terça-feira, 31 de março de 2009
Relações entre a PIDE/DGS e a CIA
A PIDE começou a chamar a atenção da Central Intelligence Agency (CIA), em1949, quando Portugal ingressou na Aliança Atlântica (NATO). Analistas dessa agência de Intelligence norte-americana consideraram que aquela polícia política tinha adquirido, em Portugal, um extraordinário poder, efectuava prisões arbitrárias, utilizava a brutalidade física e detinha presos na cadeia por prazo indefinido [1]. Depois, nos anos cinquenta, em plena Guerra-Fria, a CIA instalou um retransmissor da Radio Free Europe (Rádio Europa Livre, criada em 1947), em Glória do Ribatejo, criando, para o gerir, em Portugal, a Sociedade Anónima de Rádio-retransmissão (RARET). No entanto, a ligação “oficial” entre a PIDE e a CIA só foi formalizada em 1956, quando o coronel Benjamin H. Vandervoort [2], adido da embaixada dos EUA em Lisboa, convidou o director da polícia política portuguesa, capitão Agostinho Lourenço, comunicando-lhe para uma deslocação aos EUA, com o objectivo de «discutir matérias de mútua preocupação».
Como Agostinho Lourenço se desligou da direcção da PIDE, por limite de idade, em 5 de Setembro de 1956, o convite foi transmitido ao capitão António Neves Graça, chefe interino da polícia política portuguesa, que o aceitou, com «muito agrado». A CIA propôs-se então prestar auxílio à PIDE na organização de um sistema mecanizado de ficheiros e arquivos e, na sequência de impressões trocadas entre os dois respectivos directores, em Washington, por seu lado, Neves Graça elaborou uma proposta de colaboração entre os dois serviços. Segundo este, as duas polícias propunham-se trocar informações sobre a organização comunista e efectuar diligências e operações conjuntas, entre as quais se contavam a infiltração no seio dos Partidos Comunistas [3].
Os «homens das Américas»
Em 1957, uma delegação de elementos da PIDE frequentou um curso, ministrado pela agência americana, nos EUA [4] onde, entre outras matérias, se contavam técnicas de vigilância, aprendizagem de rádio, de filmagens e fotografia, escuta telefónica, intercepção postal, elaboração de relatórios, métodos informativos e de interrogatório processual, conhecimento de tintas simpáticas, criptografia, microfilmes, utilização de tele-impressores, bem como técnicas de informação e contra-informação [5]. Fizeram parte da delegação portuguesa o sub-inspector Jaime Gomes da Silva, o chefe de brigada Manuel Vilão de Figueiredo, os agentes Sílvio Mortágua, Amândio Gomes Naia, Álvaro dos Santos Dias Melo, Abílio Augusto Pires, Felisbino Marques Gomes, Ernesto Lopes (Ramos), José Mesquita Portugal e João Nobre e ainda os escriturários, Alfredo Fernando Robalo e Eduardo de Sousa Miguel da Silva [6].
Alguns dos quadros da PIDE que estagiaram na América - Abílio Pires, Ernesto Lopes Ramos e Miguel da Silva - terão sido contratados pela CIA como agentes de ligação em Portugal. Este último chegou a ser considerado, em 1969, pelos próprios dirigentes dessa polícia, de ser um «homem das Américas», razão pela qual ficou limitado a assuntos respeitantes à autoridade nacional de segurança [7]. Quanto a Abílio Pires, negaria ter trabalhado para a CIA, embora afirmando que esta agência o tinha de facto tentado subornar, através de Walter Andrade, elemento da estação americana em Lisboa [8].
Numa entrevista dada em 1974, em Londres, Philip Agee, oficial de operações secretas da CIA, afirmou, por seu turno, que Rudolfo (sic) Gómez, organizador da rede dessa agência em Portugal, em 1968 e 1969, tentara aliciar o inspector Rosa Casaco, com o qual terá reunido periodicamente no Porto e em La Toga (Galiza) [9]. António Rosa Casaco negou, porém, ter trabalhado para a CIA, esclarecendo que apenas teve uma «amizade desinteressada com Edward Gómez, chefe da base» dessa agência norte-americana, em Portugal na década de 60 [10].
