quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Roque Santeiro

“Foi no Kuando Kubango que me veio a ideia de escrever sobre o grande mercado “Roque Santeiro”.
Com efeito, naquela altura, quando nos encontrávamos num momento de lazer – eu e os colegas que me acompanhavam numa curta missão de serviço – alguém levantou a questão de saber se o Roque era ou não um cancro no seio da cidade de Luanda. Falava – se dele como que se tratasse dum mundo totalmente diferente do resto da capital, um covil de delinquência, um antro de imoralidade e de miséria que nos assustasse e ameaçasse como coisa nova.

Ora o que acontece no Roque, passa – se no centro das cidades do mundo inteiro, em proporções maiores e mais frequentes de dia e de noite, nos maciços dos arranha – céus arrefecidos pelo ar condicionado, nas ruas largas e estreitas.

Os muitos escritórios escondidos por trás de paredes de cimento e vidro em Nova Yorque ou Lisboa, são autênticas bancadas de mercado, onde gente engravatada faz negócios sujos e limpos, tal como no Roque... Muitos dos finos apartamentos são transformados em “casas de sarrar” onde mulheres e homens feitos “sarritas” perdem o decoro e se embrenham no lamaçal da luxúria e da indignidade”.

Pedro Hendrick Vaal Neto, in "Roque Santeiro – Romance de um mercado"

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