês o início dos trabalhos de fiscalização às instituições, adiantando que já está a ser efectuado o levantamento de dados sobre a actividade académica e pedagógica das mesmas.


Fonte: Jornal de Angola












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Agostinho Neto - A RENÚNCIA IMPOSSIVEL - 1949

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A RENÚNCIA IMPOSSÍVEL

( Agostinho Neto – 1949 - )

NEGAÇÃO

Não creio em mim Não existo Não quero eu não quero ser
Quero destruir-me atirar-me de pontes elevadas e deixar-me despedaçar sobre as pedras duras das calçadas
Pulverizar o meu ser desaparecer não deixar sequer traço de passagem pelo mundo
quero que o não-eu se aposse de mim
Mais do que um simples suicídio Quero que esta minha morte seja uma verdadeira novidade histórica um desaparecimento total até mesmo nos cérebros daqueles que me odeiam até mesmo no tempo e se processe a História e o mundo continue como se eu nunca tivesse existido como se nenhuma obra tivesse produzido como se nada tivesse influenciado na vida se em vez de valor negativo eu fosse zero
Quero ascender elevar-me até atingir o Zero e desaparecer
Deixai-me desaparecer!
Mas antes vou gritar Com toda a força dos meus pulmões Para que o mundo oiça:
- Fui eu quem renunciou a Vida! Podeis continuar a ocupar o meu lugar Vós os que mo roubastes
Aí tendes o mundo todo para vós para mim nada quero nem riqueza nem pobreza nem alegria nem tristeza nem vida nem morte nada
Não sou Nunca fui Renuncio-me Atingi o Zero
E agora vivei cantai chorai casai-vos matai-vos embriagai-vos dai esmolas aos pobres Nada me pode interessar que eu não sou Atingi o Zero
Não contem comigo para vos servir as refeições nem para cavar os diamantes que vossas mulheres irão ostentar em salões nem para cuidar das vossas plantações de algodão e café não contem com amas para amamentar os vossos filhos sifilíticos não contem com operários de segunda categoria para fazer o trabalho de que vos orgulhais nem com soldados inconscientes para gritar com o estômago vazio vivas ao vosso trabalho de civilização nem com lacaios para vos tirarem os sapatos de madrugada quando regressardes de orgias noturnas nem com pretos medrosos para vos oferecer vacas e vender milho a tostão nem com corpos de mulheres para vos alimentar de prazeres nos ócios da vossa abundância imoral
Não contem comigo Renuncio-me Eu atingi o Zero
E agora podeis queimar os letreiros medrosos que às portas de bares hotéis e recintos públicos gritam o vosso egoismo nas frases “SÓ PARA BRANCOS” ou COLOURED MEN ONLY” Negros aqui brancos acolá
E agora podeis acabar com os miseráveis bairros de negros que vos atrapalham a vaidade Vivei satisfeitos sem colour lines sem terdes que dizer aos fregueses negros que os hotéis estão abarrotados que não há mais mesas nos restaurantes Banhai-vos descansados nas vossas praias e piscinas que nunca houve negros no mundo que sujassem as águas ou os vossos nojentos preconceitos com a sua escura presença
Dissolvei o Ku-Klux-Klan que já não há negros para linchar!
Porque hesitais agora! ao menos tendes oportunidade para proclamardes democracias com sinceridade
Podeis inventar uma nova história inclusivamente podeis inventar uma nova mística direis por exemplo: No princípio nós criamos o mundo Tudo foi feito por NÓS E isso nada me interessa
Ah! que satisfação eu sinto por ver-vos alegres no vosso orgulho e loucos na vossa mania de superioridade
Nunca houve negros! A África foi construida só por vós A América foi colonizada só por vós A Europa não conhece civilizações africanas Nunca houve beijos de negros sobre faces brancas nem um negro foi linchado nunca matastes pretos a golpes de cavalo-marinho para lhes possuirdes as mulheres nunca estorquistes propriedades a pretos não tendes nunca tivestes filhos com sangue negro ó racistas de desbragada lubricidade
Fartai-vos agora dentro da moral!
Que satisfação eu sinto por não terdes que falsear os padrões morais para salvaguardar o prestígio a superioridade e o estômago dos vossos filhos
Ah! O meu suicídio é uma novidade histórica é um sádico prazer de ver-vos bem instalados no vosso mundo sem necessidade de jogos falsos
