sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Onça


Reino:
Animalia
Filo:
Chordata
Classe:
Mammalia
Ordem:
Carnivora
Família:
Felidae
Género:
Panthera
Espécie:
P. pardus

Leopardo (Panthera pardus), também chamado onça em Angola, é, com o leão, tigre e onça-pintada, um dos quatro "grandes gatos" do gênero Panthera. Medem de 1 a quase 2 m de comprimento, e pesam entre 30 e 70 kg. As fêmeas têm cerca de dois terços do tamanho do macho. De menor porte do que a onça-pintada, o leopardo não é menos feroz. Habita a África e Ásia.
Um leopardo geralmente caça impalas e por vezes gnus, ruminantes presentes na savana. O leopardo usa a sua imensa força e transporta a sua presa para o cimo de uma árvore para a tirar do alcance de outros predadores como os leões e as hienas. Um leopardo consegue carregar animais duas vezes mais pesados que ele mesmo.







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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

GONGONHA

"Missesso – literatura tradicional Angolana", de Oscar Ribas (Tipografia Angolana Luanda, 1962, v.2) no capítulo "Culinária e bebidas" (p.88): "Gongonha – sopa fria de farinha de mandioca e açúcar ou mel". E depois: "Bastante solta, é usada em Luanda, como refrigerante".


"Não peça Gongoenha em Luanda nem noutra qualquer paragem de Angola. É uma bebida para gente íntima, feita em casa, conhecida no mundo doméstico. Popularíssima. Não se vende em parte alguma. Faz-se e bebe-se". E depois: "Não procure nos dicionários nem a mencione conversando com amigo importante. Dará impressão de vulgaridade total".E nos conta o que lhe ocorreu "no mercado municipal de Quinaxixe", onde viu "uma mulher preparar uma bebida e fazê-la beber ao miúdo que conduzia amarrado as costas, como um japonesa". Curioso, procurou logo saber o que era: "Atinei que era farinha de mandioca, um pouco de açúcar e água. Mexeu e serviu-se, com um sopro de satisfação regalada. Lá fui perguntar o nome: - Gongoenha! Respondeu, num sorriso integral de 32 dentes cintilantes!".- in "Made in Africa" de Luís da Câmara Cascudo

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Bufalo



Reino:
Animalia
Filo:
Chordata
Classe:
Mammalia
Ordem:
Artiodactyla
Família:
Bovinae
Género:
Syncerus
Espécie:
S. caffer


O búfalo-africano (Syncerus caffer) é um mamífero bovino de África. É um herbívoro de grandes dimensões, que atinge 1,7 metros de altura, 3 metros de comprimento e 900 kg de peso.
O búfalo-africano embora fisicamente semelhante ao búfalo comum encontrado na pecuária do norte do Brasil, é um animal de maior porte e selvagem. O búfalo adulto é muito forte, impondo respeito mesmo a um grupo de leões que possa cruzar no seu caminho. Além do homem, possui como predador natural o leão, mas mesmo um indivíduo da manada é capaz de se defender usando a força ou a protecção da própria manada. Regularmente pelo número de animais na manada, pela dispersão no terreno e pela falta de defesa de animais idosos, os leões podem matar e comer um búfalo, mas isto exige que um grupo de leões se organize e ataque um único animal. É raro o fato de um leão atacar e derrubar um búfalo adulto sozinho. Outros predadores como as hienas e os leopardos, somente conseguem atacar um búfalo novo e que por algum motivo encontra-se desprotegido da manada. O búfalo-africano nunca foi domesticado e permanece selvagem em regiões e parques nacionais da savana africana.
O búfalo-africano, também chamado de búfalo-do-cabo, é encontrado normalmente nas pradarias (grasslands) e na savana.


É considerado um dos animais mais perigosos de África, não só pela sua força física mas também pelo seu caracter agressivo






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terça-feira, 28 de agosto de 2007

Diário de um embaixador

Capa: Palácio de Ferro, aguarela de Sofia Pinto da França

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Gnu




Classificação

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Família: Bovidae
Gênero: Connochaetes

A palavra "Connochaetes" deriva de duas gregas: "konnos" que significa barba e "khaite" que significa cabelos caídos - referente aos pelos que possui na face e no pescoço.

Antílope de extranha aparência, habita as savanas do centro e sudoeste da África. Migra todos os anos, na companhia de zebras e gazelas, em busca de pastos frescos e água. Os filhotes são capazes de andar e correr pouco tempo depois do nascimento. Desta forma, podem fugir de leões e outros predadores.

Existem 5 subespécies:

  1. Connochaetes taurinus albojubatus
    • Gnu-do-leste ou Gnu-oriental (Eastern White Bearded Wildebeest); Quênia e Tanzânia
  2. Connochaetes taurinus cooksoni
    • Gnu-de-cookson (Cookson’s Wildebeest); Zâmbia
  3. Connochaetes taurinus johnstoni
    • Gnu-de-niassa (Nyassa Wildebeest); Tanzânia, Malauí, Moçambique
  4. Connochaetes taurinus mearnsi
    • Gnu-d'oeste ou Gnu-ocidental (Western White Bearded Wildebeest)
  5. Connochaetes taurinus taurinus
    • Gnu-azul (Blue or Brindled Wildebeest); Angola, Zâmbia, Moçambique, Namíbia, Botsuana, Zimbábue, África do Sul, Suazilândia
Este antílope é também designado boi-cavalo, um nome que terá origem no seu mugir característico: «nhum..nhum...». A cabeça do gnu, grande e de focinho comprido, é inconfundível. Os chifres, que existem em ambos os sexos, podem atingir os 0,8 m de comprimento. A sua pelagem pode variar entre o cinzento e o castanho-escuro, sendo os machos mais escuros do que as fêmeas. O gnu azul tem uma crina negra que percorre a parte superior e inferior do pescoço.

