domingo, 11 de novembro de 2012

O dia da Liberdade - por Rui Ramos

Rui Ramos
O dia da liberdade
O KIZUA KIA UFOLO. Cantávamos.
11 de Novembro, o dia da nossa liberdade.
Muitos angolanos mais novos pensam que Angola foi sempre independente.
Não é verdade.
Angola foi subjugada pelos portugueses e transformada numa colónia de Portugal e aqui se praticava o racismo contra o povo africano.
Vou só recordar aos Jovens de hoje um pormenor da minha meninice.
Muitas criança negras de 7-8-9… anos costumavam ser tiradas da família para irem servir como criados nas casas europeias. 
A patroa ia na papelaria comprar o cartão de trabalho para o criado e assinava todos os dias.
O que fazia o criado?
Tudo: levantava de madrugada ia no pão para os meninos, varria o quintal, lavava o chão, punha a mesa, lavava a loiça, acompanhava os meninos à escola, arrumava a casa, à tarde espreitava escondido os livros e cadernos dos meninos, depois punha a mesa, servia o jantar, lavava a loiça, e dormia num barracão do quintal… jovenzinho… ele não era menino era rapaz – o menino era o filho da patroa.
Quando a patroa mandava o criado nas compras e ele se esquecia do cartão de trabalho podia ser rusgado.
Ali no Kinaxixe na esquina havia rusga.
Se o criado dizia esqueci documento era «vadio».
Senta ali, tens cinco angolares?
Não tens? Cabelo rapado com caco de garrafa…
A prisão era na cadeia indígena, ali ao lado do Zé Pirão.
Se o criado era pequeno, os patrões podiam ir buscá-lo, apanhava grande carga de porrada para não andar na rua sem cartão de trabalho.
Se já era mais crescido, ia forçado nas obras públicas, assim se fizeram as grandes obras públicas na Angola colonial.
Lembrei apenas, para o Jovens de hoje se relativizarem e contextualizarem.
Muitos jovens angolanos abandonaram as suas vidas, as suas famílias, e juntaram-se ao movimento de libertação nacional, e lançaram a luta armada contra o colonialismo, pela independência da nossa Pátria.
Com muito sacrifício, jovem ainda, o Presidente José Eduardo dos Santos, que andava no liceu, não lamentou nem chorou, foi na luta, como muitos outros jovens, o primeiro Presidente de Angola Agostinho Neto, Deolinda Rodrigues, Irene Cohen, Lucrécia Paim, Luzia Inglês… muitos e muitas.
Muitos outros foram presos pela Pide com 16-17-18… anos e desterrados para S. Nicolau, Tarrafal…
Todas essas injustiças, todas essas lutas conduziram àquele dia – ETEKE LIEYOVO.
De longe vinha o som seco e constante dos bombardeamentos.
Não foi fácil, os racistas sul-africanos no sul, os zairenses e mercenários de Mobutu no norte, queriam fazer sandes de Luanda.
Não tínhamos água.
Luanda ainda era mindinha, nada de seis milhões ou mais de amontoados como agora.
Então aquela noite chegou, todo o largo foi terreplenado, o chão estava fresco e havia um kisoko entre nós todos, estávamos todos nesse barco que teimava em não afundar, resistindo e vencendo em Kifangondo, na Barra do Kwanza, no Ebo, no Largo 1º de Maio, na nossa vontade de sermos livres.
E no mastro desse barco-Angola foi içada a nova bandeira, a nossa – a bandeira da Dipanda.
A emoção, nesse momento da noite novembrina, tomou conta de nós ali no Largo.
Balas tracejantes de luz e alegria por cima das nossas cabeças, em volúpia de vitória com os monacaxitos lá longe… 
Nesse dia africanizámos a nossa alma, bem ou mal não importa, ali começava o caminho de um só povo uma só nação, independente e livre.
Éramos jovens, sempre os jovens presentes, no sofrimento colonial, na guerra anticolonial, na independência, na guerra contra invasores, na primeira esperança de 91, na nova guerra dos dez anos imposta pelos terroristas, e na paz e na reconciliação de 2002 promovidas pelo Presidente José Eduardo dos Santos, agora jovens marcando o rumo num país jovem – Angola será o que os seus jovens quiserem.



Pensar e Falar Angola

8 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
livre pensamento disse...

Eu li umas 5 linhas dessa pessoa que se chama Rui Ramos e escreve no Jornal de Angola. Total chafurdice. Responder aos seus comentários é dar razão ao prior que pode existir no intelecto de uma pessoa.
Provavelmente usa a palavra pátria e atiça o ódio e racismo para esconder a verdade. O povo angolano é explorado e roubado por umas famílias de tiranos, cujo rei é Eduardo dos Santos. Uma ditadura que se quer fazer passar por Democracia. Angola um dia acordará e encontrará o rumo de futuro e prosperidade para seu povo e julgará os tiranos do presente-
Rui Ramos,o sr. não vales nada, tem vergonha na cara!

João Carlos Carranca disse...

Não aceitamos comentários anónimos

Pedro Alves disse...

Rui Ramos,

Vou tratá-lo por preto, espero que não se importe e inclusivamente me trate por branco. Tenho o maior gosto.

Confesso que fiquei chocado com o seu artigo de opinião no Jornal de Angola. Não foi só o ódio profundo ao povo e costumes portugueses ou o facciosismo tendencioso com que debitou o seu texto, nem sequer o intuito desconstrutivo com que aborda qualquer tipo de relação que exista agora entre os 2 países. O que mais me chocou foi dar-me conta que você, um formador de opinião do sec. XXI, um letrado jornalista e talvez - porque não assumir já - um Che Guevara Africano, seja igual aos "brancos" que outrora fizeram toda a merda que voce descreve com verdade. Como é que é possivel que os mesmos erros de julgamento estejam a ser cometidos à sombra da vingança étnica e de um passado retorcido, ignorante e tapado?