Eu elevado até o Zero eu transformado no Nada-histórico eu no início dos tempos eu-Nada a confundir-me com vós-Tudo sou o verdadeiro Cristo da Humanidade!
Não há nas ruas de Luanda negros descalços e sujos a pôr nódoas nas vossas falsidades de colonização
Em Lourenço Marques em New York em Leopoldville em Cape Town gritam pelas ruas fogueteando alegrias nos ares
- Não há negros nas ruas! Nunca houve Não há negros preguiçosos a deixar os campos por cultivar e renitentes à escravização já não há negros para roubar Toda a riqueza representa agora o suor do rosto e o suor do rosto é a poesia da vida Viva a poesia da vida! Viva!
Não existe música negra Nunca houve batuques nas florestas do Congo Quem falou em spirituals? Os salões enchem-se de Debussy Strauss Korsakoff que não há selvagens na terra Viva a civilização dos homens superiores sem manchas negróides a perturbar-lhe a estética! Viva!
Nunca houve descobrimentos a África foi criada com o mundo
O que é a colonização? O que são os massacres de negros? O que são os esbulhos de propriedade? Coisas que ninguém conhece
A história está errada Nunca houve escravatura Nunca houve domínio de minorias orgulhosas da sua força
Acabei com as cruzadas religiosas A fé está espalhada por todo o mundo sobre a terra só há cristãos VÓS sois todos cristãos
Não há infiéis por converter Escusais de imaginar mais infidelidades religiosas para justificar repugnantes actos de barbarismo
Não necessitais enviar mais missionários a África nem nos bairros de negros Nunca houve mahamba nem concepções religiosas diferentes nunca houve religiosos a auxiliar a ocupação militar
Acabai com os missionários os seus sofismas os seus milagres inventados para justificar ambições e vaidades
Possuis tudo TUDO e sois todos irmãos
Continuai com os vossos sistemas políticos ditaduras democráticas isso é convosco Explorai o proletariado matai-vos uns aos outros lutai pela glória lutai pelo poder criai minorias fortes apadrinhai os afilhados dos vossos amigos criai mais castas aburguesai as ideias e tudo sem a complicação de verdes intrusos imiscuir-se na vossa querida e defendida civilização de homens privilegiados
E agora homens irmãos daí-vos as mãos gritai a vossa alegria de serdes sós SÓS! únicos habitantes da terra
Eu artingi o Zero
Isto significa extraordinariamente a vossa ética Ao menos não percais a ocasião para serdes honestos
Se houver terramotos calamidades cheias ou epidemias ou terras a defender da evasão das águas ou motores parados em lamas africanas raios vos partam! já não tereis de chamar-me para acudir as vossas desgraças para reparar os vossos desastres ou para carregar com a culpa das vossas incúrias Ide para o diabo!
Eu não existo Palavra de honra que nunca existi Atingi o Zero o Nada
Abençoada a hora do meu super-suicídio para vós homens que construís sistemas morais para enquadrar imoralidades
O sol brilha só para vós a lua reflecte luz só para vós nunca houve esclavagistas nem massacres nem ocupações da África
Como até a história se transforma num tratado de moral sem necessidade de arranjos apressados!
Os pretos dos cais não existem Nunca foram ouvidos cantos dolentes misturados com a chiadeira do guindaste Nunca pisaram os caminhos do mato carregadores com sem quilos às costas são os motores que se queimam sob as cargas
Ó pretos submissos humildes ou tímidos sem lugar nas cidades ou nos escaninhos da honestidade ou nos recantos da força dançarinos com a alma poisada no sinal menos polígamos declarados dançarinos de batuques sensuais Sabeis que subistes todos de valor atingistes o Zero sois Nada e salvastes o homem
Acabou-se o ódio e o trabalho de civilização e a náusea de ver meninos negros sentados na escola ao lado de meninos de olhos azuis e as extorções e compulsões e as palmatoadas e torturas para obrigar inocentes a confessar crimes e medos de revolta e as complicadas demarches políticas para iludir as almas simples
Acabaram-se as complicações sociais!
Atingi o Zero Cheguei à hora do início do mundo e resolvi não existir
Cheguei ao Zero-Espaço ao Nada-Tempo ao eu coincidente com vós-Tudo
E o que é mais importante: Salvei o mundo!