Gregária, esta espécie que geralmente forma grupos de cerca de trinta animais, protagoniza grandes migrações que envolvem milhares de indivíduos na busca de água e pastagens frescas.

A época de reprodução ocorre no final da estação das chuvas, quando os animais estão em boa forma. Cada macho, mesmo em migração, defende um território no qual pode manter entre duas a cento e cinquenta fêmeas e crias. Após um período de gestação de cerca de nove meses, a cria nasce no princípio ou um mês antes da estação das chuvas. Seis minutos após o parto, aguenta-se de pé, começa a mamar e está pronta para acompanhar a manada, embora seja extremamente vulnerável aos ataques de leões, hienas e outros predadores. Se lhes conseguir escapar, o gnu azul pode viver até vinte anos.


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segunda-feira, 27 de agosto de 2007

FERNANDO CATERÇA VALENTIM

Valentim é o nome do artista angolano Fernando Caterça Valentim. Nasceu em Gabela, na província do Kwanza Sul, no dia 5 de Maio de 1950.
Valentim é um pintor autodidacta, tendo sido aluno do pintor angolano Luzolano João de Deus, desenvolveu a sua arte mostrando a paixão pelos motivos angolanos. É membro da UNAP – União Nacional de Artistas Angolanos – desde 1977 e da Sociedade Portuguesa de Autores, em Portugal.

Valentim luta pelo crescimento da sua arte e da sua expressão artística, aprofundando os seus conhecimentos técnicos também, sendo referido no catálogo da IV Bienal da Arte Bantu, realizada em Libreville-Gabão pelo CICIBA, como um dos grandes pintores angolanos.
Está presente em várias exposições nacionais e internacionais, como é o caso de França, Inglaterra, Portugal, Itália, Argélia, Brasil e Egipto. Em Angola, a sua obra já viajou por Benguela, Huíla e Luanda. Em 1985, esteve presente na Exposição Internacional de Arte Bantu, organizada pela CICIBA.
As suas obras mais emblemáticas e de maior expressão mediática são “Lágrimas da Negra” e “O Sol Negro”. A primeira foi doada à galeria de pintura Naif Podgorica – ex-Titorgad – e representou Angola na Exposição de Arte dos Países Não Alinhados, no Cairo - Egipto. A famosa “O Sol Negro” encontra-se no Museu da Torre Nabemba, em Brazzaville, na República do Congo. A sensibilidade artística conduziu-o à publicação do livro de poemas “Sentimentos” em 1993, do qual deixamos nestas páginas o poema “Minha África”.

Em Julho de 1994, Valentim é o vencedor do grande prémio Presidente da República do Congo, na V Bienal de Arte Bantu Contemporânea, realizada em Brazzaville e promovida pelo CICIBA, com a sua obra “A Aurora”.
Multifacetado, o pintor frequentou também o curso de pintura de azulejos, na escola Inatel, nos anos de 97-98. A exposição “O Paraíso das Pérolas”, dedicada aos azulejos, desenhos e à pintura de Valentim, foi um êxito em Portugal, no Lagar do Azeite em 1998.
Durante vários anos, foram muitas as exposições nacionais e internacionais, que deram e dão vida à arte de Valentim, «…que é hoje um dos grandes pintores angolanos».

PARAÍSO DAS PÉROLAS


Fonte:
http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.angoladigital.net/artecultura/images/stories/Artes_plasticas/valentim_catar_d.jpg&imgrefurl=http://www.angoladigital.net/artecultura/index.php%3Foption%3Dcom_content%26task%3Dview%26id%3D69%26Itemid%3D38&h=185&w=212&sz=8&hl=pt-PT&start=30&tbnid=24PD6uvpdRqFmM:&tbnh=93&tbnw=106&prev=/images%3Fq%3Dpintura%2Bangola%26start%3D18%26gbv%3D2%26ndsp%3D18%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DN

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domingo, 26 de agosto de 2007

Selecção nacional bate recorde de vitórias


Angola! 9 Vezes campeã continental!!!




Carregue na imagem para abrir o site oficial do Afrobasket'2007


Angola! Campeã Africana


Afrobasket2007: Selecção nacional bate recorde de vitórias

Luanda, 25/8 - A selecção nacional venceu esta noite o seu quinto campeonato africano consecutivo e o nono no total, superando o seu próprio recorde no domínio do basquetebol no continente. Na final, disputada no pavilhão da Cidadela, em Luanda, Angola bateu os Camarões por 86-72.



Na presença do Presidente da Republica, José Eduardo dos Santos, entre os mais de seis mil adeptos, o combinado nacional teve o seu jogo mais difícil. Ao cabo do primeiro quarto, registava uma igualdade a dez pontos. Ao intervalo a vantagem do campeão era apenas de dois pontos (33-31).

O terceiro quarto foi decisivo para a consolidação da vantagem, tendo terminado com um resultado parcial de 34-20, conseguindo no final um 67-51.

No último quarto, entretanto, o adversário voltou a aproximar-se até 10 pontos, mas a selecção nacional segurou o triunfo por 86-72 e o seu nono titulo do Afrobasket e consequentemente a quinta qualificação consecutiva para os Jogos Olímpicos, no próximo ano em Pequim.

Angola venceu sucessivamente em 1989, 1991, 1993 e 1995. Depois em 1999, 2001, 2003, 2005 e 2007.