Tenha a certeza que eu cresci a ouvir falar dos "pretos", pelas minhas gerações precedentes, da mesma forma que você ouviu descrever os "brancos" pelas suas, mas tenha ainda mais certeza que este mundo de pretos e brancos só existe enquanto morar nas nossas cabeças. Será que você e eu, um preto e um branco, que temos passados opostos e que sempre ouvimos que o contraste da derme é sinónimo de inimigo, vamos conseguir pensar pela nossa cabeça de seculo XXI e passar por cima disto, numa boa?

Ah, e outra coisa: Portugal está no lodo, acho que já ninguém tem dúvidas disso, e o que você descreve tão apetecivelmente como a "teta angolana" é efectivamente verdade. Mas estejamos atentos, essa teta já está ressequida e não é de agora. Quem suga o leitinho da teta não são estas pessoas - Portuguesas e muitas outras - que se tentam fazer valer pelas suas qualificações e pelo seu trabalho, são as entidades ou as sombras que existem no país antes mesmo da independência. E abra os olhos, Rui Ramos, o leitinho que vem da teta angolana não é branco, é preto, e ás vezes até brilha.
Pedro Alves

Jose Semedo disse...

Rui Ramos não é preto é branco. É um conceituado jornalista no meio angolano.

Unknown disse...

O Sr. Rui Ramos já nos habituou às suas parvoices. Acha-se importante e o maior. Depois a única coisa que sabe dizer são babuseiras. Como esta e outras a que tive acesso, sendo a ultima no jornal de angola de dia 28 Novembro de 2012. Onde o que escreve deve ser de algum sonho que teve. Seja preto ou branco, amarelo ou vermelho, não deixa de ser estúpido nos seus comentários, demonstrando uma falta de conhecimento e para um jornalista a sério os factos são base importante, coisa que não acontece. Ele pensa, logo existe, logo escreve. O problema é que o cérebro dele descaiu para metade do corpo. Por isso eu compreendo que ele escreva o que pensa.

Nuno Andrade disse...

Sr.Rui Ramos,

Permita-me que eu, como Português, nascido e vivido na capital Lisboa, lhe possa apelidar de incendiário aldrabão. Porque, depois de ler, este artigo e outro, do dia 28 Novembro, não posso dizer outra coisa.
Como é possível ser tão racista?! O senhor é uma AUTÊNTICA VERGONHA para os Angolanos, que conheço bem. E nem os Angolanos são como o senhor, nem os Portugueses são aquilo que o senhor referiu, nem pensam como o senhor descreveu, nem Portugal está colocado na situação que o senhor descreveu, nem foi colocado numa situação difícil, da maneira como o senhor descreveu.
Os verdadeiros racistas, que odeiam os Angolanos, infelizmente, estão no seu próprio País. Porque gostava que o senhor incendiário aldrabão explicasse como é que um País com uma riqueza natural tremenda, com uma das maiores reservas de petróleo, com ouro, com minerais, diamantes, uma terra que fertiliza duas colheitas por ano, e muitos outros aspectos, pode ser um dos Países mais pobres do Mundo?! Porque, mesmo mergulhado numa grave crise económica, Portugal, com muitíssimo menos recursos, está LÉGUAS à frente de Angola, em termos de índices de desenvolvimento e qualidade de vida. Porque, agora assim, depois dos Portugueses sairem de Angola, é que começou a sua destruição e delapidação. Basta comparar fotografias das cidades na época, com o que se vê agora. Além disso, aldrabão e incendiário como é, claro que o senhor nunca irá reconhecer que os portugueses que, actualmente, emigram para Angola, não vão só à procura de um trabalho melhor remunerado. Uma grande massa humana tem emigrado porque as próprias empresas têm deslocalizado o seu mercado e tranferem os seus trabalhadores para Angola. Além disso, é Portugal, juntamente com a China, que mais tem ajudado Angola a crescer, fornecendo mão-de-obra técnica qualificada, como sejam em áreas como a arquitectura, obras públicas, construção, informática, banca ou telecomunicações. BASTA!! Portugal não é culpado pela pobreza de Angola. Nem, mesmo, a maioria do povo Angolano. O problema reside em José Eduardo dos Santos e nas pessoas que o rodeiam. Porque em mais de 30 anos, acumulou uma fortuna INCALCULÁVEL, juntamente com a sua família e amigos, enquanto o País morre de fome!! Isso, sim, é VERGONHOSO E ESCANDALOSO!! E é com manobras dilatórias, tentando desviar a atenção dos Angolanos para aquilo que é a verdade, e para aquilo que é essencial, que o poder se vai perpetuando. De uma vez por todas, Angolanos, ABRAM OS OLHOS!! Porque aí, vocês não têm acesso à informação sobre o que se passa. Porque aí, a informação é sonegada e deturpada. Portugal e os Portugueses gostam de Angola e sentem-na como um território que já não é nosso, mas que continua a ser estimado e acarinhado, como se ainda o fosse. E ficamos tristes e perplexos com o chorrilho de mentiras que é dito por este aldrabão incendiário, que apenas tem interesse em dividir. Por último, gostava de convidar esse senhor a visitar Portugal e verificar, com os seus próprios olhos, que, apesar da crise económica que atravessamos, que é, talvez, a maior da nossa democracia, ainda somos o 31º, ao nível Mundial, com maior qualidade para viver.

Pedro Alves disse...

Joge Semedo; preto ou branco são cores, não são peles. deixem-se de conversa que essa merda já acabou