«Durante centenas de anos Angola — transformada em “mina de escravaria” — assistiu à saída forçada para o Brasil de milhares de seus naturais.O negócio era de tal forma rendoso que o Estado tinha nele o seu principal esteio financeiro, como o atesta o seguinte passo da “História de Angola”, de Elias da Silva Corrêa:
“O mais vezivel, e constante, hé, e tem sido os direitos da escravaria; pois, hé inegável, que o giro dos escravos, fecunda grandes interesses à monarchia”.
Certamente, por verificarem quão difícil era a vida da Província assente em tão ruinosa actividade, os governadores Fernão de Sousa (1624-1630), D. Francisco de Sousa Coutinho (1764-1772) e D. Miguel António de Melo (1797-1802) tentaram, por várias formas, dar impulso às fontes de riqueza, fomentando o comércio, a agricultura e a indústria.
Esta luta em que tanto se empenharam resultou, a bem dizer, em insucesso.
Assim o reconheceu D. Miguel António de Melo, ao referir-se ao estado da agricultura, no seguinte passo do relatório do seu governo, datado de 25 de Agosto de 1802: “É este importante ramo o manancial mais seguro e primeiro da riqueza de qualquer estado, porém, apezar de ser ele tal como digo, e todos sabem, e havendo-se, por muitas vezes, experimentado aqui, por falta de chuvas, grandes fomes, é contudo aquele que se acha em maior desprezo”.
Aludindo à precária situação geral da Província, resultante do nefando tráfico, tem estas expressões de sentido tão humano:— “não devemos emprehender mais conquistas, maiormente conservando as que temos indefezas e na lastimosa decadência que se observa, e que o nosso cuidado daqui em diante se deve encaminhar a tratarmos estes povos com suavidade e justiça, procurando fazer-lhes esquecer os danos, as violências e os males em que já por três séculos que os oprimimos e molestamos …”.
Como se verifica, abandonadas, por inércia, desleixo e apego ao lucro ilícito, as providências tendentes ao aproveitamento dos seus recursos naturais, Angola permanecia na apagada situação em que a lançara o desregrado comércio da escravaria.» in Subsídios para a história de Luanda, Manuel da Costa Lobo Cardoso, Edição do Museu de Angola - Luanda Angola,1954
Alguns aspectos da vida de Luanda antiga
( Conferência proferida na Associação Comercial de Luanda em 12 de Setembro de 1952.)
“O mais vezivel, e constante, hé, e tem sido os direitos da escravaria; pois, hé inegável, que o giro dos escravos, fecunda grandes interesses à monarchia”.
Certamente, por verificarem quão difícil era a vida da Província assente em tão ruinosa actividade, os governadores Fernão de Sousa (1624-1630), D. Francisco de Sousa Coutinho (1764-1772) e D. Miguel António de Melo (1797-1802) tentaram, por várias formas, dar impulso às fontes de riqueza, fomentando o comércio, a agricultura e a indústria.
Esta luta em que tanto se empenharam resultou, a bem dizer, em insucesso.
Assim o reconheceu D. Miguel António de Melo, ao referir-se ao estado da agricultura, no seguinte passo do relatório do seu governo, datado de 25 de Agosto de 1802: “É este importante ramo o manancial mais seguro e primeiro da riqueza de qualquer estado, porém, apezar de ser ele tal como digo, e todos sabem, e havendo-se, por muitas vezes, experimentado aqui, por falta de chuvas, grandes fomes, é contudo aquele que se acha em maior desprezo”.
Aludindo à precária situação geral da Província, resultante do nefando tráfico, tem estas expressões de sentido tão humano:— “não devemos emprehender mais conquistas, maiormente conservando as que temos indefezas e na lastimosa decadência que se observa, e que o nosso cuidado daqui em diante se deve encaminhar a tratarmos estes povos com suavidade e justiça, procurando fazer-lhes esquecer os danos, as violências e os males em que já por três séculos que os oprimimos e molestamos …”.
Como se verifica, abandonadas, por inércia, desleixo e apego ao lucro ilícito, as providências tendentes ao aproveitamento dos seus recursos naturais, Angola permanecia na apagada situação em que a lançara o desregrado comércio da escravaria.» in Subsídios para a história de Luanda, Manuel da Costa Lobo Cardoso, Edição do Museu de Angola - Luanda Angola,1954
Alguns aspectos da vida de Luanda antiga
( Conferência proferida na Associação Comercial de Luanda em 12 de Setembro de 1952.)
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