Esteve nos Jogos Olímpicos de Barcelona1992, Atlanta1996, Sydney2000 e Atenas2004 e agora vai a Pequim2008. É o país africano mais titulado, seguido de longe por Senegal e Egipto com cinco troféus conquistados.
ANGOP

sábado, 25 de agosto de 2007

Suricata


Ordem: Carnívora

Família: Herpestidae

Nome popular: Suricata

Nome em inglês: Suricate, slender-tailed, meerkat.

Nome científico: Suricata suricatta

Distribuição geográfica:

Habitat: campos abertos, lugares secos e solos pedregosos.

Hábitos alimentares: são basicamente insetívoros, mas se alimentam também de pequenos invertebrados, ovos e matéria vegetal.

Reprodução: sua gestação é de 77 dias com 02 ou 05 filhotes.

Período de vida: 13 anos


Os suricatas (Suricata suricatta) são mamíferos pertencentes à família Herpestidae, que é representada por diversas espécies de carnívoros de pequeno e médio porte e habitam regiões quentes da Europa, África e Ásia. De modo geral, possuem a cabeça alongada, focinho pontiagudo, patas curtas e cauda comprida. Eles se alimentam principalmente de pequenos vertebrados (ratos, pássaros, lagartos e cobras), mas também podem se alimentar de insetos, aranhas e escorpiões.

Estes pequenos animais são extremamente curiosos e estão entre os mamíferos mais sociáveis, vivendo em grupos formados por duas à três famílias. Estes grupos são constituídos de aproximadamente 25 membros de ambos os sexos e todas as idades. A gestação dura em torno de 77 dias, nascendo de 2 à 5 filhotes.

Os filhotes abrem os olhos depois de 10 dias de vida, desmamam após 07 semanas e atingem a maturidade sexual com um ano de idade. Essa espécie habita áreas abertas do sul da África e possuem hábitos diurnos, gastando a maior parte do tempo em busca de alimento e na construção de abrigos, utilizando-se das patas dianteiras para cavar. Um fato curioso é que enquanto o grupo está em atividade ou em repouso, há sempre 01 ou 02 indivíduos de vigia, apoiados em suas patas traseiras e base da cauda, geralmente no local mais alto que encontram.

Observam tudo que ocorre à sua volta, como por exemplo, a aproximação de algum outro animal perigoso ao grupo. Além disso, caso algum indivíduo adoeça, todos os outros permanecem próximos a ele, em um ato solidário. O suricata é bem conhecido pelas crianças por ter sido o personagem “Timão” que fez dupla com o javali “Pumba” em uma das mais famosas produções da Disney: “O Rei Leão”.



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Fragmentos de História

Um fragmento da História

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Espontaneidades da minha alma

"Espontaneidades da minha alma. Às senhoras africanas". Loanda: Imprensa do Governo, 1849. 140 p. - o primeiro livro de poemas africano de língua portuguesa, impresso em Angola.
(a imagem será publicada em breve)

O autor é José da Silva Maia Ferreira, angolano, mestiço, descendente de europeus e nascido em Benguela, homem de certa cultura, conhecendo o latim e o francês
Este livro foi descoberto pelo professor Gerald Moser da Universidade da Pensilvânia na colecção de livros raros da Biblioteca Pública de Nova Iorque.
Angola foi a segunda colónia portuguesa a dispor de uma tipografia, criada em cumprimento do decreto de 7 de Dezembro de 1836, da Rainha D. Maria II de Portugal.

(…)”Às senhoras africanas, não se cansa de cantar a terra onde nasceu, dizendo das suas conterrâneas serem: donzelas de planta mui breve, /Mui airosas, de peito fiel./ Seu amor é qual fonte de prata/Onde mira quem nela se espelha/ A doçura da pomba que exalta, /A altivez, que a da fera semelha.(…)"(1)
Maia Ferreira visitou o Brasil ao longo de alguns meses… nessa altura, “(…) a sua terra vivia no desespero das febres que assolavam adultos e raras crianças poupavam vivas. Mas: apesar da ruindade de uma tal vivenda, mui grosso é o trato mercantil desta pequena cidade: ali concorrem muitos navios da Europa e da América (e por vezes alguns da ilha de Santa Helena) a resgatar urzela, marfim, cera, goma copal, enxofre, courama, azeite de palma e de amendoim, gado, mantimentos e muitos outros produtos que afluem àquele mercado dos sertões do interior (não esquecendo os estimados passarinhos de que se faz tamanha exportação) a troco dos quais os moradores se abastecem de objectos de comodidades e de luxo de todas as partes do mundo"(2)

(1) Ilídio Rocha, in “O rato dos papéis”
(2)Lima, José Joaquim Lopes de Lima in “Ensaio sobre a statística d’ Angola e suas dependências na costa Ocidental d’ Africa a Sul do Equador
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Parques Naturais

São 13 as Zonas de Protecção Integral da Natureza em Angola.
Os 82.000 Km² que ocupam, correspondem a 6,6 % da superfície do país, distribuídos por 6 Parques Nacionais, 1 Parque Natural Regional, 2 Reservas Naturais Integrais e 4 Reservas Naturais Parciais. Se considerarmos também 18 Reservas Florestais e diversas coutadas, atingimos 188.650Km².
A caça furtiva e a guerra civil (1975 a 2002), reduziram drasticamente a fauna existente: Na Quissama, de 450 leões em 1950, restavam 5 em 1997, enquanto os elefantes tinham passado de 1.200 para 20. Actualmente, com o projecto Arca de Noé estão a ser trazidos animais de outros países africanos para a Quissama.


http://www.cpires.com/angola_parques.html

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Cabra de Leque

A Cabra e Leque – Springbok na RSA – é uma espécie similar da Gazela, estando separadas do género porque esta apresenta cinco pares e dentes mastigadores e as Gazelas apresentam seis. Outra característica que distinguem a espécie é a prega de pele que se estende por toda a linha média dorsal e que está coberta de pelo mais claro e mais comprido.


