sexta-feira, 28 de setembro de 2007

OXALÁ CRESÇAM PITANGAS

Waldir Araújo*






Oxalá Cresçam Pitangas é um projecto a dois. De dois jovens angolanos da mesma geração. Um – Ondjaki – escritor com provas dadas e um promissor futuro do mundo das letras; outro – Kiluanje Liberdade – realizador também com já alguma experiência no mundo da Sétima Arte.



O filme pretende revelar a realidade por detrás da permanente fantasia luandense. Dez personagens mostram formas diferentes de viver e interpretar a cidade de Luanda, capital de Angola. Essas vozes vão expondo, com ritmo, dignidade e coerência, um espaço ocupado por várias gerações e dinâmicas sociais complexas. Luanda ainda não havia sido filmada sob esta perspectiva realista e humana: conflitos entre a população e a esfera política, a proliferação do setor informal, as desilusões e as aspirações, o questionamento do espaço urbano e do futuro de uma Angola em acelerado crescimento. Estas dez personagens falam também das suas vidas, do seu modo de agir sobre a realidade, da música que não pode parar. Aparece uma Luanda onde “a imaginação e a felicidade defrontam as manobras de sobrevivência. Onde a Língua é mexida para se adaptar às necessidades criativas de tantas pessoas e tantas linguagens”.

Este é um filme sobre uma Luanda que recria constantemente a sua identidade: os dias, as noites e todos os ritmos da cidade que não sabe adormecer. Luanda mistura fenômenos urbanos e rurais. O setor informal, sendo a grande alternativa, agita o país e dinamiza as relações. Os jovens colocam diariamente a imaginação ao serviço da sobrevivência e da felicidade, inventando formas de viver e sobreviver – por necessidade e pelo gosto de se sentirem vivos. Palco de arte, festa e alegria, em Luanda, a tristeza e a felicidade convivem com a euforia. Os casamentos são sempre festivos; os funerais nem sempre são tristes. Há um substrato intencional de felicidade nas ações e intenções dos luandenses. A linguagem falada traduz um modo de pensar mais local e típico. Num português carregado de calões e de adaptações, reflete-se o modo interventivo das pessoas agirem sobre a realidade.



Com uma visão que acentua a esperança no futuro, Oxalá Crescem Pitangas é uma viagem pelas pessoas, pelas ruas e pelas histórias de Luanda.








*é guineense e jornalista da RDP África. Como escritor, ganhou uma bolsa de Criação Literária do Centro Nacional de Cultura de Portugal, onde vive atualmente.

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