Caros amigos, boa noite! Gostaria de vos anunciar que estou a lançar o meu primeiro romance histórico dia 20 de Outubro aqui no Brasil e em Dezembro lançarei em Luanda e Huambo. Att
João Rodrigues Portelinha da Silvaé oficial superior das FAA, na reserva, nasceu na Caála, Huambo, Angola. É formado em Direito pela Universidade Antônio Agostinho Neto em Angola (primeira turma formada pós-independência), Ciências Políticas pelo Instituto Wilhelm Pieck, Berlim, Alemanha. Mestrado em Filosofia do Direito pela Academia de Ciências Sociais, Sófia, Bulgária. Doutorado em Sociologia do Estado e Sociedade pela UnB - Universidade Nacional de Brasília, Brasil. Pós-Doutorando em Direito pela Universidade de Coimbra. Tem colaborado com diversos jornais como colunista e ensaísta: Jornal do Tocantins, colunista do Correio do Tocantins: “Vozes Populares”, Jornal de Angola e tem uma coluna “Palmensis Mirabilis” no Jornal O Estado, Palmas, Tocantins. Têm vários livros e ensaios publicados de Literatura, Direito, Ciência Política, História e Sociologia Jurídica. Tem atuado, também, como analista político em programas na TV e jornais locais e nacionais. O autor e sua obra são citados em vários dicionários bibliográficos do Tocantins e do Brasil, como por exemplo, o Dicionário Biobibliográfico do Tocantins de Mário Ribeiro Martins. Suas obras já foram objetos de teses, monografias e apresentados em Congressos Científicos de Universidades, como por exemplo, o trabalho apresentado pela Professora pós-doutora Ilda Magalhães no I Congresso Cientifico da UFT – Tocantins, autor livros: “Crônicas de risos e lágrimas – Sentir a Terra nas Vozes Populares” e “História de uma Família Angolana” (autobiográfico), Simpa Vita, a Heroína Esquecida. “O Dia que um Ngola descobriu Portugal”, é o seu primeiro romance e no prelo, tem outro romance intitulado Diálogos após a Morte, que versará sobre três líderes angolanos que depois de falecidos, do além, farão um “balanço” minucioso de suas atuações em vida e sobre atual situação em Angola. Embora angolano, o autor é Presidente da Academia Palmense de Letras, no Brasil, do qual o escritor Boaventura Cardoso é membro honorifico.
Sinopse do Romance de João Portelinha
João Rodrigues Portelinha da Silva é romancista, contista, ensaísta, cronista e nas horas vagas, como ele próprio diz, poeta...Tomou como tema de seu romance exclusivamente consagrado ao emocionante relato da escravidão em Angola e no Brasil... Desde o começo de sua obra, teve a ambição de reproduzir com realismo o que foi o infame comércio de escravos, de maneira mais verídica e mais completa e nos mínimos detalhes, sem buscar evitar o que pudesse haver de banal ou mesmo de desagradável em tudo quanto lhe impressionara sobre a escravidão do seu continente e das duas terras que ama de paixão: Angola, a mãe preta, e o Brasil, seu filho mestiço... A obra é feita de observação puramente naturalista, com uma ampla parte psicológica das ações, bem como sentimentos dos personagens que retratou. Só pelas qualidades do estilista satisfez às leis da estética. Seu estilo é artisticamente formado, transparente e simples, fácil e claro, conduto pessoal, onde mistura realidade com ficção e, plasticamente expressiva. Mesmo nos seus livros anteriores de contos particularmente deixa entrever a sua mestria – que, aliás, de resto, angolanos e brasileiros lhe reconhecem -. Mas é nas descrições da natureza, da dor e dos sentimentos que tais qualidades se mostram mais sedutoras. Nos destinos humanos que pode descrever, sobra pouco lugar para alegria. Os quadros são mais frequentemente de cores muito sombrias, mas a força invocadora dos seus heróis jamais se enfraquece. Este romance constitui, sem dúvida, um tour de force como pintura audaciosa e amarga da vida que nos faz lembrar Brecht com suas pinturas sobre a escravidão no Brasil. Intitulou o seu primeiro romance O DIA QUE UM NGOLA DESCOBRIU PORTUGAL, pensando na epopeia do reino do Ndongo e de outros povos que constituem hoje Angola e a maior parte do Brasil. O personagem principal que Portelinha escolheu para o romance, foi à formosa e lendária rainha Njinga Mbandi e o Nganga Nzumba (Zumbi dos Palmares) que na ficção são mãe e filho, mas que na realidade, embora não sejam, viveram na mesma época, e têm a mesma origem, a dos Jagas. Nzambi transportado para o Brasil como escravo é um joguete dos que o cercam, desdenhado e maltratado, como todos os outros escravos, não obstante ser “filho” de uma lendária rainha angolana. Pode-se perguntar se fora do Brasil, noutra condição social, ele teria se tornado, verdadeiramente um grande herói na luta contra a escravidão como na realidade foi e, como de resto, é bem ilustrado e romanceado pelo autor. Na realidade são poucos momentos de ficção nesta obra... Poderíamos dizer que é a realidade romanceada pelo autor. As datas, os acontecimentos, os autores, os personagens, com exceção de Tchinjila, amigo e escravo de Nzambi são reais. No decorrer deste triste episódio, que foi a escravatura, o autor se compraz em descobrir a beleza da natureza humana; liberto de toda doutrina psicanalítica, permaneceu simplesmente poeta, e soube criar a poesia pura com um traço de grandeza.