Operações conjuntas entre a PIDE e a CIA: o caso «expectator»
Ao que parece, no continente português, a maior operação conjunta das duas polícias secretas, portuguesa e americana, foi o caso «expectator» [11] abordado, pela primeira vez, por escrito, pela CIA, em Julho 1957. O caso, considerado «top secret» - de «cross contamination between the expectator and or other Russian intelligencia service aparati in Portugal and PCP» - envolvia estrangeiros que se tinham refugiado em Portugal, durante a II guerra mundial, acusados de fazerem parte de uma rede soviética. Diga-se que a CIA sabia dessa rede, através de um relatório de 1943 dos serviços secretos da Alemanha nazi e que essa operação foi dirigida pelo então homem da CIA em Lisboa, coronel Vandervort [12].
Mais tarde, a PIDE realizou, pelo menos, duas viagens marítimas a portos soviéticos, com elementos seus, a bordo de navios mercantes portugueses, sobre as quais relatou à CIA. A primeira viagem realizou-se, ao porto de Riga, em 1959, com a presença de dois agentes da PIDE, Santos e Lopes (provavelmente Ernesto Lopes Ramos) e a segunda, ao porto soviético de Tuapse, no Mar Negro, em 1960, novamente com Ernesto Lopes Ramos. A agência norte-americana agradeceu, em 29 de Novembro de 1960, a colaboração dos portugueses, dizendo que essas fotografias haviam sido as primeiras a penetrar além da linha da água, de um porto soviético e afirmando que os resultados dessa operação representavam um dos melhores exemplos de ligação entre serviços para participar directamente na análise de dados marítimos [13].
Alguns autores datam no início dos anos sessenta o incremento de relações entre a PIDE e a CIA, embora um ex-elemento da polícia portuguesa, Óscar Cardoso, o tenha negado, ao afirmar que acontecera precisamente o contrário, devido ao apoio que os americanos deram, em 1961, à UPA e, três anos depois, a Mondlane, em Moçambique [14]. Houve efectivamente, nesse período, um esfriamento da cooperação entre a CIA e a PIDE, pois, além do alegado apoio à UPA, o governo português «não perdoou o suposto envolvimento norte-americano no golpe de Botelho Moniz e a atitude relativamente ao assalto ao paquete «Santa Maria» da parte da administração Kennedy, que aproveitou esse episódio para empolar a existência de uma oposição democrática em Portugal [15].
A questão da Índia, em Dezembro de 1961, tornou ainda mais difícil, quase à beira da ruptura, o relacionamento luso-americano, considerando então Salazar que os EUA pecaram por omissão, ao recusarem-se a fazer uma declaração pública sobre o assunto. No entanto, embaixador norte-americano em Lisboa, Charles Burke Elbrick, manifestou-se contrário a que a administração norte-americana apoiasse a condenação de Portugal, pelas Nações Unidas, argumentando que isso representaria um ataque a um aliado da NATO, que assim ficaria enfraquecida [16].
Durante o ano de 1962, o ministro dos negócios Estrangeiros, Franco Nogueira, manifestou, junto do Secretário de Estado norte-americano, Dean Rusk, preocupação com o apoio dos EUA à UPA e a Theodore Xanthaky, conselheiro da Embaixada dos EUA em Lisboa e elemento da CIA, afirmou que se tornava difícil manter um diálogo com o governo americano [17]. Em 1 de Janeiro de Janeiro de 1964, a PIDE passou a vigiar o já referido Theodore Anthony Xanthaky.
No entanto, a partir de 1963, já se fazia sentir uma moderação no discurso anti-colonialista dos EUA e uma tentativa de conciliação, num momento de negociações para a renovação do acordo de utilização da base das Lajes, nos Açores [18]. Após o fim da administração Kennedy, a PIDE voltou a ter, como antes de 1961, uma relação «leal» com a CIA, embora, como era «óbvio», houvesse sempre informações que uma polícia omitia à outra, e vice-versa, segundo afirmou Álvaro Pereira de Carvalho [19].