Classificação
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Família: Bovidae
Sub-Família: Antilopinae

Habitat

Este herbívoro vive nas planícies abertas (savana e semi-desértica) do Sul de África, onde se alimenta da parte aérea de plantas, raízes e tubérculos. A maior população destes animais vive no Kalahari.

Caracterização

A cabra de leque é uma espécie de gazela que está entre os animais mais rápidos do mundo, podendo atingir velocidades superiores a 90 km/hora e – o que deu origem ao seu nome em inglês – dar saltos verticais que atingem os quatro metros. Durante o salto, que serve para avisar a manada da presença de predadores, o animal encurva o dorso, esticando as patas e baixando a cabeça.
A cabra de leque apresenta cornos pequenos e proporcionados, mais desenvolvidos nos machos. Uma característica muito visível neste animal é a comprida prega existente na parte posterior do lombo, revestida interiormente por compridos pêlos brancos. Quando o animal salta, esta prega abre-se em forma de leque, facto que está também na origem do seu nome.

A cabra de leque está muito bem adaptada a um regime de secura: se a vegetação de que se alimenta contiver um mínimo de 10% de água, este animal não necessita beber.
Os animais vivem em manadas de machos jovens e de fêmeas e crias que, na época de reprodução, se agrupam em haréns no território de cada um dos machos dominantes. Cerca de seis meses depois nasce a cria, que atinge a maturidade sexual um ano (fêmeas) ou dois anos (machos) mais tarde. Estes animais, que estão ameaçados no seu habitat natural, podem viver até aos doze anos.

Curiosidades
No século XIX, em tempo de seca, as migrações das cabras de leque eram impressionantes: as colunas migratórias podiam alcançar 70 km de comprimento e chegavam a penetrar nas cidades, invadindo ruas e jardins, registando-se migrações que cobriam mais de quarenta mil hectares (estimativa de cerca de um milhão de animais).

bibliografia:

http://www.sergiosakall.com.br/introducao/aprendendo_animais_antilopes.html

http://www.badoca.com/?path=/Portugu%EAs/Os%20Animais/Animais%20do%20Safari/Cabra%20de%20Leque


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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Palanca


PALANCAS

a) Hippotragus equinus
b) Hippotragus niger

c) Hippotragus niger variam

Com o nome de «palanca» ou «malanca» distinguem-se em Angola três espécies, muito semelhantes no físico e nos costumes:
— A «palanca vermelha» (Hippotragus equinus), das três a mais abundante e espalhada em Angola, pois é comum em toda a província, com excepção das grandes florestas do Norte e das regiões desérticas da costa e do extremo Sul.
— A «malanca» ou «palanca da Rodésia», abundante em terras dos Luchazes e Cuando, até o Cubango e Cafima.
— Finalmente, a afamada «palanca negra», ou «palanca gigante», espécie exclusivamente angolana, muito rara e reduzida a algumas centenas de indivíduos, na região compreendida entre o curso superior do Cuango e o rio Luando.
São as três antílopes magníficos, da corpulência dos «olongos» atrás citados, caracterizados pela beleza opulenta dos quartos dianteiros, altivamente elevados, e que dão aos seus corpos linhas suavemente escorregadias, da frente para trás — e por lindas armações erguidas sobre cabeças equinas e constituídas por cornos recurvados como alfanges e primorosamente torneados.
Ambos os sexos são providos de cornos.
Embora tímidas e fugitivas, como todos os antílopes, as palancas, especialmente os machos, são agressivas e perigosas, quando feridas ou muito atacadas. Não só se defendem energicamente das agressões, como também atacam quem se lhes aproxima. Servem-se maravilhosamente das armações.


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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Comunicação


Angolano não come.......................... PITA

Angolano não bebe.............................. CHUPA
Angolano não vomita...........................XAMA DIOGO.

Angolano não roça................................TARRACHA.

Angolano não dança................................BAILA.

Angolano não dorme.................................CAMPA

Angolano não toma o pequeno almoço........MATABICHA.

Angolano não vai a festa...........................VAI AO BODA

Angolano não veste..................................GRIFA

Angolano não trabalha...............................BUMBA

Angolano não falta.....................................FUGA

Angolano não luta.....................................BILA

Angolano não curte....................................TCHILA

Angolano não faz amor...............................TCHACA

Angolano não Bufa..................................PEIDA

Angolano não faz xixi...............................SUSSA

Angolano não mente................................DA JAJÃO

Angolano não assalta............................DESMONTA

Angolano não tem amigo...........................TEM CAMBA(BRÔ)

Angolano não goza...................................ESTIGA

Angolano não é agarrado.............................É AMBÍ

Angolano não é musculoso...........................É CAENCHE

Angolano não tem mama.........................TEM XUXA

Angolano não vai para terra.......................VAI PARA BANDA

Angolano não tem mau hálito....................TEM DZUMBA MALAICA!



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terça-feira, 21 de agosto de 2007

ANGOLA, descrita - Futungo de Belas


(…)
O Futungo de Belas tem origens muito recentes. Já quase à beira dos acontecimentos que precipitaram a independência de Angola, um grupo de portugueses abastados de Luanda decidiu instalar nessa área um clube de pesca luxuoso. Para o complexo projectado, demarcou-se uma vasta zona e nela, após a construção da sede, foram os sócios espalhando moradias sólidas, embora naquele gosto duvidoso tão à maneira pomposa da plutocracia do último período colonial.

