O panteão do desporto angolano é uma superfície histórica. onde o precioso nome de Demósthenes de Almeida, entre outros nomes exemplares, representa a Suprema inscrição moral. Este reconhecimento é a chave ética de uma imensa galeria de notáveis, alguns dos quais – Saldanha Palhares, Gentil dos Santos, os irmãos Prado, Ramos da. Cruz, Couto Cabral, Mendonça de Carvalho, Oscar de Lemos – foram contemporâneas do próprio Demósthenes. Importa, considerar o que uns e outros representaram» no tempo Demósthenes de para melhor se avaliar a extensão e a qualidade de uma paisagem humana que sempre encarou o velho Demo com a solicitude e o fervor admirativo que se devem aos patriarcas.
Demósthenes de Almeida Clington foi e será, sempre, para o desporto angolano, simplesmente – o PATRIARCA.
Entenda-se a definição em todo o seu florilégio de implicações. Demósthenes foi, acima de tudo, cidadão, uma verdadeira coluna moral. O que toma o seu Centenário uma efeméride que convoca, em profundidade, a consciência dos angolanos. O enorme prestígio de Demósthenes de Almeida resulta, primordialmente, da exemplar simbiose por ele trabalhada» e plenamente conseguida, com os materiais do desporto e do civismo. Foi um privilégio de muitos angolanos o terem testemunhado, de modo presencial, a militância sócio-desportiva e o activismo cívico doutrinal de Demósthenes de Almeida. No Atlético, sim, mas não exclusivamente no Atlético. Demósthenes, que evidenciou preocupações técnico-científicas quando frequentou o Curso de Monitores de Atletismo, ou quando se deslocou a Inglaterra para acompanhar as jornadas olímpicas, foi também zeloso, estóico e pedagogicamente correcto nos postulados inerentes à formação dos jovens, dentro e fora das pisas do atletismo. Quando ele morreu – na primeira semana de Janeiro de 1973, em Luanda – Jerónimo Xavier Belo escrevia, a propósito da sempiternidade de Demósthenes: "Deixa um vazio na pista do Atlético". Indiscutivelmente. Mas hão seria exagerado formular, também: "Deixa um vazio na pista da convivência humana". Ou, se preferirem: "Deixa um vazio no território dos valores fundamentais" – a verticalidade, a capacidade de sacrifício, o ser capaz de, pelo exemplo transparente, mobilizar os outros.
Um dos "segredos" vitais de Demósthenes de Almeida foi a sua capacidade de mobilizar, para a prática desportiva, os mais jovens. Um dos segredos da força carismática de Demósthenes foi a naturalidade com que ele, às cinco da manhã de muitos dias, semanas, meses, anos. Interrompeu as comodidades do sono retemperador e deu o exemplo nos Coqueiros: sempre em defesa da pontualidade, do treino metodicamente delineado, da melhor fruição física e psíquica para os praticantes. Demósthenes de Almeida foi, deste modo, mestre e companheiro; praticante e pedagogo; prosélito e animador. Sempre consciente da importância do atletismo, da importância do desporto, da importância do estudo e da programação na actividade desportiva. Demósthenes foi, por isso, um Aliado do futebol. Diplomado em Educação Física o impoluto e respeitado funcionário da antiga Câmara Municipal de Luanda compreendeu, perfeitamente, a filosofia de certas épocas, em Luanda, quando alguns ”derrotistas”, queixava-se Demósthenes, atacavam o atletismo… em defesa do futebol. O velho Demo dos anos 50 e 60, duas décadas virtualmente aparentadas no campo desportivo, foi um técnico que viveu, sem "complexos”, as cumplicidades regularmente cultivadas, em Luanda, entre o futebol e o atletismo.
Porque, sem dar lugar a quaisquer dissipações inúteis do seu tempo e do seu talento, Demósthenes de Almeida jamais se desviou da sua fundamental condição; a de desportista, a de homem do desporto. O homem que, pausada e insistentemente, lembrava aos seus concidadãos: "O exercício corporal faz bem a toda geme e em qualquer idade". Pressuposto fulcral, para o grande mestre, era o estudo, era a planificação, era o método:" a máquina humana", frisava Demósthenes de Almeida, tem os seus porquês que é necessário conhece-la para não estragar". Natural, pois, o interesse prospectivo de Demósthenes junto dos jogadores de futebol em actividade no Clube Atlético de Luanda, ou no velho “rival”, o Sporting de Telmo, Óscar, Nimbo, Paulo Teixeira, mais tarde o Sporting de Serra Coelho ou o Sporting de Perdigão, Fernando Santos, Orlando e outros categorizados futebolistas.Afeiçoados como poucos, ao "seu Atlético", Demòsthenes sabia, no distanciamento razoável erigir toda sinceridade de um homem que, no desporto não só não fazia distinções irreversíveis entre o atletismo e o futebol como, por outro lado, sendo puramente do Atlético, não marginalizava ou ignorava ou subestimava um atleta do Sporting Club de Luanda ou de outra qualquer colectividade.
