terça-feira, 31 de março de 2009

HUAMBO 2009









Pensar e Falar Angola

LER DEVIA SER PROIBIDO







Pensar e Falar Angola

Relações entre a PIDE/DGS e a CIA

A PIDE começou a chamar a atenção da Central Intelligence Agency (CIA), em1949, quando Portugal ingressou na Aliança Atlântica (NATO). Analistas dessa agência de Intelligence norte-americana consideraram que aquela polícia política tinha adquirido, em Portugal, um extraordinário poder, efectuava prisões arbitrárias, utilizava a brutalidade física e detinha presos na cadeia por prazo indefinido [1]. Depois, nos anos cinquenta, em plena Guerra-Fria, a CIA instalou um retransmissor da Radio Free Europe (Rádio Europa Livre, criada em 1947), em Glória do Ribatejo, criando, para o gerir, em Portugal, a Sociedade Anónima de Rádio-retransmissão (RARET). No entanto, a ligação “oficial” entre a PIDE e a CIA só foi formalizada em 1956, quando o coronel Benjamin H. Vandervoort [2], adido da embaixada dos EUA em Lisboa, convidou o director da polícia política portuguesa, capitão Agostinho Lourenço, comunicando-lhe para uma deslocação aos EUA, com o objectivo de «discutir matérias de mútua preocupação».

Como Agostinho Lourenço se desligou da direcção da PIDE, por limite de idade, em 5 de Setembro de 1956, o convite foi transmitido ao capitão António Neves Graça, chefe interino da polícia política portuguesa, que o aceitou, com «muito agrado». A CIA propôs-se então prestar auxílio à PIDE na organização de um sistema mecanizado de ficheiros e arquivos e, na sequência de impressões trocadas entre os dois respectivos directores, em Washington, por seu lado, Neves Graça elaborou uma proposta de colaboração entre os dois serviços. Segundo este, as duas polícias propunham-se trocar informações sobre a organização comunista e efectuar diligências e operações conjuntas, entre as quais se contavam a infiltração no seio dos Partidos Comunistas [3].


Os «homens das Américas»

Em 1957, uma delegação de elementos da PIDE frequentou um curso, ministrado pela agência americana, nos EUA [4] onde, entre outras matérias, se contavam técnicas de vigilância, aprendizagem de rádio, de filmagens e fotografia, escuta telefónica, intercepção postal, elaboração de relatórios, métodos informativos e de interrogatório processual, conhecimento de tintas simpáticas, criptografia, microfilmes, utilização de tele-impressores, bem como técnicas de informação e contra-informação [5]. Fizeram parte da delegação portuguesa o sub-inspector Jaime Gomes da Silva, o chefe de brigada Manuel Vilão de Figueiredo, os agentes Sílvio Mortágua, Amândio Gomes Naia, Álvaro dos Santos Dias Melo, Abílio Augusto Pires, Felisbino Marques Gomes, Ernesto Lopes (Ramos), José Mesquita Portugal e João Nobre e ainda os escriturários, Alfredo Fernando Robalo e Eduardo de Sousa Miguel da Silva [6].

Alguns dos quadros da PIDE que estagiaram na América - Abílio Pires, Ernesto Lopes Ramos e Miguel da Silva - terão sido contratados pela CIA como agentes de ligação em Portugal. Este último chegou a ser considerado, em 1969, pelos próprios dirigentes dessa polícia, de ser um «homem das Américas», razão pela qual ficou limitado a assuntos respeitantes à autoridade nacional de segurança [7]. Quanto a Abílio Pires, negaria ter trabalhado para a CIA, embora afirmando que esta agência o tinha de facto tentado subornar, através de Walter Andrade, elemento da estação americana em Lisboa [8].

Numa entrevista dada em 1974, em Londres, Philip Agee, oficial de operações secretas da CIA, afirmou, por seu turno, que Rudolfo (sic) Gómez, organizador da rede dessa agência em Portugal, em 1968 e 1969, tentara aliciar o inspector Rosa Casaco, com o qual terá reunido periodicamente no Porto e em La Toga (Galiza) [9]. António Rosa Casaco negou, porém, ter trabalhado para a CIA, esclarecendo que apenas teve uma «amizade desinteressada com Edward Gómez, chefe da base» dessa agência norte-americana, em Portugal na década de 60 [10].


Operações conjuntas entre a PIDE e a CIA: o caso «expectator»

Ao que parece, no continente português, a maior operação conjunta das duas polícias secretas, portuguesa e americana, foi o caso «expectator» [11] abordado, pela primeira vez, por escrito, pela CIA, em Julho 1957. O caso, considerado «top secret» - de «cross contamination between the expectator and or other Russian intelligencia service aparati in Portugal and PCP» - envolvia estrangeiros que se tinham refugiado em Portugal, durante a II guerra mundial, acusados de fazerem parte de uma rede soviética. Diga-se que a CIA sabia dessa rede, através de um relatório de 1943 dos serviços secretos da Alemanha nazi e que essa operação foi dirigida pelo então homem da CIA em Lisboa, coronel Vandervort [12].

Mais tarde, a PIDE realizou, pelo menos, duas viagens marítimas a portos soviéticos, com elementos seus, a bordo de navios mercantes portugueses, sobre as quais relatou à CIA. A primeira viagem realizou-se, ao porto de Riga, em 1959, com a presença de dois agentes da PIDE, Santos e Lopes (provavelmente Ernesto Lopes Ramos) e a segunda, ao porto soviético de Tuapse, no Mar Negro, em 1960, novamente com Ernesto Lopes Ramos. A agência norte-americana agradeceu, em 29 de Novembro de 1960, a colaboração dos portugueses, dizendo que essas fotografias haviam sido as primeiras a penetrar além da linha da água, de um porto soviético e afirmando que os resultados dessa operação representavam um dos melhores exemplos de ligação entre serviços para participar directamente na análise de dados marítimos [13].

Alguns autores datam no início dos anos sessenta o incremento de relações entre a PIDE e a CIA, embora um ex-elemento da polícia portuguesa, Óscar Cardoso, o tenha negado, ao afirmar que acontecera precisamente o contrário, devido ao apoio que os americanos deram, em 1961, à UPA e, três anos depois, a Mondlane, em Moçambique [14]. Houve efectivamente, nesse período, um esfriamento da cooperação entre a CIA e a PIDE, pois, além do alegado apoio à UPA, o governo português «não perdoou o suposto envolvimento norte-americano no golpe de Botelho Moniz e a atitude relativamente ao assalto ao paquete «Santa Maria» da parte da administração Kennedy, que aproveitou esse episódio para empolar a existência de uma oposição democrática em Portugal [15].

A questão da Índia, em Dezembro de 1961, tornou ainda mais difícil, quase à beira da ruptura, o relacionamento luso-americano, considerando então Salazar que os EUA pecaram por omissão, ao recusarem-se a fazer uma declaração pública sobre o assunto. No entanto, embaixador norte-americano em Lisboa, Charles Burke Elbrick, manifestou-se contrário a que a administração norte-americana apoiasse a condenação de Portugal, pelas Nações Unidas, argumentando que isso representaria um ataque a um aliado da NATO, que assim ficaria enfraquecida [16].

Durante o ano de 1962, o ministro dos negócios Estrangeiros, Franco Nogueira, manifestou, junto do Secretário de Estado norte-americano, Dean Rusk, preocupação com o apoio dos EUA à UPA e a Theodore Xanthaky, conselheiro da Embaixada dos EUA em Lisboa e elemento da CIA, afirmou que se tornava difícil manter um diálogo com o governo americano [17]. Em 1 de Janeiro de Janeiro de 1964, a PIDE passou a vigiar o já referido Theodore Anthony Xanthaky.

