quinta-feira, 28 de julho de 2011

Opinião - O País

O zungueiroOpinião

QUARTA-FEIRA
27-07-2011
EDIÇÃO 141
Zungueiro, deriva da palavra Kimbundo Zunga, que significa andar, deambular. É um nome comum dado aos vendedores de rua do comércio informal. Pelo facto de estarmos habituados a ouvirmos falar mais de zungueira, se calhar alguns leitores poderão chamar-me de machista, confesso que não sou. Escolhi o título desta reflexão pelo facto do Zungueiro e a Zungueira terem os mesmos objectivos, que consistem no exercício económico de sobrevivência para o sustento, consubstanciado na venda pelas ruas de variadíssimos produtos. Podem ter um ponto fixo, ou caminhar sem rumo, até que a mercadoria acabe ou até a hora de irem para casa. Diferenciam-se nos tipos de produtos que comercializam, talvez pelo factor género. É comum o Zungueiro comercializar bens como: vestuário, telemóveis, relógios, medicamentos, DVD’s, CD’s, cartões de recargas, bebidas, etc. Ao passo que a Zungueira vende principalmente bens alimentares, das frutas ao peixe, legumes, sanduíche, mandioca e outros produtos como livros escolares, principalmente no inicio do ano lectivo.
A maioria dos(as) Zungueiros(as), desconhecem que alguns bens são proibidos por Lei nos locais onde comercializam, refirome por exemplo aos medicamentos e outros de venda proibida (os manuais escolares da Reforma Educativa, de distribuição gratuita). Em Angola, a venda ambulante começou a ter expansão nos anos 70, como consequência do êxodo populacional para as cidades, devido a guerra, que originou o agravamento do desemprego.
O desemprego fez com que certas famílias praticassem os seus negócios em casa, posteriormente defronte aos estabelecimentos comerciais, nos cinemas, tendo evoluído para as esquinas, nos mercados paralelos e na rua, sem observância das regras e normas mercantis e higiosanitarias.
Em Luanda, por exemplo, os Zungueiros, devido ao tipo de produtos que comercializam, actuam principalmente nos arredores da Rádio Nacional de Angola, nas Avenidas Deolinda Rodrigues, Comandante Gika, Ho Chi Min, 21 de Janeiro, Rua da Samba, na Estrada Nacional 230 (defronte ao Grafanil Bar e Estalagem), Pedro de Castro Van-Dúnem Loy (diante da Igreja Kimbanguista e nas Bombas de combustível do Golf2), também giram pela cidade, em pequeno número em relação às Zungeuiras.
As Zungueiras são as que mais deambulam na cidade, por vezes levando o filho mais novo nas costas, comercializando peixe fresco, e para trair os clientes, em algumas ocasiões, gritam “É Lambula é Lambulaééé” . Também comercializam sobretudo nos arredores do mercado do S.Paulo, na Rua Senado da Câmara, na Estrada Nacional 230 (defronte a Estalagem), Rua N’gola Kiluange, Corando Land, das Pedrinhas, dos Comandos. Por um lado, o comércio de rua tem a vantagem de reduzir os índices de pobreza e, por outro, acarreta várias consequências, que parte pelo desgaste físico do vendedor, em função de estar exposto à poeira, ao sol, por vezes à chuva, humidade e outros agentes ambientais. Tendo em conta a forma do manuseamento e conservação dos produtos, põe em risco a saúde do consumidor.
Também aumenta a informalidade do mercado, incentiva a contrafacção discográfica e farmacêutica, permite a evasão e fraude fiscal, o tráfico de drogas, contrabando, lavagem de dinheiro, bem como provocam congestionamento ao trânsito.
Atendendo que o fenómeno, tem mais desvantagens do que proveito para a sociedade, seria de todo conveniente o Estado incentivar o surgimento de Feiras, no sentido de absorver o comércio de rua, proceder a construção de centros comerciais de baixa renda e a produção de diplomas que regulamentam o pequeno negócio, simplificando a obtenção das licenças e o desagravamento das taxas.
Cristiano Francisco



















































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