No período «marcelista», a colaboração entre a PIDE/DGS e os serviços secretos norte-americanos era das melhores embora a polícia portuguesa não deixasse de preocupar-se com a actividade da Embaixada e dos serviços secretos americanos. Refira-se, por exemplo, que, em 20 de Novembro de 1969, o director da DGS, Fernando da Silva Pais, soube, de fonte «absolutamente segura», da ocorrência, dois dias antes, de um jantar em casa de Diego Cortes Asencio, conselheiro da embaixada dos EUA (entre 1967 e 1972) e elemento da antena da CIA, com Robert Zimmerman, no qual tinham estado presentes Mário Soares [20], Francisco Salgado Zenha e Francisco Sousa Tavares [22].
Em 1973, William Colby, o novo director da CIA, considerou Portugal um país tão estagnado que chegou a sugerir o encerramento do posto da agência no país. Lembre-se que a principal preocupação da CIA continuava a ser então a América Latina, onde, como se sabe, através da «operação Condor», foram instaladas, com o apoio norte-americano, diversas ditaduras. Pouco tempo antes de 25 de Abril de 1974, o posto da CIA então era composto apenas por três elementos: John Stinard Morgan, acabado de chegar a Lisboa, Frank W. Lowell e Leslie F. Hughes, ambos incorporados na Embaixada como oficiais de telecomunicações.
Nó próprio dia 25, o responsável pela Embaixada dos Estados Unidos à época, Post, relatou a surpresa com que soube do golpe de Estado, reveladora da ignorância do representante norte-americano:
«o telefone tocou no meu quarto. O guarda da nossa casa no Restelo, um ex-quadro da DGS, atendera o telefone central na garagem, e disse-me: “Perigo, perigo”. Não percebi. A minha mulher, ensonada, comentou: “Oh, isso é o nome do guarda!” Desliguei e voltámos a dormir. Seriam aí umas seis da manhã quando um dos adidos militares me telefonou, dizendo que havia tanques na rua e música militar na rádio» [22].
[1] José Freire Antunes, Kennedy e Salazar, O Leão e a Raposa, Lisboa, Difusão Cultural, 1991, nota 3, p. 105-106, Central Intelligence Agency SR-31.
[2] Idem, ibidem, p.106.
[3] Arquivo PIDE/DGS no ANTT, pr. 6. 341 CI (2), pasta 2, fls. 2-7, 31, 36, 39, 40 e 45.
[4] Idem, pr. 2 CI (2) SC DSI, pasta 4, fls. 93, anexo b 3, 9, 10, 17, 24, 100.
[5] Idem, ibidem, pasta 3, fl. 4, pasta 4, fls. 1, 21, 91, 93, anexo 5, 9, 10, 17, 100, 117, 118, 119, 122 e 123.
[6] Idem, pasta 5, fls. 18, 19, 36, 40, 50, 54-55, 59, 64, 68-69 e 100.
[7] «A PIDE colaborou com a CIA», in Diário Popular, 7/2/1975.
[8] Bruno de Oliveira Santos, op. cit., p. 42.
[9] A Capital, 9/12/74 «Investigação sobre Rosa Casaco leva a rede da CIA».
[10] António Rosa Casaco, Servi a Pátria e Acreditei no Regime, Lisboa, ed. do autor, 2003, p.93.
[11] Nuno Vasco, A Bem da Nação, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1998, p. 195.
[12] «A PIDE colaborou com a CIA», Diário Popular, 7/2/75.
[13] Arquivo PIDE/DGS no ANTT, pr. 2 CI (2) SC DSI, pasta 6, fls. 134, 136, 137, 144, 168, 260, 281 e 282.
[14] Nuno Vasco, Óscar Cardoso, A Bem da Nação, p. 94.
[15] Luís Nuno Rodrigues, Salazar-Kennedy: a Crise de uma Aliança, Lisboa, Editorial Notícias, 2002, p. 317
[16] José Freire Antunes, Kennedy e Salazar, p. 95.
[17] Idem, ibidem, pp. 71 e 147.
[18] Idem, ibidem, p. 322.
[19] José Freire Antunes, Nixon e Caetano, pp. 56 e 57.
[20] José Freire Antunes, Kennedy e Salazar, p. 93-95.
[21] Arquivo da PIDE/DGS no ANTT, pr. 121 CI (1) Francisco Sousa Tavares, fl. 16.
[22] Idem, ibidem, p. 311 e 349.