O universalismo de Demósthenes foi assim construído, com a prática, os actos, a intervenção, os postulados éticos. Com a sua peculiar honestidade, lembrava Demósthenes de Almeida que o entusiasmo (do técnico, do treinador de atletismo) "depende sempre do interesse dos pupilos". Para se sentir num pequeno universo de pratica desportiva quase perfeito, Demòsthenes de Almeida Clington não pedia mais do que isso: "O interesse dos seus pupilos” Ou provavelmente, também, dos seus companheiros – num tempo bastante remoto, já (na década dos anos 30), em que ele ensinava, divulgava o atletismo, mas era também praticante.
Desde 1925 vinculado ás fileiras garbosas do Clube Atlético de Luanda, Demòsthenes de Almeida iniciara pouco antes, em Portugal, onde estudou, o seu fecundo ecumenismo. De uma colectividade discreta (Grupo Sport Cruz Quebrada), na periferia de Lisboa, transitara para um clube historicamente imaginoso, o Clube de Futebol Os Belenenses. Em Luanda, finalmente em Luanda estava-lhe destinada uma vida totalmente consagrada ao desporto. O atletismo de fruição e competição tornou-se a sua casa; os saltos e os lançamentos, as corridas, tornaram-se a sua linguagem, o forro da sua grande alma. As amizades, os filhos, os amigos, certos caminhos sociais até então intransitados ou por descobrir, forneceram igualmente cimento para uma obra talhada no cerne de muitos anos: o prestígio de Demósthenes de Almeida.
À sombra desse prestígio, válido em todos os areópagos da sociedade, outros atletas angolanos de gabarito
extraordinário cresceram e passearam a sua classe pelas pistas e campos de futebol de Angola e de Portugal.
Nos primórdios, os triunfadores absolutos foram Paulo Saldanha Palhares, Gentil dos Santos, Ramos da Cruz, os irmãos Prado, Zeca de Oliveira, Couto Cabral. Mais tarde, surgiram estes nossos contemporâneos; Rui e Avelino Mingas, Barceló, Júlio Fernandes, Capindiça, Fernanda Fernandes, Tavares Alves, outros mais. É importante que se lembre, porém, como certamente subscreveria Magalhães Monteiro, a riqueza energética da simbiose conseguida entre Demósthenes de Almeida e o Clube Atlético de Luanda.
Numa imensa parcela humana de servidores do Clube Atlético de Luanda (Teixeira Comes, Couto Cabral, Alberto Ferreira, Amadeu Cosia. Américo Boavida, Alfredo Pereira Melão, Mendonça de Carvalho, os irmãos Cruz, os irmãos Figueira, os Vieira Dias, os Mingas, os ta Vieter, António Torres, Manuel Castelbranco, os irmãos Benje, tantos outros), distribuídos por etapas geracionais, Demósthenes de Almeida Clington adquire a portentosa dimensão do PATRIARCA, o garante esplêndido de uma unidade esplêndida, lambem. Numa imensa galeria de nomes, o de mestre Demósthenes de Almeida incumbe-se de uma missão transcendente: a de unir e cristalizar os elementos vitais da história de um clube glorioso, o Atlético. O Clube Atlético de Luanda. A ESCOLA! Sem Demósthenes o tesouro moral instalado no Atlético seria menos rico. Sem o Atlético, as vivências e o discurso de Demósthenes não alcançariam, certamente, a projecção, o eco universal que a história justamente lhes atribui.
O Clube Atlético de Luanda é, pois convocado, por direito próprio, para figurar na cinta dourada, simbólica, que envolve na mais intensa luz afectiva o centenário de Demósthenes de Almeida Clington. É uma combinação fulgurante, uma combinação feliz: Demósthenes e o seu Atlético.
Nós, os que conhecemos Demósthones, os que sentimos e assumimos, num tempo de Resistência, o ideal do Clube Atlético de Luanda, devemos experimentar, intensamente, esta vibrante congratulação: JÁ NÃO SOMOS MUITOS, OS SOBREVIVENTES, MAS SOMOS A SINCERIDADE E O AMOR, SUFICIENTES PARA COBRIR DE APLAUSOS O INGRESSO DE DEMÓSTHENÊS NA ETERNIDADE.
Luís Alberto Ferreira(Jornalista angolano)
Com a devida vénia ao http://www.casadeangola.org/.