No entanto, a partir de 1963, já se fazia sentir uma moderação no discurso anti-colonialista dos EUA e uma tentativa de conciliação, num momento de negociações para a renovação do acordo de utilização da base das Lajes, nos Açores [18]. Após o fim da administração Kennedy, a PIDE voltou a ter, como antes de 1961, uma relação «leal» com a CIA, embora, como era «óbvio», houvesse sempre informações que uma polícia omitia à outra, e vice-versa, segundo afirmou Álvaro Pereira de Carvalho [19].

No período «marcelista», a colaboração entre a PIDE/DGS e os serviços secretos norte-americanos era das melhores embora a polícia portuguesa não deixasse de preocupar-se com a actividade da Embaixada e dos serviços secretos americanos. Refira-se, por exemplo, que, em 20 de Novembro de 1969, o director da DGS, Fernando da Silva Pais, soube, de fonte «absolutamente segura», da ocorrência, dois dias antes, de um jantar em casa de Diego Cortes Asencio, conselheiro da embaixada dos EUA (entre 1967 e 1972) e elemento da antena da CIA, com Robert Zimmerman, no qual tinham estado presentes Mário Soares [20], Francisco Salgado Zenha e Francisco Sousa Tavares [22].

Em 1973, William Colby, o novo director da CIA, considerou Portugal um país tão estagnado que chegou a sugerir o encerramento do posto da agência no país. Lembre-se que a principal preocupação da CIA continuava a ser então a América Latina, onde, como se sabe, através da «operação Condor», foram instaladas, com o apoio norte-americano, diversas ditaduras. Pouco tempo antes de 25 de Abril de 1974, o posto da CIA então era composto apenas por três elementos: John Stinard Morgan, acabado de chegar a Lisboa, Frank W. Lowell e Leslie F. Hughes, ambos incorporados na Embaixada como oficiais de telecomunicações.

Nó próprio dia 25, o responsável pela Embaixada dos Estados Unidos à época, Post, relatou a surpresa com que soube do golpe de Estado, reveladora da ignorância do representante norte-americano:

«o telefone tocou no meu quarto. O guarda da nossa casa no Restelo, um ex-quadro da DGS, atendera o telefone central na garagem, e disse-me: “Perigo, perigo”. Não percebi. A minha mulher, ensonada, comentou: “Oh, isso é o nome do guarda!” Desliguei e voltámos a dormir. Seriam aí umas seis da manhã quando um dos adidos militares me telefonou, dizendo que havia tanques na rua e música militar na rádio» [22].


[1] José Freire Antunes, Kennedy e Salazar, O Leão e a Raposa, Lisboa, Difusão Cultural, 1991, nota 3, p. 105-106, Central Intelligence Agency SR-31.

[2] Idem, ibidem, p.106.

[3] Arquivo PIDE/DGS no ANTT, pr. 6. 341 CI (2), pasta 2, fls. 2-7, 31, 36, 39, 40 e 45.

[4] Idem, pr. 2 CI (2) SC DSI, pasta 4, fls. 93, anexo b 3, 9, 10, 17, 24, 100.

[5] Idem, ibidem, pasta 3, fl. 4, pasta 4, fls. 1, 21, 91, 93, anexo 5, 9, 10, 17, 100, 117, 118, 119, 122 e 123.

[6] Idem, pasta 5, fls. 18, 19, 36, 40, 50, 54-55, 59, 64, 68-69 e 100.

[7] «A PIDE colaborou com a CIA», in Diário Popular, 7/2/1975.

[8] Bruno de Oliveira Santos, op. cit., p. 42.

[9] A Capital, 9/12/74 «Investigação sobre Rosa Casaco leva a rede da CIA».

[10] António Rosa Casaco, Servi a Pátria e Acreditei no Regime, Lisboa, ed. do autor, 2003, p.93.

[11] Nuno Vasco, A Bem da Nação, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1998, p. 195.

[12] «A PIDE colaborou com a CIA», Diário Popular, 7/2/75.

[13] Arquivo PIDE/DGS no ANTT, pr. 2 CI (2) SC DSI, pasta 6, fls. 134, 136, 137, 144, 168, 260, 281 e 282.

[14] Nuno Vasco, Óscar Cardoso, A Bem da Nação, p. 94.

[15] Luís Nuno Rodrigues, Salazar-Kennedy: a Crise de uma Aliança, Lisboa, Editorial Notícias, 2002, p. 317

[16] José Freire Antunes, Kennedy e Salazar, p. 95.

[17] Idem, ibidem, pp. 71 e 147.

[18] Idem, ibidem, p. 322.

[19] José Freire Antunes, Nixon e Caetano, pp. 56 e 57.

[20] José Freire Antunes, Kennedy e Salazar, p. 93-95.

[21] Arquivo da PIDE/DGS no ANTT, pr. 121 CI (1) Francisco Sousa Tavares, fl. 16.

[22] Idem, ibidem, p. 311 e 349.


(Publicado no nº 14 da colecção Os anos de Salazar/ O que se contava e o que se ocultava durante o Estado Novo , coordenada por António Simões do Paço.)


Posted by Irene Pimentel under História in 'Caminhos da Memória'
Pensar e Falar Angola

segunda-feira, 30 de março de 2009

Idade da Pedra


(há um discurso de facas nas fronteiras lívidas do rosto.

a madrugada morre de leucemia. e ainda as florestas

não revelam as crateras abertas.
línguas de fogo economizam tristezas. deslizam águas

na luz da pedra.

oh, vidas de pedra, náuseas de pedra. na dura frágil

idade da pedra.)


Conceição Cristóvão


Pensar e Falar Angola

UMA PARAQUEDISTA

UMA PARAQUEDISTA


Conheci em 1989 , no Lubango , uma senhora portuguesa , nascida no Off-shore da Madeira , formada em psicologia , que trabalhava na função pública , em Portugal continental .

Esta senhora nunca tinha viajado para fora de Portugal , tal como Salazar .

Um dia , por obra e graças do Espirito Santo , conseguiu fazer parte de uma equipe de formadores em gestão administrativa , numa empresa portuguesa , e veio para Angola , mais precisamente Lubango , ministrar um curso de formação de gestores de empresas públicas angolanas .

Chegando pela primeira vez na África , Lubango , e vendo tantos africanos masculinos , logo ela se empolgou pois sentiu-se uma flor no meio de tantas abelhas .

Alguns dias após começar o curso de formação de gestores públicos , esta senhora dissertava em suas aulas de psicologia sobre a conjuntura económica e política africana/angolana .

Falava , sentindo-se num púlpito , de tal modo era sua eloquência e afirmava quais os melhores caminhos par Angola e África em geral .

Nunca tinha vivido em África .

Em resultado disso , após alguns dias de inicio do curso , já seus ouvintes pouca atenção lhe prestavam , mas ela continuava a sentir-se uma flor .

Acabou o curso , ela voltou para o seu emprego público em Portugal e nunca mais voltou .

Em Portugal , desfila suas aventuras africanas .

Ela ainda se acha .

domingo, 29 de março de 2009

Igreja Sagrada Família

Igreja Sagrada Família - Luanda (interior)
Foto: Luís Boleo
(clique na foto para ampliar)






Pensar e Falar Angola

Cinema no Centro Cultural Malaposta - Portugal

Cinema no Centro Cultural Malaposta

2ª Bienal de Culturas Lusófonas


CURTAS METRAGENS INÉDITAS ANGOLANAS + 1 Longa
ABRIL 1 - QUA - 21h30
 Homenagem ao FicLuanda 2008 - Festival Internacional de Cinema
 Com a presença de Jorge António (FicLuanda 2008) e Pocas (Realizadora)

 
Para Além da Tela - de António dos Reis - Angola, 2008, 25 minutos
 
A utilização da magia da imagem em movimento na tela, atrai um público especial, o público de quatro bairros das periferias de Luanda e de zonas rurais de cinco provincias de Angola.

Momentos de Glória - de António Duarte - Angola, 2008, 10 minutos

Histórias da Banda com um soldado, uma miss, dois assaltos, uma guerra, um concurso, um encontro.

