Em 6 de Junho de 2009, Obama, Sarkozy, Gordon Brown, o príncipe Carlos e o primeiro ministro canadiano Harper, foram à Normandia, para comemorar os 65 anos do desembarque das tropas aliadas em França, que terá sido determinante para fazer inflectir a ocidente o desenlace da II guerra mundial e a concomitante derrota do nazismo.
Um parente meu, hoje com a provecta idade de 89 anos, e com a saúde debilitada, contou-me há 15 anos, todas as incidências do desembarque, ele que foi um dos bafejados pela sorte em “Omaha Beach”:” por sorte enjoei de tal forma, que quase não me consegui mexer, nos dias que precederam o desembarque, fiquei para o fim e safei-me”.
Eduardo Almeida tinha esperado e desesperado por uma carta de chamada para S. Tomé ou Angola, no fim dos anos 30 do século passado. Como essa carta não veio, órfão, o mais velho de uma família de uma prole grande demais para os escassos proventos que a casa tinha num Portugal salazarento rural e atrasado, fez-se à vida, e através de um familiar conseguiu visto temporário para os Estados Unidos, numa altura em que a única oportunidade que tinha para conseguir viver, era inscrever-se de imediato no serviço militar, e naturalmente adquirir a cidadania americana.
Assim o fez e foi para um campo de treino em Massachusetts durante um ano, sendo no fim enviado para um quartel algures no Reino Unido, perto de Bristol, integrado numa unidade de infantaria. Aí se manteve, entediado por não saber o que se lhe reservava o futuro naquela guerra, e também pelas circunstâncias daquele “barrete” de nevoeiro tão comum nas ilhas britânicas.
Em Abril, os exercícios intensificaram-se, e o tempo de repouso passou a ser mais curto, o indício claro que algo estaria para acontecer, e de facto em meados de Maio foram deslocados para Portland, um porto no Sudoeste de Inglaterra, onde estavam os barcos que os iriam levar às costas de França.
Nesta descrição minuciosa de Eduardo, ele terá dito que a primeira fase da guerra foi a mais dolorosa, porque nos 15 dias que estiveram nos navios, a maioria dos soldados enjoavam das oscilações, e os outros do nojo que era ver e sentir o permanente vomitado e não ver nada limpo. Barcos de passageiros e de carga transformados em dormitórios flutuantes, onde cada dia que passava era de desespero, para todos que sabiam que iriam para uma batalha decisiva.
(continua)
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