segunda-feira, 7 de março de 2011

apontamentos de F.Quelhas (12)

Faz algum tempo que não mando notícias daqui de Luanda.
Às voltas com a burocracia angolana que disputa com a brasileira o segundo lugar num “ prémio” inglório de quem mais consegue dificultar a vida de quem quer produzir ( o primeiro lugar, claro, pertence aos burocratas portugueses de quem herdámos esta maldição ), cá vamos andando, “ cantando e rindo”.
Das impressões sobre Angola?
Naquela linha de análises pontuais vou colocar dois dados que são, também, “ pinceladas” de um quadro geral.
Já narrei como por aqui o dólar circula como uma moeda paralela, sendo comum as pessoas e empresas terem contas nas duas moedas ( sinceramente não sei se também se pode abrir conta em euros, ou outras moedas ). Pois bem, quando venho do Brasil, trago sempre comigo alguns dólares. Qual não foi a minha surpresa ao pretender usá-los aqui  ouvir que aquelas notas não tinham valor pois se tratavam de dólares “ cabeça pequena”.
Vim depois a saber que os dólares que eu trouxe eram de uma emissão antiga e que aqui não são aceites. Reparei que realmente a figura do presidente americano em tais notas é menor que nas notas mais recentes. Aliás, em Moçambique e na África do Sul seriam até mais rigorosos pois só estariam aceitando emissões após 2.006. Eis então que por aqui, as " cabeças pequenas "  não têm valor.
Quase argumentei que, valor por valor, nenhuma tinha, mas achei que o bancário não iria entender, até porque imediatamente me deu a entender que por “ uma cara”  ( neologismo da nota de cem ) ele me faria a troca das demais, na linha de que “ para grandes problemas, grandes soluções”. Preferi voltar com elas para o Brasil.
A propósito de dólares, houve aqui um génio que realmente soube “ dar os nomes aos bois”.
Cada vez que aqui se faz uma operação de câmbio num banco seja para pagamento de importação, seja para viagem, adquire-se dólares a partir da conta em kuanzas. E sabem qual é a redação que surge na descrição da operação no extrato bancário quando debitam o valor em kuanzas?
Nem mais!!!  Chamam-lhe COMPRA DE INVISÍVEIS
 
Digam lá se não é genial? Certamente o cara que bolou tal terminologia quis referir-se ao lastro da moeda. Só pode ser, ou então ao tal do “ IN GOD ( invisível ) WE TRUST” .

Mudando de assunto
No ultimo final de semana fui convidado por um amigo brasileiro que conheço há mais de 20 anos e se mudou para cá em definitivo a conhecer o club de tênis de Luanda.
É um club bem simples, mas agradável que fica bem ao lado do campo de futebol dos coqueiros com 4 quadras. Pena aquela suposta escultura de cabeça de leão na porta do restaurante Tia Maria ( caríssimo ). Mesmo para quem, como eu, já foi sportinguista achei horrível.
O meu amigo,  que, como disse,  veio para Angola com intenção de ficar definitivamente, está aqui há uns 3 anos, trabalha também com aerofotogrametria ( numa empresa concorrente ) e por sempre praticar tênis acabou se associando e posteriormente sendo convidado a gerenciar o club de tênis local que por se tratar de um esporte, digamos, de elite, seria diria predominantemente usado por pessoas idem, majoritariamente de origem europeias e com muito poucos jovens..
O Roberto, certamente apoiado pela diretoria ( de angolanos ) do club passou a dar-lhe uma maior dinâmica que vai desde a programação de torneios, etc, até a confraternizações com o legitimo churrasco do sul do Brasil ( de onde ele veio ), sendo que isso não seria a única mudança.
Terão passado a incentivar que garotos ( alguns, meninos de rua, creio  ) que seriam apenas aqueles “ boleiros” passassem a jogar inclusive em parceria com os sócios mais velhos, ao tempo em que sempre que as quadras estão disponíveis podem jogar entre si.
Gostei de ver, ao fim da tarde, depois do churrasco, aberto a todas as pessoas, sócias ou não, aqueles garotos e adolescentes jogar tênis em todas as quadras com altíssima concentração e competição e bastante  qualidade, aliás.
Sinceramente, não me surpreenderei se, em alguns anos surgir algum campeão de tênis por estes lados.
Por falar nisso, vi também algo semelhante com dezenas de meninos e adolescentes saírem na baia para disputar regatas de vela ( snipe, acho ) quando há tempos, fui almoçar no club Naval, na ilha.
Um abraço
Fernando



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