Kiari - de Mário Bastos - Angola/EUA, 2007, 15 minutos

Kiari está a preparar-se para receber um autógrafo do seu jogador de basquete favorito, Plyton Louis. Mas ao descobrir um segredo de Payton, Kiari descobre que o seu “herói” não é o que parece ser.

Amanhã Será Diferente - de Pocas - Angola/França, 2008, 11 minutos

Poderá uma palavra abalar o destino? Num país acabado de cair no totalitarismo, um homem e uma mulher, que se conhecem há poucos dias, voltam a pé de uma reunião de trabalho que acabou tarde. Tendo como fundo uma cidade em estado de emergência, eles serão incapazes de aceitar a sua atracção recíproca.


O Ritmo do Ngola Ritmos - de António Ole - Angola, 1978, 60 minutos
 Argumento: Luandino Vieira

Documentário histórico que reúne o lendário "Liceu" Vieira Dias e os integrantes do argumento Ngola Ritmos, pioneiros da música popular angolana e resistentes do movimento cultural anti-colonial.

 ________________________________

 
DOCUMENTÁRIOS SOBRE A MÚSICA ANGOLANA

 ABRIL 4 - Sáb - 18h

Com a presença de Jorge António (Realizador)



Angola – Histórias da Música Popular - de Jorge António, Portugal/Angola, 2005, 52 minutos

Com Dog Murras, Rui Mingas, Carlos Ferreira, Beto Gourgel, Filipe Zau, Teta Lando, Vip, Sebem, Nguxi dos Santos, Santocas, Paula Simons, Ana Maria Mascarenhas, Dionísio Rocha,Garda Eleutério Sanches

Desde o lendário Liceu Vieira Dias e os Ngola Ritmos nos finais dos anos 40 até aos dias de hoje, este filme é uma viagem ao universo da música popular angolana, através doa voz dos artistas mais importantes de todas as gerações tendo como pano de fundo a História política e social de Angola.

Kuduro, Fogo no Museke - de Jorge António - Portugal/Angola, 2007, 60'

Desde a sua independência, nunca Angola tinha assistido a um movimento cultural tão dinâmico e tão polémico como o kuduro. Nenhum outro género musical ultrapassou tão rapidamente as fronteiras e se tornou um fenómeno internacional. Paralelamente à construção vertical desenfreada que agita Angola, continuam a crescer os bairrosperiféricos – musekes – onde uma nova geração usa a música como arma de intervenção. É deste movimento, da crescente importância da cena musical angolana e da sua proliferação que este documentário nos fala. “Kuduro - Fogo no Museke” é o retrato social e cultural de uma nova geração, que quer acima de tudo ser a voz de uma nova Angola.
 
Kuduro, Fogo no Museke é a segunda parte de uma trilogia que o autor dedica à música angolana, iniciada em 2005 com Angola - Histórias da música popular. A partir das questões O que é o Kuduro? Porquê este nome? Porquê tanta polémica? Jorge António oferece-nos um retrato social e cultural de uma nova geração, através de um género musical que ultrapassou fronteiras e se tornou já um fenómeno internacional

Centro Cultural Malaposta  Municipália EM
Rua Angola, Olival Basto
2620-492 Odivelas
Tel: 21 938 31 00 
Metro: Senhor Roubado

Pensar e Falar Angola

Afrikya – 29/03/09

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Posted by Toke

(58) - Àgora - Aplauso, um eco de lugar comum




Numa das minhas recentes deambulações pelas livrarias, comprei o recente livro do Manuel Rui Monteiro, editado pela Caminho, “ A Janela de Sónia”.
Ainda não o li, e espero fazê-lo rápidamente na adiada esperança de fazer o que nunca consegui: dizer mal de um livro do Manuel Rui. Não é só por corporativismo coimbrão, a verdade é que acho o Manuel Rui o melhor escritor angolano e procuro não perder nada do que ele vai escrevendo, desde artigos de opinião a livros ou trabalhos diversos.
Em 1973, na montra da Bertrand em Coimbra, a poucos metros do consultório do Dr.Adolfo Rocha, vulgarmente conhecido no mundo das letras por Miguel Torga, estava uma primeira edição de um livro de capas verdes titulado de “Regresso Adiado”, editado pela Centelha. Uma editora, que era pouco mais que um armário do cartório do Soveral Martins e do Manuel Rui perto da praça da Republica, que ia editando o bom que podia. Comprei esse livro por 20 escudos, o que era muito para o tempo e por uma obra de um desconhecido.
Por interpostas pessoas fui acompanhando o que o Manuel Rui tinha escrito na Vértice, revista de literatura e ideias que se tem mantido com alguma irregularidade ao longo de quase 70 anos, e onde muitos e bons poetas debutaram, e onde se partilharam boas ideias.
Não vim aqui fazer nenhuma crónica sobre o Manuel Rui, até porque em boa verdade vou guardar algumas coisas sobre o seu trabalho literário para ulteriores oportunidades. Sou um rato de papeis, livros e correlativos, e quando entro numa livraria vasculho, e acabo por comprar muito além do que pretendia. Acontece-me invariávelmente isso numa grande livraria, como também pode acontecer num sórdido vão de escada onde um tipo de óculos com lentes garrafais e pieira nos pulmões está sentado num “mocho” atulhado de livros que nem sequer faz ideia do que tem, mas que foram comprados com discussões do preço à medida infinitesimal.
Tenho por isso comprado muita coisa boa, mas raras vezes barata, porque normalmente o tipo alfarrabista, se nos vê muito interessado num livro, é porque tem a certeza que o vou levar.Isto não vem a propósito de quase nada, mas aqui há uns tempos comprei alguns livros de três “amaldiçoados” autores portugueses: Luis Pacheco, Cesariny e Alberto Pimenta. Confesso que recomendo uma leitura “desta gente”, porque tem coisas deliciosas.
Num livro de Alberto Pimenta, “ A repetição do caos” da “&etc.”, vem uma história curiosa que teimo em reproduzir, sobre a gasosa em 1948!!!“1948- o meu pai foi às finanças fazer um requerimento, e como de costume fez questão que eu o acompanhasse. Para “aprender a vida”. Em casa explicou-me minuciosamente a fórmula e o motivo do requerimento. No fim, meteu dentro da folha uma nota de 50 escudos e disse-me:- Esta é a parte mágica da fórmula. Quando tiveres um pedido a fazer, já sabes, o segredo é este.
Passados uns meses enviei a minha primeira declaração de amor e, como 50 escudos era muito para as minhas posses, juntei uma moedinha de 2$50. Nunca tive resposta, decerto foi por ser tão pouco.
Quero também referir que a D. Quixote fez sair uma obra que urge comprar, que é nem mais nem menos que a compilação num volume só, de tudo do Nuno Bragança, onde para além de outros romances surge a incontornável “ A Noite e o Riso”, considerada, largos anos após a morte do poeta, como um dos 100 melhores livros portugueses de sempre. A obra chama-se Nuno Bragança (1929-2009).
Já que estamos a falar de livros, se tiverem arrojo, comprem o “Dicionário do Diabo” , de Ambrose Bierce, editado pela Tinta da China, e que tem as definições exactas para quando certas coisas nos correm mal, e mais tarde verificámos que ainda bem que isso aconteceu.
Dinheiro, neste dicionário:”Uma benção que só se torna vantajosa quando a damos a outra pessoa. Um sinal exterior de cultura e um passaporte para a sociedade elegante. Bem suportável”.
Para que conste, o Manuel Rui nunca me deu nenhum livro, nem nunca me pediu para dizer bem dele, mas que escreve bem, não haja a menor dúvida.
21/02/09




Pensar e Falar Angola

sábado, 28 de março de 2009

Angola não lê



Angola não lê.

(...)

