Livros e sobretudo colectâneas inteiras de jornais e do Boletim Oficial do antigo governo geral de Angola estão desaparecidos dos escaparates da instituição há já muitos anos. Volumes do Diário da República também estão na mesma situação. Os títulos de periódicos mais em falta são A Província de Angola, O Diário de Luanda, O Comércio e o ABC, principalmente de 1975, ano em que Angola se tornou politicamente independente de Portugal. Embora não tão gritantes como as de 1975, as falhas registam-se também no período entre 1972 e 1974, além do ano de 1961.
O desaparecimento de parte do acervo da BML deve-se ao facto de titulares de cargos públicos e funcionários da própria BML terem requisitado os volumes e nunca mais os terem devolvido. Muitos dos que levaram os tomos sumidos da biblioteca já não sabem onde os mesmos se encontram uma vez que os emprestaram a terceiros, alguns dos quais já faleceram, sendo os volumes muitas vezes jogados no lixo.
Estranhamente, a direcção da BML possui a lista de todas as pessoas detentoras das preciosidades dali subtraídas mas nada pode fazer por temor de represálias, visto tratar-se de governantes, deputados ou pessoas bem colocadas na hierarquia do GPL. Maka Angola tentou apurar a lista dos faltosos mas não foi bem sucedido, sabendo apenas que uma das figuras que está na posse indevida de vários volumes é Lopo do Nascimento, deputado do MPLA.
Um funcionário da BML, que preferiu não ser identificado, deplora a atitude dos dirigentes: “Eles [governantes] têm dinheiro bastante para conseguirem cópias de colecções inteiras dos jornais publicados em Angola até 1975. Não sei porquê privarem milhões de angolanos de informação histórica tão valiosa. Com o seu passamento físico, os seus descendentes, mais preocupados em acumular fortuna, podem simplesmente desfazer-se de volumes valiosíssimos”.
Fundada pelo vereador da antiga Câmara Municipal de Luanda, Alfredo Trony, aos 3 de Dezembro de 1873, a BML é das mais antigas bibliotecas de África.
Pensar e Falar Angola
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