segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Elefantíase / filária







A filária bancroftiana é uma doença exclusiva do ser humano.
A filária é uma doença causada pelos parasitas nematóides Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, que são espalhados por mosquitos. A Malayi Brugia é um parasita em forma de fio.
As áreas endemicas são de clima tropical e subtropical e caracterizam-se, principalmente, pela falta de saneamento básico.
A apresentação clínica é diversificada, dependendo da idade e do género em que as formas crónicas se manifestam .
Nas mulheres, predominam nos membros inferiores, fazendo lembrar a pata de um elefante daí o nome elefantíase. Nos homens, a hidrocele é que prevalece, seguindo-se o edema e a elefantíase de pénis e de bolsa escrotal. Em ambos os géneros, a doença pode ser incapacitante e repercutir devastadoramente na vida dos portadores.
Frequentemente estes pacientes apercebem-se que são diferentes e humilhados ao constatarem o afastamento das pessoas, seja pelo preconceito, seja pelo desagradável odor exalado pela maioria dos portadores das formas mais avançadas da doença.
A doença projecta-se no plano social através da exclusão e mostra-se no plano da afectividade através da dor emocional.
Nos 83 países endémicos , há cerca de 15 milhões de indivíduos com elefantíase nos membros inferiores e 25 milhões com hidrocele, os quais têm fechadas as portas do mercado de trabalho.


Uma equipa de cientistas terminou recentemente a sequência genética do parasita que provoca a elefantíase, abrindo assim uma nova esperança para a vacinação e tratamento de uma doença que afecta 40 milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente nas regiões tropicais.
Trata-se da descodificação genética do brugia malayi, um parasita que ataca o sistema linfático e que provoca doenças como a elefantíase, mas também a oncocerose, que pode levar à cegueira.
Segundo o artigo da revista Science, uma equipa de biólogos do National Institute of Allergy, chefiada por Elodie Ghedin, sequenciou o genoma do referido parasita, um organismo nematóide (em forma de fio ou tubo fino) que pode alojar-se no corpo humano durante largos anos até provocar enfermidades debilitantes e deformadoras como a elefantíase.
As doenças provocadas por este género de parasitas foram das primeiras reconhecidas pela ciência como sendo provocadas por picadas de mosquito. Esta descoberta remonta a 1866.
Quando um mosquito pica uma pessoa infectada por brugia malayi, o insecto ingere pequenas larvas do parasita que vai posteriormente depositar na pele de outra pessoa com nova picada.
Mas, também pelo facto de a doença ser conhecida há bastante tempo, o facto é que os medicamentos existentes ainda hoje para o tratamento da elefantíase, por exemplo, têm várias décadas, sendo altamente tóxicos e apenas aliviando os sintomas da doença.
"Ter uma completa impressão digital genética dá-nos uma melhor compreensão de quais são os genes importantes para os diferentes processos da doença, de forma a que possamos atingi--los mais eficazmente", refere Elodie Ghedin no artigo da Science.
O problema das terapias até agora usadas é que apenas atacam as larvas e não o parasita adulto. A longevidade deste último tem intrigado os cientistas ao longo das décadas. É que, após alguns anos alojado no corpo humano, o brugia malayi, com uma enorme capacidade de reprodução (estima-se que ca-da fêmea tenha capacidade para gerar mil larvas por dia), engrossa as paredes do sistema linfático, pro- duzindo as deformações dos membros e o endurecimento da pele característicos da elefantíase.



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