Circuncisão na cultura Umbundu

Angola é um país formado por vários grupos etnolinguísticos, nomeadamente os Ovimbundu, Ambundu, Herero, Cokwe, Ovangangela, entre outros, onde cada um possui a sua cultura, tradição, mitos, organização social e política e, fundamentalmente, a sua língua de comunicação.
Entre a diversidade cultural existente, vamos nos debruçar sobre a circuncisão nos Ovimbundu (povos que habitam maioritariamente às províncias do Huambo, Bié,Benguela, Kwanza-Sul) cuja língua de comunicação é o Umbundu.
Devido aos conflitos armados, alguns destes povos – um mal que não poupou todos os subgrupos etnolinguísticos que povoam Angola – só agora estão a retornar e a recompor as suas zonas de origem, isto é, as aldeias ou sanzalas.
O trajecto forçado de alguns destes povos em consequência da procura de sossego e segurança assim como de melhores condições de subsistência, trouxe a vários pontos da província da Huíla, povos dos grupos etnolinguísticos acima referenciados. Um facto tido também como responsável por vários cruzamentos entre os vários povos do país, acto, que no entender de peritos, não foi mau para a sociedade.
Neste contexto, dentre os vários anciãos com quem o autor destas linhas conversou sobre a circuncisão, a referência vai para Francisco Wospindi, Alfredo Tjiamba Cola e Jaime Chiloya. Os encontrámos na loca-lidade do Cusse e na vila do município de Caconda, localizados a 240 e 235 quilómetros, respectivamente, a norte da cidade do Lubango.
Eles são naturais da província do Huambo e, por razões do conflito armado passado, confinaram-se há 10 anos, numa povoação do Cusse. Francisco Wospindi, 95 anos, e Alfredo Tjiamba, 80 anos, já se familiarizaram com a área, onde vivem com os filhos, noras, genros, netos e bisnetos.
Os dois anciãos com aparências de bons contadores de histórias, apesar de algo os escapar da memória, talvez pela idade ou por não praticarem na sua plenitude todos os actos, esmiuçaram dados relevantes e tipicamente tradicional da cultura dos povos Umbundu.
Wospindi explica que a palavra circuncisão na sua língua tradicional, denomina-se por “Evamba ou Ekwendje” dependendo das áreas e, é uma prática sagrada e obrigatória. Trata-se de um rito que serve de transição da infância para a adolescência.
Normalmente realiza-se o acto na época do Cacimbo, precisamente nos meses de Junho, Julho e Agosto de cada ano, por ser uma época friorenta por facilitar a cura das feridas que surgem após o corte.
Um contacto prévio é feito com os pais ou tutores das crianças. Posteriormente, cada família selecciona os rapazes em condições de partir e, depois todos juntos numa semi-caravana rumam à mata, num local já preparado que fica a dez ou mais quilómetros da zona habitada.
Por regra, o local escolhido possui um riacho próximo. O recinto que vai albergar os garotos designa-se por “Otjilombo”. Cada criança faz-se acompanhar do seu farnel que entregará ao seu tutor “Onawa” com habilidades para solucionar todas as questões durante o período de circuncisão que por norma dura 90 dias.
No dia “D”, os pacientes são levados um a um para um lugar específico onde lhes será subtraído a ponta do prepúcio “Utue” a sangue frio. Os mestres “Otjilue” orientam aos “Onawa” para tocar batuques, apitos e canções com o propósito de impedir que os gritos sejam captados pelos outros que aguardam pela sua vez.
Tjiamba argumenta que no local da “Evamba” ficam em média acampados 25 a 30 crianças. E a chamada para o corte segue as idades. Primeiro, os de menor idade, por considerarem de mais fácil e, seguem os mais complicados, os adultos. Complicados porque as feridas demoram a curar. É nos períodos nocturnos que as coisas se tornam difíceis: “Kakuli okupekela” (Não há dormir).
As trevas são enganadas com as canções tradicionais, os batuques e as danças dos palhaços à volta duma grande fogueira. Os “Tjindanda”, pessoas recém-circuncisadas, deitados em várias esteiras postas ao relento, permanecem com o tronco nu até a cura das feridas. Eles levantam-se de madrugada e mergulham no rio onde ficam das 4 às 6 horas.
Os garotos que registarem melhoras rá-pidas são ensinados de imediato a pequena caça para exercitar o corpo e trazer alguns bichos como ratos, toupeiras, perdizes e outros alimentos. Após os 13 dias segue-se os ensinamentos doutrinários caracterizados por dança, manejo do batuque e seu fabrico, tecelagem de sisal para compor um palhaço, seus respectivos nomes e objectivos de cada um.
Neste período, aprende-se algumas magias como “Alumbo”, uma arte de enfeitiçar ou matar mesmo alguém. Ainda aprende-se o código de identificação pessoal para descobrir quem é circuncidado “Otjilombola” e quem ainda não o fez “Otjilima”. Os palhaços de maior categoria que desfilam no termo da circuncisão ou nos festejos do mesmo nome são “Bumba, Kasinhôla, Katjilala, Ngulu Kutinã”. Todos esses palhaços subordinavam-se ao grande “Bwangungu”.
No dia da saída da “Evamba”, estes perfilam-se com um chicote de folhas de bananeira ou de pele de gado na mão e vão dando chicotadas aos “Tjindanda” que passam entre as pernas dos mesmos. Depois deste acto, começa a marcha de volta à sanzala e os “Kesongo” (cicerones) levam o grupo para as suas respectivas casas seguindo-se de um coro que enlouquece os palhaços. Neste caso, os pais preparam bebidas tradicionais como “Walende” aguardente, “Tjimbombo” cerveja tradicional, “Idromelo” e outras. Quando todos os “Tjindanda” forem distribuídos às suas casas no mesmo instante prepara-se a grande festa de encerramento que, como é de costume, sucede num campo onde todos os familiares juntam os alimentos (canjica), carne assada, pirão, gindungo, assim como bebidas acima referenciadas. Esta festa vai até às 4 da madrugada onde os palhaços ao aproximar-se desta hora se retiram um a um, sem dar nas vistas.
As mortes na “Evamba”
No “Otjilombo”, nos dias que antecedem o regresso à sanzala, antigamente, era sacrificada a vida do jovem que apresentasse um comportamento indecoroso aos mais velhos ou que se mostrasse durante as actividades de muito lento. Quando chegassem à aldeia os pais da vítima eram cobertos com uma esteira significando que o seu filho tinha morrido.
Os pais que ousassem reclamar pelo filho, teriam futuramente problemas graves. O “Otjilue” encarregava-se de praguejar a família. E, caso não pedissem desculpas a tempo acabariam também por morrer. Os casos de morte foram abolidos com a intervenção da Igreja Católica. Este processo levou muito tempo para ser banido, visto que, só nos anos 76 é que esta pratica desapareceu.
Velho Jaime revelou por exemplo a morte de Tjambala Kasinda que foi sa­cri­ficado por manifestar atitudes que irritaram os “Seculos” (autoridades tradicionais) no acto da “Evamba”. “Os outros Tjindanda foram orientados a colocar “Viemba” (medicamentos) na cadeira do jovem e quando ele sentou, contraiu o mal posto no assento. Durante muito tempo ele só urinava sangue até morrer”.
Por: Estanislau Costa
Fonte: www.huambodigital.com

