segunda-feira, 19 de maio de 2008

O Polícia Sinaleiro

texto e fotos




Como abraçou essa carreira?

Em 2004. Depois de ter ficado algum tempo sem estudar. Resolvi entrar para a Polícia de trânsito, onde fui aprovado nos testes psicotécnicos. Antes disso, fui professor de Biologia e dava algumas aulas particulares de Química. Sucede que, entre os meus alunos, alguns eram polícias e desafiaram-me a fazer os testes e cá estou até hoje. Quando, em 2002, terminei o ensino médio, não pensava que um dia seria polícia. Estava a espera de uma bolsa para estudar Medicina, em Cuba, mas acabei por não ser beneficiado. Na realidade o meu sonho é ser médico e ainda continuo a sonhar com isso e, assim que as condições forem boas entrarei numa universidade privada e estudarei Medicina.

Foi difícil adaptar-se?

Sim. Tive dificuldades com os testes físicos porque não estava preparado para aqueles exercícios, uma vez que antes a minha vida era apenas estudar.

Mas valeu o sacrifício?

Penso que sim. Tenho a especialidade de Legislação Rodoviária e um estatuto mais elevado que é ser um sinaleiro de trânsito. O meu trabalho, basicamente, é pôr ordem no trânsito de uma forma que chame a atenção dos utentes da via, quer os peões quer os automobilistas, no sentido de mudarem os seus hábitos.

Onde vai buscar inspiração para trabalhar com todo este prazer?

As nossas vias estão quase sempre congestionadas e sinto que os condutores, vêem de casa já estressados. De uma forma profissional, e gosto pela profissão procuro ajudar a desanuviar o stress dos condutores, com um trânsito fluído. Ninguém nasce com o conhecimento e essa minha forma de trabalhar, é uma imitação de outro grande profissional da área, o Sr. Horácio, um antigo sinaleiro que exercia o seu trabalho de uma forma fabulosa. Antes de ser polícia fui fã deste senhor. Seguramente muita gente lembra-se dele. A conquista do título de Melhor Sinaleiro, é fruto deste empenho... (risos) No ano de 2007, tive o privilégio de ser eleito o melhor sinaleiro de trânsito, mas queria dizer que não sou o único que merece esta distinção, tenho colegas muito bons na sinalização. Mas o meu maior prémio é feito dos elogios que recebo das pessoas, em particular automobilistas. Existem pessoas que ficam tristes por mim porque não possuo nenhum grau e isso é uma das coisas que, as vezes, cria desânimo, mas decidi seguir esta carreira e tenho que aguentar as contingências.

Então o seu próximo objectivo é ser patenteado?

Sim, mas não baixo a cabeça. E, apesar das dificuldades, continuo a lutar porque sei que tudo tem o seu tempo.

Aceita a “gasosa”?

Não permito isso, porque sou um polícia que actua consoante a infracção e tenho carácter. Eu recuso-me veementemente aceitar este tipo de práticas. Gosto de dinheiro, mas não aquele que venha da corrupção.

E já poupou alguma autoridade?

O Código de Estrada é uma lei e, como tal, a lei é para todos, ninguém está isento dela e devemos respeitá-la, apesar dos cargos, somos todos cidadãos.

Partilha da opinião de que os taxistas são quem mais cometem infracções?

Penso que nas nossas vias não são apenas os taxistas que cometem, de uma forma geral todos cometemos e estamos sujeitos a cometê-las, até mesmo os peões têm comportamentos reprováveis.

Que infracções mais verifica no trânsito?

As infracções mais cometidas são as mudanças de direcção irregular e as paragens em estacionamentos proibidos causando obstrução na via.

Um homem que faz isto tem de estar de bem com a vida e consigo mesmo.

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