Que novidade traz Lito Vidigal?

Zeca Amaral deixa assim mais cedo a equipa para assumir o Recreativo do Libolo. Vidigal terá um salário mensal de 25 mil dólares, o mesmo proposto a Zeca Amaral, mas que este recusou.
Expectativa Que sonhos pode vender Lito Vidigal? Pelo tempo de contrato que vai assinar com a Federação Angolana de Futebol (FAF), dois anos, o subsTeixeira Cândido tituto de Zeca Amaral só tem um caminho: qualificar a equipa nacional para o CAN do Gabão em 2012.
Depois disso, será necessário discutir os objectivos nessa competição, face à qualidade de jogadores disponíveis e a situação financeira da Federação Angolana de Futebol (FAF). O ideal seria que a FAF definisse já o objectivo, antes mesmo dos Palancas Negras começarem a jogar as eliminatórias qualificativas para o CAN do Gabão. Essa realidade só é possível numa instituição organizada, o que não é o caso da FAF, segundo acusação de ex-seleccionadores.
A Federação Angolana de Futebol vive assustada pela fuga cíclica de treinadores (já lá vão quatro). Embora haja quem esteja a sair por razões salariais, caso de Zeca Amaral.
A situação de desorganização na FAF, muito aflorada por Hervé Renard nas suas entrevistas, depois de abandonar os Palancas Negras, já leva muito tempo, beneficiou inclusive de um estudo-diagnóstico, feito pelos membros da FIFA no quadro do projecto “Goal”.
Indicaram-se as soluções, quase nenhuma foi posta em prática. No plano administrativo recomendavase a revisão da estrutura orgânica e nomeação de níveis de gestão de suporte ao secretário-geral, nomeação de um director técnico, nomeação de um director de administração e finanças, nomeação de secretários/ delegados nas Associações Provinciais em tempo integral e acções de formação contínua.
Recomendava-se ainda que se tornasse efectivo o funcionamento do Departamento de Marketing e Relações Públicas e a nomeação do respectivo director. No Plano desportivo o estudo considerou que se deveria priorizar programas de promoção e desenvolvimento do futebol jovem de forma a elevar o índice nacional de jogadores jovens sobre os séniores de 2,2, em 2001/2003 para 5/6 em 2008, ao mesmo tempo que se normalize o controlo de idades.
Maximizar o volume da competição, de forma a oferecer aos atletas e equipas representativas os melhores índices de desempenho nas provas internas e externas em que participem e organizar a primeira liga Nacional de Futebol em 2006, também constavam das recomendações.
Em resumo: reforçar a estrutura organizativa da FAF com quadros profissionais nas posições-chaves, de forma a garantir capacidade executiva efectiva, uma gestão sóbria e controlo de execução eficaz dos objectivos técnicos e de desenvolvimento proposto.
Estudar com as estruturas governamentais centrais e locais os projectos para reabilitação das infraestruturas existentes e a criação de outras para o suporte aos projectos de massificação.
Concluir o levantamento dos treinadores, árbitros, dirigentes e demais agentes do futebol e promover campanhas para sua formação e desenvolvimento em função das metas estabelecidas. E concluir a base de dados do futebol a nível nacional.
A direcção liderada por Justino Fernandes propunha-se também a alcançar, com estas medidas, as seguintes metas: reorganização da competição sénior, lançar a primeira e segunda ligas, obrigar os clubes dessas competições a terem escalões de sub-20 e 17, participar no CAN de sub-17 em 2007, Jogos PanAfricanos, Olímpicos; participar nos torneios da FESA e alguns regionais.
Os frutos Seis anos depois desse estudodiagnóstico, os resultados alcançados pela Federação Angolana de Futebol assentam sobretudo na participação dos Palancas Negras no CAN do Egipto e Mundial da Alemanha, em 2006, no Ghana2008 e em Angola2010.
Os resultados conseguidos foram, nos CAN´s, a qualificação para os quartos-de-final, e no Mundial ficou-se na fase de grupos. Depois do CAN2010, começou a crise da fuga de treinadores.
Manuel José, até então treinador do Al Ahly, foi contratado para superar os quartos-de-final alcançados por Oliveira Gonçalves em 2008, com um orçamento jamais colocado à disposição dos Palancas Negras: 21 milhões de dólares. Resultado, os Palancas Negras não conseguiram ir além dos quartos-de-final e o treinador português, Manuel José, demitiu-se, acusando alguns dirigentes da Federação Angolana de Futebol de arrogantes.
Seguiu-se a contratação de Hervé Renard, treinador a quem foi atribuído um programa de longo prazo (aliás dois anos) de reestruturação do futebol nacional, com maior incidência para a renovação dos Palancas Negras e a estruturação do futebol jovem. Seis meses depois, o treinador francês abandonou o cargo, invocando desorganização na FAF e incumprimentos contratuais.
Com a sua saída, foi-se o programa de reestruturação do futebol jovem, que não chegou sequer a começar, pois estava-se na fase de pesquisa de talentos, bem como a renovação dos Palancas Negras, cuja maioria dos jogadores experimentados e de qualidade está no final das respectivas carreiras, nomeadamente Flávio Amado, Kali, Gilberto, André Makanga, Yamba Asha e Love Cabungula.
O substituto de Renard, Zeca Amaral também está de saída por não concordar com o salário proposto pela Federação Angolana de Futebol (FAF): 25 mil dólares. Não chegou a traçar qualquer projecto de renovação dos Palancas Negras nem, tão pouco, os sub-17 ou sub-20.
Volvidos quatro meses desde a saída de Hervé Renard e dos seus adjuntos, que coordenavam o futebol jovem, a selecção Olímpica está sem treinador principal. Miller Gomes, até então adjunto do treinador francês, tem sido o responsável pela preparação desta selecção, com vista ao apuramento dos Jogos Pan-Africanos e Olímpicos.
Em relação ao plano administrativo, a FAF conseguiu nomear um director para o Marketing (único funcionário aliás), mas este departamento não funciona eficazmente, tal como toda estrutura administrativa. Nunca conseguiu nomear um director técnico, nem níveis de gestão de suporte ao secretário-geral, além das selecções de Sub-17 e 20 não terem se qualificado para os CAN´s da categoria desde 2005.
10 de Janeiro de 2011
Pensar e Falar Angola

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