O músico Carlos Burity, o escritor João Melo, o investigador Carlos Serrano, os artistas do Núcleo de Jovens Pintores de Benguela, o grupo de dança Akixi & Cianda e o Miragens Teatro são os vencedores da edição deste ano do Prêmio Nacional de Cultura e Artes.
Os distinguidos foram anunciados, ontem, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, em Luanda, pelo presidente do júri do prêmio, Mário Pinto de Andrade, que salientou a prioridade dada pelo júri “à excelência nos trabalhos eleitos”. O prêmio, avaliado em 35 mil dólares, distinguiu o músico Carlos Burity e o escritor João Melo pelo “conjunto das suas obras”.
Ao Miragens Teatro foi atribuído o prêmio pela “preservação e empenho, pelo grau de exigência e acumulação de experiências adquiridas ao longo do seu percurso artístico”. O grupo de dança Akixi & Cianda, da Lunda-Norte, foi distinguido com o prêmio, frisou o júri, pelo “elevado e genuíno valor artístico apresentado e preservado ao longo de mais de 50 anos de carreira”.
No campo das artes plásticas, o júri teve em conta que o Núcleo de Jovens Pintores da província de Benguela é um “grupo especializado, pela preservação e pelas experiências adquiridas ao longo de 17 anos”.
Na disciplina de Investigação em Ciências Humanas e Sociais, a obra “Angola – Nascimento de um Nação. Um Estudo sobre a Construção da Identidade Nacional”, da autoria de Carlos Serrano, foi escolhida tendo em atenção o interesse do trabalho na “abordagem científica numa perspectiva histórico-sociológica respeitante ao nascimento do Estado Angolano”.
Pela terceira vez, a disciplina de Cinema e Audiovisuais não tem vencedores. O júri, refere o relatório, decidiu não atribuir o prêmio, por ter verificado “grande debilidade, em termos de qualidade das obras que foram analisadas, sobretudo os documentários ou telefilmes”, “muito aquém da excelência pretendida pelo prêmio”.
O relatório do júri sublinha, igualmente, que, ao “longo do ano não surgiu uma personalidade que, por si só, pudesse merecer o voto para o prêmio em Cinema e Audiovisuais, tal como recomenda o regulamento do Prêmio Nacional de Cultura e Artes (PNCA), no capítulo IV do artigo 7º, destinado aos laureados e formas de atribuição”.
O corpo de jurado deste ano foi constituído por Amélia da Lomba e Abreu Paxe, em Literatura, Maria Marcelina Gomes e Mário Pinto de Andrade, em Investigação em Ciências Humanas e Sociais, Jorge Gumbe e Bastos Galiano, em Artes Plásticas, Anacleta Pereira e Adelino Caracol, em Teatro, Rui Fernando Castro e Afonso António, em Cinema e Audiovisuais, Massano Júnior e Gaspar Agostinho Neto, na Música e Sakaneno João de Deus e Mário Kajibanga, na Dança.
Histórico
O Prêmio Nacional de Cultura e Artes, instituído, em 2000, pelo Governo, reconhece o “gênio criador de artistas e investigadores angolanos”, nas áreas da literatura, artes plásticas, teatro, dança, investigação em ciências humanas, música e cinema e audiovisuais.
Desde a sua criação foram distinguidos os escritores Óscar Ribas, Boaventura Cardoso, Pepetela, Manuel Rui Monteiro, Arnaldo Santos, Jorge Macedo, Uanhenga Xitu, Paula Tavares e Luandino Vieira.
Na categoria de artes plásticas, o pintor Victor Teixeira “Viteix” e o escultor Rui de Matos foram premiados a título póstumo.
Ainda nesta modalidade, o júri premiou o escultor Masongui Afonso, a tecelã Marcela Costa, os pintores Augusto Ferreira, António Ole, Jorge Gumbe e Francisco Van-Dúnem “Van”.
O grupo musical Ngola Ritmos, o Núcleo de Teatro Etu Lene, a orquestra Filarmónica de Luanda e os músicos Carlitos Vieira Dias e Té Macedo foram galardoados na categoria de Artes de Espetáculos.
Em 2006, criou-se, na categoria de Artes de Espetáculos, dois novos prêmios, o de Teatro e o de Dança. No Teatro foram premiados o Horizonte Njinga Mande e o Elinga Teatro, enquanto na categoria de Dança foram galardoados a coreógrafa Ana Clara Guerra Marques e os grupos Bismas das Acácias e Kamatemba.
Em Cinema e Audiovisuais foi reconhecido o trabalho dos cineastas Rui Duarte de Carvalho, Orlando Fortunato, Óscar Gil, Maria João Ganga e Carlos Henriques, a título póstumo. Ainda nesta área foi distinguida a produtora Dread Locks e a equipa da série Conversas no Quintal, da Televisão Pública de Angola.
O escritor Óscar Ribas foi o único que viu reconhecido o seu trabalho em duas categorias, no mesmo ano. Em 2000, foi galardoado na disciplina de Investigação em Ciências Humanas e Sociais e na de Literatura.
A Diocese do Menongue, o sociólogo Paulo de Carvalho, o escritor Edmundo Rocha, a jurista Maria do Carmo Medina, os investigadores Zavoni Ntondo, António Fernandes da Costa e Carlos Lopes já receberam, também, o prêmio na disciplina de Investigação, em nove anos da criação do galardão. O prêmio é, também, um incentivo ao gênio criativo e a valorização do trabalho artístico.
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