Não lêem as crianças, porque não têm livros e não estão habituadas a ler.
Não lêem os jovens, porque não os acostumaram ao interesse da leitura.
Não lêem os estudantes universitários, quase irremediavelmente perdidos para a leitura, porque, no fito de se formarem, não conhecem outros livros que não sejam os de obrigação curricular.
Não lêem os adultos e entre eles os próprios professores (de todos os níveis, mesmo os universitários) porque ninguém lhes ensinou a sentir o gosto pela leitura, nem lhe criou a necessidade de ler, para lá dos livros de especialidade com que, obrigatoriamente, se têm de manter actualizados.
Todas as editoras que abriram portas nestes últimos anos (e que não são muitas atendendo às necessidades de uma população cada vez mais escolarizada) estão passando por dificuldades para se manterem.
Normalmente, só editam livros que sejam subsidiados, porque sabem que não podem contar com o produto da venda de livros. Em Angola um livro, qualquer livro, dá prejuízo. Salvo raras excepções, de cada mil livros editados vendem-se quatrocentos exemplares. Os restantes, ficam nas prateleiras.
As editoras trabalham pois, entre o subsídio que raramente conseguem e o autor (por vezes mau) que tem dinheiro e pode pagar a edição do seu livro.
Ficam fora dos projectos editoriais os livros infantis e juvenis. São livros caros, a que um Editor não se atreve a empenhar o seu mal parado equilíbrio económico.
Um outro problema e de não menor importância é este: os livros feitos em Angola (e todos os livros deveriam se feitos em Angola, mesmo os escolares.) ficam três vezes mais caros dos que são editados em Portugal ou no Brasil, na África do Sul ou na Namíbia.

(...)

Jacques Arlindo dos Santos


Pensar e Falar Angola

Sábado Musical



Pensar e Falar Angola

Dois dicionários feitos no Brasil

Um 'assinante' deste blog envia-nos estes dois 'docs' para divulgação.
Pelo que me foi dado a perceber, trata-se dum cidadão do Brasil com fortes ligações culturais a África/Angola sem nunca lá ter estado. Não sei avaliar o rigor destes dois dicionários, por quanto não domino nenhuma destas linguas nacionais. No entanto, quanto mais não seja pela curiosidade, atrevo-me a dar à luz o seu desejo de os ver aqui publicitados.
Bem haja!

http://www.scribd.com/doc/11542080/Dicionario-Kikongo

http://www.scribd.com/doc/7839607/Mini-Dicionario

Pensar e Falar Angola

sexta-feira, 27 de março de 2009

Pintura

Autor: Antognoni Brunhoso ???????








