Camaradas, quando Nito Alves entrou pela primeira vez no departamento de Informação, na Vila Alice, eu estava ao lado dele. Um jovem e abnegado camarada das FAPLA que fazia a guarda das instalações estava cansado de tanto trabalhar (não havia turnos...às vezes nem comida) e sentou-se numa cadeira. Então Nito Alves virou-se para ele berrou, no seu estilo: «se volto a apanhar o camarada sentado mando-o fuzilar!». Aí começou a minha ruptura. A segunda coisa que Nito Alves fez foi sentar o King (seu camarada da Primeira Região) numa secretária em posição de controlar todos os trabalhadores do DIP. King não fazia nada, isto é, visivel, ficava todo o dia a olhar para nós, a controlar e a ouvir tudo. Nós não estávamos habituados, no MPLA havia liberdade. Eu no jornal Vitória Certa ás vezes chegava a cortar partes dos discursos do camarada Agostinho Neto por causa do espaço e tinha liberdade para o fazer, sem problema nenhum. Então Nito começou a querer policiar, os seus tentáculos estavam a espalhar-se á nossa volta. Até que ele me apresenta um texto para eu publicar, um texto que não se percebia, um texto de palavras «caras»., onde a única coisa que eu percebia eram ataques contra mim. Eu respondi: «Não publico». Imaginem o braço-de-ferro. Chegou a hora!! Tem de publicar-Não publico. E no fim argumentei: «O povo não percebe essa linguagem». Ele ameaçou-me e eu arrumei as minhas coisas. Na semana seguinte leio o jornal que ainda tinha sido feito por mim mas com o tal texto dele a abrir. Como eu dirigia a revista Angola fiz uma crítica ao texto dele nas suas páginas, escrevendo que o VC tinha feito um mau serviço ao povo angolano publicando aquele texto imperceptível e divisionista. Meus caros, Nito Alves não gostou mesmo nada, a crítica era dura. Então mandou-me dizer:«'o camarada Rui Ramos pode esconder-se nas caves, onde quiser, eu vou apanhá-lo».
Pensar e Falar Angola
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