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Navios com asas


Um dia os homens brancos chegaram em navios com asas, que brilhavam como facas ao sol. Travaram duras batalhas com o N’Gola e bombardearam-no. Conquistaram as suas salinas e o N’Gola fugiu para o interior, para o rio Lucala.
Alguns dos seu súbditos mais corajosos ficaram junto do mar e, quando os homens brancos vieram, trocaram ovos e galinhas por tecidos e contas.
Os homens brancos voltaram outra vez ainda. Trouxeram-nos milho e mandioca, facas e enxadas, amendoim e tabaco. Desde então até aos nossos dias, os brancos não nos trouxeram senão guerras e misérias.


(Da tradução oral dos Pende de Angola)




Pensar e Falar Angola

Serão de Menino


Serão de menino, de Viriato da Cruz





Na noite morna, escura de breu,
enquanto na vasta sanzala do céu,
de volta de estrelas, quais fogaréus,
os anjos escutam parábolas de santos…



na noite de breu
ao quente da voz
de suas avós,
meninos se encantam
de contos bantos…



“Era uma vez uma corça
dona de cabra sem macho…



…………………………………..



… Matreiro, o cágado lento
tuc… tuc… foi entrando
para o conselho animal…
(”- Tão tarde que ele chegou!”)
Abriu a boca e falou -
deu a sentença final:
“- Não tenham medo da força!
Se o leão o alheio retém
- luta ao Mal! Vitória ao Bem!
tire-se ao leão, dê-se à corça.”



Mas quando lá fora
o vento irado nas fresta chora
e ramos xuaxalha de altas mulembas
e portas bambas batem em massembas
os meninos se apertam de olhos abertos:
- Eué
- É casumbi…



E a gente grande -
bem perto dali
feijão descascando para o quitande-
a gente grande com gosto ri…



Com gosto ri, porque ela diz
que o casumbi males só faz
a quem não tem amor, aos mais
seres buscam, em negra noite,
essa outra voz de casumbi
essa outra voz - Felicidade…





(No reino de Caliban II - antologia panorâmica de poesia africana de expressão portuguesa)


Pensar e Falar Angola

terça-feira, 22 de abril de 2008

A PRIMEIRA GOVERNADORA EM ANGOLA

Da história escrita de Angola consta que nunca o território teve um governo liderado por uma mulher.
Enquanto colónia, Angola passou pelas seguintes etapas:

- Doação Portuguesa a Paulo Dias de Novais (1 de Fevereiro de 1575 - 1589)

- Colónia da Coroa na África Ocidental Portuguesa (1575 -1646)

- Soberania Holandesa na África Ocidental Holandesa (1641-1648)

- Soberania Portuguesa (1648-1885)

- Colónia Portuguesa da África Ocidental (1885-1914)

- Colónia de Angola (1914-1951)

- Província Ultramarina Portuguesa de Angola(1951-1975)

- República Popular de Angola (1975 - 1992?)