(Publicado no nº 14 da colecção Os anos de Salazar/ O que se contava e o que se ocultava durante o Estado Novo , coordenada por António Simões do Paço.)
Posted by Irene Pimentel under História in 'Caminhos da Memória'
Pensar e Falar Angola
segunda-feira, 30 de março de 2009
Idade da Pedra
UMA PARAQUEDISTA
Conheci em 1989 , no Lubango , uma senhora portuguesa , nascida no Off-shore da Madeira , formada em psicologia , que trabalhava na função pública , em Portugal continental .
Esta senhora nunca tinha viajado para fora de Portugal , tal como Salazar .
Um dia , por obra e graças do Espirito Santo , conseguiu fazer parte de uma equipe de formadores em gestão administrativa , numa empresa portuguesa , e veio para Angola , mais precisamente Lubango , ministrar um curso de formação de gestores de empresas públicas angolanas .
Chegando pela primeira vez na África , Lubango , e vendo tantos africanos masculinos , logo ela se empolgou pois sentiu-se uma flor no meio de tantas abelhas .
Alguns dias após começar o curso de formação de gestores públicos , esta senhora dissertava em suas aulas de psicologia sobre a conjuntura económica e política africana/angolana .
Falava , sentindo-se num púlpito , de tal modo era sua eloquência e afirmava quais os melhores caminhos par Angola e África em geral .
Nunca tinha vivido em África .
Em resultado disso , após alguns dias de inicio do curso , já seus ouvintes pouca atenção lhe prestavam , mas ela continuava a sentir-se uma flor .
Acabou o curso , ela voltou para o seu emprego público em Portugal e nunca mais voltou .
Em Portugal , desfila suas aventuras africanas .
Ela ainda se acha .
domingo, 29 de março de 2009
Igreja Sagrada Família
Cinema no Centro Cultural Malaposta - Portugal
Para Além da Tela - de António dos Reis - Angola, 2008, 25 minutos
Momentos de Glória - de António Duarte - Angola, 2008, 10 minutos
Histórias da Banda com um soldado, uma miss, dois assaltos, uma guerra, um concurso, um encontro.
Kiari - de Mário Bastos - Angola/EUA, 2007, 15 minutos
Amanhã Será Diferente - de Pocas - Angola/França, 2008, 11 minutos
O Ritmo do Ngola Ritmos - de António Ole - Angola, 1978, 60 minutos
Argumento: Luandino Vieira
DOCUMENTÁRIOS SOBRE A MÚSICA ANGOLANA
ABRIL 4 - Sáb - 18h
Com a presença de Jorge António (Realizador)
Angola – Histórias da Música Popular - de Jorge António, Portugal/Angola, 2005, 52 minutos
Rua Angola, Olival Basto
2620-492 Odivelas
(58) - Àgora - Aplauso, um eco de lugar comum
sábado, 28 de março de 2009
Angola não lê
(...)
Não lêem as crianças, porque não têm livros e não estão habituadas a ler.
Não lêem os jovens, porque não os acostumaram ao interesse da leitura.
Não lêem os estudantes universitários, quase irremediavelmente perdidos para a leitura, porque, no fito de se formarem, não conhecem outros livros que não sejam os de obrigação curricular.
Não lêem os adultos e entre eles os próprios professores (de todos os níveis, mesmo os universitários) porque ninguém lhes ensinou a sentir o gosto pela leitura, nem lhe criou a necessidade de ler, para lá dos livros de especialidade com que, obrigatoriamente, se têm de manter actualizados.
Todas as editoras que abriram portas nestes últimos anos (e que não são muitas atendendo às necessidades de uma população cada vez mais escolarizada) estão passando por dificuldades para se manterem.
Normalmente, só editam livros que sejam subsidiados, porque sabem que não podem contar com o produto da venda de livros. Em Angola um livro, qualquer livro, dá prejuízo. Salvo raras excepções, de cada mil livros editados vendem-se quatrocentos exemplares. Os restantes, ficam nas prateleiras.
As editoras trabalham pois, entre o subsídio que raramente conseguem e o autor (por vezes mau) que tem dinheiro e pode pagar a edição do seu livro.
