sábado, 14 de fevereiro de 2009

Pensar as novas cidades - esboço 1


(a propósito da nova cidade)


As novas cidades resultam geralmente de uma vontade politica e constroem-se rapidamente, em zonas pouco habitadas ou mesmo isoladas geográficamente.
As novas cidades surgem normalmente, após uma guerra, após uma situação de grande catástrofe, como consequência lógica da expansão das cidades, por sobrelotação dos aglomerados existentes ou para descentralização de um território.
Sempre que isso acontece, os projectos são antecipados por um grande espaço de reflexão sobre o que será a cidade ideal num dado momento.

Todos pretendem uma cidade bem planeada, em que o desenho urbano e as opções implícitas, tenham como consequência a resolução de todos os problemas próprios das urbes, e de todos os problemas sociais residentes nas cidades antigas que lhes são mais próximas, ou até de um país.
O idealismo e as utopias são as primeiras a ganhar vez na cabeça do arquitecto/urbanista. Se as pré-existencias são pouco fortes, nascem de imediato esquemas reticulares, radiocentricos e até paralelos, com objectivo de organizar o espaço, dando respostas às grandes questões do território e do planeamento.

Havendo falta de referências, inventam-se.

A arquitectura das cidades têm de nascer de algo. Ninguém gosta de ser filho de uma chocadeira electrica! Todos gostam de exibir BI com código genético e passado pré-obstetra que sustente ou justifique as opções.

Esboçam-se traçados, e por vezes fazem-se corresponder de uma forma mais ou menos ingénua, ou mais ou menos consciente, a algo simbólico que possa dar origem à tal história do nascimento.

Veja-se Brasília:

Lúcio Costa inventou a cruz que assinalou o sitio no mapa do Planalto Central do Brasil, e que posteriormente passou a corpo e asas de um avião, expondo um lado mais afectuoso de uma das grandes metras estratégicas do presidente Juscelino Kubitschek.

Os cidadãos gostam de uma boa história que dê suporte a tudo, e justifique o traçado da grafite sobre o papel, actualmente, o grafismo electrónico.

"Porque foi assim e não de outra maneira".

Daí a umas décadas toda essa encenação perdeu sentido, mas a história faz história e permanece, e o sonho do seu autor será recriado permanentemente, quiçá idolatrado.
A primeira necessidade que surge é a organização.
O arquitecto procura ansiosamente uma malha organizadora que seja capaz de por de acordo diversos parâmetros:

morfológicos, sociais, ideológicos, éticos, religiosos, ambientais, etc, etc……. são tantos!

São todos!


(continuo um dia destes)


Pensar e Falar Angola

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