segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Cronologia de alguns factos sobre Cambambe


foto de Ilda Carvalho








António Pedro in Jornal de Angola






Em finais do primeiro semestre do ano transacto, o ministro de Energia e Águas, Botelho de Vasconcelos, havia anunciado uma reabilitação "profunda" da barragem hidro-eléctrica de Cambambe. Na altura, disse que estava em curso um processo de renovação do referido gigante energético, e que a recuperação se enquadrava na necessidade de se encontrarem soluções num horizonte temporal de doze meses, para que as disponibilidades de fornecimento de energia eléctrica pudessem cobrir o consumo actual em Luanda.



A intervenção na barragem de Cambambe destina-se à modernização dos equipamentos actualmente existentes e de infra-estruturas de apoio ao referido empreendimento, todavia, as restrições ao fornecimento de energia eléctrica que se verificavam na capital resultavam do deficiente escoamento da energia de Capanda. No referido ano, as duas linhas que transportavam energia eléctrica para Luanda a partir de Cambambe já estavam operacionais, e, na mesma altura, estavam em funcionamento três grupos de geradores, dos quatro existentes, situação que permanece nos dias que correm, conforme se constatou aquando de uma visita efectuada pelos jornalistas à sala de comandos, onde é feito o controlo de todo o sistema da barragem.



Era notável a satisfação de Cristóvão João, quando dizia que a barragem de que é gestor tem produzido energia suficiente, mas não há linhas de transportação para consequente distribuição. Apesar de que já decorre o concurso público para adjudicação das obras de recuperação de Cambambe, construída entre 1958 e 1962, sucedeu que quando a barragem de Capanda entrou em funcionamento, desde 2004, Cambambe havia registado uma redução de produção, mas aumentado o transporte de energia para Luanda.



Dados oficiais apontam que até ao primeiro trimestre do ano transacto, Cambambe produziu 160 mil 139 megawatts de energia. O transporte e distribuição de energia à capital a partir de Cambambe estiveram cifrados, no primeiro trimestre do mesmo ano, em 516 mil 484 megawatts e seis mil 514 megawatts, respectivamente.





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1 comentário:

Fernando Ribeiro disse...

(...)construída entre 1958 e 1962(...)

Como se vê pelas datas, a barragem de Cambambe estava em construção quando teve início a guerra de libertação (guerra colonial para os portugueses). Segundo relatos que ouvi da boca do povo, muitos angolanos foram então atirados pelos colonialistas para dentro dos caixotões que enformavam a barragem, sendo em seguida despejado cimento por cima deles. «Há muita gente soterrada em cimento dentro daquelas paredes», disseram-me.

Não me parece provável que o tivessem feito do modo descrito, pois isso iria enfraquecer a própria estrutura da barragem. Eu não sou engenheiro civil, mas parece-me que a barragem deve ter alguns espaços ocos em alguns pontos. Teriam sido lançadas pessoas para dentro desses espaços ocos? Não descarto completamente essa possibilidade, dado que em 1961 se cometeram as maiores barbaridades.

Certo, certo, é que a barragem de Cambambe era para o povo um verdadeiro cemitério, onde estariam sepultados alguns dos seus irmãos, vítimas da repressão colonial.

Assinatura Acordo do Alvor entre o governo português e os movimentos de ...

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