Ficam fora dos projectos editoriais os livros infantis e juvenis. São livros caros, a que um Editor não se atreve a empenhar o seu mal parado equilíbrio económico.
Um outro problema e de não menor importância é este: os livros feitos em Angola (e todos os livros deveriam se feitos em Angola, mesmo os escolares.) ficam três vezes mais caros dos que são editados em Portugal ou no Brasil, na África do Sul ou na Namíbia.
(...)
Jacques Arlindo dos Santos
Dois dicionários feitos no Brasil
http://www.scribd.com/doc/11542080/Dicionario-Kikongo
http://www.scribd.com/doc/7839607/Mini-Dicionario
Pensar e Falar Angola
sexta-feira, 27 de março de 2009
Raid Cacimbo BFA 2009
10. O valor da Taxa de Inscrição, por equipa, é o seguinte :
- com viatura própria
- equipas de 1(uma) ou 2 (duas) pessoas - $ 2.500
- equipas de 3(três) ou 4 (quatro) pessoas - $ 3.000
- com viatura do TTT - TURISMO TODO O TERRENO, Lda
( completamente equipada + seguro contra-todos-os-riscos )
- equipas de 1(uma) ou 2 (duas) pessoas - $ 6.000
- equipas de 3(três) ou 4 (quatro) pessoas - $ 6.500
11. Estão incluídos no valor da Taxa de Inscrição os seguintes serviços :
- as taxas de obtenção de visto de entrada em todos os países;
- o prémio referente ao de seguro de saúde global do Raid Cacimbo BFA 2009 a subscrever pela Organização junto da ENSA ;
15. A ordem de partida, bem como a posição a ocupar por cada viatura, serão determinadas pela Organização no início de cada etapa.
- combustível - 500 Kms, no mínimo
Pensar e Falar Angola
quinta-feira, 26 de março de 2009
No mês de Março
quarta-feira, 25 de março de 2009
Hoje falo eu: Cabo Verde 1 - Angola 0
Novo BI
Angolanos vão ter novo Bilhete de Identidade
A ministra da Justiça, Guilhermina Prata, afirmou que a emissão do novo bilhete de identidade deverá ser iniciado em Julho deste ano, após aprovação pela Assembleia Nacional do diploma que regula o documento.
Na sessão extraordinária de quarta-feira, o Conselho de Ministros aprovou a proposta de Lei sobre o regime jurídico de identificação civil e emissão do Bilhete de Identidade de cidadão nacional, que prevê a adopção de novas tecnologias na emissão do bilhete de identidade e a modernização do registo civil.
Em declarações à imprensa, Guilhermina Prata disse que adoptou-se um modelo padrão para o bilhete de identidade, do tamanho de um cartão de crédito que contém inúmeros elementos de segurança que evitam a falsificação.
Segundo a ministra, dados como a altura - menos de um metro – profissão, raça e o facto de não saber ler/escrever serão omitidos. Essas informações serão consideradas apenas para efeitos estatísticos.
Em relação à naturalidade do cidadão, o bilhete fará menção da província, município e comuna.
Guilhermina Prata afirmou que a proposta de Lei eliminou a menção VP nos bilhetes de pessoas com cargos públicos. Optou-se pela referência alfanumérica da província onde o cidadão solicita o bilhete.O diploma proposto pelo Governo prevê a retirada das impressões digitais dos 10 dedos das mãos, para efeitos de investigação criminal. No entanto, só as digitais do indicador direito constarão no bilhete de identidade.
“Caso o cidadão não tenha o indicador direito lhe serão retiradas as impressões de um outro dedo, mas essa informação constará apenas na base de dados, em respeito à deficiência da pessoa”, esclareceu a ministra.
Guilhermina Prata disse, por outro lado, que o novo bilhete não terá incrustado números de outros documentos, tais como cartão de contribuinte, segurança social, carta de condução e de cartão de leitor, mas possui características para reunir todas essas informações.
A proposta de Lei determina o ressarcimento em caso de serviço deficiente e protege os cidadãos com poucas condições económicas, com isenção de taxas, para que nenhum angolano deixe de beneficiar do documento por falta de recursos. A ministra explicou que só em casos restritos, como uma ordem judicial ou em caso de má conservação, o bilhete de identidade poderá ser retido, mas apenas pelas entidades competentes. Nenhuma outra instituição pode reter o bilhete.
