terça-feira, 29 de abril de 2008

A BANDA

Recordando de memória um texto que faz tempo me chegou às mãos e se perdeu neste vasto império anárquico que é disco duro do meu PC.

A Banda!
Mas onde fica a Banda? Conheço gente que esteve em Angola, calcorreou as 18 províncias, mas voltou decepcionada porque não chegou a conhecer a tão falada “Banda”.

"Vocês falam tanto da Banda. Lá na Banda... mas em que parte de Angola fica ela então?" Interroga-se um deles.
Talvez, nem nós, saibamos explicar a definição ou localização da banda, porque, para nós a banda não se define nem se vê, ela sente-se quando o Boing 747 da Taag abre a sua porta e entra aquela quentura empoeirada que nos toca a pele.

Mais: a Banda sente-se ali naquele tapete rolante do Aeroporto 4 de Fevereiro, quando vamos pegar as malas e encontramos a mistura de passageiros e bagagens entre Lisboa/Luanda e Kinshasa/Luanda, quase sempre coincidentes; sente-se naquela comprida avenida que sai do aeroporto ate ao Largo da Maianga, onde nos cruzamos com um Hiace azul e branco e um Hammer H2 amarelo ao mesmo tempo; sente-se nos vendedores informais que te batem no vidro com a dica “cota temos todas as novidades, é só escolher” ou “tio olha o cheirinho pro boter, esse é mesmo do puro”, engarrafado no saco de plástico aquecido no escaldante sol; no engarrafamento provocado pela nova onda da construção das pontes ou túneis, como alguns dizem.
Quando chegamos em casa sentimos a Banda assim que ligamos a TV e nos deparamos com a emissão da Globo, dos vinte canais despostivos, dos tantos outros ao invés da TPA que estávamos a espera; daquele cheiro do bagre fumado ou do funge quentinho que vem la da cozinha da casa ao lado; do som que vem da rádio do vizinho com as novidades musicais que estão a bater em determinada altura nalguma parte do globo; da 1ª conversa com os cambas em que nos contam as novidades tintim por tintim num repetir que não se passou nada; os novos calões que estão a bater, a nova forma de dançar kuduro ou tarraxinha, a praia e disco que tão na moda e muitas outras dicas, insignificantes para alguns mas importantes para todos nós que queremos ver ou nos sentirmos na Banda.
Muitos, podem entender Banda como uma dica que os angolanos inventaram para dizerem que foram ou vão para Angola, mas se assim pensam é porque não apanharam a dica. Pra Angola, qualquer madiê pode bazar, um tuga, brazuca, santolas ou chinoca que agora vão pra lá aos montes; mas pra Banda, hum hum, só mesmo nós sabemos o caminho para aquele “paraíso” empoeirado.
Por vezes, penso que sou “bandense”, porque angolanos de BI. e passaporte, existem muitos, basta querer sê-lo e já esta; agora bandense, não é para quem quer nem para quem pode, é só para quem é.

Ali, onde se sente a dificuldade em que alguns vivem, mas que todos se riem independentemente do nível de vida que têm.
Ali sim está a Banda!









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