- República de Angola
Da lista de governadores, a partir de 1575 com Paulo Dias de Novais como donatário da coroa até 1975, contam-se mais de 145 governadores e 4 juntas, sem que uma mulher fosse elevada à categoria de governadora da colónia.
No primeiro período a colónia, doação a Paulo Dias de Novais (São Paulo de Assunção de Loanda). No período conhecido como Colónia da Coroa na África Ocidental Portuguesa em que esteve à frente do território Luis Serrão, sucedido por mais 19 governadores até que Luanda foi ocupada por Holandeses que nomearam dois governadores, enquanto uma junta nomeada pela coroa portuguesa lhes fazia oposição. Estávamos no ano de 1646. Foram Directores (governadores) holandeses Pieter Moorthamer e Cornelis Ouman.
Salvador Correia de Sá e Benevides, oriundo do Brasil retoma a soberania portuguesa em 1648, sendo sucedido por outros 69 governadores e 4 juntas. Foi ultimo governador deste período Francisco Joaquim Ferreira do Amaral com o título de Governador-Geral, inaugurando ainda o período em que o território passou a designar-se Colónia Portuguesa da África Ocidental em 1885.
Dezassete governador-gerais lhe sucederam no cargo até chegar José Maria Mendes Norton de Matos em 1914 que inaugura no mesmo ano uma nova era. O território passaria a chamar-se então Colónia de Angola. Estávamos em Agosto, início da Primeira Guerra Mundial. Outros 22 governadores sucederam a Norton de Matos que teve um segundo mandato de 1921 a 1924 com a designação de Alto Comissário Geral. Em 1951, com José Agapito de Silva Carvalho (Alto Comissário e Governador-Geral) inaugura-se a nova designação para o território - Província Ultramarina.
A província Ultramarina de Angola teve como primeiro Governador José Agapito de Silva Carvalho secundado por Manoel de Gusmão Mascarenhas Gaivão. Outros 14 homens sucederam-lhe na governação até 10 de Novembro de 1975.
Fechou o período colonial, Leonel Cardoso.
Da independência ao momento actual, Angola teve apenas 2 Presidentes (todos homens), nenhuma Primeira-Ministra e contam-se as pessoas do sexo feminino que ocuparam cargos ministeriais.
Nas suas provincias não me consta o nome duma mulher como Governadora Civil, durante toda a História Colonial e até aos dias de agora.
FRANCISCA DO ESPIRITO SANTO e a primeira mulher a exercer o cargo de Governadora.
O exercício do cargo de Governadora também começa por Luanda.
Como que a satisfazer as muitas preces, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos acabou por nomear e conferir posse à primeira mulher a frente de um Governo de Província. Coube a escolha a Francisca do Espírito Santo, nascida na província do Namibe.
Francisca do Espírito Santo exerceu, desde 2003, as funções de vice-governadora de Luanda para a esfera Social, depois de ter exercido os cargos de vice-ministra da Educação e Directora do Instituto Nacional de Bolsas de Estudos (INABE). Francisca do Espírito Santo foi empossada no cargo no dia 16 de Abril de 2008.
Os cargos de Primeiro-Ministro, Presidente de Tribunais, PGR e Presidente da República nunca foram ocupados por Senhoras.
Dados actualizados sobre a participação das mulheres angolanas nos órgãos de decisão apontam que existe apenas uma líder de partido político (Anália de Victória Pereira- PLD) nas cerca de cem formações políticas existentes no país.
Dos 220 deputados à Assembleia Nacional, apenas 31 são mulheres, enquanto que na mesa do actual Parlamento (entre o presidente, três vice-presidentes e dois secretários) encontra-se uma senhora.
Na magistratura judicial existem apenas duas mulheres entre quatro juízes do Tribunal Supremo.
Dos 77 juízes de direito existentes no país apenas oito são senhoras. No Ministério Público existem apenas 24 magistrados do sexo feminino, num universo de 187.
Nas missões diplomáticas, entre 76 embaixadores, apenas seis são senhoras, quando que nos consulados apenas três se destacam num universo de 20 cônsules. De 59 ministros conselheiros, 13 são mulheres e de 50 conselheiros sete são do sexo feminino.
No Governo central, entre 29 ministros, duas são mulheres e entre 50 vice-ministros, oito são senhoras. Nos 18 governos provinciais há apenas uma mulher (Francisca Esp. Santo) e quatro mulheres vice-governadoras, enquanto que dos 239 directores provinciais existentes apenas 49 são mulheres.