Pensar e Falar Angola

Raid Cacimbo BFA 2009





1. Com a devida autorização das entidades competentes, com o apoio do GOVERNO DA REPÚLICA DE ANGOLA e dos seus patrocinadores ( lista a ser posteriormente divulgada em Anexo ao presente Regulamento ), o TTT - TURISMO TODO O TERRENO, Lda organiza a sua tradicional expedição de todo-o-terreno designada Raid Cacimbo BFA 2009 que decorrerá entre os dias 26 de Julho e 16 de Agosto de 2009.
2. O Raid Cacimbo BFA 2009 é uma iniciativa que pretende aliar o prazer da condução todo-o-terreno, à aventura, ao campismo e ao turismo ecológico, fomentando simultaneamente o convívio entre os participantes e o conhecimento de Angola e dos países da África Austral.
O evento não tem qualquer carácter de competição, embora possam ser organizadas provas ou concursos de participação facultativa em determinados pontos do percurso, mas sempre dissociados dos elementos velocidade e risco habitualmente inerentes a competições automobilísticas.
3. Poderão inscrever-se quaisquer interessados, desde que satisfaçam as condições de inscrição e que a viatura 4x4 em que pretendem participar seja aprovada em verificação a efectuar pela Organização. A inscrição diz respeito à participação de uma viatura e seus ocupantes, cujo conjunto assim formado será considerado uma “equipa” participante.
4. Cada equipa será constituída por um número máximo de 4 participantes, o que significa que não serão admitidos mais do que 4 ocupantes por viatura, recomendando-se, contudo, por uma questão de conforto e de peso, que sejam apenas utilizados os assentos dianteiros para o transporte de passageiros, ou seja, que cada tripulação seja composta por apenas 2 ocupantes : um condutor ( piloto ) e um passageiro ( co-piloto). Não é permitida a participação de menores com idade inferior a 12 anos.
5. As inscrições preliminares, ou intenções de inscrição, decorrerão até ao dia 30 de Abril de 2009 e serão efectuadas através de e-mail, para o endereço ttt.raidcacimbo@snet.co.ao .
6. O pedido formal de inscrição efectiva decorrerá entre o dia 30 de Abril e as 18h00 do dia 29 de Maio de 2009, através de formulário próprio a enviar por e-mail para o endereço ttt.raidcacimbo@snet.co.ao .
7. A Organização responderá por e-mail a cada pedido de inscrição, reservando-se o direito de, sem qualquer obrigatoriedade de justificação, negar o direito de inscrição a qualquer potencial participante.
8. No acto da inscrição, os participantes obrigam-se, sob pena de penalização, à observância das normas estabelecidas neste Regulamento e em todos os seus Anexos e Aditamentos.
9. A inscrição só será considerada efectiva após o pagamento da referida taxa. Após o seu pagamento, a Taxa de Inscrição só será reembolsável nas seguintes condições:
a) 100%, em caso de cancelamento do Raid Cacimbo BFA 2009
b) 50% em caso de desistência da equipa participante, até à data limite de 15 de Junho de 2009,
às 18h00.
10. O valor da Taxa de Inscrição, por equipa, é o seguinte :
- com viatura própria
- equipas de 1(uma) ou 2 (duas) pessoas - $ 2.500
- equipas de 3(três) ou 4 (quatro) pessoas - $ 3.000
- com viatura do TTT - TURISMO TODO O TERRENO, Lda
( completamente equipada + seguro contra-todos-os-riscos )
- equipas de 1(uma) ou 2 (duas) pessoas - $ 6.000
- equipas de 3(três) ou 4 (quatro) pessoas - $ 6.500
11. Estão incluídos no valor da Taxa de Inscrição os seguintes serviços :
- as taxas de obtenção de visto de entrada em todos os países;
- as taxas de travessia de todas as fronteiras, excepto eventuais cauções ou depósitos exigidos pelas autoridades migratórias, para algum participante em particular ;
- as taxas de travessia de todas as fronteiras para todas as viaturas, excepto eventuais cauções ou depósitos exigidos pelas autoridades aduaneiras, para alguma viatura em particular ;
- as taxas de acesso e pernoita em todos os parques de campismo ao longo do percurso,
onde se alojarão os participantes do Raid Cacimbo BFA 2009 ( qualquer outra forma de alojamento adoptada – hotéis, pensões, guest houses, lodges, resorts, etc., incluindo o alojamento durante a primeira noite no Cásper Lodge, no Lubango - decorrerá por conta e risco de cada participante );
- as taxas de conservação da natureza para entrada no Parque Nacional do Kruger
- o prémio referente ao de seguro de saúde global do Raid Cacimbo BFA 2009 a subscrever pela Organização junto da ENSA ;
- todo o material publicitário a ser aposto ou transportado nas viaturas participantes, bem como a indumentária mínima alusiva ao Raid Cacimbo BFA 2009 a ser usada pelos participantes.
12. Apesar de a Organização ter previamente estabelecido um itinerário e um Programa ( ver anexo ao presente Regulamento ), estes poderão ser alterados em qualquer altura do percurso, sem aviso prévio, em função de razões de força maior ou outras julgadas importantes pela Organização.
13. As etapas diárias terão o seu início de manhã cedo, segundo horário a estabelecer pela Organização e a comunicar diáriamente aos participantes durante o briefing de véspera à hora do jantar e terminarão, preferencialmente, antes da hora do pôr-do-sol.
14. A progressão das viaturas ao longo do percurso será efectuada em formação de caravana, em ritmo de passeio, segundo as características do terreno e à velocidade imposta pelas viaturas da Organização.
15. A ordem de partida, bem como a posição a ocupar por cada viatura, serão determinadas pela Organização no início de cada etapa.
16. As viaturas deverão circular permanentemente com os faróis “médios” acesos, devendo cada equipa manter obrigatòriamente o contacto visual pelo retrovisor com a viatura que segue na sua rectaguarda. À falta de contacto visual, cada viatura deverá parar imediatamente em local seguro, até voltar a ser alcançada pela viatura seguinte.
No caso do sistema de comunicações por rádio entre viaturas estar a funcionar normalmente, esta manobra deverá ser precedida de uma comunicação com a viatura da Organização, que determinará as condições em que deverá ser executada a manobra.
17. Cada equipa deverá estar munida de um rádio emissor / receptor, com frequência própria da Organização, para efeito exclusivo de comunicação interna com as restantes equipas participantes, bem como com as da Organização, segundo regras de utilização a fornecer pela Organização.
18. Para além do tipo e da quantidade dos víveres julgados necessários e da qualidade e variedade do equipamento de campanha deixado ao critério dos participantes, cada equipa deverá obrigatòriamente e ao longo de todo o percurso, possuir reservas suficientes de água potável e de combustível, de modo a permitir a sobrevivência dos seus ocupantes e o funcionamento da sua viatura, de acordo com os seguintes parâmetros de autonomia :
- água potável - 2 dias, no mínimo
- combustível - 500 Kms, no mínimo
19. Cada equipa deverá estar munida de um rádio emissor / receptor, com frequência própria da Organização, para efeito exclusivo de comunicação interna com as restantes equipas participantes, bem como com as da Organização, segundo regras de utilização a fornecer pela Organização.
20. Cada equipa deve assegurar-se do bom estado da sua viatura, recomendando-se que consulte o seu mecânico habitual e que proceda a uma revisão completa ao veículo antes da partida. É ainda importante que cada veículo disponha dos acessórios e peças sobresselentes necessários à resolução de eventuais avarias durante o percurso.
21. A assistência a avarias é da inteira responsabilidade de cada equipa. Contudo, prevalecerá sempre o apoio, solidariedade e espírito de entreajuda entre todos os participantes ao Raid Cacimbo BFA 2009.
Caso a Organização venha a considerar impossível ou inviável remediar a avaria no local, será assegurado o reboque da viatura e o transporte dos seus ocupantes até ao primeiro local do percurso onde seja considerado existirem as condições mínimas para superar a avaria ou, em caso extremo, para o seu parqueamento em condições de segurança. Todas as despesas associadas, incluindo eventuais custos de transporte da viatura e dos membros da
equipa, decorrerão a cargo da equipa participante.
22. Em caso de paragem forçada, quer seja causada por avaria mecânica, quer por qualquer outro contratempo que ocorra a uma ou mais equipas, ou participantes, é “regra sagrada” que nenhuma outra equipaparticipante deverá tomar a iniciativa de abandonar a caravana, salvo caso de extrema necessidade e após anuência da Organização.
23. Qualquer equipa ou participante que deseje abandonar o Raid Cacimbo BFA 2009, deverá informar préviamente a Organização. Uma vez abandonada a caravana, cada participante seguirá o caminho que bem entender, por sua inteira conta e risco.
24. A Organização reserva-se o direito de, quer à partida do Raid Cacimbo BFA 2009, quer em qualquer altura do percurso, decidir sobre a exclusão de qualquer equipa cujo comportamento de algum dos seus participantes seja considerado inadequado ao espírito da expedição. O mesmo princípio será aplicado a equipas que tenham alterado ou eliminado características das suas viaturas, consideradas essenciais e que tenham contribuído para a aceitação da sua inscrição.
25. Independentemente da existência, ou não, de uma equipa de paramédicos para assegurar o serviço de primeiros socorros, a Organização não garante assistência médica durante o percurso, pelo que cada participante deverá fazer-se acompanhar do seu próprio kit de emergência. Caso algum dos participantes sofra de doença crónica, alergia, ou qualquer tipo de mal-estar decorrente,deverá fazer-se acompanhar dos medicamentos que habitualmente utiliza durante as crises, bem como instruir os restantes membros da tripulação sobre a respectiva administração.
26. Os participantes ao Raid Cacimbo BFA 2009 estão cobertos por um seguro de saúde de grupo subscrito pela Organização junto da seguradora nacional ENSA.
A inclusão individual de cada participante no seguro de grupo está condicionada à apresentação da documentação obrigatória a juntar à Ficha de Inscrição. A Organização declina toda e qualquer responsabilidade sobre quaisquer incidentes ou acidentes de natureza pessoal ou material que possam vir a ocorrer durante a expedição, bem como de quaisquer danos causados aos próprios, aos seus acompanhantes, ou a terceiros. É deixado ao critério dos participantes a eventual subscrição de qualquer outro tipo de seguro(s) que julguem necessários.
27. É obrigatória a subscrição de um seguro automóvel contra terceiros para todas as viaturas participantes, válido para todos os países atravessados pelo Raid Cacimbo BFA 2009 durante todo período da travessia, cujos custos decorrerão inteiramente a cargo de cada equipa.
28. Estando programada a travessia de 4 ( quatro ) países estrangeiros – Namíbia, Botswana, África do Sul e Moçambique - cada participante é inteiramente responsável pela entrega dos documentos e outros requisitos obrigatórios para a obtenção dos respectivos vistos de entrada, a solicitar pela Organização junto das Embaixadas desses países em Angola, bem como pelo cumprimento das formalidades migratórias, aduaneiras, sanitárias e todas quantas sejam exigidas pelas autoridades todos os países, tais como, passaportes, cartas de condução, vacinas, seguros, etc..
28. Cada participante é inteiramente responsável pela sua identificação, pela dos acompanhantes que transporte na sua viatura, bem como da própria viatura, devendo fazer-se acompanhar de todos os documentos e cumprir com todos os requisitos quantos os necessários para o cumprimento das leis em vigor em Angola, Namíbia, Botswana, África do Sul e Moçambique.
29. Ao inscreverem-se, os participantes obrigam-se a respeitar os compromissos publicitários assumidos pela Organização, bem como a afixar nos seus veículos os logo tipos do Raid Cacimbo BFA 2009, da entidade organizadora, TTT - Turismo Todo Terreno, Lda, ou dos seus patrocinadores, a serem fornecidos pela Organização com indicação das respectivas áreas de afixação.
30. Quaisquer situações ou casos omissos no presente Regulamento serão pontualmente analisados e tratados segundo critério a adoptar exclusivamente pela Organização do Raid Cacimbo BFA 2009.

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quinta-feira, 26 de março de 2009

No mês de Março



Faz de conta eu desci primeiro a Leba, me banhei no Atlântico e depois quando ia a voltar para a Cidade Planalto eu vi estas imagens.
É assim no mês de Março
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quarta-feira, 25 de março de 2009