O conjunto, olhado dum plano superior, onde passa a estrada para a Barra do Quanza, tem na verdade uma certa imponência. Espraia-se em suave declive até às águas quietas e metálicas da baía do Mussúlo, semeadas de ilhotas, cerradas no horizonte pela linha escura e longa da ilha do mesmo nome. As diversas construções e vetustos embondeiros pontuam, aqui e ali, um imenso espaço de relvados, jardins e pequenas matas, que morre num palmar junto ao mar. Abarcado no seu todo, o conjunto ganha grandeza e elegância.

Diz-se que Agostinho Neto preferiu instalar-se no Futungo, a quedar-se no belo palácio dos Governadores, que desde os finais do século XVI fora sede do Poder colonial, para “fisicamente” romper com o passado. Ademais, ter-se-á julgado mais fácil manter uma segurança eficaz nos espaços abertos do Futungo, do que em plena capital.

Entretento, à medida que cresceu a ameaça da UNITA, assim se foi o Futungo de Belas transformando numa verdadeira fortaleza. É também uma ilha de ordem, sossego e limpeza nesta capital degradada. Em suma, o Futungo assemelha-se a uma prisão dourada.
(…)

Pinto da França, António, in “Angola O dia-a-dia de um embaixador 1983/88”


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domingo, 19 de agosto de 2007

Feijoada de Luanda

Feijoada de Luanda
1/2 kg de feijão manteiga
1 chouriço com 200 gr
200 gr de presunto
500 gr de pé de porco
250 gr de nabos com rama
1 dl de Azeite
1 cebola média
150 gr de farinha de mandioca
água , sal e gindungo.
'Modus faziendi'
Cozem-se o feijão e as carnes muito bem em água com sal. Faz-se um refogado com o azeite e a cebola até esta ficar transparente.
Adiciona-se um pouco de água da cozedura das carnes e do feijão.
Misturam-se as carnes cortadas aos bocados, o feijáo os nabos cortados aos quartos grossos e a rama destes.
Deixa-se cozer, tempera-se com gindungo e serve-se com a farinha de mandioca torrada ligeiramente no forno.

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sábado, 18 de agosto de 2007

Cabinda (II)

Efectivamente, foi no longínquo ano de 1482 que Diogo Cão, às ordens do Rei de portugal D. João II, colocou solenemente na margem esquerda do rio Nzadi ou Nzari (Zaire) o seu primeiro padrão (o Padrão de S. Jorge) e enviou os primeiros emissários encarregados de levarem as homenagens e presentes do rei de portugal ao manicongo, senhor de um vasto território, designado nas relações dos viajantes e missionários europeus dos séc.s XVI e XVI por Reino do Congo, estendendo-se pelas duas margens daquele rio para norte até ao rio Ogoué (Gabão), para sul até ao rio Cuanza e muito para o interior até ao rio Cuango, onde se localizava Mbanza Congo (São Salvador), situada no angulo formado pelo rio Kwilu e o seu afluente, o rio Twa.
A privilegiada situação geográfica de Mbanza Congo terá justificado a migração, nos finais do séc. XV, de um grupo ou grupos de Yombe da região de Vungu ao norte do rio Zaire e a sua fixação neste local que o mítico Nimi a Lukeni, investido no poder pelo ancestro "Nzaku"("taata") a autoridade mítica do grupo que o precedera (e ao seu grupo) neste território, escolheu para sua residência. Lukeni ("mwana" de Nzaku) investiria por sua vez outros Chefes ("mwanas") com quem tinha ligações de linhagem, concedendo-lhes domínios ("nsi") e poderes.