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segunda-feira, 21 de abril de 2008

Ordem dos arquitectos




OBJECTIVO

A Ordem dos Arquitectos de Angola ( O.A. ) é a instituição profissional dos licenciados em arquitectura e em urbanismo que, em conformidade com os preceitos do seu estatuto e demais disposição legais aplicáveis, usam o título profissional de arquitecto e de urbanista e praticam actos próprios desta profissão.




http://www.ordemdosarquitectosdeangola.com/








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16 para 10.000



Angola tem 16 enfermeiros para cada dez mil habitantes
Terminada a guerra há seis anos, o Estado angolano empenha-se seriamente na resolução de muitos problemas que afligem a população, ligados a vários sectores da vida social e económica do país.
O sector da Saúde, sendo uma dessas áreas, tem arregaçado as mangas para ver melhorados os serviços básicos de saúde destinados à população de todo o país. É assim que são visíveis, mesmo para os olhos daqueles que não enxergam convenientemente, o que o Governo tem estado a fazer um pouco por todo o país para a melhoria da assistência médica à população. E exemplos não faltam. Só em Luanda, estão a ser reabilitados hospitais de referência, no quadro de um programa que já desembolsou mais de 350 milhões de dólares, provenientes de linhas de crédito da China, de Portugal e do Reino de Espanha.
A entrevista que o ministro da Saúde, Anastáco Rubén Sicato, concedeu ao Dossier, é elucidativo relativamente ao esforço do Governo para que cada cidadão tenha até tratamento diferenciado e especializado. Daí que se pode depreender que o Governo não está só preocupado com o estado das infra-estruturas hospitalares espalhados pelo país, muitos dos quais em estado lastimável devido à acção da guerra.Também tem sido preocupação o reequipamento hospitalar e o contínuo refrescamento dos recursos humanos ao serviço da Saúde. Mas aí não estamos bem, como reconheceu o ministro Sicato, para quem o número de médicos ainda não é o desejável para o país. Só a título de exemplo, Angola tem 16 enfermeiros para cada dez mil habitantes. E o mais agravante é que a maior parte do pessoal se encontra nas grandes cidades. Mas os esforços do Governo estão no sentido de levar ao canto mais recôndito do país saúde para todos. E Rubén Sicato lança assim um aviso: “queremos uma reabilitação que seja funcional”.
Fonte: Jonal de Angola









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domingo, 20 de abril de 2008

(10) Ágora - Houve Fumo sem Fogo

Houve fumo sem fogo!
Hoje, vou fazer uma homenagem a uma verdadeira instituição desaparecida na penumbra difusa da globalização. Pode parecer paradoxal, e quiçá mesmo socialmente desenquadrado, mas estou a falar dos cigarros Hermínios.

Verdadeiro decano dos tabacos angolanos, o Hermínios, nasce em 31 de Outubro de 1886, precisamente no dia da inauguração do Caminho-de-ferro de Luanda e Ambaca, e era vendido numa caixinha azul preta e vermelha a $390 cada maço. Partilhava com maços com nomes interessantes como Natália, Orientais, Presidentes, Pérola, Sultana, Jacintos, Francês nº 1 entre outros.

A partir de 1928, começaram a surgir por imperativos da concorrência (Ricardo Pires instala a ETA), novas marcas, e só mesmo o Hermínios resiste, ainda que com nova “roupagem”, a mesma que se manteve até aos quase dias de hoje. Macedónia, Rey, Estrellas, Alerta, e o Swing vão aparecendo, já como tabaco claro, o que leva a uma quebra do consumo dos Hermínios a partir de 1935. É engraçado que a marca Caricocos, surge como homenagem à firma Diogo e Companhia, empresa que ficava ali ao pé da Biker, nome porque era conhecida pelas populações do mato, na sua tentacular distribuição comercial, pela então colónia de Angola, nomeadamente no Norte.

Fui um fumador inveterado, e os Hermínios foram os cigarros que mais saudades me deixaram, mas digo-o quase off-record.

Digo sem rebuço que estes cigarros marcaram a história do século XX angolano.

Quem me ousa ler com regularidade, deve estar a dizer que ensandeci de vez, pois coloco os Hermínios num pedestal que ninguém ousaria sequer lembrar-se, mas a realidade é que assistiram a toda a história do sec. XX de Angola Os Hermínios sobreviveram ao desastroso governo do “Rhodes” à portuguesa, Norton de Matos. Assistiu ao governo de Filomeno da Câmara e à implantação do tenebroso Acto Colonial, instrumento jurídico-administrativo que colocou os angolanos ao nível da escravatura. Manteve-se de chama acesa quando começou a contestação à ditadura Salazarenta e ao colonialismo do fim da 2ª Grande Guerra.

Foi com o seu aroma inigualável que se criaram tertúlias literárias, grupos de acção, movimentos de libertação, e foi também o primeiro cigarro que muitos ousámos fumar no desafio a penates, porque era provavelmente o mais parecido com aquela drogazinha inofensiva chamada marijuana. Sentíamo-nos de peito feito, quase mesmo a rebentar, pois era um cigarro que compartilhava personalidade.