Hoje falo eu: Cabo Verde 1 - Angola 0

Os jogadores da selecção angolana, segundo consigo apurar nas muitas páginas que vou lendo, pretendem tirar o máximo proveito do estágio que a equipe realiza em Portugal para estarem em forma para a disputa da Copa das Nações Africanas (CAN), que o país vai acolher em 2010.
Com a presença garantida na qualidade de anfitriã e sem jogos oficiais marcados, depois de terem ficado pelo caminho nas eliminatórias para o Mundial de 2010 que se realiza na quase vizinha África do Sul, apenas resta ao 'esquadrão' comandado por Mabi de Almeida aproveitar as datas Fifa para reunir os jogadores e testar a equipe em alguns jogos amistosos.
Durante o estágio de preparação para a CAN-2010, no Algarve, que começou domingo e termina no dia 31, a equipe disputa dois encontros, um com Cabo Verde, que se realizou esta tarde, no estádio José Arcanjo, casa do Olhanense, e outro com Marrocos, no dia 1 de Abril, em Lisboa. Por isso, tanto Kali, jogador que actua nos suíços do Sion, como Roger, do 1º de Agosto, e Jamba, do ASA, manifestaram a convicção de que a equipe vai aproveitar da melhor forma estes dias em conjunto. "Este ano os jogos de preparação que vamos ter têm um único objectivo, que é afinarmos a estratégia para apresentarmo-nos bem na CAN. O estágio está a correr bem, foi uma oportunidade proporcionada por uma data Fifa, em que podemos estar todos juntos, pois é assim que vamos trabalhar a estratégia para a CAN em 2010, já que não vamos ter jogos oficiais este ano", afirmou Kali.
CAN em Angola para Angola está muito difícil
O jogador do Sion, Kali, sabe que o facto de Angola receber a competição coloca pressão nos ombros da equipe para, pelo menos, melhorar o resultado obtido na última CAN, quando chegou às quartas-de-final. "É normal que o público nos exija (a semifinal). Na última CAN, passamos às quartas-de-final e fomos eliminados pelo campeão, o Egipto. Tem sido tradição a equipe da casa ganhar a prova e estamos conscientes dessa responsabilidade. Sabemos que não vai ser fácil, vão estar presentes as grandes selecções do continente, mas temos de suportar a pressão e dar o nosso melhor", disse.
O jogador angolano reconheceu ainda que o facto de a equipe ter ficado fora do campeonato do Mundo de 2010, na África do Sul, "aumenta a pressão" para a CAN, que "será o Mundial para Angola".
Roger considerou, por sua vez, que "a próxima data Fifa será só em Agosto" e tem que "se aproveitar as datas da Ligas dos Campeões e Copa da Uefa para juntar o grupo". "É difícil juntar os jogadores em Angola, porque jogamos todos na Europa, por isso vamos fazer mensalmente um jogo. Portugal é um país irmão, sentimo-nos bem, o último estágio antes da CAN-2006 também foi cá e não há razões de queixa", defendeu. Apesar de a equipe ser um pouco diferente da que esteve presente no Mundial de 2006, na Alemanha, Roger diz que a "equipe tem miúdos [jovens] bons e até ao próximo ano Angola vai conseguir fazer uma boa equipe" para compensar o país da "frustração" de não ter se qualificado para África do Sul. "Sabemos que há uma certa pressão, porque houve um grande investimento do governo, mas estamos preparados para isso e vamos ultrapassar", assegurou o jogador do 1º de Agosto. Também Jamba considerou que a não qualificação para a Copa deixa Angola com o sentimento de o seu Mundial será a CAN. "Como não nos qualificamos, o nosso Mundial será a CAN em Angola. Vamos ter muitas exigências e temos de trabalhar e dar o máximo, uma vez que só temos mais uma data Fifa, e temos de melhorar a imagem da equipe em Angola", disse, referindo-se à goleada com o Mali, na França, em Fevereiro. Jamba lembrou o trabalho realizado na última Copa das Nações Africanas, com a chegada aos quartos de final, por isso disse que o objectivo é "tentar chegar pelo menos às semifinais e se possível à final". "Temos o apoio do nosso povo, temos a nossa galera a puxar por nós, por isso temos tudo para chegar às meias-finais ou à final", defendeu Jamba, para quem "o enfarte com o Mali" ia ser ultrapassado com o encontro de hoje com Cabo Verde.
Na verdade não foi. O enfarte foi enfadonho, sem soluções tácticas nem resposta aos 'miúdos' de Cabo Verde, despreocupados, soltos e com muitas falhas na frente de ataque. Na minha modesta opinião de 'treinador de bancada' há que mudar mentalidades, atitudes e acreditar na vontade de conseguir, não estando ali apenas para 'ganhar o meu' mas para dignificar as cores e o nome dos Palancas Negras. Há muito trabalho a fazer em todas as vertentes: técnica, táctica, psicológica e física.
Equipas:
Angola: Capoco, Airosa, Kali, Loco, Amaro (Asha, 72), Dedé, Chara, David (Love, 46), Mateus, Mantorras (Santana, 62) e Zé Kalanga.
(Suplentes: Nuno, Jamba, Rodir, Asha, Job, Santana, Edson, Sérgio, Love, Jamuana e José)
Cabo Verde: Fock, Ricardo Silva, Pelé (Devon, 72), Nhambu (Adão, 84), Nilton Tavares "Nilson" (Nilson de Barros, 79), Varela, Dário, Marco Soares, Babanco (Gerson, 74), Dady (Tchesco, 88) e Lito (Cadú, 91).
(Suplentes: Carlos Lopes "Carlitos", Devon Almeida, Elton Rodrigues "Toi Adão", Jaquelino Mendes "Tchesco", Adilson Araújo "Gerson", Cadmiel Alves "Cadú", Nilson de Barros e Victor Costa "Toi".
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Etnia Tchokwe






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Novo BI

Angolanos vão ter novo Bilhete de Identidade

A ministra da Justiça, Guilhermina Prata, afirmou que a emissão do novo bilhete de identidade deverá ser iniciado em Julho deste ano, após aprovação pela Assembleia Nacional do diploma que regula o documento.

Na sessão extraordinária de quarta-feira, o Conselho de Ministros aprovou a proposta de Lei sobre o regime jurídico de identificação civil e emissão do Bilhete de Identidade de cidadão nacional, que prevê a adopção de novas tecnologias na emissão do bilhete de identidade e a modernização do registo civil.

Em declarações à imprensa, Guilhermina Prata disse que adoptou-se um modelo padrão para o bilhete de identidade, do tamanho de um cartão de crédito que contém inúmeros elementos de segurança que evitam a falsificação.

Segundo a ministra, dados como a altura - menos de um metro – profissão, raça e o facto de não saber ler/escrever serão omitidos. Essas informações serão consideradas apenas para efeitos estatísticos.

Em relação à naturalidade do cidadão, o bilhete fará menção da província, município e comuna.

Guilhermina Prata afirmou que a proposta de Lei eliminou a menção VP nos bilhetes de pessoas com cargos públicos. Optou-se pela referência alfanumérica da província onde o cidadão solicita o bilhete.O diploma proposto pelo Governo prevê a retirada das impressões digitais dos 10 dedos das mãos, para efeitos de investigação criminal. No entanto, só as digitais do indicador direito constarão no bilhete de identidade.

“Caso o cidadão não tenha o indicador direito lhe serão retiradas as impressões de um outro dedo, mas essa informação constará apenas na base de dados, em respeito à deficiência da pessoa”, esclareceu a ministra.

Guilhermina Prata disse, por outro lado, que o novo bilhete não terá incrustado números de outros documentos, tais como cartão de contribuinte, segurança social, carta de condução e de cartão de leitor, mas possui características para reunir todas essas informações.

A proposta de Lei determina o ressarcimento em caso de serviço deficiente e protege os cidadãos com poucas condições económicas, com isenção de taxas, para que nenhum angolano deixe de beneficiar do documento por falta de recursos. A ministra explicou que só em casos restritos, como uma ordem judicial ou em caso de má conservação, o bilhete de identidade poderá ser retido, mas apenas pelas entidades competentes. Nenhuma outra instituição pode reter o bilhete.

“A nossa realidade mostra que quando um cidadão vai a uma instituição pública é lhe solicitado o bilhete de identidade e muitas vezes é extraviado. Esta lei proíbe a sua retenção. Pode ser solicitado, mas não retido”, esclareceu.

A lei dispõe de normas sancionatórias, nomeadamente multas, para quem retiver ilegalmente o bilhete de identidade de algum cidadão.

Guilhermina Prata referiu que o novo e o bilhete antigo coexistirão durante algum tempo. Os bilhetes antigos serão substituídos gradualmente, a medida que caduquem, ao passo que os cidadãos com bilhetes vitalícios poderão solicitar o novo modelo.

