O CFB deu-me a conhecer uma enorme imensidão da terra angolana. Mas também entendi que não devo esquecer as diferenças que existiam entre as máquinas a vapor que deliciam qualquer um que gosta de comboios e que me levaram a rolar pelos carris da felicidade. Levou-me algum tempo a saber a diferença entre uma Nona e uma Montanha. Mas o meu pai e o Fogueiro (o primeiro ajudante do maquinista, aquele que fazia fogo para produzir vapor e que punha a máquina a andar) tiveram uma paciência de Jó para me fazer entender que havia mesmo uma diferença e que as irmãs eram diferentes em tudo. No essencial as diferenças tinham que ver com a diferença do diâmetro dos rodados. A Nona e a Montanha eram iguais em potência mas diferentes no diâmetro dos rodados e no tamanho da chaminé. As Nonas deslocavam menos 50 toneladas de carga que as Montanhas. Uma era menina burguesa, outra mais rude, mais mulher do povo. Talvez um dia, em qualquer museu de Angola dedicado aos caminhos de ferro, eu possa voltar a ter a noção das diferenças daquelas que fizeram muitos viajar do Atlântico à fronteira no Luau.
Pensar e Falar Angola
segunda-feira, 9 de julho de 2007
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