Estabeleceu-se, assim, uma hierarquia entre a Chefatura original de Mbanza-Kongo, residência do Ntotila (Rei) e importante pólo de confluência dos povos da Costa Atlântica e do interior do Continente e os restantes Chefes e os diferentes grupos de linhagem distribuídos pelos novos territórios que os europeus apelidaram de "províncias", muito mais uma divisão de linhagens que de regiões. Na verdade, Mpemba, Mbata, Mbamba, Nsongo, Nsundi e Mpangu não constituíam divisões administrativas reais, mas áreas sucessivas da expansão do prestígio e da autoridade da Chefatura de Mbanza Kongo.
A força do poder central dependia da personalidade do Ntotila (Rei), mas o sistema da sua eleição constituía o principal ponto de conflitualidade do regime. A coexistência de duas coordenadas dialécticas para a sucessão ao trono, a matrilincaridade e a patrilateralidade, ainda que de certa forma complementares e equilibrantes através do jogo das alianças, criava facções opostas e instabilidade político-social. A primeira, uma regra associada ao culto dos antepassados maternos, constituía a origem da autoridade e assegurava a continuidade histórica do grupo. Segundo "De Cleene", que estudou de perto os Maiombe (Baixo Congo), este culto ancestral desempenhava um papel fulcral no imaginário ritual e religioso deste povo, tal como acontecia entre os Kongo, em geral. A segunda, a patrilateralidade, servia de fundamento do poder.
As constantes redistribuicões do poder e autoridade de correntes deste regime de sucessão matrilinear terão levado, mais tarde no séc. XVI, o Ntotila Mvemba a Nzinga (D. AfonsoI) a adoptar o formalismo do aparelho administrativo europeu e a religião Cristã como forma de estruturar um poder centralizado, hereditário e territorializado, capaz de integrar, subordinando, os poderes autónomos dos diferentes grupos e Chefaturas.
Para além daquelas "províncias", a suserania do manicongo estendia-se, nos finais do séc. XV, a vários Reinos tributários, com destaque para os do Ngoyo e do Kakongo situados a norte do rio Zaire e em cujos territórios se configuraria o moderno Estado de Cabinda.
Seria esta organização sociopolítica extremamente segmentada e conflitual mas com unidade e homogencidade cultural suficientes para preservar a sua identidade que os "estranhos" portugueses tactearam pela primeira vez e muito provavelmente, na privilegiada baía das Almadias de Ngoyo, na data já referida de 1482. Com efeito, as óptimas condições de abrigo desta baía e a abundância de água fresca nesta costa fazem supor que Diogo Cão tenha abordado estes territórios logo aquando da sua primeira viagem.
Numa nova viagem ao Zaire e, desta vez, acompanhado por religiosos da Ordem Terciária de São Francisco do convento de Santarém, Diogo Cão subiu o rio até aos rápidos de lelala, a 160 km da foz, em cujos rochedos deixou uma inscrição e as armas de portugal, desembarcou e seguiu por terra até à residência do Ntotila (Rei) de Mbanza Kongo, Nzinga a Nkuwu, onde foi recebido festivamente. "E depois de, com muita graça e fervor, mostrar desejo de ser Cristão, despediu Diogo Cão e navios".
No regresso, o navegador português fez-se acompanhar de uma Embaixada do Manicongo a D. João Il chefiada por um dos seus familiares, de nome Cacuta. Diogo Cão conseguira ganhar a sua confiança e amizade, levá-lo a aceitar o Cristianismo e a estabelecer com portugal relações comerciais.
Em 29 de Março de 1491, e na sequência de uma solicitação das autoridades locais, desembarcava no Zaire, na enseada de Santo António (ou do Soyo) uma numerosa expedição portuguesa sob o comando de Rui de Sousa, integrando missionários, operários e colonos com o propósito de iniciar a evangelização Cristã e afirmar definitivamente a soberania portuguesa num ponto da Costa Ocidental Africana particularmente sensível tanto para a penetração no interior do Continente - a via de acesso ao mítico, mas real, Rei abexim ''Zara Jacob" (Preste João, para os ocidentais) a quem D. João II enviara alguns anos antes, em 1487, os experimentados Afonso de Paiva e Pero da Covilhã - como para o progresso da navegação no Atlântico Sul, pois a índia era, já então, a miragem.
O sucesso destes primeiros contactos substantivar-se-ia, alguns anos depois, num acto singular que constituiria o alicerce da longa história de comunicações entre portugueses e Congoleses: o reconhecimento pelo Ntotila D. Afonso I Mvemba-a-Nzinga, Rei do Congo de 1507 a 1543, do monarca português D. Manuel I como seu "muito amado irmão".
Progressivamente, introduziria em São Salvador, e com os objectivos já referidos, o estilo da chancelaria portuguesa em termos de organização e protocolo e adoptaria para o seu Reino alguns aspectos da organização política e social dos estados europeus.
Mas a adopção formal destes elementos exógenos e de todo estranhos às concepções e práticas tradicionais da sociedade Congolesa não deixaria de desencadear fortes resistências na cultura autóctone e nas estruturas sóciopolíticas regionais. Com efeito, durante muito tempo, o impacto deste esforço de aculturação ter-se-á insularizado na Corte de Mbanza Kongo,e esteve na origem de rebeliões como a protagonizada por Mpanzu-a-Kitina e a "revolta da casa grande dos ídolos", liderada por D. Jorge Muxueta.
Tratou-se de uma reacção natural de um dos Chefes tradicionais em defesa da cultura original, dos seus valores e representações face a uma cultura diferente e mesmo oposta em múltiplos aspectos. Os Bakongo, já o afirmámos, possuíam uma organização política descentralizada onde as relações transversais prevaleciam sobre as piramidais mas, pesem embora, as tensões e conflitualidade que gerava, tal facto jamais fora impeditivo da preservação de um certo equilíbrio estruturante e dinâmico.
Por isso, este acto de rebeldia só poderá surpreender uma certa perspectiva etnocêntrica de "civilização" que alimentou o paradigma do Desenvolvimento em oitocentos (com prolongamentos até pelo menos aos anos 60 do séc. XX ) para quem a África pré-colonial era um "no man's land' ou "um continente sem história". Não surpreendeu seguramente os portugueses de quatrocentos e de quinhentos que desde logo se aperceberam da forte coesão e identidade cultural destes povos e do desenvolvimento da sua cultura material traduzida no trabalho em ferro, cobre, madeira e marfim bem como na tecelagem, onde os Bakongo tinham alcançado um nível superior à maior parte dos povos bantos. J. Van. Wing partilha desta convicção ao afirmar, referindo-se a um aspecto particular das reformas ensaiadas por aquele Ntotila (Rei), que "a criação artificial de uma nobreza à europeia e de um aparato heráldico em nada modificaram a organização do povo Bakongo".
Esclareça-se, no entanto, que a assimilação do Cristianismo e a integração de outros elementos da cultura europeia resultou - e este é um dado que reputamos de importante para a economia deste trabalho - da própria vontade do Rei Congolês D. Afonso I que para isso teve de vencer importantes resistências internas e insistir junto do rei de portugal D. João III para que este lhe enviasse cinquenta padres porque "havia quarenta anos que Deus o havia tirado da escuridão, mas acontece estarmos 5 a 6 meses sem missa nem sacramento, porque os oficiais de V A. o querem assim".
O Cristianismo tomava-se também, desta forma, matéria de Estado para o Manicongo e Senhor dos Ambundo que, no ano de 1512, em carta enviada ao Papa Júlio II, solicitaria a protecção da Santa Sé. Empenhado na centralização e personalizacão do poder, D. Afonso I encontrava na nova religião uma oportunidade para reforçar o seu prestígio e autoridade, adoptando a religião dos europeus e explorando a áurea mítica que os navegadores portugueses transportavam. Pigafetta diz, a este propósito, que estes "eram muito estimados e respeitados quase como deuses descidos à terra, vindos do céu". Estavam lançados os fundamentos para a penetração pacífica no Congo, um Reino que, sem imposição e numa base de reciprocidade de tratamento, se tomou tributário do rei de portugal e foi integrado por vontade expressa do seu Rei D. Afonso I no "Padroado" português. Por esta altura, a baía de Cabinda era habitada por algumas aldeias integradas no Reino do Ngoyo (há algum tempo separado do Reino do KaKongo) que se estendia desde esta baía até ao rio Zaire.
