sábado, 23 de outubro de 2010

De mal a pior na saúde, por vontade própria

A directora do Hospital Américo Boavida, Constantina Machado Furtado, disse na quarta-feira, em Luanda, que a sua direcção tudo está a fazer para melhorar a situação financeira e social dos trabalhadores da unidade hospitalar pública.
Constantina Furtado frisou que os acontecimentos das últimas semanas que levaram à paralisação dos serviços médicos prestados pelo hospital aconteceram devido a uma decisão tomada pela direcção do hospital para o controlo da assiduidade e pontualidade dos funcionários e que foi considerada arbitrária pelo colectivo de trabalhadores. 
A decisão da direcção de colocar um dispositivo electrónico para o controlo da entrada e saída dos funcionários, muitos dos quais viram os seus salários descontados por terem faltado, resultou no surgimento de uma manifestação de protesto que foi contida depois de negociações mediadas pelo Ministério da Saúde.
 “Tínhamos dentro do hospital médicos que não davam consultas externas, não prestavam serviço na Urgência e nem tinham desempenho. Como era preciso mudar o rumo da situação, alguns sentiram-se ultrapassados e pediram transferência porque não estavam em condições de dar resposta ao trabalho que a actual direcção tem em carteira”, aclarou a directora do hospital, durante uma visita que o primeiro secretário provincial de Luanda do MPLA, Bento Bento, fez ao Hospital Américo Boavida.
A gestora reconheceu ainda que a unidade hospitalar tem problemas sérios, mas a direcção que dirige tem trabalhado para contornar a situação. “É tudo uma questão de gestão, porque a avaliação que se faz à pontualidade é necessária para sabermos quantos somos e o quão regular são os trabalhadores”, salientou a directora. Após a avaliação da assiduidade e pontualidade, conta, a direcção do hospital detectou muitas irregularidades.
 “Depois de um período de seis meses, descobrimos que havia trabalhadores há muito tempo fora do hospital, assim como alguns já falecidos que ainda recebiam salários”. A directora do Hospital Américo Boavida assegurou que “aquilo que aconteceu não foi uma greve, visto que, para a sua realização, era necessário um caderno reivindicativo. Houve, sim, uma situação de revolta, já que alguns trabalhadores das urgências abandonaram o local de serviço e saíram à rua para se manifestarem.
 O incidente é um registo, agora é preciso sensibilizá-los de que estamos numa unidade hospitalar, que tem como missão fundamental a assistência médica de qualidade”, disse.O actual plano estratégico da direcção, segundo Constantina Machado Furtado, é avaliar a produtividade de cada funcionário, porque há trabalhadores que têm colocado a mão no dispositivo de registo de entradas e depois desaparecem.
 “Por esse facto, a direcção do hospital decidiu também que cada funcionário deve fazer no final do dia um relatório sobre as suas actividades”, explicou, acrescentando que “já temos um documento, que denominamos de regime jurídico de gestão hospitalar, aprovado pelo Conselho de Ministros, onde consta um relatório do quadro de pessoal, para sabermos quantos técnicos, entre médicos e enfermeiros licenciados, existem. Só assim vamos poder aumentar a prestação de qualidade”, rematou. 


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