A proposta de lei sobre o regime jurídico da identificação civil e da emissão do bilhete de identidade de cidadão nacional proposta pelo Governo é a terceira que versa sobre este documento. A primeira foi aprovada em 1975 e a segunda em 1996.




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terça-feira, 24 de março de 2009

UM PORTUGAL MAIOR

UM PORTUGAL MAIOR

Portugal é uma Nação e , como tal , é representada por cada um de seus cidadãos e não apenas por seus líderes .

A maneira como cada um vive em si sua cidadania , reflectindo-se para o exterior , determina o sentido colectivo do povo ao qual pertence .

A Nação representa o colectivo de um grupo e , ao mesmo tempo , é representada por cada um dos indivíduos em seus actos , mais ou menos profundos .

Ainda na Era colonial , os pensadores Cunha Leal , Fernando Pessoa , Agostinho Neto , Agostinho da Silva e muitos outros alertaram para o “ MOMENTUM” , para a necessidade de Portugal cumprir-se perante si e ante o mundo das Nações civilizadas alterando seu statu quo colonial e criando uma união de facto de novas Nações independentes lusófonas e isso era perfeitamente possível até ao ano de 1940 mas não houveram lideranças capazes nem vontade popular individual , suficientes no conjunto para tal empreitada .

A ganância , o medo dos mares nunca dantes navegados , falta de criatividade , atraso industrial e tecnológico , complexos de superioridade e inferioridade , a inexistência de uma intuição do futuro , etc . , não permitiram a construção de uma nova Nação lusófona de espirito grandioso nem a criação de novas Nações lusófonas tais como o Brasil e , em resultado disso , Portugal não se cumpriu gigante que era .

Se Portugal se cumprisse até 1940 , com seu exemplo de facto , as lideranças do mundo de hoje e as relações entre as Nações mundiais poderiam ser bem diferentes .

É claro que falar da história é mais fácil do que construí-la mas é fundamental uma reflexão ampla sobre o papel de Portugal e da CPLP no mundo de ontem , de hoje e do futuro .

Portugal sozinho não é mais um gigante territorial mas a CPLP é , e a única via para que esta Comunidade se cumpra hoje , é exclusivamente através da união real das ideias e culturas diferenciadas .

Isso exige uma profunda intuição do futuro e um querer destemido .

Através de uma união fraterna verdadeira , definindo-se objectivos fundamentais e caminhos a serem construídos , com o acordo e participação ampla dos cidadãos dispostos às mudanças , é possível reconstruir-se um Portugal mais navegador e , quiçá , ser um exemplo pedagógico para outros povos da CPLP .

Portugal precisa de continuar a inserir-se na Europa em particular pois da Europa nasceu , no mundo em geral como sempre o fez desde o século XIV e fundamentalmente no mundo lusófono , progenitor que é , pois já aprendeu bastante durante estas centenas de anos e não pode alienar-se dessas responsabilidades pois isso seria covardia .

“Vem vamos embora que esperar não é saber , quem sabe faz a hora não espera acontecer (GV) ” .

É isso que desejamos .

INFORMAÇÃO POPULAR 7


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Faz favor não perder


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segunda-feira, 23 de março de 2009

Este lago não existe

(clique para ampliar)




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Angola e Cabo Verde disputam amistoso

Foto ANGOP
As selecções de Angola e de Cabo Verde, em futebol, jogam quarta-feira. 25-03-2009, salvo erro às 16.00 horas, em Olhão, Algarve (Portugal), aquele que será o quinto amistoso entre ambas.

Nos quatro confrontos já disputados os Palancas Negras venceram três e averbaram uma derrota.

Nunca os dois países disputaram um jogo oficial, mas nem isso deixou de unir angolanos e cabo-verdianos. Além de falarem a mesma língua, os dois países sempre usaram a política e o desporto, o futebol em particular, para estreitar a relação.

Quatro desafios e igual número de treinadores acompanharam os Palancas. Amílcar Silva, Domingos Inguila, Carlos Alhinho e Oliveira Gonçalves foram os técnicos que orientaram os Palancas Negras frente aos cabo-verdianos.

Curiosamente, foi com o luso-cabo-verdiano que os Palancas perderam. No primeiro jogo, em 1978, a selecção nacional foi vencer em plena capital crioula (Cidade da Praia), num torneio alusivo às festividades do aniversário de Cabo Verde. Na ocasião, Diniz apontou o único golo do encontro garantindo a vitória de Angola (1-0).


Sob orientação de Amílcar Silva, o "onze" angolano alinhou de início com Carnaval, Franco, Salviano, Inguila, Vinhas, Quim, Geovety, Laurindo, Silva, João Machado e Diniz.


Em 1985 encontraram-se pela segunda vez no torneio de Mindelo em Cabo Verde. Os anfitriões impuseram um empate a zero golos no tempo regulamentar, mas a selecção nacional saiu vitoriosa na marcação de penaltes (4-3).

Num grupo onde as principais referências eram os avançados Jesus e Nsuka, o técnico Domingos Inguila alinhou na equipa principal, além dos dois, Jaburú, André, Chico Diniz, Chico Afonso, Pedro Ferro, Arsénio, Fusso, Eduardo Machado e Nelson.

Quinze anos depois (2000), as duas selecções cruzaram-se novamente no arquipélago num encontro que, além de se enquadrar no aniversário daquele país lusófono, serviu de preparação para as qualificativas do Mundial de 2002.

Depois de uma igualdade (1-1), com golo de Akwá, o jogo foi decidido nos pontapés de grandes penalidades, com o "onze" crioulo a vencer por 3-2, naquela que é até ao momento a única vitória diante de Angola.

Carlos Alhinho começou o jogo com Cuca, Bodunha, Neto, Julião, Hélder Vicente, Jacinto, Joni, Kata, Paulão, Carlos Pedro e Akwá.

Na Amadora (Portugal), já com muitos atletas que fazem parte do actual grupo, na preparação para o Campeonato Africano das Nações (CAN) e em saudação ao aniversário do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, Mantorras e Love fizeram a diferença, ao apontarem os golos do terceiro triunfo da selecção nacional (2-1).


O desafio foi realizado em 2005 e foi Oliveira Gonçalves a comandar a equipa técnica dos Palancas. João Ricardo, Manuel, Lebo Lebo, Jamba, Yamba Asha, Miloy, Mendonça, Freddy, Figueiredo, Akwá e Mantorras constituiram o onze inicial.


Agora, quarta-feira, na região portuguesa de Algarve, angolanos e cabo-verdianos defrontam-se pela quinta vez. O duelo visa preparar as duas selecções para o CAN2010 que Angola vai albegar de 10 a 30 de Janeiro.


Os anfitriões têm garantida a presença na prova, ao passo que o seu adversário disputa qualificação.



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Dia Mundial do Teatro - 27 de Março

Palestra abre programa das festividades do Dia Mundial do Teatro

Uma palestra subordinada ao tema "o teatro e a sociedade" abre hoje, na Huíla, o programa das festividades do Dia Mundial do Teatro, que se assinala a 27 deste mês. O programa é da responsabilidade da Associação Provincial de Teatro e, em parceria com a União Nacional dos Artistas e Compositores, inclui visita à sede do COCAN, no âmbito dos preparativos dos jogos africanos de futebol. Para o dia 27 será realizado um debate radiofónico com historiadores e professores da área de teatro, a fim de reflectirem sobre o teatro em Angola e a sua contribuição junto das comunidades. Está igualmente agendada outra palestra sobre a importância do teatro e o seu impacto no país e no estrangeiro.
O ponto mais alto do programa, na Huíla, será uma sessão teatral a acontecer no dia 29, no Centro Cultural e Recreativo do Lubango, onde participarão oito grupos.
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domingo, 22 de março de 2009

Angola para sempre



Angola Para Sempre - Iolanda Tecla da Silveira,

Editora: Juruá Editora

ISBN: 978853621627-0


"Um caso de amor promete sérias complicações, quando seus protagonistas são alcançados por acontecimentos inesperados que transformam suas vidas. Ficção e realidade misturam-se nesta obra que enfoca os momentos da rasgadura racial em Angola e a hora do despertar de uma nação oprimida por séculos de intransigência política, abuso de poder e tortura. Chega então o momento em que pacatos cidadãos são obrigados a adoptar o valor vigente, a violência, para conseguir sobreviver. É uma obra permeada de medos, desesperos e situações-limite mas simultâneamente de amor incondicional e fraternidade total, que não pode deixar de ser lida".