Com as ligações marítimas para o sul dificultadas pela força da corrente para nordeste na embocadura do Zaire cujo estuário estava enxameado de crocodilos, polvilhado de ilhotas e bancos de areia, os habitantes das pequenas aldeias que se dispersavam ao longo desta linha costeira, faziam da exploração dos recursos marítimos (pesca e salicultura), zelosamente guardados, e da construção de Almadias ou canoas (matéria-prima não faltava na densa floresta equatorial do Mayombe) as suas actividades económicas fundamentais.
Em 1612, um mercador holandês escreveu, a propósito da actividade pesqueira na costa de Loango (contígua à baía de Cabinda): "Os habitantes são bons pescadores e pescam grandes quantidades. Pela manhã, fazem-se ao mar em canoas, que podem chegar a trezentas, e regressam ao meio dia".
A partir de meados do séc. XVII, o tráfico escravagista atraiu ainda mais os navios europeus ao seu porto, tornando-se Cabinda num importante ancoradouro para a drenagem de escravos oriundos do interior centro-oeste africano.
O comércio de escravos generaliza-se a partir de então e intensificam-se os conflitos entre os Chefes das aldeias e os Chefes clànicos ou tribais, entre estes e o Rei do Congo. Com efeito, comércio de escravos não era uma actividade exclusiva dos europeus. Entre outros testemunho, veja-se a carta que D. Afonso, Rei do Congo, enviou ao rei de portugal D. Manuel, em 26 de Maio de 1517, solicitando-lhe um navio para fazer aquele comércio. Por outro lado, uma parte deste comércio era feito à revelia das autoridades oficiais por aventureiros, conhecidos na época por lançados ou ainda por tangomangos.
Também as lutas pelo poder nos séc.s XVI e XVII e o ataque dos errantes e muito aguerridos Yagas, que Pierre Bertaux apelidou de "um sistema em marcha" fizeram deste Reino um mosaico político complexo, pese embora a sua vincada unidade cultural. Após a morte de D. António I, em 1665, todas as seis províncias que o compunham conquistam a sua independência aproveitando a disputa da realeza por duas famílias rivais: a dos Quipanzos, a mais legítima, e a dos Quimulaços, procedente daquela por bastardia. Como resultado, acentuou-se a hostilidade das tribos, a insegurança dos caminhos, o isolamento das aldeias.
A influência portuguesa no Reino do Congo entraria em franco declínio, mas a presença regular dos portugueses na sua costa marítima manteve-se apesar dos estrangeiros - nomeadamente holandeses, ingleses e franceses passarem a comerciar com grande liberdade na costa de Loango, em Cabinda, na foz do Zaire (Congo) até Ambriz. Aliás, quando julgou oportuno, e apesar de não ter procedido à sua ocupação efectiva, portugal jamais se eximiu a praticar actos de soberania naqueles territórios. Dois exemplos apenas, entre outros a que oportunamente voltaremos:
- em 1723, D. João V, invocando o direito histórico de portugal à posse destes territórios, não hesitou no protesto junto do Mani do Ngoyo e ordenou ao capitão José Semedo da Maia que destruísse o fortim que corsários ingleses tinham construído em Cabinda, num terreno que haviam comprado, no ano anterior, ao Soba local,
- em 1784, foi a vez dos franceses, através de um seu oficial da Marinha, Bernard de Marigny, atacarem e desalojarem os portugueses da fortaleza de Santa Maria de Cabinda cuja edificação se iniciara no ano anterior e que tinha "por principal fim manifestar a posse efectiva d'aquelle domínio soberano". Os protestos e a acção da diplomacia portuguesa levaram a frança, pela Convenção de 30 de Jan. de 1786 e sob mediação da espanha, a reconhecer oficialmente a soberania portuguesa sobre a costa de Cabinda.
Não obstante os factos referidos, o declínio da presença portuguesa nas costas a norte do rio Zaire, a partir do último quartel do séc. XVI, passara a ser uma realidade, 0 próprio Marquês de Pombal, perante a impossibilidade da manutenção do monopólio desse comércio, por alvará de 11 de Jan. de 1758, declarou "Livre e franco o referido comércio de Congo, Loango, portos e sertões adjacentes a todos e cada um dos meus vassalos destes reinos e seus domínios, que até agora o fizeram e pelo tempo futuro o queiram fazer".
O enfraquecimento da posição de portugal neste comércio na costa do norte dominado pelo tráfico esclavagista e a deslocação mais para sul do seu centro de gravidade resultariam em dificuldades acrescidas para a defesa das teses portugueses aquando da execução do direito colonial internacional definido pela Conferência de Berlim (1884-85). Aliás, este mesmo facto não passaria despercebido ao governo inglês que, em 1853, através do conde de Clarendon, e apesar de reconhecer expressamente os direitos de portugal adquiridos pela prioridade da descoberta, foi avisando que este direito estava "prejudicado por abandono" ("suffered to lapse"). Que razões estarão na origem deste menor interesse pelo Congo, tanto mais que se tratava de uma região onde as potências europeias procuravam, ao invés, reforçar as suas posições? Talvez por um conjunto razões pertinentes de que se podem destacar:
- a constante instabilidade política no Reino do Congo;
- a procura de novos produtos, nomeadamente, prata ;
- a maior capacidade de resposta das regiões a sul do rio Zaire (Ambriz, bacias dos rios Dande e Cuanza ... ) ao aumento de procura de escravos em consequência da sua superior densidade populacional;
- as vantagens económicas proporcionadas pela redução das perdas humanas decorrentes da aproximação dos locais de revenda aos de embarque;
- maior possibilidade de fuga ao controle fiscal quer da coroa portuguesa quer do Manicongo através do tráfico directo com os seus vassalos;
No entanto, esta indefinição não afectaria a actividade comercial-marítima nesta região e serviria até para uma primeira demonstração da fidelidade dos Cabindas a portugal quando, em 1723, o Rei de Ngoyo apoiou os portugueses na expulsão dos corsários ingleses que aí pretendiam instalar-se e construir um fortim. 0 comércio de escravos, ainda que cada vez mais controlado por estrangeiros, continuou muito activo na baía de Cabinda e na Costa do Loango, como o ilustra o regozijo do governador Caetano de Albuquerque numa missiva enviada ao rei D. João V, em 1728: "( ... ) aos portos do Loango, Cabinda não vão há mais de oito meses navios estrangeiros, nem a este têm vindo depois que cá estou; estimo muito".
Este lucrativo comércio prolongar-se-ia, ainda que numa situação de clandestinidade, muito tempo para além da celebração dos tratados abolicionistas na primeira metade do séc. XIX. O tráfico negreiro seria erradicado nas colónias portuguesa em 1847 mas, estimulado pela manutenção da escravatura no Novo Mundo, continuou relativamente florescente na costa norte, durante alguns anos mais, na costa de Loango, Cabinda, Molembo e Ambriz.
Os Ntotila (Reis) do Congo na enumeração dos seus títulos, intitulava-se, por exemplo : " D. Afonso por graça de Deus, Rei do Congo, e Ibungo (Vungu) e Ngoyo, d'áquem e d'além do Zaire,(..)". A entrada do último quartel do séc. XVII, ao norte do rio Zaire, a baía de Cabinda integrada no pequeno e Independente Reino de N'Goyo - dividiu o seu quotidiano, até à sua inclusão no "enclave" configurado pelos convénios resultantes da Conferência de Berlim (1884-85), entre demonstrações episódicas de fidelidade à soberania portuguesa e opções que tinham que ver, fundamentalmente, com a defesa dos seus próprios interesses.
Não sendo uma "res nullius" , a costa de Cabinda, e ao invés das terras do Ndongo , estava todavia, longe de constituir um território totalmente avassalado.

