terça-feira, 7 de dezembro de 2010

José Eduardo Agualusa investiga subversão da língua portuguesa


"Os milagres acontecem a cada segundo", segundo o escritor angolano José Eduardo Agualusa, como as palavras em "Milagrário Pessoal" (Língua Geral, 2010), seu novo romance.
Divulgação
Iara e velho professor vêm ao Brasil para investigar a língua portuguesa
Iara e velho professor vêm ao Brasil para investigar a língua portuguesa
Agualusa, escritor preferido de Dilma Rousseff, viaja através da língua portuguesa para contar ao leitor a história de Iara, uma jovem linguista portuguesa que usa um programa de computador para recolher as palavras novas que chegam à língua todos os dias. Ela dicionariza os neologismos.
O autor inicia seu "diário de prodígios", como define, com algumas linhas sobre a árvore genealógica das palavras.
"As palavras, como os seres vivos, nascem de vocábulos anteriores, desenvolvem-se e fatalmente morrem. As mais afortunadas reproduzem-se. Há as de índole agreste, cuja simples presença fere e degrada, e outras que de tão amoráveis tudo à sua volta suavizam. Estas iluminam, aquelas confundem. Umas são selvagens, irascíveis, cheiram mal dos pés, fungam e cospem no chão. Outras, logo ao lado, parecem altivas e delicadas orquídeas."
No romance, a protagonista descobre que, algo ou alguém, está subvertendo a língua portuguesa e isso ocorrerá em nível mundial.
Intrigada, procura um velho professor anarquista para ajudá-la. A dupla vem ao Brasil para encontrar uma coleção de palavras misteriosas, que teriam sido roubadas da "língua dos pássaros", segundo um documento do século 17.
Agualusa é apaixonado pela língua portuguesa. Durante sua passagem pela 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em 21 de agosto deste ano, comentou diante da plateia, do escritor e amigo moçambicano Mia Couto e do jornalista e mediador Manuel da Costa Pinto que, em Angola, a maioria das pessoas tem o português como língua materna.
Questionado por Costa Pinto sobre o Novo Acordo Ortográfico dos países de língua portuguesa, o angolano defendeu que a língua é a mesma. "Há coexistência de várias ortografias dentro da mesma língua", explicou.



Pensar e Falar Angola

1 comentário:

Lisarda disse...

Um argumento genial!Procurarei o livro.