“A nossa realidade mostra que quando um cidadão vai a uma instituição pública é lhe solicitado o bilhete de identidade e muitas vezes é extraviado. Esta lei proíbe a sua retenção. Pode ser solicitado, mas não retido”, esclareceu.
A lei dispõe de normas sancionatórias, nomeadamente multas, para quem retiver ilegalmente o bilhete de identidade de algum cidadão.
Guilhermina Prata referiu que o novo e o bilhete antigo coexistirão durante algum tempo. Os bilhetes antigos serão substituídos gradualmente, a medida que caduquem, ao passo que os cidadãos com bilhetes vitalícios poderão solicitar o novo modelo.
A proposta de lei sobre o regime jurídico da identificação civil e da emissão do bilhete de identidade de cidadão nacional proposta pelo Governo é a terceira que versa sobre este documento. A primeira foi aprovada em 1975 e a segunda em 1996.
terça-feira, 24 de março de 2009
UM PORTUGAL MAIOR
Portugal é uma Nação e , como tal , é representada por cada um de seus cidadãos e não apenas por seus líderes .
A maneira como cada um vive em si sua cidadania , reflectindo-se para o exterior , determina o sentido colectivo do povo ao qual pertence .
A Nação representa o colectivo de um grupo e , ao mesmo tempo , é representada por cada um dos indivíduos em seus actos , mais ou menos profundos .
Ainda na Era colonial , os pensadores Cunha Leal , Fernando Pessoa , Agostinho Neto , Agostinho da Silva e muitos outros alertaram para o “ MOMENTUM” , para a necessidade de Portugal cumprir-se perante si e ante o mundo das Nações civilizadas alterando seu statu quo colonial e criando uma união de facto de novas Nações independentes lusófonas e isso era perfeitamente possível até ao ano de 1940 mas não houveram lideranças capazes nem vontade popular individual , suficientes no conjunto para tal empreitada .
A ganância , o medo dos mares nunca dantes navegados , falta de criatividade , atraso industrial e tecnológico , complexos de superioridade e inferioridade , a inexistência de uma intuição do futuro , etc . , não permitiram a construção de uma nova Nação lusófona de espirito grandioso nem a criação de novas Nações lusófonas tais como o Brasil e , em resultado disso , Portugal não se cumpriu gigante que era .
Se Portugal se cumprisse até 1940 , com seu exemplo de facto , as lideranças do mundo de hoje e as relações entre as Nações mundiais poderiam ser bem diferentes .
É claro que falar da história é mais fácil do que construí-la mas é fundamental uma reflexão ampla sobre o papel de Portugal e da CPLP no mundo de ontem , de hoje e do futuro .
Portugal sozinho não é mais um gigante territorial mas a CPLP é , e a única via para que esta Comunidade se cumpra hoje , é exclusivamente através da união real das ideias e culturas diferenciadas .
Isso exige uma profunda intuição do futuro e um querer destemido .
Através de uma união fraterna verdadeira , definindo-se objectivos fundamentais e caminhos a serem construídos , com o acordo e participação ampla dos cidadãos dispostos às mudanças , é possível reconstruir-se um Portugal mais navegador e , quiçá , ser um exemplo pedagógico para outros povos da CPLP .
Portugal precisa de continuar a inserir-se na Europa em particular pois da Europa nasceu , no mundo em geral como sempre o fez desde o século XIV e fundamentalmente no mundo lusófono , progenitor que é , pois já aprendeu bastante durante estas centenas de anos e não pode alienar-se dessas responsabilidades pois isso seria covardia .
“Vem vamos embora que esperar não é saber , quem sabe faz a hora não espera acontecer (GV) ” .
É isso que desejamos .
segunda-feira, 23 de março de 2009
Angola e Cabo Verde disputam amistoso
As selecções de Angola e de Cabo Verde, em futebol, jogam quarta-feira. 25-03-2009, salvo erro às 16.00 horas, em Olhão, Algarve (Portugal), aquele que será o quinto amistoso entre ambas.