O seu design era branco (pouco), azul-escuro (muito), vermelho (quanto baste) e manteve-se desde os anos 30 ao fim do século XX, com a mesma embalagem e com um leão de juba enorme, que parecia que todas as semanas ia a uma permanente num qualquer cabeleireiro do burgo.
Foi o verdadeiro símbolo da Angola independente, pois apesar de ser um cigarro com alguma utilização interclassista, era acima de tudo um tabaco afirmativo como rebeldia. Ninguém ousava ver um ex-colono ou candidato a futuro empresário, travestido de revolucionário fumar Hermínios; Fumava invariavelmente AC, Coimbra, Baia, Delta ou SL, e quando começou a epopeia do mercado voltou ao Marlboro, e se os negócios começassem a correr bem, faziam a única concessão conhecida aos cubanos, que era fumar Cohiba ou Monte Cristo.

Havia uns quantos que fumavam cachimbo, e o Ouro Preto foi-se mantendo, até a economia dar a maior importância ao ouro negro e as pessoas aconselhadas a fazer um check-up light q.b., passaram a deixar de fumar para poderem usufruir, e talvez fruir de muitos negócios, onde se pede que se atire muito fumo para certos olhos, e desejavelmente para certos olhares.

Desvou continuar a fazer a minha campanha pelos Hermínios e guardo religiosamente um maço, que tanto me custou não fumar, mas quando olho para ele, sem comendas e recomendas, e vejo o preço do tempo em que o Kwanza era um rio com poucas barragens e com margens mais libertas, apetece-me mesmo continuar a quase idolatrá-lo.



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sábado, 19 de abril de 2008

Faleceu Aimé Cesaire

O poeta, dramaturgo e politico Aime' Cesaire, faleceu anteontem, aos 94 anos de idade, em Fort-de-France, cidade capital do seu pais natal, a Martinica, da qual foi sucessivamente eleito governador durante mais de cinco decadas.


Cesaire foi, com Senghor, um dos pais do Movimento da Negritude. Pensar em qualquer deles significa, para mim, associa-los a Mario Pinto de Andrade, que com eles participou activamente naquele movimento, como editor da Revista Presence Africaine e, enquanto estudante da Sorbonne, organizador do primeiro Congresso de Escritores e Artistas Negros, que teve lugar naquela Universidade Parisiense, em 1956.


Tendo contado com o apoio de intelectuais de renome internacional, tais como André Gide, Jean-Paul Sartre, Albert Camus, Théodore Monod, Roger Bastide, Basil Davidson, Michel Leiris, George Padmore e Pablo Picasso (que desenhou o seu poster), 'aquele Congresso seminal participaram dezenas de escritores e artistas provenientes de Africa, Americas e Caraibas, entre os quais Richard Wright, René Depestre, Cheik Anta Diop, Abdoulaye Wade e Frantz Fanon.



E', pois, a memoria de Mario Pinto de Andrade que recorro para lembrar Cesaire, a sua poesia e o seu legado cultural:



"Ao abordarmos a epoca contemporanea, surge-nos o canto mais profundo que um poeta nascido na noite colonial jamais produziu: trata-se do Cahier d'un retour au pays natal de Aime' Cesaire. Na sua palavra poetica "bela como o oxigenio nascente", como escreveu Andre' Breton, reside a fonte moderna da poesia africana de combate. A partir dela, comeca a leitura verdadeiramente poetica da opressao e do universo de todos os oprimidos.

Africa
nao receies – o combate e' novo
a torrente viva do teu sangue elabora sem descanso
uma nova estacao; a noite e' hoje no fundo dos mares
o enorme e instavel dorso de um astro meio adormecido
prossegue o teu combate – ainda que tenhas para conjurar
[o espaco]
o espaco apenas do teu nome irritado pelas secas


Ao longo da accao de um dos primeiros movimentos politicos unitarios fundados em Africa depois da Segunda Guerra Mundial, em 1946, em Bamako (Mali) referimo-nos ao Rassemblement Democratique Africain – a poesia traz o testemunho vivo desse combate. Os poemas publicados no orgao do RDA, Le Reveil (O Despertar), elucidam as batalhas em curso e abrem horizontes ao futuro em criacao.

Esses poetas cantam uma realidade que em breve sera' ultrapassada pela propria evolucao do combate politico. Raros sao aqueles que reencontram a inspiracao, a conviccao ou o talento necessarios para exaltar o conteudo da independencia nacional conquistada pelos seus paises. Mas entre os poetas que se revelam depois da geracao do RDA, o nome de David Diop, tragicamente desaparecido em 1960, retem a nossa atencao. Embora a sua obra esteja limitada a um so' livro de poemas (Coups de Pilon), ela exerce ainda hoje uma profunda influencia a escala do continente.

