Fig. 1
Fig.2
Fig. 3
Dos catafalcos erigidos em Portugal e nas suas colónias, restaram alguns projectos, entre os quais um, merece atenção pelo remate de coroa real fechada sobre volutas, trata-se daquele, desenhado pelo sobrinho de Santos Pacheco para a Sé da cidade de São Paulo de Luanda em 1751. Este carpinteiro de nome ainda desconhecido, foi degredado para Angola durante o governo de D. Antônio Soares Portugal, Conde do Lavradio, que dirigiu as exéquias em honra de D. João V (pela sua morte).
No catafalco da Sé de Luanda uma pequena coroa real fechada sobre seis volutas rematam, juntamente com dois anjos sobre os ressaltos fronteiros do entablamento, o baldaquino, que têm como elementos de sustentação, oito colunas coríntias de fustes lisos com o terço inferior destacado com estrias helicoidais, sendo o seu limite cingido por pontas de folhas.
No centro do entablamento fica a segunda coroa real fechada de onde pendem cortinas delgadas, sustentada por anjos esvoaçantes, ficando a terceira coroa real sobre almofada por cima da Essa. O carácter desta solução são as volutas que evoluem em curvas e contracurvas, em três secções, além das oito colunas.
Fig.2
A configuração do catafalco de Luanda deve muito ao desenho de altar elaborado por G. M. Oppenord (Paris1672-1742) e publicado no seu livro “D’Autels et Tombeaux” (Fig. 3).
Neste altar concebido para um ambiente doméstico palaciano, quatro colunas compósitas de fustes lisos sustentam um entablamento rematado por quatro volutas que sustentam uma pequena coroa real fechada que tem por baixo dois querubins. As volutas deste baldaquino são sinuosas ou ondeadas, podendo ter influenciado o formato das volutas do catafalco de Luanda, que entretanto, têm formato mais expressivo e movimentado.
Fig. 3
Figura 1 - Catafalco das pompas fúnebres de D. João V, erguido na Sé da cidade De São Paulo de Luanda, projeto do sobrinho de Santos Pacheco. Arquivo Histórico Ultramarino - Lisboa
Figura 2 - Planta baixa do catafalco da Sé de Luanda - Arquivo Histórico Ultramarino - Lisboa
Figura 3 - Proposta para altar doméstico, gravura nº 5, do Livro de altares e túmulos de G. M. Oppenord. Faculdade de Belas Artes da UP – Portugal.
Fonte: adaptação realizada a partir de:
A GÊNESE FORMAL E SIMBÓLICA DO RETÁBULO DE N. SR. DO BONFIM DA BAHIA E SEUS DERIVADOS, Luiz Alberto Ribeiro Freire, revista OHUM (revista do programa de pós graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia).
Catafalco ou Essa, estrado erguido numa igreja para nele se colocar o caixão de um defunto, enquanto se procede às cerimónias fúnebres.
Voluta, ornamento enrolado em espiral.
Entablamento, conjunto de elementos horizontais assentes em colunas ou em pilares.
Baldaquino, remate arquitectónico ou escultórico que resguarda um portal, um altar, ou escultura importante.
A. Quelhas
Pensar e Falar Angola
Sem comentários:
Enviar um comentário