Nunca os dois países disputaram um jogo oficial, mas nem isso deixou de unir angolanos e cabo-verdianos. Além de falarem a mesma língua, os dois países sempre usaram a política e o desporto, o futebol em particular, para estreitar a relação.
Quatro desafios e igual número de treinadores acompanharam os Palancas. Amílcar Silva, Domingos Inguila, Carlos Alhinho e Oliveira Gonçalves foram os técnicos que orientaram os Palancas Negras frente aos cabo-verdianos.
Curiosamente, foi com o luso-cabo-verdiano que os Palancas perderam. No primeiro jogo, em 1978, a selecção nacional foi vencer em plena capital crioula (Cidade da Praia), num torneio alusivo às festividades do aniversário de Cabo Verde. Na ocasião, Diniz apontou o único golo do encontro garantindo a vitória de Angola (1-0).
Sob orientação de Amílcar Silva, o "onze" angolano alinhou de início com Carnaval, Franco, Salviano, Inguila, Vinhas, Quim, Geovety, Laurindo, Silva, João Machado e Diniz.
Em 1985 encontraram-se pela segunda vez no torneio de Mindelo em Cabo Verde. Os anfitriões impuseram um empate a zero golos no tempo regulamentar, mas a selecção nacional saiu vitoriosa na marcação de penaltes (4-3).
Num grupo onde as principais referências eram os avançados Jesus e Nsuka, o técnico Domingos Inguila alinhou na equipa principal, além dos dois, Jaburú, André, Chico Diniz, Chico Afonso, Pedro Ferro, Arsénio, Fusso, Eduardo Machado e Nelson.
Quinze anos depois (2000), as duas selecções cruzaram-se novamente no arquipélago num encontro que, além de se enquadrar no aniversário daquele país lusófono, serviu de preparação para as qualificativas do Mundial de 2002.
Depois de uma igualdade (1-1), com golo de Akwá, o jogo foi decidido nos pontapés de grandes penalidades, com o "onze" crioulo a vencer por 3-2, naquela que é até ao momento a única vitória diante de Angola.
Carlos Alhinho começou o jogo com Cuca, Bodunha, Neto, Julião, Hélder Vicente, Jacinto, Joni, Kata, Paulão, Carlos Pedro e Akwá.
Na Amadora (Portugal), já com muitos atletas que fazem parte do actual grupo, na preparação para o Campeonato Africano das Nações (CAN) e em saudação ao aniversário do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, Mantorras e Love fizeram a diferença, ao apontarem os golos do terceiro triunfo da selecção nacional (2-1).
O desafio foi realizado em 2005 e foi Oliveira Gonçalves a comandar a equipa técnica dos Palancas. João Ricardo, Manuel, Lebo Lebo, Jamba, Yamba Asha, Miloy, Mendonça, Freddy, Figueiredo, Akwá e Mantorras constituiram o onze inicial.
Agora, quarta-feira, na região portuguesa de Algarve, angolanos e cabo-verdianos defrontam-se pela quinta vez. O duelo visa preparar as duas selecções para o CAN2010 que Angola vai albegar de 10 a 30 de Janeiro.
Os anfitriões têm garantida a presença na prova, ao passo que o seu adversário disputa qualificação.
Pensar e Falar Angola
Dia Mundial do Teatro - 27 de Março
Uma palestra subordinada ao tema "o teatro e a sociedade" abre hoje, na Huíla, o programa das festividades do Dia Mundial do Teatro, que se assinala a 27 deste mês. O programa é da responsabilidade da Associação Provincial de Teatro e, em parceria com a União Nacional dos Artistas e Compositores, inclui visita à sede do COCAN, no âmbito dos preparativos dos jogos africanos de futebol. Para o dia 27 será realizado um debate radiofónico com historiadores e professores da área de teatro, a fim de reflectirem sobre o teatro em Angola e a sua contribuição junto das comunidades. Está igualmente agendada outra palestra sobre a importância do teatro e o seu impacto no país e no estrangeiro.
domingo, 22 de março de 2009
Angola para sempre
(57) - Àgora - Turismo Talvez tenha hora marcada
11 DE NOVEMBRO EM GUERRA QUENTE - ALBERTO OLIVEIRA PINTO - LEMBRA-TE, ANGOLA Ep. 171
Pensar e Falar Angola
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