quinta-feira, 19 de abril de 2012

(Opinião) REFLEXÃO SOBRE AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES


REFLEXÃO SOBRE AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES

Há em Angola um partido que não quer eleições: a UNITA.

Passo a explicar porquê.

Nas últimas eleições a UNITA já foi muito «castigada» pelos eleitores, que lhe viraram costas, abraçando a causa do MPLA.

Quatro anos passados, não consta que a UNITA tenha ganho eleitorado, antes pelo contrário, o seu estado «clínico-eleitotal» pode mesmo considerar-se «depressivo».

Então a UNITA sabe que o seu resultado vai ser ainda mais fraco do que nas últimas eleições.

A agravar esta derrota política, a UNITA teve uma importante dissidência recentemente, no pior momento, a curto-médio prazo das eleições: foi amputada de uma parte do «cérebro» (dirigentes), braço e pernas (militantes de base) – a debutante CASA.

A CASA é sobretudo uma dissidência da UNITA, portanto à partida são logo adversários «a priori», quer queiram quer não, Abel Chivukuvuku nem precisa de abrir a boca, por ter abandonado a UNITA e arrastado consigo um número incalculável de militantes, é à partida um adversário da UNITA.

Ora, Abel Civukuvuku, se concorrer às eleições, não vai tirar eleitores ao MPLA. 

O MPLA tem um eleitorado fixo com tendência para subir, porque, além do mais e apesar de todos os criticismos teórico-despeitados, o seu Governo realizou e está a realizar obra.

Quanto mais obra fizer o Governo, mais críticas haverá, exigindo impossibilidades irrealizáveis em meia dúzia de anos de paz num território de 1.246.700 km2 e que conta com uma parte do território encravado em dois países, um dos quais é fautor de desequilíbrio.

Apesar de todas as dificuldades, há obra feita e a ser feita e planificada.

Não vejo Abel Chivuku tirar eleitores ao MPLA.

Mas vejo-o a tirar eleitores à UNITA.

Primeiro na sua terra natal.

Depois em algumas bolsas de influência de alguns dirigentes que saíram da UNITA.

Se Abel saiu da UNITA em ruptura, tem de fazer uma campanha também contra a UNITA, se quiser ser coerente (?).

Nunca, por nunca, poderá fazer aliança com a UNITA, nem antes, nem depois das eleições.

Porque se fosse para isso, ele não tinha saído da UNITA.

Estou errado?

Então Chivuku, se conseguir fazer passar alguma mensagem (?) atingirá talvez uma franja pequena da população
.
Porque a maioria absoluta do eleitorado ou nunca ouviu falar de Chivuku nem do que ele já fez ou não entende o que ele quer (o que mais ficou realçado nas duas declarações foi, quanto a mim: «vou ganhar as eleições!»)

Eu respondo: não vai.

O que vai acontecer?

O MPLA pelo menos vai manter os seus votos (com tendência para crescer), não vai perder eleitores.

A UNITA vai perder votos para o MPLA e uma pequena percentagem para Chivuku (conseguirá 1%?)?

Então, neste momento, eu concluiria:

1 – O MPLA está pronto e confiante para as eleições.

2 – A CASA gostaria de adiar as eleições por um ano para tentar implantar-se um pouco mais (2%?).

3 – A UNITA gostaria que não houvesse mais eleições em Angola. Pois nas outras que aí vêm (não as deste ano) ela nem vai conseguir passar os 5%, a tendência será a sua desagregação.

E se por acaso Chivuku for eleito deputado, poderá fazer alianças parlamentares com a bancada da UNITA? Quem rompe e sai pode voltar nessa posição de ruptura a aliar-se aos antigos companheiros? Não poderá «perder a face» e não ser levado a sério?

Há pouco mais de vinte anos, comentando os crimes atribuídos a Jonas Savimbi – morte de crianças na fogueira, ainda vivas, na Jamba, acusadas de serem feiticeiras – o então tenente-coronel das FALA/UNITA Abel Chivukuuku disse: «África é mesmo assim».

Será mesmo assim, Abel Chivukuvuku?



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