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(57) - Àgora - Turismo Talvez tenha hora marcada




Por razões profissionais, já que sou um pequeno empresário de turismo, e simultaneamente agente dinamizador do associativismo nessa área, faço normalmente um périplo anual por um conjunto de eventos de promoção turística.A título de exemplo, em finais de Novembro do ano passado visitei uma interessante feira de turismo da natureza, aventura, enologia e rural, na cidade espanhola de Valladolid. A INTUR, realiza-se todos os anos e é um evento interessante na promoção de um segmento de turismo que começa a ser cada vez mais procurado, em alternativa ao que vulgarmente é denominado por turismo massificado, aglutinador de recursos e gentes e factor de crescente relevância no PIB de muitos Países.Em Janeiro, eis-me “peregrino” a duas feiras que acompanho há muitos anos, a bem dizer desde a sua primeira edição no caso da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), a partir da 3ª edição da Feria Internacional de Turismo (FITUR) em Madrid, que é das maiores feiras de promoção turística do mundo, a par da World Travel Market de Londres, em princípios de Novembro, da BIT em Milão, e da ITB em Berlim, entre Fevereiro e Março.
Sucintamente, posso dizer que a BTL, é quase que um aperitivo para a grande mostra de Madrid, uma semana depois. A maior parte dos expositores são autarquias, regiões de turismo, algumas cadeias hoteleiras portuguesas , organismos institucionais, e um conjunto de pavilhões estrangeiros, cada vez menos diga-se de passagem, pois o mercado português é comercialmente pouco atractivo, e depende fundamentalmente de operadores espanhóis com outra capacidade financeira para intervenção no agressivo mercado do turismo.
Angola, na BTL teve o seu pavilhão, pouco diferente do que tinha no ano anterior, mas substancialmente melhor que os pavilhões que marcaram a presença do País nas primeiras participações neste evento que decorre anualmente na Feira Internacional de Lisboa.
Obviamente que é um pavilhão concorrido, não só pelas expectativas comerciais, mas acima de tudo, por todo o conjunto de sentimentos que se misturam entre agentes turísticos, visitantes e entidades diversas. Não sei se os negócios foram muitos, mas o pavilhão pareceu-me com a apresentação pouco apelativa na sua decoração, se compararmos por exemplo com Cabo-Verde. Não se consegue perceber muito bem, se o objectivo era motivar pessoas para fazerem turismo em Angola, ou investir em infra-estruturas ou assumirem-se parecerias. Acho que estava gente a mais no interior do pavilhão, e apesar da cordialidade e simpatia do pessoal presente, quem deveria explicar estava sempre ausente. Penso que são coisas a corrigir, e nesta minha opinião subjectiva, não gostaria de deixar a ideia que me parece algo descabido mostrar-se um artesanato que hoje se encontra em qualquer esquina de uma cidade média europeia, como factor de apelo ao visitante que vai olhando os diferentes pavilhões de países presentes.Na FITUR, em Madrid, no Campo Ferial Juan Carlos, num faraónico espaço, fiz uma cuidada visita à feira, onde a Espanha mostra a razão de ser o terceiro destino turístico mundial. Quando o lazer passou a ser olhado como complemento de uma actividade laboral com melhores resultados, houve um conjunto de países que imediatamente se lançaram na rentabilidade dos seus recursos naturais, na sua cultura, na gastronomia e na amenidade do seu clima como forma de aumentarem as suas fontes de receita e equilibrarem a balança comercial com países terceiros. A Espanha que dispunha de todos estes recursos, iniciou nos anos 60 uma agressiva campanha promocional, que associada a uma rigorosa regulamentação e aplicação legislativa continuada, um melhoramento de infra-estruturas de apoio, a um ciclópico esforço de construção de empreendimentos turísticos de boa qualidade e acima de tudo com a criação de muitas escolas médias e superiores de formação de técnicos de turismo, permitiu ser dos países onde a percentagem de importância no seu PIB, é das maiores do mundo, tudo na ordem entre os 8 a 11%.
Naturalmente que uma parte significativa da minha curiosidade, ia para o pavilhão de Angola, patrocinado pelo Ministério do Comércio e Turismo, e o que desde já importa realçar foi o ter encontrado um pavilhão mais calmo, com gente muito simpática e nos momentos de conversa que mantive achei que havia uma sintonia perfeita entre as minhas duvidas e expectativas, num quadro de algum realismo no futuro do turismo de Angola.
Em Madrid, achei o pavilhão de Angola ainda mais pobre, talvez iludido pelo facto dos termos de comparação serem maiores. Acho despiciendo que se continuem a utilizar referencias a fotos e cartazes, iguais às do CITA dos anos 60. A iconografia do turismo mudou, o marketing é diferente, e acho que deveria haver um cuidado acrescido ao dar uma visibilidade a um País como o nosso, que durante muito tempo foi notícia pelos piores motivos.Saliento que esta é uma opinião subjectiva, e com propósitos construtivos, já que há pelo menos algo de muito bom, que não me canso de realçar, que é o factor humano, presente nesta FITUR 2009, gente muito boa e com enorme vontade de ver trabalho realizado.Acho completamente descabido que continuemos a divulgar posters pouco vincados, com imagens dos megatéreos que enchem a baixa de Luanda de hoje, e que fazem fugir a sete pés alguém de bom gosto; a Welwitchia desenquadrada do seu habitat, e umas imagens de uns hotéis, que são iguais a qualquer edifício de classe média-baixa em qualquer parte do mundo.Questionei-me a título de exemplo, ao relevo dado a um cartaz com a foto do Cristo-Rei que está no Lubango, que é uma cópia algo miserável do Cristo-Rei de Almada, que por sua vez é uma decalque pechisbeque do Cristo-Rei do Rio de Janeiro; Aquele Cristo-Rei levará alguém a Angola? Tem de ser muito criteriosa a escolha, e talvez se chegue à conclusão que temos por ora pouca coisa de diferente para vender, que é disso que se trata quando se vai a um evento com estas características.A presença de Angola neste tipo de eventos, merecerá um cuidado supletivo, mas antes de tudo temos de reflectir sobre que turismo queremos, que investimentos estamos disponíveis a fazer, que trabalho se há-de fazer na formação dos recursos humanos, e acima de tudo explicar às pessoas que se vão alterar hábitos comportamentais, e que vai haver assimetrias regionais, que devem ser percebidas e entendidas. Isto é um trabalho que tem de ser partilhado pelo Ministério da Cultura, Educação, Administração do Território, Interior, Ambiente e naturalmente o Comércio e Turismo.
Frases do tipo de que “daqui a dez anos Angola será um país de turismo” são fáceis de dizer, mas já não estou tão certo na sua materialização, enquanto o turismo não for encarado como uma industria, a do lazer, grande conquista dos trabalhadores no século XX, e objectivamente imporem-se regras, e uma enorme seriedade na captação de investimentos, e assumirem-se vontades de algumas mudanças de mentalidades e inerentemente comportamentais.Tanto o que julgo saber este jornal, está a preparar um conjunto de conferencias sobre vários temas, que poderão ser estruturantes no quadro de desenvolvimento de Angola nos próximos dez anos, e também sei que um dos debates previstos será o turismo, pelo que a controvérsia pode começar a passar por aqui.








14 /02/2009




Pensar e Falar Angola