Faleceu ontem a avó dos meus filhos que era filha de um célebre advogado de Luanda dos anos muito lá para trás, o Dr. Videira. Lhe conheço 'estórias' de ouvir falar. Esta que vos conto é verdadeira.
Um determinado indivíduo estava na barra do tribunal acusado de ter chamado "filho da p...", com todas as letras que nós conhecemos, a um outro que então se queixava. O advogado de acusação, o Dr. Videira, pedia punição severa, como era seu hábito. O outro causídico, na pele de advogado de defesa, dizia que, afinal, "filho da p..." não era ofensa... que era assim a modos que... uma palavra que se dizia, que entrava no vocabulário normal... que era só uma expressão que já era vernácula, normal...
O bom do Dr. Videira ia ouvindo... ouvindo... e... nada, não mexia um músculo da cara.
Até que o Juiz, admirado com a passividade, o interrogou mesmo.
- Será que a acusação não tem nada a dizer?
E o Dr. Videira, com o ar de bonacheirão que sempre teve... foi dizendo:
- Claro que não, meritíssimo. Depois da brilhante defesa que o "filho da p..." do meu colega fez... que é que eu posso dizer?
E o outro:
- Senhor Dr. Juiz... Senhor Dr. Juiz... o meu colega Videira está a ofender-me.
- Ah, sim?! Agora já é ofensa ?
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