O panteão do desporto angolano é uma superfície histórica. onde o precioso nome de Demósthenes de Almeida, entre outros nomes exemplares, representa a Suprema inscrição moral. Este reconhecimento é a chave ética de uma imensa galeria de notáveis, alguns dos quais – Saldanha Palhares, Gentil dos Santos, os irmãos Prado, Ramos da. Cruz, Couto Cabral, Mendonça de Carvalho, Oscar de Lemos – foram contemporâneas do próprio Demósthenes. Importa, considerar o que uns e outros representaram» no tempo Demósthenes de para melhor se avaliar a extensão e a qualidade de uma paisagem humana que sempre encarou o velho Demo com a solicitude e o fervor admirativo que se devem aos patriarcas.
Demósthenes de Almeida Clington foi e será, sempre, para o desporto angolano, simplesmente – o PATRIARCA.
Entenda-se a definição em todo o seu florilégio de implicações. Demósthenes foi, acima de tudo, cidadão, uma verdadeira coluna moral. O que toma o seu Centenário uma efeméride que convoca, em profundidade, a consciência dos angolanos. O enorme prestígio de Demósthenes de Almeida resulta, primordialmente, da exemplar simbiose por ele trabalhada» e plenamente conseguida, com os materiais do desporto e do civismo. Foi um privilégio de muitos angolanos o terem testemunhado, de modo presencial, a militância sócio-desportiva e o activismo cívico doutrinal de Demósthenes de Almeida. No Atlético, sim, mas não exclusivamente no Atlético. Demósthenes, que evidenciou preocupações técnico-científicas quando frequentou o Curso de Monitores de Atletismo, ou
quando se deslocou a Inglaterra para acompanhar as jornadas olímpicas, foi também zeloso, estóico e pedagogicamente correcto nos postulados inerentes à formação dos jovens, dentro e fora das pisas do atletismo. Quando ele morreu – na primeira semana de Janeiro de 1973, em Luanda – Jerónimo Xavier Belo escrevia, a propósito da sempiternidade de Demósthenes: "Deixa um vazio na pista do Atlético". Indiscutivelmente. Mas hão seria exagerado formular, também: "Deixa um vazio na pista da convivência humana". Ou, se preferirem: "Deixa um vazio no território dos valores fundamentais" – a verticalidade, a capacidade de sacrifício, o ser capaz de, pelo exemplo transparente, mobilizar os outros.
Um dos "segredos" vitais de Demósthenes de Almeida foi a sua capacidade de mobilizar, para a prática desportiva, os mais jovens. Um dos segredos da força carismática de Demósthenes foi a naturalidade com que ele, às cinco da manhã de muitos dias, semanas, meses, anos. Interrompeu as comodidades do sono retemperador e deu o exemplo nos Coqueiros: sempre em defesa da pontualidade, do treino metodicamente delineado, da melhor fruição física e psíquica para os praticantes. Demósthenes de Almeida foi, deste modo, mestre e companheiro; praticante e pedagogo; prosélito e animador. Sempre consciente da importância do atletismo, da importância do desporto, da importância do estudo e da programação na actividade desportiva. Demósthenes foi, por isso, um Aliado do futebol. Diplomado em Educação Física o impoluto e respeitado funcionário da antiga Câmara Municipal de Luanda compreendeu, perfeitamente, a filosofia de certas épocas, em Luanda, quando alguns ”derrotistas”, queixava-se Demósthenes, atacavam o atletismo… em defesa do futebol. O velho Demo dos anos 50 e 60, duas décadas virtualmente aparentadas no campo desportivo, foi um técnico que viveu, sem "complexos”, as cumplicidades regularmente cultivadas, em Luanda, entre o futebol e o atletismo.
Porque, sem dar lugar a quaisquer dissipações inúteis do seu tempo e do seu talento, Demósthenes de Almeida jamais se desviou da sua fundamental condição; a de desportista, a de homem do desporto. O homem que, pausada e insistentemente, lembrava aos seus concidadãos: "O exercício corporal faz bem a toda geme e em qualquer idade". Pressuposto fulcral, para o grande mestre, era o estudo, era a planificação, era o método:" a máquina humana", frisava Demósthenes de Almeida, tem os seus porquês que é necessário conhece-la para não estragar". Natural, pois, o interesse prospectivo de Demósthenes junto dos jogadores de futebol em actividade no Clube Atlético de Luanda, ou no velho “rival”, o Sporting de Telmo, Óscar, Nimbo, Paulo Teixeira, mais tarde o Sporting de Serra Coelho ou o Sporting de Perdigão, Fernando Santos, Orlando e outros categorizados futebolistas.
