segunda-feira, 9 de março de 2009

Hoje falo eu - Francisco Corte-Real Pereira (1914-1970)

Hoje me apetece falar. Mas afinal de contas não me apetece falar mal, nem de destruição do património edificado, nem da degradação, nem dos contrastes e nem dos trastes. Mas como me apetece falar, coisa rara nos últimos tempos, fui ao arquivo da memória e lembrei-me de em 2005 ter visitado em Benguela, noite tardia, os restos ainda intactos dum carro fabricado em Angola e de que ainda hoje me arrependo de não ter fotografado, mas na altura a máquina se era não boa para o dia era mesmo rui para a noite. Mas isso é água que já correu para o mar faz tempo. Com esta imagem, com o embate na árvore da curva para o Casino na Senhora do Monte, no Lubango e da realização este mês de Março das Festas do Mar no Namibe fui procurar saber mais um pouco duma terceira figura do automobilismo da cidade de Benguela. Lembro-me bem daquele corpo franzino, que, talvez por defeito de profissão, eu hoje diria que devia ser um grande fumador e sofrer do estômago - mas isto é a memória da infância a trabalhar com os saberes de hoje e portanto estar ferido de validade.
Francisco Augusto de Quadros Vidal Corte-Real Pereira nasceu em 17 de Novembro de 1914 em Branca, Albergaria-a-Velha, tendo-se destacado como piloto de automóveis quer em Portugal, quer mais tarde em Angola, onde se radicou.

Vencedor do I Grupo (até 750 cc) no VIII Circuito de Vila Real em 1949 (14º na classificação geral)

Vencedor da I Taça Cidade do Porto, tripulando um ALBA (1953)

2º lugar no circuito automóvel das Festas do Mar em Angola (1969)

Em 1970, Corte Real Pereira esteve, pela última vez, nas “6 Horas de Nova Lisboa”. Oito dias depois, em 15 de Agosto de 1970, viria a falecer em, vítima de acidente, em Sá da Bandeira (Huíla) quando tripulava o seu Lótus nas “3 Horas da Huila”.

No ano seguinte, foi instituída em sua homenagem a Taça Corte Real Pereira, troféu a ser disputado na prova de iniciados de Nova Lisboa. Em 1974 foram realizadas duas provas denominadas Taça Corte-Real Pereira: uma em Nova Lisboa, para iniciados, realizada a 27 de Julho; outra a 3 de Agosto, em Benguela, para a fórmula TC-A.

Segundo Armando Lacerda, "A sua criação teve em mente não só homenagear a memória deste piloto como, também, servir de exemplo aqueles que se iniciavam na modalidade como um exemplo de espírito desportivo de um grande Senhor."

Fontes: Armando de Lacerda / Ancestry.com / Carlos Corte-Real / Portal dos Clássicos

Curiosidade: Conjuntamente com Emílio Marta, foi um dos impulsionadores da produção de um automóvel de produção nacional, o Marta Real, que vi em muito bom estado em 2005.


Pensar e Falar Angola

1 comentário:

Catarina Gerássimos disse...

Uma bonita homenagem, estava perto e presenciei o acidente, foi um choque quando vi sangue a escorrer-lhe pela testa no pressuposto que não tivesse acontecido o pior, viemos para Nova Lisboa mais tristes nesse dia