quarta-feira, 9 de julho de 2008

O que é a pobreza (2)

A condição do pobre pode ser precisada por sinônimos ou antônimos. O pobre lavrador, agricultor, o que trabalha a terra com as mãos pela subsistência é um exemplo do sinônimo que, por vezes, há entre pobre e agricultor ou lavrador. Por outra análise, há os antônimos que situam o pobre diante do poder contrastante, tais como a força militar e a liberdade cívica. Desalojamento, indigência e deficiência alimentar, deficiências físicas e mentais, reumatismos deformantes, orfandades, etc. são situações bem diversas alcunhadas com o mesmo vocábulo: pobreza.

Alguns autores consideram a pobreza como uma noção que se compõe de realidades sociais intrisidas e dinâmicas, sendo difícil à apreensão das relações entre o conceito e as situações vividas. Para eles é, preciso apreender as anuências do primeiro, medindo também as segundas. Nas análises feitas pelos diferentes autores a respeito das lentas e profundas mudanças das noções que exprimem os termos concernentes à pobreza, o pobre aparece primeiro, enquanto adjetivo; depois, como substantivo e, por último, na forma plural – os pobres – carregando o sentimento de piedade ou a inquietação social suscitada pelo elevado número dos desfavorecidos. Portanto, o termo exprime uma abstração, evoca em um único termo a imagem do aflito, seu estado de aflição, uma carga afetiva de compaixão ou horror e todo um potencial de revolta e temores sociais.
A definição do pobre e de seu estado deve, portanto, ser ampla. O pobre é aquele que, de modo permanente ou temporário, encontra-se em situação de debilidade, dependência e humilhação, caracterizada pela privação dos meios, variáveis segundo as épocas e as sociedades, que garantem força e consideração social: dinheiro, relações, influência, poder, ciência, qualificação técnica, honorabilidade de nascimento, vigor físico, capacidade intelectual, liberdade e dignidade pessoal.
O fenômeno da pobreza é complexo, por isso o seu estudo não constitui uma tarefa simples, nem permite uma interpretação unívoca. Assim, alguns autores consideram que este conceito transforma-se de uma época a outra, em geral muda à função principal da imagem do pobre, altera-se a ordem dos valores em que ele está inscrito, modifica-se a avaliação ética e estética dessa personagem: o pobre. Outros autores colocam a ideia da necessidade de sublinhar que é impossível proporcionar uma definição rigorosa da pobreza que seja aceitável para cada século. Portanto, no sentido concreto, o conceito muda de período a período e incluso de lugar a lugar.
Contudo, a pobreza é uma noção, o que significa dizer que idéias e conceitos mudam ao longo do tempo de acordo com as necessidades de cada sociedade e a apropriação feita de tais concepções. Assim, toda condição humana depende da maneira como é sentida e considerada por aqueles que a vivem e pelo meio em que vivem. A do pobre resulta das atitudes mentais dos próprios pobres e da sociedade que os circunda.
Na busca de conceitos que pudessem instrumentalizar seu trabalho, Laura de Mello e Souza (1982:12) apresenta, igualmente, as ambigüidades inerentes. Descartando o uso do conceito de marginalidade devido a sua elasticidade e indefinição, coloca que os pobres e os mendigos podem ser considerados marginais numa dada sociedade, assim como os criminosos, as prostitutas, as feiticeiras, os indígenas, etc., também o podem na mesma sociedade ou em outras.
Perguntas como esta: qual seria, então, o parâmetro para que se defina um indivíduo, ou um grupo de indivíduos, como pobre? São geralmente analisadas na comunidade científica internacional. Algumas instituições costumam qualificar a pobreza em diferentes partes, uma delas é a seguinte: relativa e absoluta. Assim, deste modo à pobreza relativa é experimentada pelas pessoas que possuem uma renda abaixo da média de uma determinada sociedade e a pobreza absoluta refere-se às pessoas que não dispõem dos alimentos necessários para manter a saúde.

cont.




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