de: http://www.geocities.com/cabindalivre/historia.html


Pensar e Falar Angola

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

ANGOLA DESCRITA, Luanda

(…) Luanda “… é bem uma cidade atlântica. Sobe pelas encostas do vale em que se criou para ver o Atlântico, de mirantes surpreendentes, onde domina em tardes de cacimbo, a perturbadora luz dos trópicos (…)” (Galvão, Henrique in Monografia do império)

A capital de Angola teve espectacular crescimento nos anos de 1930 a 1950 com 60.000 habitantes em 1940, passou a 140.000 (1950), a 225.000 (1960), e quase 500.000 em 1968 (…) (Marques, Oliveira in História de Portugal).

Luanda foi certamente pelo seu desenvolvimento acentuado no 1º quartel do século, percursora nacional em termos de execução de planos: conhece-se o Plano de Urbanização da Cidade de Luanda – que com o de Coimbra foi o primeiro a ser realizado em Portugal pelo urbanista Etienne de Groer (1). (…). O plano (publicado na revista Técnica, do Instituto Superior Técnico, em 12/1944) concluído em 1946, prevê cinco “aglomerados satélites” (…) os quais teriam “… perímetros generosos, para lá de uma zona rural de protecção com cerca de dois quilómetros de largura. De Groer prevê a ligação entre si das cinco cidades satélites por uma semi-circular, a estrada de circunvalação” (Lobo, Margarida Souza – in Planos de Urbanização. A época de Duarte Pacheco (2)).

Possivelmente partindo deste plano, o arquitecto Vasco Vieira da Costa (Aveiro, 1911-1982) executará o seu célebre e inovador trabalho de final de curso na ESBAP, Uma cidade satélite para a capital de Angola, em 1948-49, onde explora a concepção urbanista de inspiração corbusiana(3).

Fonte:Fernandes José Manuel, in Geração africana

1) Etienne de Groer -exilado russo, urbanista contemporâneo de Duarte Pacheco, convidado por este para substituir Agache, seu antigo colaborador, ligado ao movimento inglês das cidades-jardim (urbanismo pensado com zonas de expansão, zonas verdes, unidades de vizinhança). De Groer foi personalidade fundamental na definição dos primeiros planos urbanísticos portugueses e na política do Estado Novo com eles relacionada. Entre outros, foi autor do plano de urbanização de Braga (1942) e com ele colaborou o urbanista David Moreira da Silva nos planos de Luanda e Coimbra.


2)Duarte Pacheco - Duarte Pacheco (Loulé, 19 de Abril de 1899 - Setúbal, 16 de Novembro de 1943), foi um engenheiro e estadista português.








3)Seguindo os principios aplicados por Le Corbusier (engenheiro e arquitecto http://pt.wikipedia.org/wiki/Le_Corbusier)










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