Ainda sobre os livros que recentemente invadem as linhas da frente das livrarias e supermercados portugueses, versando a Angola de 75….
As editoras descobriram um filão que vende.
Vende, vende bem! Descobriram depois de 30 anos que esse tema tem em Portugal um nicho de mercado adormecido. Se forem na linha light, por incrível que pareça ainda vende melhor!
As gerações de retornados e refugiados estão perfeitamente integradas na sociedade portuguesa, mas estão carentes de Angola. A fase de “luto” cumpriu-se e alguns véus negros de silêncio e sofrimento (porque não assumir?) pretendem levantar-se, o que à luz das terapias da psiquiatria, penso serem saudáveis. Nem sempre são véus que traduzem a realidade histórica dos anos turbulentos da independência de Angola, mas véus reais e sofridos que habitam em cada um, numa letargia vestida de luto há 30 anos.
Tudo começou pela publicação de uns vídeos de qualidade duvidosa há quase dez anos atrás, seguiram-se uns livros de fotografia, não passando por vezes de recolhas em formato postal, e que vieram mexer com os nossos afectos, abrindo canais de saudade e avivando a nostalgia, que todos carregamos connosco, preparando terreno para a publicação de romances que se desenvolvem em cenários que pretendem ser históricos.
Isto de viver a História, no dia de hoje, e ainda por cima interliga-la com as nossas vidas e com os nossos interesses, é complicado, pois afecta a nossa lucidez e o rigor histórico que devem estar sempre presentes.
Quantos de nós terão imensas estórias para contar e partilhar? Acho que teremos todos. Estórias que fazem parte do nosso património familiar, fazem parte do nosso arquivo juvenil, que mal ou bem coordenadas com os factos históricos, imaginadas, deturpadas ou não, existem e por vezes tornam-se referências nas nossas vidas. Estórias que retratam duas gerações em vias de extinção, que marcaram pessoas, as suas vivências, mas todas muito pessoais, muito personalizadas, estórias que sobrevivem carinhosamente em redomas de vidro, filtradas pelas convicções pessoais, pela capacidade que cada um tem ou não, em interiorizar a relação acontecimento / experiência, a nossa e a dos outros/ rigor /conhecimento /verdade – estórias que se escrevem com e e sem h. Estórias dum processo historicamente imparável feito de muitas vítimas e sofrimentos, pintados de diversos matizes, com interpretações que só as gerações futuras as poderão dar de forma adequada.
Há dias eu perguntava a alguém: Quanto tempo demora a fazer-se a HISTÓRIA?
A guerra dos 100 anos durou um pouco mais 116, todas as grandes mudanças histórias levaram décadas, séculos e nem sempre com muito rigor, vejamos: “O final da idade do bronze deu-se entre 1300 a 700 anos A.C…. um erro de paralaxe de apenas 600 anos. Pouca coisa. Por outro lado a história não é uma coisa distante de nós, ela faz-se todos os dias e connosco. Como compatibilizar rigor, objectividade, interesses, imparcialidade, método cientifico de investigação, afectividade, perspectivas pessoais e tempo?
Para quem se escreve a história?
O público alvo é um parâmetro igualmente importante.
A história não nasce do nada. A história constrói-se por alguém e destina-se a um receptor.
O receptor destes romances interessa-lhes uma perspectiva histórica que poderá não ser coincidente com outras perspectivas de outros públicos e de outros lugares. Onde fica a verdade?
Quando estudei história, apercebi-me que os capítulos das causas e das consequências, emolduravam sempre o acontecimento histórico, o que lhes dava suporte, justificação, e por consequência verdade. Supunha eu!
Descobri posteriormente que a verdade não existe. Quando muito existirão, verdades e são sempre efémeras.
As editoras descobriram um filão que vende.
Vende, vende bem! Descobriram depois de 30 anos que esse tema tem em Portugal um nicho de mercado adormecido. Se forem na linha light, por incrível que pareça ainda vende melhor!
As gerações de retornados e refugiados estão perfeitamente integradas na sociedade portuguesa, mas estão carentes de Angola. A fase de “luto” cumpriu-se e alguns véus negros de silêncio e sofrimento (porque não assumir?) pretendem levantar-se, o que à luz das terapias da psiquiatria, penso serem saudáveis. Nem sempre são véus que traduzem a realidade histórica dos anos turbulentos da independência de Angola, mas véus reais e sofridos que habitam em cada um, numa letargia vestida de luto há 30 anos.
Tudo começou pela publicação de uns vídeos de qualidade duvidosa há quase dez anos atrás, seguiram-se uns livros de fotografia, não passando por vezes de recolhas em formato postal, e que vieram mexer com os nossos afectos, abrindo canais de saudade e avivando a nostalgia, que todos carregamos connosco, preparando terreno para a publicação de romances que se desenvolvem em cenários que pretendem ser históricos.
Isto de viver a História, no dia de hoje, e ainda por cima interliga-la com as nossas vidas e com os nossos interesses, é complicado, pois afecta a nossa lucidez e o rigor histórico que devem estar sempre presentes.
Quantos de nós terão imensas estórias para contar e partilhar? Acho que teremos todos. Estórias que fazem parte do nosso património familiar, fazem parte do nosso arquivo juvenil, que mal ou bem coordenadas com os factos históricos, imaginadas, deturpadas ou não, existem e por vezes tornam-se referências nas nossas vidas. Estórias que retratam duas gerações em vias de extinção, que marcaram pessoas, as suas vivências, mas todas muito pessoais, muito personalizadas, estórias que sobrevivem carinhosamente em redomas de vidro, filtradas pelas convicções pessoais, pela capacidade que cada um tem ou não, em interiorizar a relação acontecimento / experiência, a nossa e a dos outros/ rigor /conhecimento /verdade – estórias que se escrevem com e e sem h. Estórias dum processo historicamente imparável feito de muitas vítimas e sofrimentos, pintados de diversos matizes, com interpretações que só as gerações futuras as poderão dar de forma adequada.
Há dias eu perguntava a alguém: Quanto tempo demora a fazer-se a HISTÓRIA?
A guerra dos 100 anos durou um pouco mais 116, todas as grandes mudanças histórias levaram décadas, séculos e nem sempre com muito rigor, vejamos: “O final da idade do bronze deu-se entre 1300 a 700 anos A.C…. um erro de paralaxe de apenas 600 anos. Pouca coisa. Por outro lado a história não é uma coisa distante de nós, ela faz-se todos os dias e connosco. Como compatibilizar rigor, objectividade, interesses, imparcialidade, método cientifico de investigação, afectividade, perspectivas pessoais e tempo?
Para quem se escreve a história?
O público alvo é um parâmetro igualmente importante.
A história não nasce do nada. A história constrói-se por alguém e destina-se a um receptor.
O receptor destes romances interessa-lhes uma perspectiva histórica que poderá não ser coincidente com outras perspectivas de outros públicos e de outros lugares. Onde fica a verdade?
Quando estudei história, apercebi-me que os capítulos das causas e das consequências, emolduravam sempre o acontecimento histórico, o que lhes dava suporte, justificação, e por consequência verdade. Supunha eu!
Descobri posteriormente que a verdade não existe. Quando muito existirão, verdades e são sempre efémeras.
Entretanto lêem-se os romances.
O romance é isso mesmo, uma construção de uma ficção, uma invenção literária, que distorce a realidade ou não, que a sublima e acentua ou a ameniza.
O romance só tem que ser verdadeiro e coerente consigo mesmo, com a estrutura e ordem criada para aquele universo literário.
Pensar e Falar Angola
Sem comentários:
Enviar um comentário