Afeiçoados como poucos, ao "seu Atlético", Demòsthenes sabia, no distanciamento razoável erigir toda sinceridade de um homem que, no desporto não só não fazia distinções irreversíveis entre o atletismo e o futebol como, por outro lado, sendo puramente do Atlético, não marginalizava ou ignorava ou subestimava um atleta do Sporting Club de Luanda ou de outra qualquer colectividade.
O universalismo de Demósthenes foi assim construído, com a prática, os actos, a intervenção, os postulados éticos. Com a sua peculiar honestidade, lembrava Demósthenes de Almeida que o entusiasmo (do técnico, do treinador de atletismo) "depende sempre do interesse dos pupilos". Para se sentir num pequeno universo de pratica desportiva quase perfeito, Demòsthenes de Almeida Clington não pedia mais do que isso: "O interesse dos seus pupilos” Ou provavelmente, também, dos seus companheiros – num tempo bastante remoto, já (na década dos anos 30), em que ele ensinava, divulgava o atletismo, mas era também praticante.
Desde 1925 vinculado ás fileiras garbosas do Clube Atlético de Luanda, Demòsthenes de Almeida iniciara pouco antes, em Portugal, onde estudou, o seu fecundo ecumenismo. De uma colectividade discreta (Grupo Sport Cruz Quebrada), na periferia de Lisboa, transitara para um clube historicamente imaginoso, o Clube de Futebol Os Belenenses. Em Luanda, finalmente em Luanda estava-lhe destinada uma vida totalmente consagrada ao desporto. O atletismo de fruição e competição tornou-se a sua casa; os saltos e os lançamentos, as corridas, tornaram-se a sua linguagem, o forro da sua grande alma. As amizades, os filhos, os amigos, certos caminhos sociais até então intransitados ou por descobrir, forneceram igualmente cimento para uma obra talhada no cerne de muitos anos: o prestígio de Demósthenes de Almeida.
À sombra desse prestígio, válido em todos os areópagos da sociedade, outros atletas angolanos de gabarito
extraordinário cresceram e passearam a sua classe pelas pistas e campos de futebol de Angola e de Portugal.
Nos primórdios, os triunfadores absolutos foram Paulo Saldanha Palhares, Gentil dos Santos, Ramos da Cruz, os irmãos Prado, Zeca de Oliveira, Couto Cabral. Mais tarde, surgiram estes nossos contemporâneos; Rui e Avelino Mingas, Barceló, Júlio Fernandes, Capindiça, Fernanda Fernandes, Tavares Alves, outros mais. É importante que se lembre, porém, como certamente subscreveria Magalhães Monteiro, a riqueza energética da simbiose conseguida entre Demósthenes de Almeida e o Clube Atlético de Luanda.
Numa imensa parcela humana de servidores do Clube Atlético de Luanda (Teixeira Comes, Couto Cabral, Alberto Ferreira, Amadeu Cosia. Américo Boavida, Alfredo Pereira Melão, Mendonça de Carvalho, os irmãos Cruz, os irmãos Figueira, os Vieira Dias, os Mingas, os ta Vieter, António Torres, Manuel Castelbranco, os irmãos Benje, tantos outros), distribuídos por etapas geracionais, Demósthenes de Almeida Clington adquire a portentosa dimensão do PATRIARCA, o garante esplêndido de uma unidade esplêndida, lambem. Numa imensa galeria de nomes, o de mestre Demósthenes de Almeida incumbe-se de uma missão transcendente: a de unir e cristalizar os elementos vitais da história de um clube glorioso, o Atlético. O Clube Atlético de Luanda. A ESCOLA! Sem Demósthenes o tesouro moral instalado no Atlético seria menos rico. Sem o Atlético, as vivências e o discurso de Demósthenes não alcançariam, certamente, a projecção, o eco universal que a história justamente lhes atribui.
O Clube Atlético de Luanda é, pois convocado, por direito próprio, para figurar na cinta dourada, simbólica, que envolve na mais intensa luz afectiva o centenário de Demósthenes de Almeida Clington. É uma combinação fulgurante, uma combinação feliz: Demósthenes e o seu Atlético.
Nós, os que conhecemos Demósthones, os que sentimos e assumimos, num tempo de Resistência, o ideal do Clube Atlético de Luanda, devemos experimentar, intensamente, esta vibrante congratulação: JÁ NÃO SOMOS MUITOS, OS SOBREVIVENTES, MAS SOMOS A SINCERIDADE E O AMOR, SUFICIENTES PARA COBRIR DE APLAUSOS O INGRESSO DE DEMÓSTHENÊS NA ETERNIDADE.
Luís Alberto Ferreira
(Jornalista angolano)
Com a devida vénia ao http://www.casadeangola.org/.
Pensar e Falar Angola
Sem comentários:
Enviar um comentário