sábado, 22 de janeiro de 2011

apontamentos de F.Quelhas (10)

Ao mesmo tempo que aqui em Luanda se verifica um ritmo de construção frenético, e sabendo do quanto custa adquirir ou alugar imóveis, sejam para habitação, sejam para fins comerciais causa alguma surpresa que muitos empreendimentos imobiliários estejam paralizados, com obras paradas.  Mesmo aqui na Maianga, perto de nossas intalacoes a menos de 200 metros de raio existem uns 4 predios de uns 7 ou 8 pisos paralizados. Alguns desde 2.005 ( informação constante nas placas de licenciamento ).

Ate um projeto grandioso que segundo me contaram seria da Sonangol ( uma das maiores, senão a maior entidade empresarial daqui ) que se refere a um Hotel Casino junto aquela estrada que liga a marginal ao Miramar, aparentemente esta paralisado. Não se trata de um empreendimentozinho, ‘E realmente gigantesco.

Deve haver alguma explicação que me escapa.

Uma descoberta: .

Já falei varias vezes do elevado custo de vida, principalmente no que se refere a comer em restaurantes melhorzinhos ( na Ilha, dificilmente se come por menos de 50 dolares ). Pois bem. Fiz uma descoberta interessante. Pertinho daqui de casa, fica a rua que se chamava Antonio Barroso, rua que foi o meu ultimo endereço antes da independência e que e alias uma avenida ate arrumadinha, com duas faixas separadas separadas por palmeiras reais ( um pouco menores que as imperiais típicas do Jardim Botânico do Rio, mas sem duvida muito bonitas ). Claro que também sofre do excesso de transito, com carros estacionados nos dois lados da rua e nas calcadas.

Pois bem, descobri nessa rua um Hotel/restaurante que pertence a cubanos, ou, pelo menos a maior parte dos freqüentadores são cubanos.

O restaurante, que freqüento assiduamente, pode ser considerado bastante bom. Um serviço excelente, comida bem razoável uma decoração sóbria, e, acreditem, com mesas bem espaçosas com toalhas de linho e extremamente limpo.

O restaurante tem, entretanto duas peculiaridades:

Uma refere-se aos preços. Aqui em Luanda, onde tudo e caríssimo, neste restaurante ‘e possível almoçar-se com direito a covert simples  ( pão com manteiga, uma sopa que faz lembrar aquele caldo de feijão que comemos no Brasil quando se faz feijoada ) um prato de carne ou frango, uma cerveja cuca e café expresso pela módica quantia de 12 dolares.

Recomendo aos moradores daqui.

A outra peculiaridade ‘e, para mim bem estranha. Quando la  fui pela primeira vez observei dezenas de pessoas falando castelhano. Imaginei que fossem espanhóis, chilenos ou argentinos. Jamais imaginei que fossem cubanos ( como me informaram ) pela simples razão de que no meio deles não havia, nem há nenhuma pessoa que não seja da cor branca.

Também aqui deve haver uma explicação, que me escapa.


Tal como em inúmeras outras cidades, aqui em Luanda há vendedores ambulantes ( os nossos camelos do Brasil ) sendo que aqui dificilmente se vê aquelas barraquinhas. Como já disse, os vendedores operam no meio do transito, vendendo realmente de tudo.  Mas hoje quero falar destes autônomos que executam serviços na rua.

‘E muito comum, vermos pessoas que vendem serviços na rua ( nem me refiro `as damas da noite, que são um caso especial ), tais como engraxates, por exemplo.

Ha aqui, no entanto, uma modalidade de serviços bem inusitada. Trata-se de serviços de manicure e pedicure. Não se trata de pessoas que trabalhem na casa dos clientes. Não. Sao adolescentes, majoritariamente do sexo masculino,  que portam pela rua uma caixa com os mais variados vernizes, esmaltes, tesouras, alicates,  etc. As clientes se sentam num banquinho e ali mesmo, em plena calcada, o serviço se realiza.

Na ultima mensagem abordei uma curiosidade lingüística daqui de Angola ao falar dos cartões telefônicos que chamam de saldos.

Por justiça vou colocar aqui uma portuguesa que acho curiosa, já que a forma como colocam a frase, deveria distorcer todo o seu sentido.

Os que moram em Portugal e os que aqui em Angola, eventualmente assistem a canais da TV portuguesa ( esta bem, depois me penitencio ), a cada momento são bombardeados por um anuncio de um supermercado em que o ator coloca o seguinte discurso.
 b
“ Aqui no Pingo Doce o AUMENTO de vida ‘e zero “ . Vamos lutar contra o aumento de vida. Efetivamente, constatei que em Portugal quando querem falar no “ aumento de custo de vida” abreviam e dizem apenas “ aumento de vida” . Ou seja, para os portugueses  aumento de vida ‘e algo ruim.
 
E o que dizer do aumento de morte?

Pois.

Fernando Quelhas


Pensar e Falar Angola

1 comentário:

Afonso Loureiro disse...

Entre "aumento do IVA" e "aumento de vida" ainda vai um passo grande...

vida é obra

Dr. Agostinho Neto