Tomando posicao desde a primeira hora, pela reabilitacao cultural dos valores africanos, David Diop, inscreve a sua poesia no contexto do combate geral pela independencia africana. Assume-se como vitima entre as vitimas do massacre de Dimbokro na Costa do Marfim ou do campo de concentracao de Poulo Condor no Vietname. David Diop, que reune talento poetico e generosidade militante, e', para as geracoes das 'independencias africanas', o anunciador da 'primavera que tomara' corpo sobre os nossos passos de claridade'."

in "Antologia Tematica de Poesia Africana (2) – O Canto Armado"
(segunda edicao, 1980)
Instituto Caboverdeano do Livro
© Mario de Andrade/ Sa' da Costa Editora


Sábado Musical




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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Bany



Bany Sermio Moisés Massa nasceu no Norte de Luanda. Ele estudou na RDC e é licenciado em pintura e artes. Venceu o CICIBA , Kinshasa, em 1980.



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Ministro da Saúde em Portugal

http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=20912&catogory=Angola

Ministro da Saúde apela ao regresso médicos a trabalhar em Portugal
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17-Apr-2008 - 18:24



O ministro da Saúde de Angola, Anastácio Sicato, apelou hoje aos médicos angolanos residentes no estrangeiro a regressarem ao país, com a promessa da criação de melhores condições para estes profissionais.


O governante angolano tem marcada uma reunião para sexta-feira, no Porto, com um grupo de médicos angolanos, onde pretende deixar "mensagens encorajadoras" para regressarem ao país.

"Vou dizer que estamos abertos ao regresso dos médicos e empenhados em criar as melhores condições possíveis", disse Anastácio Sicato, acrescentando que esta será a segunda reunião, tendo a primeira acontecido há um mês.

Segundo o ministro, convencer os 400 médicos angolanos que trabalham em Portugal a regressarem a Angola "não é fácil".

"Patriotismo sozinho não chega, é preciso que haja condições objectivas para os médicos", disse Anastácio Sicato, acrescentando que "é uma política complexa", mas que "com pragmatismo é possível encontrar soluções".

Angola, com uma população estimada em cerca de 15 milhões de pessoas, dispõe de apenas 1.800 médicos.

O ministro angolano refere que se alia à falta de médicos o fraco número de especialistas nas diversas áreas da saúde.

"Estamos muito longe do que é ideal", disse Anastácio Sicato, salientando a necessidade de se melhorar a capacidade de diagnóstico e de terapêutica.

"É preciso ter especialistas em cada classe [dos problemas de saúde], não basta ter equipamentos. É preciso um grande investimento para se dar passos mais seguros", frisou o ministro.

Anastácio Sicato realça a importância de parcerias com outros países, nomeadamente Portugal, onde tem mantido contactos com a Alta Comissária para a Saúde, Maria do Céu Machado.

De acordo com este governante, o Estado angolano em 2007 teve um gasto de cerca de 20 milhões de dólares, com o envio de doentes para o exterior, sendo Portugal o principal receptor de doentes, maioritariamente de doenças oncológicas, seguidas das oftalmológicas.

"Mandarmos doentes em grande quantidades, como os de tumores malignos, é um peso para Portugal e queremos evitar isso", frisa Anastácio Sicato, apresentando como solução a aplicação de investimentos no país para minimizar a situação.

O ministro refere que o Governo, para além do combate das grandes endemias, da malária, da sida e da tuberculose, tem também como prioridade garantir medicamentos de forma gratuita à população, estando por isso a apostar na cooperação com produtores de medicamentos para garantir uma maior distribuição.

"É política do Estado disponibilizar medicamentos de forma gratuita, mas sobretudo em Luanda não acontece, por ser um mercado mais anárquico", admitiu o governante.

Anastácio Sicato está em Portugal para preparar um congresso de hematologia, que terá lugar em Luanda, entre 26 e 28 de Junho próximo, que contará com a participação de médicos de Portugal, Espanha, França, Brasil, Estados Unidos, África do Sul, entre outros.

"Este congresso tem como principal objectivo o lançamento da sociedade angolana de hematologia, para o qual os médicos angolanos no estrangeiro já mostraram interesse", disse o ministro.



Agora opinarei eu (JCCarranca):

É muito dificil enquanto os ordenados da função pública estiveram como estão, em comparação com os demias preços dos bens essenciais e da habitação e é muito dificil que haja duas tabelas de pagamento de ordenados;

É muito dificil enquanto os lobbies existentes conseguirem fazer as pressões nos que vão tentando regressar;

É muito dificil enquanto Angola se concentrar em Luanda

- com o ordenado pago pelo Estado talvez se pague um pequeno quarto nos arredores de Luanda

- o povo da provincia não tem dinheiro para ir às clinicas privadas que são a única forma de sobrevivência condigna

Calçada Portuguesa em Angola





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