As amplas perspectivas sobre o verde doce e fresco circundado de rios azuis que brilham em todo esplendor. Há magia e a beleza retratada das florestas africanas e brasileiras com toda sua pujança circunstanciada com toda sua fauna em movimento; o barulho dos gravetos secos caindo das árvores e dos macaquinhos que pulam de haste em haste fazendo algum barulho é de extrema beleza. Encontra-se aí um sentido da vida que não nasce de um gosto puramente literário, um esforço rumo à influência livre, plena e inteira da beleza... Tudo vibra no infinito e na calma do espaço.
A análise dos personagens alcança uma profundidade notável em sua rapidez e leveza, essas figuras humanas se harmonizam com a fuga das nuvens, com o cair das chuvas, com o aparecimento do arco-íris e o seu jogo de luz, do crepúsculo à aurora de um dia novo. Graças à arte tão sutil do escritor, as palavras ganham certa ressonância e a sua música assemelha-se à de um violino de raios de luz e de cores. No entanto, se quisermos considerar esta obra tão somente no plano artístico ou literário, mesmo assim, não deixaria de ser uma obra original e importante para pesquisa mais do que qualquer daquelas obras consideradas “romances históricos” que o precedeu sobre a temática escravidão em Angola e na América Latina.
É verdade que o “romance histórico” na América Latina e em Angola não começou propriamente com João Portelinha. Nem tampouco a temática sobre a escravidão. Aqui, na América Latina, por exemplo, começa com a publicação de O reino deste mundo(1949), do cubano Alejo Carpentier, que assim, como consequência, provocou um ciclo de intensa publicação, tanto de romances históricos tradicionais, nas décadas de 1960 e 70, como também em outros países, não sendo exceção Angola, pátria do autor, cuja publicação de Njinga Mbandi (1979) de Manuel Pacavira, confirma uma produção com muitas características do romance histórico. No entanto, os textos de O reino deste Mundo, de Carpintier, referem-se às populações africanas, sobretudo da Guiné, que foram para América como escravos, mas as populações de Angola sequestradas para este continente não são propriamente os heróis do caribe, onde se encontravam predominantemente as populações da Guiné. As populações de Angola construíram outras histórias de resistência na América Latina como a do Quilombo dos Palmares, no Brasil, liderados por Nganga Nzumba que, aqui, de uma forma inédita e magistral é abordada em estilo de romance por João Portelinha.
A publicação deste gênero de literatura cujas características formais e discursivas diferem em alguns pontos do romance histórico teorizado por Georg Lukács em seu Le roman historique (1965) propõe uma continuação do (sub) gênero que se desenvolve em diferentes partes do mundo e que é denominada como “novo romance histórico” de características estéticas e formais inovadoras, a ironia, a paródia e as categorias da carnavalização (Bakhlin, 1981, p. 104-7), que surgem, aqui, neste livro, com algumas das estruturas desse novo subgênero do romance. Desta maneira, é possível observar o trânsito de patterns literários no interior de um projeto cultural que inclui escritores em Portugal e Angola, considerando as produções de novos romances históricos: a Gloriosa Família: o Tempo dos Flamengos, de Pepetela, o Memorial do Convento, de José Saramago e, agora, O Dia que um Ngola Descobriu Portugal, do escritor e professor João Portelinha d´Angola, que pela sua singularidade, pode também ser comparada a Negras Raízes do premiado escritor afro-americano Alex Haley!
Drª. Helga Féti
Cantora, atriz, apresentadora e crítica de Literatura angolana
OBS: o livro será lançado na sede da Academia Palmense de Letras no Estado de Tocantins -Brasil e em Dezembro deste ano em Luanda e Huambo.
Pensar e Falar Angola
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