sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Às vezes (des)organizo-me em palavras...


foto: Pwo

Que lindo!!! Nem se percebe porque diabo ela andará sempre a dizer mal da "banda", pensarão vocês...
É a tal coisa do "quem vê caras, não vê corações", digo eu...
Mas o que interessa aqui dizer é que um edifício do séc. XVII, que conseguiu resistir ao tempo, não foi capaz de resistir à violência da ignorância e da nossa prepotência.
Assim, há uns anos atrás foi demolido já com a intenção de se fazer uma réplica. E é isto que vêm na foto acima; a tal réplica que alegrou quase toda a gente já que o outro já estava podre!!!
Houve reclamações, xinguilamentos teatrais, manifestações de quem se sentiu chocado com a decisão. Mas aqui, quando "alguém" pensa, já é obra concluída. Não houve classe intelectual nem historiador que conseguisse fazer ouvir a sua voz de justiça em defesa do património luandense.

Pergunta 1: Para que serve esta cópia "barata" em betão, do vetusto edifício em pedra cujas fachadas (ao menos essas) poderiam ter sido aproveitadas? Se era para provocar, mais valia lá terem colocado um "vidrinhos fumados" (já agora!!!)
Pergunta 2: Como classificar esta porcaria em termos de património?
Pergunta 3: Já repararam no mau gosto e no ridículo daquele letreiro a dizer "Palácio Dona Ana Joaquina"? Para além de não ter conhecimento da prática de colocar letreiros de identificação nas frontarias dos edifícios históricos, este edifício nunca foi assim chamado, sendo conhecido como o Palácio de D. Ana Joaquina, por ser perteça desta senhora.

Este "palácio" já havia sido colégio. A minha mãe, que o frequentou, lembra-se de ver no chão do pátio as grades para os subterrâneos onde D. Ana Joaquina dos Santos e Silva, guardava os escravos, sua principal fonte de receita.
Depois da independência teve início o seu proceso de degradação até se transformar em covil de bandidos, prostitutas e todas as categorias de delinquência que se possam imaginar.
No início do séc. XXI foi assassinado.

Era este o triste aspecto, antes do crime, do "palácio", em tempos lugar de encontros e tertúlias, frequentado por governadores e por toda a burguesia africana e branca da época, gente do relacionamento desta senhora mestiça, riquíssima e grande traficante clandestina de escravos do séc. XIX.
(Diz-se que os seus navios aportavam em Portugal, Uruguai e Brasil.)

Não estava tão mal assim. Mesmo que estivesse, deveria ter sido salvo!!!

foto: Aqui




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