“JJustino,
Creio que o JJ está a entrar na posição absurda de muitos os que acham incómoda a presença da China em Africa, especialmente em Angola. E essa posição traduz o apoio a certos interesses europeus e outros, inconfortados pelas performances da politica chinesa nos países africanos
Eu estive na China Popular em 1964 para participar no Forum Cientifico do Terceiro Mundo, delegado pelo MPLA.
Nessa época, a época do Raïs Mao, a China era um país muito pobre, com um nivel de desenvolvimento muito fraco, e em toda a parte se notavam esses sinais de pobreza. Visitei campos onde todas as parcelas eram cultivadas, com as pobres habitações impecaveis; visitei um enorme Hospital Central, só para crianças, mas onde médicos , enfermeiras e outro pessoal se activavam para fazer face aos multiplos problemas dos doentes, sarampo, tifoide, paludismo, pneumonias, meningites eram mato. Contudo Higène impecável, existia um departamento de Medicina tradicional, para o tratamento de certo tipo de afecções; visitei fábricas de todos os tipos; visitei a Universidade de Pequim, onde aprendiam milhares de estudantes em todas as matérias. Na entrada da Universidade estavam colocados placares com dizeres em lingua chinesas. Era o inicio da Revolução Cultural e da grande crise sino soviética. Creio que fui o primeiro angolano a visitar a China, ntes do Gentil e do Viriato.
Fomos muito bem recebidos, os debates em chines, frances e ingles eram ricos e calorosos. Os cientistas chineses apresentaram muitos trabalhos em que me pareceu estarem já à altura do progresso acidental.
Pelo menos esforçavam-se por isso. Falo-vos daquilo que vi e que senti.
Posso dizer que me pareceu estarem os chineses, nessa altura , 15 anos depois do Partido Comunista ter conquistado o Poder, num estadio de desenvolvimento como hoje estão muitos países africanos.
Claro que os chineses eram possuidores de uma muito antiga tradição e cultura baseada no Confucionismo donde nasceram um conjunto de valores específicos à cultura chinesa, e que faz a sua força e que lhes deu a capacidade mental, intelectual e física para superarem obstáculos e para se guindarem à terceira potencia mundial em termos económicos, culturais e militares ao fim de meio século de muito labor.
Em Africa, as longas tragédias da escravatura e do colonialismo diminuiram muito a capacidade dos africanos.
Analisemos algumas das afirmações que você produz:
1. Os chineses não estão em àfrica por imposição ou pela força das armas. Estabeleceram, com todos os países, onde estão presentes, contratos de igual a igual;
2. Eles prestam os serviços acordados, através de empresas públicas ou privadas chinesas. Em alguns países- Congo-Brazzaville, Argélia, Sudão, as firmas chinesas utilizam a mão de obra local.
3. Isso não acontece noutros paises e/ou para certas obras pois a produtividade menor dos autoctones atrasaria o andamento das mesmas. Isso é mau, pois vai-se pôr mais tarde o problema grave da manutenção dessas obras, e também não comtempla o aspecto formativo dessa cooperação. Mas eu penso que não há cooperação mas sim negócio, puro e simples.
4. Em geral, os pagamentos são feitos por meio de trocas. A parte chinesa tem avançado com muitos biliões de dólares de empréstimos muito baixos, a longuissimos prazos de pagamento.E a parte africana paga em produtos minerais de que a industria chinesa é muito gulosa e não tem. Portanto, troca por troca. Coisa que as empresas ocidentais não faziam até agora. Elas corrompiam os dirigentes africanos para obterem os contratos. E como os operários e engenheiros chineses não tem as exigencias dos ocidentais , essas obras saiem muito mais baratas e de tão boa qualidade.
5. Eu penso que os tecnicos chineses constituem um enorme factor de desenvolvimento para os países africanos; onde eles estão, constroiem coisas que os africanos não são capazer de fazer, e constituem um progresso para Africa.
Temos que ver os aspectos positivos dessas trocas, que quanto a mim são imensamente positivas. Claro, que são povos e culturas profundamente diferentes e é possivel que de vez em quando surjam choques e pequenos conflitos. Sem consequencia e sem grande importancia.
Cessemos de ver papões amarelos por toda a parte.
Edmundo Rocha”
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